terça-feira, 29 de outubro de 2024

.: "Vestido de Noiva" recebe montagem inédita idealizada por Helena Ignez


Lucélia Santos, Djin Sganzerla e Simone Spoladore em "Vestido de Noiva", a obra-prima de Nelson Rodrigues revisitada por Helena Ignez. Foto: © Ale Catan


Em cartaz no Teatro Anchieta do Sesc Consolação, o espetáculo "Vestido de Noiva", clássico de Nelson Rodrigues, ganha montagem inédita idealizada e dirigida por Helena Ignez. O espetáculo tem no elenco Lucélia Santos, Djin Sganzerla e Simone Spoladore à frente de elenco composto por Jiddu Pinheiro, Clarisse Abujamra, Luciano Chirolli, Tuna Dwek, Michele Matalon, Luciana Fróes e Luiza Barros. A direção traz a peça de Nelson para os dias de hoje e é no personagem de Madame Clessy, vítima de feminicídio, que quer dar o recado, do ponto de vista social.

A encenação conta com direção de imagem (vídeo) de André Guerreiro Lopes, direção de arte, cenografia e figurinos de Simone Mina e Carolina Bertier, iluminação de Aline Santini, vídeo mapping de André Grynwask e Pri Argoud, trilha sonora e sonoplastia de Aline Meyer, além da participação de Cida Moreira com uma versão original de “Brasil Pandeiro”, de Assis Valente. Com realização do Sesc SP, a nova montagem de "Vestido de Noiva" acontece às sextas e sábados às 20h00 e domingos às 18h00, de 25 de outubro até 8 de dezembro.

A provocação para a nova montagem de "Vestido de Noiva" surgiu ano passado, quando Lucélia Santos - que atuava como atriz no filme “Mulher Oceano” (2020), dirigido por Djin Sganzerla -, sugeriu à Djin que sua mãe, Helena Ignez, encenasse a peça com ela, Lucélia, fazendo Madame Clessi. "Achei incrível essa ideia que Lucélia teve de fazer a Madame Clessi, ela profundamente ligada a Nelson Rodrigues e pensei que em comum nós tínhamos uma coisa antes de tudo, amávamos Nelson Rodrigues. Ela performando vários de seus filmes", comenta Helena Ignez.

A narrativa da peça de Nelson Rodrigues, é dividida em três planos que se inter-relacionam em ações simultâneas, em tempos diferentes, onde ocorrem as cenas da alucinação, da memória e da realidade, que estabelecem as molduras nas quais a agonizante Alaíde (Djin Sganzerla), protagonista, desvenda ao público espectador a história trágica de seu amor infeliz pelo marido Pedro, na qual tem como rival a irmã, Lúcia (Simone Spoladore). 

À narrativa de Alaíde misturam-se flashes urbanos de ruas e de trânsito, de uma sala de cirurgia, de uma redação de jornal. E ainda se entrelaça com a história de Madame Clessy (Lucélia Santos), vítima de feminicídio, no início do século XX. Na peça, Madame Clessy tem a função de ajudar Alaíde a reorganizar sua mente convulcionada, após o atropelamento.

Helena Ignez chama atenção para o especial cuidado na nova montagem com a visualidade da encenação, além de trazer a peça de Nelson Rodrigues para os dias de hoje. E que é exatamente no personagem da Madame Clessy que a diretora quer dar o recado, do ponto de vista de personagem, do ponto de vista social. “Madame Clessy não é nada do que fizeram dela até hoje”, afirma a diretora, por isso está exclusivamente em cima do Nelson Rodrigues:

"Em nenhum momento Nelson se refere a ela como prostituta. Madame Clessy é uma mulher de vida livre, que acusam de orgias. Não é uma prostituta. Ela tem um amante, um desembargador que a conhece desde menina. Ela teve um filho e é apaixonada por um jovem de dezessete anos. Clessy é uma ingênua e o jovem um assassino, que a mata. É um feminicídio. O que me interessa mostrar, agora, em Vestido de Noiva é esse feminicídio e o esterismo e a loucura dessa família tradicional, burguesa. Clessy é uma figura antiga, que Nelson situa no começo do século XX e eu a trago para hoje. Uma mulher vítima da incompreensão e da inveja da sociedade, uma mulher vítima do feminicídio. 'Essa montagem é muito cabeça!'”, esclarece Helena Ignez.

"Nelson é um gênio, a gente sabe disso, e quando entra em contato íntimo com seus textos, isso é reafirmado a cada momento, ao ponto de não querer perder nada, nem a rubrica", afirma Helena Ignez.


Ficha técnica
Espetáculo "Vestido de Noiva"
Texto: Nelson Rodrigues
Direção: Helena Ignez
Assistência de direção e Direção de Cena: Rafael Bicudo
Elenco: Lucélia Santos (Madame Clessi), Djin Sganzerla (Alaíde), Simone Spoladore (Lúcia), Jiddu Pinheiro (Pedro), Clarisse Abujamra (Dona Lígia - mãe), Luciano Chirolli (participação especial, como Gastão - pai), Tuna Dwek (Dona Laura - sogra), Michele Matalon (mãe do namorado), Luciana Fróes e Luiza Barros (mulheres do bordel).
Direção de imagem (vídeo): André Guerreiro Lopes
Direção de arte, cenografia e figurinos: Simone Mina e Carolina Bertier
Iluminação: Aline Santini
Trilha sonora e sonoplastia: Aline Meyer
Arranjos e interpretação de “Brasil Pandeiro”: Cida Moreira
Vídeo Mapping: André Grynwask e Pri Argoud - Um Cafofo
Assistência de cenografia: Vinicius Cardoso
Assistência de figurinos: Rick Nagash e Hellige Santana
Técnico de som e operação: Kléber Marques
Operação de vídeo: Rodrigo Chueri
Assistência de luz e operação: Sibila
Produção executiva: Luiza Barros
Direção de produção: Marcela Horta
Assessoria de imprensa:  Ney Motta
Fotos de divulgação: Ale Catan
Programação visual: SESC SP


Serviço
Espetáculo "Vestido de Noiva"
Temporada: até dia 8 de dezembro de 2024
Sextas e sábados, às 20h00 | Domingos e feriados, às 18h00 - *não haverá sessão em 20 de novembro
Quinta, 21 de novembro e 5 de dezembro, às 15h00
Sesc Consolação - Teatro Anchieta (280 lugares)
Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque / São Paulo
Telefone: (11) 3234-3000
Horário de funcionamento: terça a sexta: das 10h00 às 21h30. Sábados: das 10h00 às 20h00. Domingos e Feriados: das 10h00 às 18h00.
Ingressos: R$ 70,00 (inteira), R$ 35,00 (meia-entrada), R$ 21,00 (credencial plena).
Venda on-line: em sescsp.org.br e no app Credencial Sesc SP
Venda presencial: na bilheteria de qualquer unidade do Sesc SP
Duração: 110 minutos
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 16 anos
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

.: Luiz Rufino estreia na Paz & Terra com livro que convida a reimaginar o Brasil


Nas deliciosas crônicas de "Cazuá: onde o Encanto Faz Morada", o escritor e professor Luiz Rufino apresenta um país para muito além do que se conhece nos livros de história. Os textos convidam a reimaginar o Brasil, numa dimensão que vai além da casa e da rua: o encanto. Rufino lembra que, na memória ancestral lavrada nos chãos de um Brasil profundo, o cazuá é onde a vida se aconchega como espanto, festa, peleja, mistério e devoção. 

Este livro abriga crianças que vadeiam com santos, malandros que se misturam com trabalhadores, flores que se encruzam com facas, plantas que conversam com gente, roças que se irmanam com matas, quintais, esquinas e terreiros - porque nesses espaços de convívio e intimidade, que são também ambientes preciosos para invenção de mundos, coabitam as histórias de cada um e de nossa gente, deste e de outros planos. Afinal, a força das coisas não está só naquilo que aparenta ser e que se reduz ao que chamam de materialidade. 

