Filme marca retorno do trabalho do cineasta mineiro ao sertão de Minas Gerais, onde produziu seus longas-metragens mais celebrados, A Alma do Osso, de 2004, e Andarilho, de 2007. Narrativa acompanha o cotidiano de Santino, um agricultor que vive nas veredas do estado, e luta pela preservação do cerrado em uma relação especial com a natureza e a espiritualidade
O novo documentário do cineasta e artista plástico mineiro Cao Guimarães, "Santino", realizado em 2023, tem pré-estreia no Itaú Cultural na segunda-feira, 4 de novembro, às 19h. A exibição é seguida por um bate-papo com o diretor e mediação do jornalista e documentarista Piero Sblagia. O filme acompanha o cotidiano e o imaginário do veredeiro – morador nas veredas mineiras que se sustenta a partir do plantio na terra –Santino Lopes Araújo, que vive na bacia do Rio São Francisco, próximo à fronteira com a Bahia, e tem uma relação especial com a natureza, os animais e a espiritualidade.
Como todas as atividades no Itaú Cultural, os ingressos são gratuitos e podem ser reservados no site do Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br). Quem não conseguir garantir o seu, pode comparecer uma hora antes do evento ser iniciado, quando é formada uma fila de espera. Os ingressos que tiverem desistência são distribuídos por ordem de chegada.
Santino marca o retorno do trabalho de Cao Guimarães ao sertão de Minas Gerais, local onde produziu alguns dos seus documentários mais celebrados. Enquanto "A Alma do Osso" (2004) registra o cotidiano de um senhor idoso que vivia isolado em uma caverna havia quatro décadas, e "Andarilho" (2007) acompanha as andanças de três homens, Santino explora o mundo externo e interno deste morador da bacia do Rio São Francisco, próximo à fronteira com a Bahia.
O roteiro adentra a vida e o imaginário de Santino, conhecido por ser um grande ativista em prol da preservação do cerrado brasileiro, bioma que tem sofrido ainda mais com a exploração humana e incêndios nos últimos anos. Com sensibilidade e escuta, Cao Guimarães desvenda o protagonista em conversas e passeios pela mata, quando o veredeiro revela a sua forma peculiar de ver o mundo, repleta de misticismo, espiritualidade e conexão com a natureza.
"No filme, acompanhamos Santino, que equilibra seu ativismo em defesa da natureza diante da dura realidade do cerrado brasileiro, com conexões surpreendentes a um mundo místico e sobrenatural”, resume Guimarães. “É um filme simples, observacional, que não busca se fechar em conclusões, deixando que cada espectador sinta a luta do ser humano com a natureza, com seus semelhantes e com o desconhecido e o mistério”, completa o cineasta.
A ideia para o longa-metragem surgiu de conversas com o músico Makely Ka, que assina o argumento e a codireção. Em 2012, ele fez uma viagem de bicicleta pelo sertão de Minas Gerais para conhecer os lugares descritos por Guimarães Rosa no romance clássico "Grande Sertão: Veredas", publicado em 1956. Nesse trajeto, ele conheceu várias figuras do cerrado. Com a ajuda de Damiana Campos, moradora da região, que depois se tornou uma das produtoras do documentário, ele encontrou Santino, que acabou virando o centro do documentário devido ao seu carisma e sabedoria.
Produzido pela Cinco em Ponto e distribuído pela Livres Filmes, Santino participou do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade em 2023 — no mesmo festival, em 2004, A Alma do Osso foi premiado nas categorias nacional e internacional de médias e longas-metragens — e foi exibido oficialmente para o público mineiro em outubro deste ano, em sessão especial, em Belo Horizonte. A pré-estreia no Itaú Cultural antecede a estreia nacional, no dia 14 de novembro.
Outro filme do cineasta, Ex-isto, já se encontra no catálogo da IC Play. O longa-metragem de 2010 faz parte da série de filmes "IconoClássicos", produzida pelo IC, na qual cinco diretores homenagearam, cada um, cinco diferentes artistas brasileiros. "Ex-isto" celebra o escritor paranaense Paulo Leminski, a partir da adaptação de seu livro "Catatau" (1975). O enredo volta ao século XVII e aborda a vinda fictícia do filósofo René Descartes ao Brasil, onde ele é confrontado com formas, cores e sons que não conhece.
