segunda-feira, 23 de setembro de 2024

.: Semifinalista do Booker Prize faz retrato crítico da solidão dos millennials


Em "Regras do Amor na Cidade Grande", lançado no Brasil pela editora Record, um jovem gay busca a felicidade na solitária capital coreana. Sang Young Park faz neste romance enérgico um retrato irônico e comovente da solidão dos millennials e das alegrias e desventuras da vida queer em Seul. O livro, que aborda com profundidade temas delicados, como HIV, aborto, homofobia, foi semifinalista do The International Booker Prize em 2022. O livro ganhou uma adaptação cinematográfica, estrelada por Jang Hye-jin, que atuou no celebrado filme "Parasita", e Noh Sang-hyun, ator da série "Pachinko". A estreia é prevista para outubro na Coreia do Sul. A tradução é de Adriano Scandolara.

No romance, Young é um jovem coreano que, entre os estudos e o trabalho, vive intensamente as noites de Seul e coleciona homens que conhece no Tinder. Ele e Jae-hee — sua melhor amiga, com quem divide apartamento — frequentam bares próximos, onde deixam de lado as preocupações sobre vida amorosa, família e dinheiro se jogando em rodadas de soju e cigarros que guardam no freezer.

No entanto, com o tempo, tudo muda, até mesmo Jae-hee. Depois de muitas desilusões amorosas e uma vida de solteira intensa, ela decide se casar, para surpresa do amigo. Young, então, passa a morar sozinho e divide o tempo entre alguns empregos — para pagar as contas —, a escrita e os cuidados com a mãe, com quem tem uma relação complicada e que foi diagnosticada com câncer em estágio avançado.

Na ânsia por se livrar do constante sentimento de solidão, Young busca companhia em uma série de homens, e cada um tem um impacto diferente em sua vida. Entre eles, um homem mais velho e politizado, mas que demonstra dificuldades em assumir sua orientação sexual; outro que lhe deixa algo que terá de carregar por toda a vida; e um que pode acabar sendo seu grande amor.

"Regras do Amor na Cidade Grande" é um romance que, com boas doses de humor irônico, apresenta um retrato nu e cru dos dilemas e preconceitos sofridos por um homem gay millennial na Coreia do Sul, além de nos fazer refletir de modo profundo sobre temas delicados da vida contemporânea. Ao acompanhar o amadurecimento de Young, experimentamos, de maneira visceral, o esforço pelo direito de ser quem somos e a solidão e as alegrias que emergem do amor. Compre o livro "Regras do Amor na Cidade Grande" neste link.


Sobre o autor
Sang Young Park
nasceu em Daegu, Coreia do Sul, em 1988. Formado em francês e em jornalismo pela Universidade Sungkyunkwan, cursou o mestrado em escrita criativa na Universidade Dongguk. Trabalhou como editor de revista, copywriter e consultor por sete anos antes de estrear como romancista. Em 2016, Park recebeu o prêmio sul-coreano Munhakdongne New Writers Award com o texto “Searching for Paris Hilton”, e em 2018 publicou sua coletânea de contos "The Tears of an Unknown Artist, or Zaytun Pasta", que está entre os mais lidos da Words Without Borders. Sua segunda obra e primeiro romance, "Regras do Amor na Cidade Grande", foi semifinalista do Booker Prize em 2022. Atualmente, o autor mora em Seul. Garanta o seu exemplar de "Regras do Amor na Cidade Grande" neste link.

Ficha técnica
"Regras do Amor na Cidade Grande"
Título original: "Love in the Big City"
Autor: Sang Young Park
Tradução: Adriano Scandolara
252 páginas
Editora Record | Grupo Editorial Record
Compre o livro neste link

.: Com Lucas Gonçalves, da Maglore, UmQuarto inaugura nova fase com clipe


Single “Café com Leite” é o primeiro gravado inteiramente com os músicos da nova formação. Na imagem, da esquerda para a direita: Rafael Salib (guitarra), Mayer Soares (baixo), Bezão (teclado) e Rafa Nogueira (bateria). Foto: Manu d'Eça


Até que ponto a arte deixa de fazer sentido e torna-se mais um trabalho sem alma? A partir deste questionamento que envolve críticas ao capitalismo e suas corrupções na arte, o single “Café com leite” inaugura uma nova fase do UmQuarto, banda de Santa Catarina. Com influências que misturam a vibe do Clube da Esquina - e a simplicidade do café com leite - e os arranjos complexos e bem trabalhados do Final Fantasy, a música também traz a participação de Lucas Gonçalves, baixista da Maglore, e que já tocou anteriormente com a banda, na música “El Flaco” (2021). Lançada juntamente com um clipe que representa a fase mais concisa e confortável do UmQuarto, a canção estará disponível nas principais plataformas de streaming no dia 26 de setembro (quinta-feira).