A beleza acontece quando uma coisa toma a outra como morada; planta, pedra, rio, bicho, comida, tambor e gente, tudo isso pode ser morada de encanto. Por isso, este livro é um singelo altar brasileiro. E, para quem entoar suas palavras ou carregá-lo na bolsa ou debaixo do braço, pode ser também um patuá. Rufino persegue atentamente as trilhas cotidianas, disponibiliza a escuta de forma atenta e bota o corpo para jogo andarilhando por espaços onde a vida acontece de forma miúda. Nessas tramas ordinárias saltam as invenções e sabedorias que fazem de ruas, mercados, encruzilhadas, barracões, botequins, rodas e os seus praticantes o próprio movimento de escrita do livro. 

Escutador das histórias dos vários cantos do Brasil, o autor as adentra para lê-las em suas várias camadas. A escrita aqui se confunde com outros fazeres, como os de quem faz fé no jogo, na ginga, brinca e brinda o gole para espantar a miséria. Uma escrita de corpo inteiro que caminha pelos subúrbios cariocas, invoca memórias do sertão nordestino, bate cabeça nos terreiros, vadeia em quintais, pede licença a rua, dribla os aperreios da trívia e firma as poesias passadas de boca em boca. 

O balaio de histórias trazido por Rufino faz valer aquilo que Antonio Bispo dos Santos chamou de “oralizar a escrita”. Um fazer que revela que os saberes correm diferentes mundos e tempos para baixar nos mais diferentes corpos e fazer da vida um inacabado rito cotidiano. “Se a casa invoca a obra, o cazuá diz sobre o espírito das coisas, daí ele se firma na miudeza, na experiência ordinária, no repertório pé de chinelo próprio das sabedorias batedoras de perna. Nessa morada de encanto, da fresta, da porteira entreaberta, se avista a imensidão do mundo”, diz Luiz Rufino, sempre com a poesia como norte. Compre o livro "Cazuá" neste link.


Sobre o autor
Luiz Rufino
é carioca, criado no subúrbio, filho de pai e mãe cearenses, neto de vaqueiros e lavradores. Tem as ruas, as rodas, os quintais e os terreiros como lugar de formação. É professor da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rufino escreveu diversos livros, entre eles "Pedagogia das Encruzilhadas" (Mórula, 2019) e "Vence-demanda: educação e Descolonização" (Mórula, 2021). "Cazuá" é a estreia dele na editora Paz & Terra. Garanta o seu exemplar de "Cazuá" neste link.


Ficha técnica
"Cazuá: onde o Encanto Faz Morada"
Editora: Paz & Terra
Autor: Luiz Rufino
172 páginas
Compre o livro neste link.

.: Mel Lisboa faz apresentações gratuitas do solo "Madame Blavatsky"


Com dramaturgia de Claudia Barral e direção de Marcio Macena, monólogo apresenta ao público a misteriosa figura de Helena Petrovna Blavátskaya, escritora russa responsável pela sistematização da teosofia. Foto: João Caldas Fº


A emblemática trajetória da escritora russa Helena Petrovna Blavátskaya (1831-1891), cofundadora da Sociedade Teosófica, inspirou a criação do solo "Madame  Blavatsky - Amores Ocultos", estrelado pela atriz Mel Lisboa. E o espetáculo ganha duas novas apresentações gratuitas em novembro: uma no dia 13, às 21h00, no Teatro Arthur Azevedo e outra no dia 28, às 21h00, no Teatro Cacilda Becker. O monólogo tem dramaturgia de Claudia Barral e surgiu a partir do contato da autora com a peça “Madame Blavatsky”, de Plínio Marcos. Já a direção é assinada por Marcio Macena.

A dramaturgia brinca com os limites da ficção, investigando convenções da representação teatral e simulando, através do texto, uma incorporação mediúnica. Trata-se de uma não-peça, já que propõe ao espectador uma espécie de experiência mística. Em cena, o espírito de Helena Blavatsky exige retornar ao teatro, utilizando-se do corpo de uma atriz, para colocar a sua controversa trajetória em pratos limpos. Como toda história tem várias versões, Helena é interrompida por outros espíritos, que também querem dividir com o público as suas impressões.

A ideia é apresentar ao público essa figura complexa, dinâmica e independente, que foi responsável pela sistematização da moderna Teosofia (que, de maneira reducionista e simples, pode ser definida como o conjunto de doutrinas filosóficas, esotéricas e ocultistas que buscam o conhecimento direto dos mistérios da vida, da natureza e da divindade).

Blavatsky surgiu em um momento histórico em que a religião estava sendo rapidamente desacreditada pelo avanço da ciência e da tecnologia. Helena, então, tornou-se cofundadora da Sociedade Teosófica, que pregava a junção de todos os credos, incentivando a pesquisa científica, o pensamento independente e a crítica da fé cega através da razão.

Assim, ela viveu em busca de conhecimento filosófico, espiritual e esotérico, para desenvolver seus poderes paranormais de forma controlada, a fim de que pudesse servi-los como instrumento para a instrução do mundo ocidental. Lutou contra todas as formas de intolerância e preconceito, atacou o materialismo e o ceticismo arrogante da ciência, e pregou a fraternidade universal.

“Essa personagem única influenciou milhares de pessoas em todo o mundo desde que apareceu, da população comum a estadistas, líderes religiosos, literatos e artistas, e deve mais do que nunca ser conhecida do público. Ela abalou e desafiou de tal modo as correntes ortodoxas da religião, da ciência, da filosofia e da psicologia, que é impossível ficar ignorada. Foi uma verdadeira iconoclasta - ao rasgar e fazer em pedaços os véus que encobriam a realidade”, conta o diretor Marcio Macena.

Blavatsky também se tornou o alvo de ataques e injúrias, pela coragem e ousadia de trazer à luz do dia aquilo que era blasfêmia revelar. Lentamente, os anos se encarregaram de fazer-lhe justiça. Apesar das invectivas, considerava-se feliz por trabalhar "a serviço da humanidade", e deu provas de sabedoria ao deixar que as futuras gerações julgassem a sua magnífica obra.


Sinopse de "Madame Blavatsky - Amores Ocultos"
"Madame Blavatsky - Amores Ocultos" brinca com os limites da ficção, investigando convenções da representação teatral e simulando, através do texto, uma incorporação mediúnica. Em cena, o espírito de Helena Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, exige retornar a um teatro, utilizando-se do corpo de uma atriz, para colocar a sua controversa história em pratos limpos. Como toda história tem várias versões, Helena é interrompida por outros espíritos, que também querem dividir com o público as suas impressões.

Ficha técnica
Espetáculo "Madame Blavatsky - Amores Ocultos"
Elenco: Mel Lisboa
Texto: Cláudia Barral
Direção: Marcio Macena
Figurino: João Pimenta
Cenário: Márcio Macena
Designer de luz: Ligia Chaim
Designer de som: Bruno Pinho
Cenotécnico: Alicio Silva - Casa Malagueta
Op. Luz: Roseli Marttinely
Op. Som: Vinicius Reis
Assistente: Lorenzo Saliba
Produtora executiva: Dani D' Agostino
Fotos assessoria: João Caldas e gaTú Filmes
Foto arte de divulgação:  Hudson Senna
Criação de conteúdo: gaTú Filmes
Redes sociais: Jéssica Fioramonte
Designer gráfico: Valentina Namur e Decola Agência
Direção de produção: Morena Carvalho
Realização: Estapafúrdia Produções e Lisboa Produções

Serviço
Espetáculo "Madame Blavatsky - Amores Ocultos"
Duração: 60 minutos
Classificação: 12 anos
Redes sociais: insta - @madameblavatskyamoresocultos

