Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em novembro de 2021
O colorido vibrante e a musicalidade dos teasers e trailers formaram a dupla perfeita para convencer o público a ir ao cinema para assistir "Encanto", a 60ª animação da Disney. E toda a alegria visual e musical fisgam o público desde o início e seguem lado a lado até a conclusão da produção que homenageia a América Latina. "Encanto" é lindo! No entanto, há um problema grave que não cria qualquer elo com quem está do outro lado da telona e deixa a sensação de ser um novo "O Galinho Chicken Little" pela história rasa e que não se sustenta.
"Encanto", da Walt Disney Animation Studios, conta a história dos Madrigal, uma família extraordinária que vive escondida nas montanhas da Colômbia, em uma casa mágica conhecida como Encanto. Os membros da família tem dons diversos, menos Mirabel, uma jovem de 15 anos que não encontra um lugar na família. Seria a falta de mágica em Maribel que pesa a aparência e não convence em toda essa jovialidade? Está mais para uma quase balzaquiana, perto dos 30.
Enquanto a animação batalha para mostrar que todos são importantes, independente de dons, ao fim, "Encanto" retorna a ponto inicial e tudo o que conta é derrubado por terra. Um exemplo, é o fato de cada personagem se sentir bem somente caso tenha um dom mágico. Quando a casa dos Madrigal vai perdendo a magia, os habitantes sofrem também.
A irmã fortona de Maribel chega a dizer não ser ninguém sem a força. Contudo, antes do fim de 1h 49min, ela volta a erguer peso e estampa toda felicidade. E você se pergunta: e a importância de cada um sobre ser quem é independente dos dons?! A verdade é que "Encanto" engana por vezes.
Em resumo, pode-se dizer que é a história de uma família com dons, exceto uma, Maribel, sendo que todos vivem em uma casa mágica. Não mais do que isso, pois quando Maribel consegue se entender com a irmã metidona a perfeita que faz flores mimosas, parece que irá caminhar para as diferenças entre irmãs, algo no estilo "Frozen". Ora segue pelo caminho avó e neta, o que lembra "Pocahontas", mas logo fica claro que em nada tem a ver e ainda acontece da pior forma. A vó de Maribel é uma viúva amargurada e ainda desconta tudo na sem dom.
É impossível não se questionar sobre todo o bullying que Maribel é vítima. Aliás, "Encanto" reforça e muito a ideia de que os primeiros ataques psicológicos são feitos justamente por familiares. Daí toda a necessidade de Maribel tentar a todo custo se encaixar em algo que não é dela, ter um dom mágico, para ao menos se fazer perceber.
Outro ponto decepcionante é que o fato de uma das filhas da vovó viver com uma nuvem acima. Contudo, raramente vemos arco-íris, enquanto que temporais e muita chuva, com frequência. Geralmente, de cara feia e querendo descontar a raiva em alguém. E não é que quando a história parece valorizar todos os personagens e sua essência, a da nuvem, segue exatamente fazendo chover?! Pois é, ela seguiu sendo raivosa.
"Encanto" anima qualquer um, mas apenas pelo visual e a sonoridade. A propósito, a trilha sonora original de Lin-Manuel Miranda e a instrumental desenvolvida pela compositora Germaine Franco, é belíssima. E tudo o que se vê no filme é a incrível explosão de cores típicas da Disney, além de referências a tantos filmes de sucesso deles como "Monstros S.A", ao apresentar uma sequência de portas. Embora quase não tenha uma história, vale a pena conferir "Encanto"!
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* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm
Filme: Encanto
Data de lançamento: 25 de novembro de 2021 (Brasil)
Diretores: Byron Howard, Jared Bush
Música: Lin-Manuel Miranda
Produção: Clark Spencer; Yvett Merino Flores
Idioma: inglês
Companhia(s) produtora(s): Walt Disney Pictures; Walt Disney Animation Studios