O clipe de “Café com Leite” foi gravado em take único, com toda a banda tomando café da manhã e recebendo pessoas importantes na trajetória do UmQuarto. Em uma “bagunça matinal”, a ideia foi trazer um clipe divertido e que encarnasse a ideia da arte pela arte, evocada na letra. Em uma nova direção criativa, clipe e música representam as novas explorações do grupo manezinho, que aglutina o jazz com a bossa nova, o rock e o blues.

“Nossas novas composições estão refletindo isso. Temos planos para gravar e lançar nosso terceiro disco em 2025 (que será também o primeiro com a nova formação), e planejamos muita musicalidade e vocalização para esse trabalho. Além do mais, as letras terão um ar mais otimista e humorado. E somando isso ao fato de que os novos integrantes são compositores também. Isso dará uma nova cara para as composições do UmQuarto”, revela Mayer Soares, baixista e vocalista.

O lançamento de “Café com Leite” também marca o reencontro de dois grandes amigos que fizeram parte da banda Besouros da Praia, de Florianópolis (Santa Catarina): Bernardo Flesch (Bezão) e Matheus Massa. Enquanto caminhamos cada vez mais para uma vida acelerada e sem tempo para viver, focada no excesso de trabalho, excesso de informação, a música é uma ode ao ócio, à contemplação.

“A música é um grito de socorro em nome da Arte livre, feita para ‘nada’, ou seja, para a pura fruição artística, sem se preocupar com as ‘demandas de mercado’. A metáfora do ‘Café com leite’ faz alusão à infância, às crianças mais novas que eram inseridas em jogos com as crianças mais velhas, porém sem valer as regras para elas: eram chamadas de ‘café com leite’. Não queremos competir o tempo todo, ainda tendo nossas vidas em cheque. Queremos apenas dignidade, e acredito que esta seja a verdadeira chave para uma vida cultural muito mais aberta, diversa, criativa, interessada, curiosa e saudável”, avalia Bezão, tecladista e vocalista na faixa.

Gravada ao vivo no estúdio, sem a utilização de metrônomo, o desafio de gravar “Café com Leite” foi trazer a organicidade desejada para a finalização da faixa. A experiência de Mauricio Peixoto, da banda Outros Bárbaros, na gravação fez com que este desafio fosse facilmente superado. Fundado em 2020, durante a pandemia, o UmQuarto é uma banda de rock com influências do blues e da psicodelia, baseada em Florianópolis (SC). Com shows que unem a improvisação e o experimentalismo, o grupo traz em seu repertório as canções de seus dois discos autorais lançados: “O Meio do Caminho” (2023) e “Apenas” (2021).


Ficha técnica
O single “Café com Leite” é uma composição de Bezão em parceria com Matheus Massa e traz os músicos do UmQuarto Bezão (piano e voz), Mayer Soares (baixo, backing vocal e voz), Rafael Salib (guitarra e backing vocal) e Rafa Nogueira (bateria e backing vocal). Com participações especiais de Lucas Gonçalves (violão) e Cassiani Tasca (backing vocal). A produção musical é do Felippe Pompeo, com gravação do Maurício Peixoto (Bárbaro Estúdio). A mixagem foi de Mayer Soares com João Peters. Já a masterização é do Alexei. As fotos de divulgação são de Manu d'Eça. A capa é uma ilustração criada por Mayer Soares.

O clipe conta com direção e edição do Mayer Soares, com fotografia da Manu d'Eça. Fazem parte do clipe, como elenco, Mayer Soares, Bezão, Rafael Salib, Rafa Nogueira, Manu d'Eça, Cassiani Tasca, Roberta Pedro, Daniel Silva, Kamila Farias, Garcez Filho, Cláudia Poffo, Diego Stecanela (como Remédio) e Amanda Becker.