Teatro Arthur Azevedo
Dia 13 de novembro, quarta-feira, às 21h
Endereço: av. Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca / São Paulo
Ingressos: grátis, distribuídos 1 hora antes da sessão na bilheteria do teatro
Telefone: (11) 2604-5558

Teatro Cacilda Becker
Dia 28 de novembro, quinta-feira, às 21h
Endereço: rua Tito, 295 - Lapa / São Paulo
Ingressos: grátis, distribuídos 1 hora antes da sessão na bilheteria do teatro
Telefone: (11) 3864-4513

.: "Ursinho Pooh", no Teatro Villa--Lobos, resgata a magia da amizade


Um espetáculo da Rockefeller Studios em parceria com Disney Theatrical Group Ministério da Cultura e Bradesco Seguros apresentam no Brasil o espetáculo "Ursinho Pooh: o Novo Musical". Com puppets em tamanho real e toda a turma do Ursinho Pooh reunida, o espetáculo estreia dia fica em cartaz até 24 de novembro no Teatro VillaLobos, em São Paulo. Escrito e dirigido por Jonathan Rockefeller, o espetáculo traz Arthur Berges como Pooh, Enrico Verta como Tigrão, Bel Nobre como Leitão/Guru, Gui Leal como Ió/Coelho/Corujão, Carla Vazquez como Can e os pequenos Rodrigo Thomaz, Nico Takaki e Mateus Vicente se revezando no papel de Christoper Robin, além dos swings Luana Bichiqui e José Diaz. 

As apresentações acontecem exclusivamente aos sábados e domingos, com sessões às 11h00, 14h00 e 17h00. Ingressos podem ser adquiridos pelo site www.sympla.com.br, além da bilheteria do Teatro VillaLobos ou no totem do Shopping VillaLobos. A realização é da Dínamo Realizações Artísticas, IMM e EGG Entretenimento, junto da Rockefeller Studios em parceria com Disney Theatrical Group. 

Em uma nova história do Bosque dos Cem Acres, contada com impressionantes marionetes em tamanho real através dos olhos dos personagens que todos conhecemos e amamos, esta adaptação para o palco apresenta a música clássica ganhadora do Grammy dos irmãos Sherman com músicas adicionais de A.A. Milne. Jonathan Rockefeller escreve e dirige "Ursinho Pooh: o Novo Musical". No Brasil, o espetáculo é apresentado pelo Ministério da Cultura e Bradesco Seguros e é uma produção da Dínamo Realizações Artísticas, IMM e EGG Entretenimento, da empresária Stephanie Mayorkis.

O musical traz uma nova leitura de personagens já amados, com uma estética encantadora e uma mensagem central poderosa sobre amizade e lealdade. Embora haja familiaridade com as versões do desenho da Disney, o espetáculo se destaca por suas próprias escolhas, tanto no desenvolvimento dos personagens quanto na execução visual e musical.

Um dos aspectos mais notáveis é a caracterização dos personagens, que foge em vários momentos das versões mais conhecidas. Leitão, interpretado por Bel Nobre, mantém seu caráter medroso e ansioso, mas de uma maneira que não o paralisa. Ele se permite aproveitar as aventuras – como ao esquiar – e até se impõe em momentos de necessidade, como quando consegue interromper uma discussão entre Tigrão e Coelho. Essa evolução faz com que Leitão se veja mais importante, ainda que seja fisicamente frágil, um contraste com o personagem do desenho da Disney, mais focado em sua timidez e insegurança paralisante.

Ió, vivido por Gui Leal, também passa por uma transformação interessante. Conhecido por sua melancolia característica, o burro nesta versão é mais cômico e menos introspectivo, chegando a brincar com sua própria existência ao se autointitular "um burro que traz alegria". Essa abordagem gera um contraste agradável, já que Ió frequentemente é um símbolo de tristeza resignada, e aqui vemos um toque de leveza em sua personalidade.

Já Tigrão, interpretado por Enrico Verta, se mantém fiel à versão da Disney. Ele é hiperativo, leal e carismático, dominando o palco nas músicas mais animadas e divertidas, ocupando uma posição de destaque no musical. Sua capacidade de conter sua energia em nome da amizade mostra um desenvolvimento emocional que, embora sutil, é tocante. O público se contagia facilmente com sua presença e alegria, sendo um dos pontos altos do espetáculo.

O Ursinho Pooh, vivido por Arthur Berges, traz um dos retratos mais fiéis ao desenho da Disney. Ele mantém sua ingenuidade característica, como quando acredita que o inverno é uma pessoa. Essa simplicidade reflete a essência do pensamento infantil e reforça sua ternura. O reencontro emocionante entre Pooh e Christopher Robin, no final do espetáculo, é o clímax emocional, evocando lágrimas entre os adultos, ao relembrar a pureza das amizades de infância.

Christopher Robin, interpretado pelo ator mirim Rodrigo Thomaz, é o único personagem "real", sem ser fantoche, e sua presença gera forte empatia com as crianças da plateia. Ele não apenas representa a criança que guia os animais, mas também reforça o valor da amizade de uma forma tocante e universal, especialmente em sua fala final, que toca os corações de adultos e crianças. A escolha de colocar uma criança real no palco aumenta a conexão emocional e traz um frescor ao espetáculo.

A cenografia do musical é outro ponto forte, proporcionando uma atmosfera tranquila e em harmonia com o dinamismo das canções e dos personagens. O uso das luzes para simbolizar as estações do ano é um detalhe visualmente encantador, com transições simples, mas eficazes – como o crescimento das flores, a queda da neve e o vento do outono – que capturam a atenção de todos. A natureza orgânica desses efeitos mantém a narrativa fluida e mágica.

Musicalmente, as canções são bem divididas, alternando entre momentos mais calmos, como em “Se a Neve Cai”, e músicas mais alegres, com destaque para as de Tigrão, que animam o público. Essa variedade de tons mantém o equilíbrio entre a serenidade e o entusiasmo, algo que se diferencia da constante agitação dos desenhos mais modernos.

Outro aspecto que merece elogio é a direção de Alessandra Dimitriou, que conseguiu renovar o clássico de uma forma equilibrada, sem cair na armadilha dos excessos visuais ou narrativos dos desenhos atuais. O musical não traz antagonistas ou conflitos grandiosos, focando-se em temas simples, como ajudar Pooh a conseguir mel e tirá-lo de uma árvore. Esse ritmo mais suave é uma mudança bem-vinda para quem busca uma experiência mais contemplativa e emocional, longe das batalhas e desafios que dominam a programação infantil contemporânea.

Com um elenco talentoso e uma produção visualmente encantadora, "Ursinho Pooh – O Novo Musical" é uma excelente escolha para famílias, especialmente aquelas com crianças pequenas. No entanto, são os adultos que provavelmente sairão mais emocionados do teatro, impactados pela mensagem atemporal de amizade e pelo resgate da simplicidade e inocência da infância.

"Ursinho Pooh – O Novo Musical" renova o clássico de forma graciosa, trazendo uma leitura diferente, mas profundamente fiel ao espírito dos personagens. Sem a presença de antagonistas, a peça oferece um espetáculo leve e emotivo, focado na beleza das pequenas coisas e nos laços de amizade. Um programa imperdível para crianças e, especialmente, para os adultos que desejam reviver a magia de Pooh e seus amigos.


Serviço
Espetáculo "Ursinho Pooh: o Novo Musical"
Temporada até dia 24 de novembro de 2024.
Local: Teatro VillaLobos – Shopping VillaLobos.
Endereço: av. Drª Ruth Cardoso, 4777 - Jardim Universidade Pinheiros / São Paulo.
Classificação etária: livre, menores de 12 anos acompanhados dos pais ou responsáveis legais.
Crianças até 12 meses não pagam, ficarão no colo do responsável.
Duração: 70 minutos.
Dias e horas: sábados e domingos às 11h00, 14h00 e 17h00.