O acesso à Itaú Cultural Play é gratuito, disponível em www.itauculturalplay.com.br, nas smart TVs da Samsung, LG e Apple TV, nos aplicativos para dispositivos móveis (Android e iOS) e Chromecast.
Sobre Cao Guimarães
Cao Guimarães atua no cruzamento entre o cinema e as artes plásticas. Com produção intensa desde o final dos anos 1980, o artista tem suas obras em numerosas coleções prestigiadas como a Tate Modern (Reino Unido), o MoMA, o Museu Guggenheim (EUA), Fondation Cartier (França), Colección Jumex (México), Inhotim (Brasil), Museu Thyssen-Bornemisza (Espanha), dentre outras. Participou de importantes exposições como XXV e XXVII Bienal Internacional de São Paulo, Brasil; Insite Biennial 2005, México; Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil, EUA; Tropicália: The 60s in Brazil, Áustria; Sharjah Biennial 11 Film Programme, Emirados Árabes Unidos e Ver é Uma Fábula, Brasil, uma retrospectiva com grande parte das obras do artista expostas no Itaú Cultural, em São Paulo.
Realizou 12 longas-metragens: "Amizade" (2023); "Santino" (2023); "Espera" (2018), "O Homem das Multidões" (2013), "Otto" (2012), "Elvira Lorelay Alma de Dragón" (2012), "Ex-Isto" (2010), "Andarilho" (2007), "Acidente" (2006), "Alma do Osso" (2004), "Rua de Mão-Dupla" (2002) e "O Fim do Sem Fim" (2001), que participaram de renomados festivais internacionais como Cannes, Locarno, Sundance, Veneza, Berlim, IDFA e Rotterdam. Ganhou retrospectivas de seus filmes no MoMA, em 2011, Itaú Cultural, em 2013, BAFICI (Buenos Aires), Cinemateca do México em 2014, Festival EDOC Equador (2024). Em setembro de 2017, inaugurou a maior exposição e retrospectiva acerca de sua obra em território europeu, no Eye Filmmuseum, em Amsterdã. É representado pela Galeria Nara Roesler (São Paulo, Rio e Nova York) e Galeria Xippas (Paris e Montevideo).
Sobre Piero Sbragia
Jornalista, documentarista, doutorando em Artes na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e biógrafo de Geraldo Sarno. Escreveu os livros "Na Ilha: conversas sobre Montagem Cinematográfica" (2022) e "Novas Fronteiras do Documentário: entre a Factualidade e a Ficcionalidade" (2020). Dirigiu e escreveu "República das Saúvas" (2021), melhor documentário em curta-metragem no 6º Festival Internacional de Santos e indicado ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2022.
Ficha técnica
"Santino"
De Cao Guimarães (88 min, 2023)
Classificação indicativa: livre
Sinopse: Santino é um veredeiro que vive com a família na bacia do Rio São Francisco, em Minas Gerais, numa região de paisagens mágicas que inspiraram o escritor Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas. Em um momento de grave ameaça a esse ecossistema, Santino surge como um grito de esperança pela preservação das nascentes e das matas brasileiras.
Serviço
Pré-estreia de "Santino" (2023), de Cao Guimarães
Seguido de bate-papo com o diretor e o jornalista Piero Sbragia
Segunda-feira, dia 4 de novembro, às 19h00, no Itaú Cultural
Sala Itaú Cultural – 230 lugares
Duração: aprox. 2h30
Classificação indicativa: livre
Ingressos gratuitos, disponíveis para reserva no site do Itaú Cultural: www.itaucultural.org.br
Para acessar os recursos de acessibilidade, é necessário baixar o aplicativo PingPlay
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô
Terça a sábado, das 11h00 às 20h00
Domingos e feriados, das 11h00 às 19h00
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E-mail: atendimento@itaucultural.org.br
Acesso para pessoas com deficiência física
Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.