"Café com Leite" - UmQuarto (videoclipe)

sábado, 21 de setembro de 2024

.: Tudo sobre “143”, o novo álbum de estúdio de Katy Perry


Foto: Jack Bridgland

“143”, o sexto álbum de estúdio de Katy Perry, foi lançado hoje pela Capitol Records. Katy arquitetou um álbum de dance pop ousado, exuberante e celebrativo, com a simbólica expressão numérica 143, do amor como mensagem central. O resultado é um retorno à forma sexy e destemido. Repleto de hinos pop empoderadores, sensuais e provocantes, do tipo que os fãs aprenderam a amar, “143” é um álbum com muito coração — e BPMs. 

A superestrela do pop mundial celebrou o lançamento do álbum fazendo um show sold-out para mais de 100 mil fãs no Rock in Rio no Brasil (foi a primeira apresentação de Katy no festival do Rio de Janeiro desde 2015). Na semana passada, Katy fez um retorno épico ao palco da MTV, em sua primeira aparição na cerimônia de entrega do VMA desde 2017. Cinco vezes vencedora do VMA, ela recebeu o prêmio Video Vanguard Award 2024 e apresentou um medley de seus maiores sucessos. A performance incluiu a estreia na televisão de dois singles do “143”: “I'm His, He's Mine”, com participação surpresa de Doechii, e “Lifetimes”

Pouco depois, Katy lançou o vídeo oficial de “I'm His, He's Mine”.A “Billboard” descreveu assim: “Se você ainda estiver limpando o vapor da tela da performance de estreia imprópria para assistir no trabalho de Katy Perry cantando ‘I'm His, He's Mine’ com Doechii durante o medley de sua carreira no VMAs de 2024, aperte o cinto! Porque o vídeo oficial é igualmente provocante”.  A revista People observou: “Katy Perry não deixou pedra sobre pedra em sua performance no videoclipe de ‘I'm His, He's Mine’”. O site Uproxx ficou maravilhado: “De acrobacias ousadas a demonstrações públicas de afeto, Katy Perry e Doechii não se seguram pra nada”. “143” também inclui participações de 21 Savage, Kim Petras e JID. Confira abaixo a lista de faixas.

Com um total de 115 bilhões de streams e vendas mundiais ajustadas de mais de 70 milhões de álbuns e 143 milhões de faixas, Katy é uma das artistas com melhores indicadores de vendas em todos os tempos. Ela é uma das cinco únicas artistas na história da RIAA (Associação Americana da Indústria de Gravação) com 100 milhões em faixas certificadas. Com “143”, ela lança uma nova e empolgante era em sua carreira de recordes pop.


Lista de faixas – “143”

1.    WOMAN’S WORLD

2.    GIMME GIMME (feat. 21 Savage)

3.    GORGEOUS (feat. Kim Petras)

4.    I’M HIS, HE’S MINE (feat. Doechii)

5.    CRUSH

6.    LIFETIMES

7.    ALL THE LOVE

8.    NIRVANA

9.    ARTIFICIAL (feat. JID)

10.  TRUTH

11.  WONDER

.: “Acústico: Novos Horizontes”, álbum cultuado ganha edição em vinil duplo


Por Pedro Só, em setembro de 2024

Cultuado pelos fãs, “Acústico: Novos Horizontes”, da banda Engenheiros do Hawaii, é daqueles discos que ganha melhor avaliação a cada década que passa. Editado originalmente em CD e DVD, em 2007, ele ressurge agora, 17 anos depois, em vinil duplo, via Universal Music. O álbum está disponível na UMusic Store neste link. Curiosamente, o formato permite um corte narrativo interessante na experiência do ouvinte, bastante em sintonia com as concepções progressivas/classic rock de Humberto Gessinger, líder da banda. Ele recentemente elogiou o trabalho nos seguintes termos: “Se tivesse que rever todas as obras do grupo, ‘Novos Horizonte’ é a única em que eu não mexeria em nada”.