.: Mauro Hector: "Keep On" é música instrumental de qualidade


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

"Keep On" é o quinto álbum solo do guitarrista e compositor Mauro Hector. Um trabalho que mostra suas principais influências e seu amadurecimento como músico solista. Os estilos blues rock, fusion e country predominam na maior parte das faixas, sempre muito bem executadas e produzidas.

Neste disco participam Caio Pamplona no contrabaixo e Igor Willcox na bateria, que ficou responsável pela gravação, mixagem e masterização realizadas no Bunker 52 Studio, em São Paulo. Os dois músicos, aliás, foram fundamentais para dar suporte ao solista Mauro Hector, formando uma cozinha rítmica poderosa.

O álbum começou a ser gravado no início de 2023. São dez faixas com repertório autoral e instrumental, percorrendo estilos como blues rock, jazz, fusion, rock e country. A faixa "Mr. Collins" faz uma homenagem ao guitarrista Albert Collins com uma levada de funk "Blues". Já "At Home" é um country bem animado com influência de Albert Lee, outro músico lendário. A faixa "Left Hand" é um tema que segue o estilo jazz fusion. "Black Strat" é dedicada à guitarra Fender Stratocaster Preta que acompanha Mauro Hector em todos os álbuns e shows. A faixa "Blues for Trower" é um blues dedicado ao lendário guitarrista Robin Trower. E a faixa "Yellow", em estilo jazz fusion, foi composto inspirado no grupo Yellowjackets.

Desnecessário comentar a performance de Mauro Hector como solista. Desde o primeiro álbum, "Sonoridades", ele sempre provou ser o músico talentoso que é. Poderia citar as faixas "Blues For Trower" e "Left Hand" como momentos marcantes. Porém o disco todo merece ser conferido, principalmente se você gostar de música instrumental tocada por quem entende do assunto.

"Left Hand"

"Mr. Collins"

"Keep On"

.: Psicólogo Marcos Lacerda: o que diz o psicólogo que entrevistou a solidão


Livro mostra aos leitores que é possível superar o medo da solidão e tornar cada momento particular uma oportunidade de autoconhecimento, desenvolvimento pessoal e de bem-estar mental. Divulgação | VR Editora - Latitude


Os brasileiros são os mais solitários do mundo! Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, metade da população alega sentir solidão e melancolia com frequência, contribuindo para acentuar doenças como a depressão e ansiedade. Mas como lidar positivamente com esse sentimento? Quem ensina a compreendê-lo e transformá-lo em solitude, ou seja, desfrutar da própria companhia de forma leve e feliz, é o psicólogo Marcos Lacerda no livro "Entrevista com a Solidão -  Como Desenvolver Caminhos para a Conexão Humana".

Nesta obra publicada pela Latitude, o especialista em relacionamentos, com mais de 30 anos de experiência em consultório, mostra aos leitores que é possível superar o medo da solidão e tornar cada momento particular uma oportunidade de autoconhecimento, desenvolvimento pessoal e de bem-estar mental. O autor alerta que, para lidar com esse estado, é preciso igualmente viver os momentos de quietude para desfrutar da própria companhia – isso ajuda a evitar picos de irritação, intolerância e distanciamento do que existe de melhor em cada um.

A solitude, muitas vezes confundida com a solidão, aparece como um antídoto importante para o excesso de estímulos e emoções que vivemos hoje [...] Ela proporciona o cenário perfeito para a introspecção sem a dor que consome os solitários. Quando nos distanciamos das opiniões e expectativas externas, temos a oportunidade de nos reconectar com nossos desejos, valores e sonhos.

O escritor também propõe uma reflexão sobre como a era virtual pode intensificar a sensação de isolamento. Marcos Lacerda explora como as redes sociais e a tecnologia, que prometem conectar pessoas ao redor do mundo, frequentemente resultam em conexões superficiais e aumentam a sensação de vazio. Ele sugere que, ao invés de buscar validação por meio de curtidas e comentários, é preciso focar em interações humanas genuínas e de qualidade nas redes. “Somos, por natureza, seres sociais. Com isso, perder conexões significativas pode comprometer nossa saúde, bem-estar e até mesmo nossa identidade”, explica o psicólogo.

Criador de um dos maiores canais do Youtube sobre comportamento, Nós da Questão, com 2,23 milhões de inscritos, Lacerda traz para o livro dicas de meditação e exercícios para o leitor fazer. Listar o que sente quando está sozinho, nominar os amigos que fez ao longo da vida e aprender a despir “a armadura” emocional e abraçar vulnerabilidades são alguns dos insights apresentados na forma de orientações práticas. Assim, Entrevista com a solidão oferece informações e ferramentas importantes para superar o temor do isolamento, abraçar a solitude e alcançar uma saúde emocional duradoura. Compre o livro "Entrevista com a Solidão" neste link.


Sobre o autor
Marcos Lacerda
é psicólogo e influenciador digital. Nascido em João Pessoa, Paraíba, é mestre em Psicologia Social. Atende em sua clínica particular desde 1993. Dono do canal "Nós da Questão", no YouTube, com mais de 2,23 milhão de seguidores, Marcos quer democratizar a psicologia pela internet, levando as pessoas a refletirem sobre as próprias emoções e a repensarem seus relacionamentos afetivos. Seu trabalho é ferramenta para um verdadeiro despertar para a busca da qualidade de vida. Garanta o seu exemplar de "Entrevista com a Solidão" neste link.

Fica técnica
"Entrevista com a Solidão -  Como Desenvolver Caminhos para a Conexão Humana"
Autor: Marcos Lacerda
Editora/Selo: Latitude
ISBN do livro físico: 978-65-89275-62-6 
ISBN do livro digital: 978-65-89275-61-9
Gênero: não-ficção 
Público-alvo: adulto 
Páginas: 196
Compre o livro neste link.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

.: "A Última Sessão de Freud", de Mark St. Germain, retorna ao Teatro Bravos


Dirigido por Elias Andreato e estrelado por Odilon Wagner (indicado ao Prêmio Shell e Prêmio APCA e Prêmio Bibi Ferreira por este trabalho) e Marcello Airoldi, o espetáculo narra um encontro entre o pai da Psicanálise e o escritor C.S. Lewis. Foto: João Caldas


Assistido por mais de 115 mil pessoas, "A Última Sessão de Freud", escrito por Mark St. Germain, retorna ao Teatro Bravos para três únicas apresentações, dias 1°, 2 e 3 de novembro, encerrando a temporada 2024. Dirigido por Elias Andreato, o espetáculo já cumpriu 290 apresentações, foi vista por mais de 115 mil pessoas e se apresenta nos dias 1°, 2 e 3 de novembro de 2024 no Teatro Bravos em São Paulo, encerrando a temporada de 2024. A trama apresenta um encontro fictício entre Sigmund Freud (Odilon Wagner - o pai da psicanálise, e o escritor, poeta e crítico literário C.S.Lewis (Marcello Airoldi), dois intelectuais que influenciaram o pensamento científico filosófico da sociedade do século 20.

Durante esse diálogo, Sigmund Freud, crítico implacável da crença religiosa, e C.S. Lewis, renomado professor de Oxford, crítico literário, ex-ateu e influente defensor da fé baseada na razão, debatem, de forma apaixonada, o dilema entre ateísmo e crença em Deus. O texto de Mark St. Germain é baseado no livro "Deus em Questão", escrito pelo Dr. Armand M.Nicholi Jr. - professor clínico de psiquiatria da Harvard Medical School. Freud quer entender por que um ex-ateu, um brilhante intelectual como C.S. Lewis, pode, segundo suas palavras, “abandonar a verdade por uma mentira insidiosa” - tornando-se um cristão convicto.

No gabinete de Freud, na Inglaterra, eles conversam sobre a existência de Deus, mas o embate verbal se expande por assuntos como o sentido da vida, natureza humana, sexo, morte e as relações humanas, resultando em um espetáculo que se conecta profundamente com o espectador através de ferramentas como o humor, a sagacidade e o resgate da escuta como ponto de partida para uma boa conversa. O sarcasmo e ironia rondam toda essa discussão. As ideias contundentes ali propostas nos confundem, por mais ateus ou crentes que sejamos.