“Acústico Novos Horizontes” coroou uma fase predominantemente “desplugada” do grupo - mais que uma fase, toda uma parte importante da essência do trabalho dos Engenheiros. Depois do grande sucesso de “Acústico MTV”, que saiu no fim de 2004, eles seguiram promovendo o disco com um show naquele formato por dois anos. Ao longo desse tempo, Humberto Gessinger se aprofundou nas investigações com bandolim e piano, comprou uma viola caipira e, empolgado, montou um repertório novo, usando tudo que aprendeu.

Com Humberto em voz, violão (seu Di Giorgio “de estimação”), viola caipira, piano, bandolim e harmônica (gaita no Rio Grande do Sul é outra coisa), a formação da banda em 2007 incluía Fernando Aranha no violão, Bernardo Fonseca ao baixo, Gláucio Ayala na bateria e nos vocais de apoio e Pedro Augusto nos teclados. A gravação aconteceu em 30 e 31 de maio de 2007, no antigo Palace (na época Citibank Hall), na capital paulista, diante de fãs, sem celebridades na plateia.

O repertório traz nove temas até então inéditos e nove releituras. A faixa-título, “Novos Horizontes”, dá nova chance a uma balada lançada em 2000 (no álbum “10.000 Destinos”). Entre as novas, se destacam a groovada “Vertical”, o lamento folk de perplexidade “Guantánamo”, com gaitinha dylaniana, “No Meio de Tudo, Você” e “Não Consigo Odiar Ninguém”, esta última inspirada pelo começo da era das redes sociais. Na atualíssima “Cinza”, sobre aquecimento global, Carlos Maltz, ex-baterista e cofundador da banda, participa, arriscando-se num rap. Com levada de rock básico, “A Onda”, gravada originalmente no disco “Humberto Gessinger Trio” (1996), traz outra participação especial, a filha de Humberto, Clara Gessinger. Ela canta também o número seguinte, o sucesso “Parabólica”, que inspirou quando era bebê (lançada em 1992).

Humberto costuma dizer que vê as canções como formas vivas, e curte muito mexer nos arranjos. Mas seus experimentos seguem uma linha conceitual com ourivesaria, distantes dos exercícios de desconstrução à moda de Bob Dylan. “Toda Forma de Poder”, por exemplo, é reinventada em outro punch, mas não desfigurada, em mistura com “Chuva de Containers” no recheio e na finalização. As intervenções à harmônica (aí, sim, dylanianas) são trunfos em “Simples de Coração”. “Alívio Imediato” e “Piano Bar” também ressurgem em ótimas versões. No encerramento, fiel ao plano gessingeriano de colocar o público no centro do trabalho dos Engenheiros, “Pra Ser Sincero” se descortina para o coro dos fãs, buscando a emoção máxima da experiência de quem estava lá. Como devem ser todos os discos ao vivo.

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

.: Resenha: "A Substância" e o terror da beleza feminina "perdida" na velhice

Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em setembro de 2024


Usufruir da beleza jovial deixa de ser realidade quando a idade avança, uma dificuldade maior para mulheres que vivem na mídia. Contudo, nem todas sabem lidar com tal passagem e, muito menos, aceitam as transformações. No longa dirigido por Coralie Fargeat ("Vingança"), "A Substância", estrelado por Demi Moore ("Ghost - Do Outro Lado da Vida" e "Proposta Indecente") e Margaret Qualley ("Tipos de Gentileza" e "Pobres Criaturas") é essa não aceitação que leva a famosa por liderar um programa de aeróbica, Elisabeth Sparkle (Demi Moore), com uma estrela na calçada da fama e tudo, a buscar uma versão melhor de si quando, por obra do destino, ouve de seu chefe, Harvey (Dennis Quaid) que está ultrapassada (velha) e pretende substituí-la por uma moça.

Todavia, no dia do aniversário Elisabeth -outro pânico de quem luta para não envelhecer- se envolve num acidente de trânsito e é levada ao hospital. Sem ferimentos graves, cruza com um enfermeiro jovem que promete uma incrível mudança. Apesar da relutância a senhora Sparkle faz uma ligação e vai até um local ermo, iniciando uma misteriosa jornada capaz de gerar a perfeita Sue (Margaret Qualley). No entanto, há regras a serem seguidas, como por exemplo, a de fazer a troca entre ambas a cada sete dias. 

Sue, tal qual uma jovem sem limites, pensa saber tudo e tenta resolver os probleminhas das trocas de seu modo, afetando Sparkle que ganha um dedo podre -inicialmente. Numa batalha dela com ela mesma, ou seja, Elisabeth e Sue, que são uma só -algo como acontece na animação clássica "Jem e as Hologramas", quando Jerrica tem ciúmes de Jem. Numa rivalidade com seu próprio eu, o pior acontece e se faz presente, num programa ao vivo de Natal, quando toda a beleza vira uma assombrosa monstruosidade. 

"A Substância" é tão ágil e surpreendente na telona a ponto não fazer sentir as 2h20 de filme passarem. De texto perspicaz entregando dualidades a todo momento, focando as cobranças do mundo dos homens com as mulheres que precisam sempre estarem lindas, poderosas e, claro impecáveis, mesmo após os 50 anos. Por outro lado, dos homens o que se vê são atos asquerosos e selvagens exigindo do objeto mulher a obrigação de se manter perfeita nos padrões da beleza eterna.

A produção com roteiro também de Coralie Fargeat, faz uma dobradinha excelente em cena com Demi Moore e Margaret Qualley, além das participações importantes de Dennis Quaid e até Oscar Lesage ("Brigitte Bardot"). Com toque dos clássicos "Crepúsculo dos Deus", "Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio", "Carrie, a Estranha", "A Mosca", "A Morte Lhe Cai Bem", "O Iluminado", ou o mais recente "Jogos Mortais", "A Substância" transborda o ar da série antológica "American Horror Story", o início da temporada "1984", com o maiô e as polainas de Elisabeth e Su fazendo aeróbica quando estão prestes a viverem o puro horror. Há também um pouco da primeira parte de "American Horror Story: Double Feature", "Red Tide", sendo que no filme não são ingeridas pílulas, mas injeções satisfazem o protagonista.

O longa cheio de meandros e criticidades é impecável, não à toa levou o prêmio no Festival de Cannes por melhor roteiro. "A Substância" é profundo, delicado e surpreendente, e em meio a objetificação estética feminina, consegue estampar uma sequência de filme de terror gore digna do desfecho de Ash em "Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio" ou da sabotagem no baile à protagonista de "Carrie, a Estranha". Sim! Há sangue jorrando para todos os lados enquanto um monstro só pede para voltar a ser amado mesmo que não tenha mais a beleza a seu favor. Filmaço imperdível!

O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.


"A Substância" (The Substance). Ingressos on-line neste linkGênero: terror, ficção científicaClassificação: 18 anos. Duração: 2h20. Ano: 2024. Distribuidora: Mubi. Direção: Coralie FargeatRoteiro: Coralie Fargeat. Elenco: Demi Moore, Margaret Qualley, Dennis QuaidSinopse: Elisabeth Sparkle, renomada por um programa de aeróbica, enfrenta um golpe devastador quando seu chefe a demite. Em meio ao seu desespero, um laboratório lhe oferece uma substância que promete transformá-la em uma versão aprimorada. Confira os horários: neste link

Trailer de "A Substância"

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.: "Hospício É Deus", de Maura Lopes Cançado, volta às livrarias


Publicado originalmente em 1965, "Hospício É Deus", de Maura Lopes Cançado, mescla memórias de infância com relatos de sucessivas internações em hospitais psiquiátricos. Lançado pela Companhia das Letras, o livro é um depoimento brutal escrito em primeira pessoa por um dos nomes mais instigantes da literatura brasileira do século XX.“Não creio ter sido uma criança normal, embora não despertasse suspeitas. Encaravam-me como a uma menina caprichosa, mas a verdade é que já era uma candidata aos hospícios onde vim parar”, afirma a autora no livro.

É desconcertante a sinceridade com que a autora desfia as lembrança delas. Sem nunca escorregar no sentimentalismo ou na autopiedade, este volume é um poderoso testemunho sobre a trajetória da autora, que viveu uma infância abastada no interior de Minas Gerais antes de passar por diversas internações em hospitais psiquiátricos em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro.

Leitora ávida, tida como revelação literária dos anos 1960, a escritora – que por décadas ficou relegada ao ostracismo – convida os leitores a refletir sobre os limites entre razão e loucura, ficção e memória, realidade e imaginação. Compre o livro "Hospício É Deus"neste link.