O cenário assinado por Fábio Namatame (indicado ao Prêmio Shell melhor cenário) reproduz o consultório onde Freud desenvolvia sua psicanálise e seus estudos. Ele estava exilado na Inglaterra depois de ter fugido da perseguição nazista na Áustria, em plena segunda guerra mundial, no ano de 1939. Em uma entrevista sobre o espetáculo, o autor comenta: “A peça mostra um embate de ideias. Isso é uma armadilha, e eu não queria que o espetáculo se transformasse em um debate. Por isso, pelo bem da ação dramática, situei o encontro entre Freud e Lewis no dia em que a Inglaterra ingressou na Segunda Guerra Mundial. Então, são dois homens no limite, sabendo que Hitler poderia bombardear Londres a qualquer minuto”.

O diretor Elias Andreato optou por uma encenação que valorize a palavra, construindo as cenas de modo que o texto seja o protagonista e as ideias estejam à frente de qualquer linguagem. “O Teatro é uma forma de arte onde os atores apresentam uma determinada história que desperta na plateia sentimentos variados. É isso o que me interessa: despertar sentimentos e acreditar na força de se contar uma história. É muito prazeroso brincar de ser outro e viver a vida dessa pessoa em um cenário realista, com figurino de época, jogando com ficção e realidade. Isso é a realização para qualquer artista de teatro. E é assim que defino essa experiência de me debruçar sobre a obra teatral de Mark St. Germain: 'A Última Sessão de Freud'. Depois de 25 anos de sessões de psicanálise, talvez seja necessário me deixar conduzir, cada vez mais, pela paixão que tenho por meu ofício: o Teatro. A minha profissão de fé. E crer: a arte sempre nos salva de todos os perigos”, comenta o diretor.

Para Odilon Wagner a experiência de interpretar Freud é fascinante: “Para um ator ter a oportunidade de representar um personagem tão intenso e profundo, que fez parte de nossa história recente, é um privilégio. A construção desse personagem me fez vibrar desde a primeira leitura, foram meses estudando sua vida e personalidade, para tentar trazer um recorte mais fiel possível do último ano de vida desse grande gênio do século 20”, revela.


Sinopse de "A Última Sessão de Freud"
No gabinete de Freud, na Inglaterra, o pai da psicanálise e o escritor C.S. Lewis conversam sobre a existência de Deus, mas o embate verbal se expande por assuntos como o sentido da vida, natureza humana, sexo e as relações humanas, resultando em um espetáculo que se conecta profundamente com o espectador através de ferramentas como o humor, a sagacidade e o resgate da escuta como ponto de partida para uma boa conversa. O sarcasmo e ironia rondam toda essa discussão. As ideias contundentes ali propostas nos confundem, por mais ateus ou crentes que sejamos.


Ficha técnica
Espetáculo "A Última Sessão de Freud"
Texto: Mark St. Germain
Tradução: Clarisse Abujamra
Direção: Elias Andreato
Assistente de direção: Raphael Gama
Idealização: Ronaldo Diaféria
Elenco: Odilon Wagner e Marcello Airoldi
Cenário e figurino: Fábio Namatame
Assistente de cenografia: Fernando Passetti
Desenho de luz: Gabriel Paiva e André Prado
Iluminação: Nádia Hinz
Trilha sonora: Raphael Gama
Arte gráfica: Rodolfo Juliani
Fotografia: João Caldas
Designer de som: André Omote
Coordenador geral de produção: Ronaldo Diaféria
Produtora executiva: Katia Brito
Direção de palco / Contra-regragem: Vinicius Henrique, Kauã Nascimento
Produtores associados:  Diaféria Produções e Itaporã Comunicação

Serviço
Espetáculo "A Última Sessão de Freud"
Texto: Mark St. Germain
Tradução: Clarisse Abujamra
Direção: Elias Andreato
Elenco: Odilon Wagner e Marcello Airoldi
Temporada: 01,02 e 03 de novembro de 2024
Sexta às 20h, Sábado às 20h e Domingo às 17h
Classificação: 14 anos
Duração: 90 minutos
Vendas online: https://teatrobravos.com.br/a-ultima-sessao-de-freud-2/


Horário da bilheteria
De terça à domingo das 13h às 19h ou até o início do último espetáculo.
Formas de Pagamentos aceitas na bilheteria: Aceitamos todos os cartões de crédito, débito e dinheiro. Não aceitamos cheques.


Teatro Bravos | 630 lugares
Rua Coropé, 88 – Pinheiros / São Paulo
Complexo Aché Cultural, entre as Avenidas Faria Lima e Pedroso de Morais.
Abertura da casa: 1 horas antes de cada horário de espetáculo
Café no 3º andar
Capacidade da casa: 611 lugares
Acessibilidade para deficiente físico e obesos
Estacionamento: MultiPark - R$ 39,00 (até 3 horas)

.: Solo "Caio em Revista" põe em cena textos inéditos de Caio Fernando Abreu


Espetáculo solo do ator Roberto Camargo, dirigido por Luís Artur Nunes, põe em cena textos inéditos de Caio Fernando Abreu. Engraçadíssimos, com altas doses de ironia e sarcasmo, as crônicas publicadas em revistas, como a "Around", depois "AZ", sucessos editoriais de Joyce Pascowitch, fazem um retrato dos anos 80, com as suas questões sexuais, sociais e de mudança de comportamento. Foto: Rafa Marques


As vidas de Roberto Camargo, Luís Artur Nunes e Caio Fernando Abreu se cruzaram definitivamente em Paris, no início dos anos 90, e os encontros se repetiram até a morte precoce do escritor em 1996, aos 47 anos. "A Maldição do Vale Negro", texto de Luíz Artur Nunes, em colaboração com Caio Fernando Abreu, recebeu o Prêmio Molière de melhor autor em 1988.  

A ideia do espetáculo "Caio em Revista" surgiu em uma homenagem para o escritor, onde Roberto Camargo, um dos fundadores da "Terça Insana", em meio aos textos mais densos e conhecidos de Caio trouxe “Bolero”, uma crônica escrita para a revista "AZ", editada por Joyce Pascowitch, que comandou uma revolução editorial nos anos 80, trazendo personagens e a efervescente cena cultural de São Paulo para as suas páginas e capas. Ao lado de Caio, trabalhavam para as suas publicações a fotógrafa Vania Toledo, o jornalista Antonio Bivar e o artista Guto Lacaz, que assinava a direção de arte e que agora, em "Caio em Revista" irá assinar o cenário e toda a parte gráfica.

Os textos que compõem o roteiro abordam a relação de Caio com a cidade de São Paulo, suas memórias da infância e da juventude, sua visão crítica da sociedade e dos tipos urbanos que a compõem, como o bar Ritz, a novela "Vale Tudo", a boite "Madame Satã" e as músicas de Rita Lee, Madonna e Chet Baker. Tudo isso temperado com a ironia fina e o humor cáustico e requintado que caracterizaram a vida e a obra do escritor, uma pessoa à frente do seu tempo, ligado em questões que só muito mais tarde viriam a ser discutidas.

Em cena, Roberto será porta voz de Caio nos textos mais pessoais, falando em primeira pessoa sem qualquer tentativa de reproduzir as características físicas e vocais de Caio. Uma outra voz abarca dois heterônimos criados por Caio:  as colunistas Nadja de Lemos e Terezinha O’Connor, figuras femininas (dentro de uma estética “camp”, é claro), que fazem uma crônica dos tipos humanos e comportamentos da fauna urbana da São Paulo (ou de qualquer megalópole) dos anos 80, revelando uma percepção aguda a apontar um dedo (de longa unha vermelho-ciclâmen) para as idiossincrasias da sociedade alternativa da época.