Sobre a autora
Maura Lopes Cançado
 nasceu em 1929 em São Gonçalo do Abaeté, Minas Gerais. É autora de "Hospício É Deus" (1965) e do volume de contos "O Sofredor do Ver" (1968). Morreu em 1993, no Rio de Janeiro. Compre o livro "Hospício É Deus" neste link.

Ficha técnica
"Hospício É Deus"
Autora: Maura Lopes Cançado
Número de páginas: 288
Lançamento: 24 de setembro de 2024
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.: Crítica musical: Arnaldo Baptista - Os 50 anos do "Loki?"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Há 50 anos, depois de deixar a banda Mutantes, Arnaldo Baptista se lançava em uma carreira solo com um dos discos mais emblemáticos da nossa MPB. "Loki?" não só é cultuado como uma das obras musicais mais geniais, como até hoje representa uma espécie de cartão solitário de visitas do músico, que depois enfrentaria sérios problemas de saúde.

A produção de Roberto Menescal e Marco Mazzola deixou Arnaldo Baptista à vontade para colocar seu projeto em prática: gravar um disco inteiro sem usar guitarras. Somente piano acústico, teclados, baixo e bateria. Os arranjos orquestrados são do tropicalista Rogério Duprat. Liminha (baixo) e Dinho (bateria), que integravam os Mutantes, participam do disco. E Rita Lee faz backing vocals nas faixas "Não Estou Nem Aí" e "Vou Me Afundar na Lingerie".

O disco abre com uma canção no melhor estilo rock´n roll. A seminal "Será Que Vou Virar Bolor?" mostra Arnaldo tocando furiosamente o piano acústico enquanto Dinho e Liminha preenchem os espaços com uma cozinha rítmica perfeita. O que se ouve depois são canções com um forte ar melancólico, como "Uma Pessoa Só" (da época dos Mutantes), "Desculpe" e "Te Amo Podes Crer". Além de "Cê Tá Pensando que Eu Sou Loki?", com arranjo surpreendente em estilo bossa nova. Em vários momentos há citações indiretas para Rita Lee, que já havia saído dos Mutantes antes de Arnaldo.

A sonoridade também mostra alguma influência do rock progressivo, que estava em alta naquela época e fazia a cabeça de Arnaldo e dos demais músicos dos Mutantes. "Loki?" acabou sendo cultuado bem mais tarde. Na época não chegou a ter impacto nas vendas. Hoje é reconhecido como o melhor momento criativo da carreira solo de Arnaldo. Nos anos seguintes ele enfrentaria problemas provocados pelo consumo de entorpecentes, que culminariam em dezembro de 1981 na sua queda de uma janela do hospital que resultaram em diversas sequelas físicas. Felizmente ele teve uma incrível recuperação ao lado de sua atual companheira, Lucinha permitiu que ele retornasse a atividade na música e na pintura. O documentário Loki retrata todas as fases da sua carreira, inclusive o momento atual.

"Será Que Eu Vou Virar Bolor"

"Ce Tá Pensando Que Eu Sou Loki?"

"Desculpe"

.: Grupo Magiluth comemora 20 anos com "Édipo REC" no Sesc Pompeia



Peça criada a partir do texto clássico de Sófocles reflete sobre o mundo contemporâneo, dominado pelo excesso de imagens. Foto: Estúdio Orra

Para celebrar duas décadas de uma pesquisa continuada, o grupo recifense Magiluth propõe uma reflexão sobre o mundo de hoje a partir de um grande clássico da literatura. O espetáculo "Édipo REC", uma releitura do texto de Sófocles, faz sua temporada de estreia entre 27 de setembro e 26 de outubro no Teatro do Sesc Pompeia, em São Paulo. As sessões acontecem de quinta a sábado, às 20h00, e, aos domingos, às 17h00. Além disso, no dia 12 de outubro, sábado, a apresentação é às 17h00, e há sessões extras nos dias 9 e 23 de outubro, às quartas-feiras, às 20h. Atenção: nos dias de eleição, 6 e 27 de outubro, não haverá apresentações.

A peça, a 15ª da companhia, reforça a parceria do grupo com o encenador paulista Luiz Fernando Marques. “É o nosso quarto trabalho dirigido por ele. Brincamos que, na verdade, ele é um integrante de honra do Magiluth”, conta Giordano Castro, que assina a dramaturgia de "Édipo REC". No elenco estão Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres, Mário Sergio Cabral e Pedro Wagner. Há também a presença da atriz Nash Laila, parceira do Magiluth em trabalhos audiovisuais, como a série "Chão de Estrelas" e o filme "Tatuagem".

"Para esta nova montagem, queríamos fazer algum trabalho diferente do que vínhamos fazendo. Então, revisitamos a nossa trajetória e, tendo em mente a experiência com o Dinamarca, quisemos nos aproximar de outro clássico. Como nunca flertamos diretamente com uma tragédia grega, o Édipo foi a nossa escolha”, acrescenta Castro.

O REC do título faz uma referência direta ao Recife e à nomenclatura do audiovisual que significa “gravando”. Isso porque a peça explora um certo imaginário do Recife de 2024 e a logística de gravação presente desde o cinema da Era de Ouro. “E um dos aspectos que nos atrai nas pesquisas do Luiz Fernando Marques é justamente essa ponte com a Sétima Arte”, complementa.


Sobre a encenação
"Édipo REC" brinca com a cronologia, ou seja, os acontecimentos não seguem uma ordem linear. O grupo também optou por este caminho para questionar a noção de tempo no teatro: como dimensionar algo que não é palpável?

Tudo começa com a alegria de um reino que vive seu momento de renascimento, marcado aqui pelo exagero, em um paralelo com a contemporaneidade, em que existe a produção excessiva de imagens, tanto as de câmeras de segurança quanto às capturadas pelos celulares para o compartilhamento nas redes sociais. Por isso o Coro é a câmera.

Durante esse momento de descontração, muitas pequenas situações trágicas podem acontecer. E, em 2024 alguém, em algum lugar, pode estar gravando. Nesse contexto, talvez seja melhor não investigar o passado e seguir vivendo. Por que, afinal, quanto tempo dura uma tragédia? 20 anos? Uma vida inteira? Por toda a eternidade?

Em meio a uma tensão sutil, mas crescente, apresentam-se aqueles personagens que estão no imaginário literário há séculos: Édipo, Jocasta, Creonte, Tirésias, Corifeu, Coro e Mensageiro. Mas eles não estão sós. Na verdade, estão todos na convivência com outros corpos, de outros tempos, com suas pestes, seus enigmas, suas sinas.

Assim, o espectador acompanha um jogo cruzado de tempo e espaço. Tebas transforma-se em uma Recife-Pompéia fantasmagórica e presentificada. “O público vivencia duas experiências: a primeira é essa grande celebração, quando Édipo tem esperança de fugir do próprio destino. Depois, as pessoas passam a acompanhar a tragédia em si, junto com o protagonista", afirma Giordano.


Édipo e o cinema
Como a linguagem audiovisual era fundamental para a construção do espetáculo, o grupo logo foi buscar referências no cinema. E uma das primeiras e mais importantes inspirações foi o longa-metragem "Édipo Rex" (1967), do italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975). O filme também atualiza o mito de Sófocles, transferindo a história para a agitação urbana da Bolonha dos anos 1960, além de estruturar a narrativa na forma de flashbacks, mesma estratégia utilizada na peça.

O experimentalismo era outra questão importante para o Magiluth. Por isso, as pesquisas evoluíram para o cinema underground japonês. Assim, "Funeral das Rosas" (1969), de Toshio Matsumoto (1932-2017), serviu como uma referência poética para "Édipo REC". A obra faz um mergulho no deslumbrante mundo noturno das drags e divas de Tóquio na década de 60.

Outros filmes que serviram de base para o trabalho foram "Hiroshima, Meu Amor" (1959), de Alain Resnais (1922-2014); "Cinema Paradiso" (1990), de Giuseppe Tornatore (1956-); e "Cabaret" (1972), de Bob Fosse (1927-1987). “Quando fizemos essa intersecção com a sétima arte, pudemos pensar sobre o poder da imagem. O Édipo acredita tanto nessa projeção que criou para si mesmo, de que é um tirano, que não consegue mais enxergar a sua verdadeira essência”, fala Luiz Fernando Marques. “O mesmo acontece hoje, já que as pessoas montam as suas vidas para as redes sociais, independente daquilo que elas estejam de fato vivendo. E quanto mais elas editam o seu cotidiano, mais acreditam nessas imagens, deixando também de perceberem a si próprias”, reflete.