Em "Caio em Revista" teremos um Caio Fernando Abreu um tanto diverso daquele intérprete das angústias e do mal-estar no mundo de sua geração. Roberto Camargo vestirá a roupa de um Caio memorialista e poético, de um Caio humorista e cronista, de um Caio cheio de graça e de luz.


Ficha técnica
Espetáculo "Caio em Revista"
Textos: Caio Fernando Abreu
Roteiro e atuação: Roberto Camargo
Direção: Luís Artur Nunes
Assistência de direção: Patrícia Vilela
Projeto gráfico: Guto Lacaz
Iluminação: Rodrigo Cordeiro
Figurino: Mareu Nitschke
Trilha sonora: Roberto Camargo e Luís Artur Nunes
Edição de trilha sonora: André Omote
Direção de produção: ColaAtores


Serviço
Espetáculo "Caio em Revista"
Gênero: Comédia
Indicação etária: 14 anos
Duração: 60 minutos
Temporada: de 5 de novembro a 17 de dezembro, terças-feiras, às 20h00
Ingressos: R$ 80,00 | R$ 40,00
Bilheteria abre duas horas antes do espetáculo
Link para compra on-line: www.sympla.com.br
Local: Mi Teatro | 58 lugares
(Restaurante El Mercado Ibérico)
Endereço: Rua Pamplona, 310 - Bela Vista - São Paulo (estacionamento ao lado do teatro)

.: Orquestra Ouro Preto estreia "Hilda Furacão, a Ópera", em São Paulo


Sob a regência do Maestro Rodrigo Toffolo, a montagem promete capturar a intensidade dos sentimentos e a complexidade dos dilemas da personagem que desafiou as convenções sociais de uma conservadora Belo Horizonte dos anos 60. Foto: Rapha Garcia

Uma das personagens mais icônicas da literatura e da teledramaturgia brasileira ganha uma versão operística inédita com adaptação e música original de Tim Rescala; a estreia acontece nos dias 5 e 6 de novembro no Theatro Municipal de São Paulo, e seguirá para apresentações em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. A Orquestra Ouro Preto estreará nos dias 5 e 6 de novembro, em São Paulo, "Hilda Furacão, a Ópera", uma adaptação de "Hilda Furacão", o aclamado romance de Roberto Drummond, imortalizado na célebre minissérie dos anos 90. 

Sob a regência do Maestro Rodrigo Toffolo, a montagem promete capturar a intensidade dos sentimentos e a complexidade dos dilemas da personagem que desafiou as convenções sociais de uma conservadora Belo Horizonte dos anos 60. O elenco conta com renomados cantores líricos brasileiros, prometendo emocionar o público com uma montagem impactante: Carla Rizzi interpreta Hilda, Jabez Lima é Frei Malthus, Marília Vargas é Loló Ventura, Marcelo Coutinho encarna Nelson Sarmento, Johnny França é Aramel, e Fernando Portari representa o narrador e autor Roberto Drummond.

As apresentações na capital paulista serão realizadas no Theatro Municipal de São Paulo, e os ingressos já estão à venda no site e na bilheteria da casa. Na sequência, a produção será apresentada em Belo Horizonte, nos dias 21 e 22 de novembro, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, e no Rio de Janeiro, nos dias 24 e 25 do mesmo mês. Com música original de Tim Rescala e direção de cena de Julliano Mendes, "Hilda Furacão, a Ópera" celebra a riqueza da cultura brasileira em uma produção cantada em português. Dividido em dois atos, o espetáculo explora os dilemas éticos, sociais e religiosos da época.

Com uma sólida trajetória na cena operística brasileira, a mezzo-soprano Carla Rizzi possui vasta experiência como atriz, emprestando à personagem toda a força dramática que ela demanda. A cantora repete a parceria com a Orquestra Ouro Preto, cujo último trabalho foi a bem-sucedida montagem "Auto da Compadecida, a Ópera", assim como Jabez Lima, tenor que interpreta Frei Malthus.

Uma das vozes mais proeminentes da ópera nacional, Jabez Lima empresta seu talento ao jovem frei que vive os dilemas entre o desejo da santidade e a tentação de seus sentimentos. O tenor, que interpretou João Grilo na versão mineira da obra de Suassuna, mostra toda a sua versatilidade e excelência agora em uma faceta dramática.

O romance do escritor mineiro Roberto Drummond conta a história de Hilda, uma jovem bela e rebelde que rompe com as expectativas ao abandonar sua vida de prestígio e refugiar-se na zona boêmia da capital mineira. Sua jornada se entrelaça com a de Frei Malthus, um jovem religioso determinado a transformar a vida dos habitantes da região. Esse encontro desencadeia uma série de conflitos éticos e sociais, em um confronto entre desejo e dever, liberdade e moralidade. Uma narrativa que encontra na ópera a linguagem perfeita para seu desenvolvimento dramático, somando-se ao panteão de grandes heroínas do gênero, como Carmen e Aida, consolidando o caminho para a criação de uma ópera nacional que dialoga com nossa história, cores e sons. Compre o livro neste link.

“Hilda tem tudo que a gente procura em um libreto, sob o ponto de vista operístico, para levar uma história para o palco. É rica nos conflitos, nas reflexões, na dramaturgia e nesse equilíbrio entre o drama e os momentos cômicos. Além disso, Hilda é uma personagem feminina muito importante da nossa literatura, que carrega fortes reflexões sobre liberdade, imposições sociais e sobre traçar seu próprio destino. Tudo isso faz dela uma protagonista perfeita para esse ciclo de óperas que a Orquestra Ouro Preto vem desenvolvendo”, explica o maestro Rodrigo Toffolo.

Tim Rescala, que repete a parceria operística com a formação mineira após a bem-sucedida montagem de "Auto da Compadecida, a Ópera", reforça as qualidades da narrativa que agora chega aos palcos. “Hilda tem todos os elementos para se tornar uma ópera: uma trama instigante e trágica, talvez até tragicômica, personagens fortes, carismáticos e uma grande carga emocional”, enumera.

Para as composições originais, Tim Rescala incorporou elementos da música popular da época, sobretudo o que se ouvia pelo rádio, ao discurso operístico. “Não só a música brasileira, mas também a norte-americana, incluindo os boleros que tanto sucesso fizeram no mundo todo neste período. Esse cancioneiro marcou muito essa época e procurei incorporar esse universo sonoro à partitura para criar algo híbrido, em uma ópera com ares de musical”, avalia o compositor.

Com a estreia de “Hilda Furacão, a Ópera”, a Orquestra Ouro Preto reafirma sua busca pela criação de um repertório operístico brasileiro e convida o público a mergulhar em uma jornada de amor, fé e desafio às normas estabelecidas.


Serviço
Orquestra Ouro Preto estreia “Hilda Furacão, a Ópera”
São Paulo
Datas: 5 e 6 de novembro de 2024
Horário: às 20h00
Local: Theatro Municipal de São Paulo (praça Ramos de Azevedo, s/n, República. SP)
Ingressos: No site e na bilheteria do Theatro

Belo Horizonte
Datas: 21 e 22 de novembro de 2024
Horário: às 20h00
Local: Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1537, centro. BH)
Ingressos: No site e na bilheteria do Theatro

Rio de Janeiro
Datas: 24 e 25 de novembro de 2024
Horário: domingo, às 18h00, e segunda, às 20h00
Local: Cidade das Artes (avenida das Américas, 5.300, Barra da Tijuca. RJ)
Ingressos: No site e na bilheteria do Theatro

.: Doc "Amando Patricia Higsmith" em cartaz na plataforma Sesc Digital


Novos filmes chegam à plataforma Sesc Digital. Um deles é o documentário "Amando Patricia Higsmith", sobre a escritora de romances como “O Talentoso Ripley”, feito a partir de  escritos e anotações pessoais da autora. Baseado nos escritos pessoais de Patricia Highsmith e nos relatos de sua família e amantes, o filme traz uma nova luz sobre a vida e obra da famosa escritora de suspense, permeada por temas de amor e sua significativa influência sobre o tema da identidade. Direção: Eva Vitija | Suíça, Alemanha | 2022 | 83 min | Documentário | 14 anos. Disponível até 17 de dezembro de 2024. Assista em sescsp.org.br/cinesesc , sescsp.org.br/cinemaemcasa ou no aplicativo Sesc Digital.

+ Cinema #EmCasaComSesc
Lançada pelo CineSesc em junho de 2020, a série Cinema #EmCasaComSesc já exibiu gratuitamente mais de mil títulos, entre longas e curtas-metragens, nacionais e estrangeiros, recebeu mostras e festivais e levou mais de 15 milhões de espectadores à plataforma Sesc Digital.


+ Sesc Digital 
A presença digital do Sesc São Paulo vem sendo construída desde 1996, sempre pautada pela distribuição diária de informações sobre seus programas, projetos e atividades e marcada pela experimentação. O propósito de expandir o alcance de suas ações socioculturais vem do interesse institucional pela crescente universalização de seu atendimento, incluindo públicos que não têm contato com as ações presenciais oferecidas nas 40 unidades operacionais espalhadas pelo estado.

No ar desde 2020, a plataforma Sesc Digital apresenta gratuitamente ao público conteúdos de diversas linguagens artísticas, como teatro, música, literatura, dança, artes visuais, entre outras. Com curadoria do CineSesc, a programação de cinema oferece ao público, filmes premiados, clássicos e contemporâneos, ficções e documentários, produções brasileiras e de várias partes do mundo. Saiba mais em Sesc Digital.Assista em sescsp.org.br/cinesesc , sescsp.org.br/cinemaemcasa ou no aplicativo Sesc Digital.

.: Temporada da peça "Luis Antonio - Gabriela" no Teatro de Contêiner


Sucesso de público e de crítica, o espetáculo é inspirado na transformação de Luis Antonio, irmão do diretor Nelson Baskerville, na travesti Gabriela. Foto: Hugo Faz


Visto por milhares de pessoas em todo o Brasil, o premiado espetáculo "Luis Antonio-Gabriela", da Cia.  Mungunzá, entra em cartaz em São Paulo para uma curta temporada no Teatro de Contêiner, nos dias 1°, 2, 3, 8, 9 e 10 de novembro de 2024, com apresentações às sextas, às 20h00, e aos sábados e domingos, às 18h00. "Luis Antonio-Gabriela" estreou em 2011 e, desde então, pode ser considerada uma das peças mais marcantes da cena teatral. O trabalho ganhou diversos prêmios como Shell (Melhor Direção), APCA (Melhor Espetáculo); da Cooperativa Paulista de Teatro (Melhor Direção e Projeto Visual); e APLGBT Cidadania em Respeito à Diversidade (Artes Cênicas). Além disso, foi eleita um dos melhores espetáculos do ano pela revista "Veja" e os jornais Estadão e Folha de S.Paulo.

A peça narra a transformação de Luis Antonio, irmão do diretor Nelson Baskerville, na travesti Gabriela, em plena ditadura militar brasileira. Aos 30 anos, a protagonista decide enfrentar toda a opressão familiar e mudar-se para a Espanha para viver sua nova identidade de gênero, tornando-se, em pouco tempo, uma figura conhecida na noite europeia. A trama percorre desde o nascimento de Luis Antonio, filho mais velho de cinco irmãos, em 1953, até a morte de Gabriela em 2006, na cidade espanhola de Bilbau. E ainda passa pela descoberta de sua homossexualidade aos oito anos e sua incessante busca pela construção de identidade de gênero.

A dramaturgia é construída por meio de um levantamento biográfico composto por fotografias, diários, cartas e entrevistas com familiares e amigos. São revelados diferentes pontos de vista, como da irmã que sai pelo mundo em busca do corpo de Gabriela; da madrasta que o criou com mais 8 crianças; do pai que, em vida, não reconheceu a filha travesti e dos amigos e colegas de trabalho, que viam a figura da protagonista com uma mistura de admiração e estranhamento. O elenco conta com Fabia Mirassos, Lilian de Lima, Lucas Bêda, Luiza Brunah, Marcos Felipe, Pedro das Oliveiras, Sandra Modesto, Verônica Gentilin e Virginia Iglesias. Compre o livro "Luis Antonio-Gabriela" neste link.


Histórico
"Luis Antonio-Gabriela" teve sua estreia em 2011 e foi aclamado pela crítica e pelo público. A peça foi pioneira em abordar o assunto e pôde circular por todo o território nacional. O espetáculo já fez mais de 400 apresentações e foi visto por mais de 60 mil pessoas. Indiretamente, o espetáculo sensibilizou o público para esse assunto-tabu e possibilitou que muitas pessoas se questionassem quanto aos próprios preconceitos. No ano de 2018, incentivados pelo Movimento Nacional de Artistas Trans (Monart), o próprio espetáculo e o diálogo que ele produz tiveram que se alargar, pois não era possível ignorar a importância da pauta de representatividade trans - atualmente a personagem Gabriela é interpretada pela atriz trans Fabia Mirassos.

Em São Paulo, Luis Antonio-Gabriela já foi apresentada no Sesc Santo André, Teatro de Contêiner, Centro Cultural São Paulo, Itaú Cultural, Galpão do Folias, Funarte, Teatro João Caetano, Teatro Alfredo de Mesquita e Sesc Belenzinho. Ainda cumpriu uma temporada no Rio de Janeiro, no Sesc Copacabana, e participou de mostras por todo o Brasil e do Festival São Palco em Coimbra (Portugal, 2012). A peça também já foi contemplada em diversos editais de circulação: PROAC LGBT 2011; Proac Circulação 2012, Myriam Muniz 2012, Circuito Cultural Paulista e Palco Giratório do Sesc 2013. 

Sobre a Cia Mungunzá
A Cia. Mungunzá é uma das companhias mais inovadoras do cenário teatral brasileiro. Criada em 2008, o grupo desenvolve a dezesseis anos uma pesquisa cênica continuada, alinhando arte, cultura e vida, construindo uma narrativa e uma linguagem autoral, com montagens de peças com grande poder de comunicação com o público.

A Mungunzá firmou-se como grupo que trabalha com diretoras e diretores convidados, fator que ajuda a manter os processos cênicos vívidos. Na sua pesquisa busca a polifonia e o hibridismo das linguagens artísticas, propondo a encenação como dramaturgia e o ato performático como atuação. Fomenta o fazer artístico como prática política e social. 

O grupo extrapola suas fronteiras ao criar em 2017, o Teatro de Contêiner Mungunzá, uma ocupação artística, sede do grupo, que atualmente é um dos espaços culturais mais pujantes da cidade de São Paulo, que está reverberando mundo afora com sua potente e poética gestão cultural de impacto em contextos de extrema vulnerabilidade social, somada a sua arquitetura sustentável, transformadora e comunitária.


Sinopse de "Luis Antonio-Gabriela"
Por meio de levantamentos biográficos compostos por fotografias, diários, cartas, entrevistas com familiares e amigos, a Cia. Mungunzá de Teatro apresenta ao público a transformação de Luis Antonio em Gabriela. Baseada na história real de Nelson Baskerville, diretor do espetáculo, a dramaturgia é construída a partir de diferentes pontos de vista, como do irmão caçula; da irmã que sai pelo mundo em busca do corpo de Gabriela; da madrasta que o criou com mais 8 crianças; do pai que, em vida, não reconheceu a filha travesti e dos amigos e colegas de trabalho, que viam a figura da protagonista com uma mistura de admiração e estranhamento.


Ficha técnica
Espetáculo 
"Luis Antonio-Gabriela"
Argumento e direção: Nelson Baskerville
Texto: a partir dos relatos de Doracy, de Maria Cristina, de Nelson Baskerville, de Serginho, de Pascoal (carta) e de Gabriela (cartas)
Dramaturgia: Nelson Baskerville e Cia. Mungunzá de Teatro
Intervenção dramatúrgica: Verônica Gentilin
Elenco: Fabia Mirassos, Lilian de Lima, Lucas Bêda, Luiza Brunah, Marcos Felipe, Sandra Modesto, Verônica Gentilin, Virginia Iglesias
Técnico performer: Pedro das Oliveiras
Diretora assistente e preparação de atores: Ondina Clais
Assistente de direção: Camila Murano
Direção musical, composição, arranjo e músico em cena: Gustavo Sarzi
Preparador vocal: Renato Spinosa
Trilha Sonora: Nelson Baskerville
Iluminação e cenário: Marcos Felipe e Nelson Baskerville
Figurinos: Camila Murano
Visagismo: Rapha Henry e Fabia Mirassos
Vídeos: Patrícia Alegre
Artista plástico (telas/pinturas): Thiago Hattnher
Designer e produção: Léo Akio
Produção executiva: Cia. Mungunzá e Gustavo Sanna (Complementar Produções)
Produção geral: Cia. Mungunzá de Teatro.     


Serviço
Espetáculo "Luis Antonio-Gabriela", da Cia Mungunzá
Temporada: dias 1°, 2, 3, 8, 9 e 10 de novembro de 2024
Duas semanas. Sextas às 20h00. Sábados e domingos, às 18h00
Teatro de Contêiner - Rua dos Gusmões, 43, Santa Ifigênia / São Paulo
Ingressos: R$ 100 (inteira), $50 (meia - para estudantes, professores, aposentados e classe teatral)
Bilheteria:Ingressos disponibilizados no Sympla - www.sympla.com.br/teatrodeconteiner
Duração: 100 minutos
Classificação: 16 anos
Capacidade: 80 lugares

.: Peça "Quando o Discurso Autoriza a Barbárie" estreia em São Paulo


Indicada ao Prêmio APCA, na categoria Direção (Miguel Rocha), e ao Prêmio Shell, na categoria Músca (Peri Pane), a montagem discute as barbáries praticadas pelo Estado, desde a colonização até os dias atuais. Foto: Tiggaz


A Companhia de Teatro Heliópolis apresenta o espetáculo "Quando o Discurso Autoriza a Barbárie" na Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho (sede do grupo), entre os dias 9 de novembro e 1° de dezembro de 2024. As sessões são gratuitas, aos sábados, às 20h, e domingos, às 19h. Reservas devem ser feitas pela plataforma Sympla. Com encenação de Miguel Rocha (indicado ao Prêmio APCA 2023), a montagem coloca em cena fragmentos de períodos históricos do Brasil que elucidam as barbáries praticadas pelo Estado, “justificadas” e naturalizadas pelo discurso político nas mais diferentes esferas públicas e que continuam sendo direcionadas aos mesmos corpos.

O espetáculo é resultado de pesquisa da Companhia sobre como o Estado brasileiro, há mais de cinco séculos, desde o início da colonização portuguesa até o atual cenário político-social, vem autorizando a barbárie e seus atravessamentos, justificando privilégios, hierarquias e opressões. A Companhia compreende que investigar as origens da violência social implica compreender como a história se repete: primeiro, como tragédia; depois, como farsa, conforme Karl Marx já assinalara.

Quando o discurso autoriza a barbárie desvela muito desse conjunto de visualidades e enunciados que sustenta a violência estatal e institucional no Brasil contemporâneo. Ao radicalizar a pesquisa ético-estética desenvolvida nos últimos anos, a Companhia de Teatro Heliópolis aposta numa encenação híbrida, apoiada no desdobramento de imagens-síntese, em que os corpos das atrizes e dos atores, em diálogo com o próprio espaço cênico e suas materialidades, compõem o eixo dramatúrgico principal. E assim põe em xeque a organização lógica de eventos que compõem a história oficial do Brasil. 

O desafio de construir uma dramaturgia sem o texto, propriamente dito, traz uma abordagem nova para essa reflexão. Enquanto criadores, os integrantes da companhia aprofundam na linguagem do corpo, constroem partituras com ações corporais e jogo relacional que potencializa a simbologia da violência, considerando que apenas a palavra pode já não ser elemento suficiente para expor o discurso de forma contundente.

A construção poética das cenas, em narrativa não linear, surpreende pela concretude, pela força e sutileza ao conjugar ações físicas, atitudes, gestos e sequências corográficas, onde a iluminação (Guilherme Bonfanti) em perfeita harmonia com a música e o canto (trilha sonora original de Peri Pane e Otávio Ortega) têm papel fundamental. A encenação lança mão também de artifícios como vídeos e áudios gravados para compor a dramaturgia.

“A investigação do espetáculo constata que a barbárie e a violência sempre foram patrocinada pelo Estado, desde a exploração e dizimação dos indígenas, do uso de mão escrava, da exploração das riquezas naturais a qualquer custo e da repressão na ditadura militar. Para discutirmos estas e outras questões sociais, culturais e políticas contemporâneas, precisamos voltar o olhar para o passado, para a origem, pois elas sempre estiveram presentes”, comenta o encenador Miguel Rocha.


Ficha técnica
Espetáculo "Quando o Discurso Autoriza a Barbárie". Concepção e encenação: Miguel Rocha. Provocação dramatúrgica: Alexandre Mate. Provocação cênica e texto para programa: Maria Fernanda Vomero. Elenco: Álex Mendes, Anderson Sales, Dalma Régia, Davi Guimarães, Fernanda Faran e Walmir Bess. Direção de movimento e estudo da Ideokinesis: Érika Moura. Direção musical: Peri Pane. Trilha sonora: Peri Pane e Otávio Ortega. Músicos (ao vivo): Alisson Amador e Denise Oliveira. Iluminação: Guilherme Bonfanti. Assistência de iluminação: Giorgia Tolaini. Cenografia: Eliseu Weide. Figurino: Samara Costa. Assistência de figurino: Paula Knop. Preparação vocal: Bel Borges e Edileuza Ribeiro. Provocação em dança: Sayô Pereira e Flávia Scheye. Organização de roteiro e edição de vídeo: Gabriel Fausztino. Animação: Teidy Nakao. Sonoplastia e operação de som: Lucas Bressanin. Operação de luz: Nicholas Matheus. Operação de vídeo: Allysson do Nascimento. Cenotecnia: Wanderley silva. Canções originais: “Invento” (Eunice Arruda e Peri Pane), “Canto da Partida” (Lucina e Peri Pane), “Liquidação Total” (Peri Pane), “Coro” (Edileuza Ribeiro). Participações: Catarina Nimbopy’rua, Edileuza Ribeiro e Tata Orokzala. Estúdio / gravação de trilha: Estúdio 100 Grilos, por Otávio Ortega. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Design gráfico: Rick Barneschi. Fotos: Rick Barneschi. Produção executiva: Leidi Araújo. Direção de produção: Dalma Régia. Idealização e produção: Companhia de Teatro Heliópolis. Realização: CULTSP - Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo. 

Serviço
Espetáculo "Quando o Discurso Autoriza a Barbárie"
Com: Companhia de Teatro Heliópolis
Temporada: 9 de novembro a 1° de dezembro de 2024
Horários: Sábados, às 20h, e domingos, às 19h.
Ingressos: gratuitos - Retirar 1h antes das sessões ou
Reservas on-line: www.sympla.com.br
Duração: 75 min. Classificação: 14 anos. Gênero: Experimental.

Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho
Rua Silva Bueno, 1.533 – Ipiranga. São Paulo/SP.
Telefone: (11) 2060-0318 (WhatsApp). Capacidade: 50 lugares.
Transporte público - Metro Sacomã / Terminal de Ônibus Sacomã

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial
Tecnologia do Blogger.