"Édipo REC" questiona o papel do teatro e do cinema nos dias de hoje. “Nos perguntamos se essas artes são capazes de dar conta de tantas dores e tragédias. E ao mesmo tempo, queríamos entender por que as pessoas sairiam das suas casas para assistir a uma história tão antiga. Acreditamos que isso tenha a ver com uma necessidade humana de reproduzir e até de reviver grandes traumas”, completa o diretor.


Parceria com o FETEAG
Além das parcerias artísticas, o Magiluth contou com o apoio do FETEAG, festival internacional de teatro realizado anualmente na cidade de Caruaru, Pernambuco, desde 1981. O idealizador do evento, Fábio Pascoal, possibilitou uma residência do grupo, garantindo não só um local de ensaio como um pagamento para os artistas durante o período.

O grupo aproveitou a oportunidade para desenvolver um processo pedagógico durante os ensaios. “Passávamos o dia todo criando e, à noite, recebíamos pessoas interessadas que acompanhavam nossa evolução”, diz Giordano.


Sinopse de "Édipo REC"
Um determinado momento da vida em que surgem memórias repentinas, involuntárias e vívidas de experiências pessoais passadas. Em muitos casos, essas memórias poderosas estão intimamente ligadas a eventos traumáticos.” Esse é o conceito de Flashback, mas poderia ser sobre a vida de Édipo, não é? Então será! Vamos a Édipo REC, a tragédia à la Magiluth.


Ficha técnica
Espetáculo "Édipo REC"
Criação: Grupo Magiluth, Nash Laila e Luiz Fernando Marques
Direção: Luiz Fernando Marques
Dramaturgia: Giordano Castro
Elenco: Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres, Mário Sergio Cabral, Nash Laila e Pedro Wagner
Design de luz: Jathyles Miranda
Design gráfico: Mochila Produções
Figurino: Chris Garrido
Trilha sonora: Grupo Magiluth, Nash Laila e Luiz Fernando Marques
Cenografia e montagem de vídeo: Luiz Fernando Marques
Cenotécnico: Renato Simões
Vídeo mapping e operação: Clara Caramez
Captação de imagens: Bruno Parmera, Pedro Escobar e Vitor Pessoa
Equipe de produção de vídeos: Diana Cardona Guillén, Leonardo Lopes, Maria Pepe e Vitor Pessoa
Produção: Grupo Magiluth e Corpo Rastreado


Serviço
Espetáculo "Édipo REC"
De 27 de setembro a 26 de outubro. Quinta a sábado, às 20h. Domingos, às 17h00. Exceto dias 6 e 27 de outubro. Dia 12 de outubro, sábado, às 17h00. Dias 9 e 23 de outubro, quartas, às 20h00.
Ingresso: R$ 60,00 (inteira), R$ 30,00 (meia-entrada), R$ 18,00 (credencial plena) e grátis para crianças até 12 anos
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 - Pompeia/São Paulo
Duração: 105 minutos
Classificação etária: 18 anos

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

.: Úrsula Zufrieden em obra que reflete sobre pertencimento e estrangeirismo


Obra lançada pela editora Paraquedas mergulha nas profundezas da experiência humana, com personagens solitários e em busca de ressignificar suas conexões com o mundo e com si mesmos. Foto: Fabiana Nunes


Com a aproximação dos quarenta anos, Catarina, uma mulher bem-sucedida vê suas prioridades serem invertidas quando começa a sentir a pressão do relógio biológico para ter filhos. Percebendo a implacabilidade do tempo, ela inicia uma jornada incansável para alcançar seu novo objetivo: ser mãe. Mas será que seu desejo realmente é genuíno ou ela está sendo levada por pressão social? 

Este é um dos primeiros questionamentos que somos levados a investigar na obra de contos “Caso Fevereiro Dure Pra Sempre”, da escritora Úrsula Zufrieden, publicada pela editora Paraquedas. Partindo sempre de personagens complexos, muitas vezes solitários e em busca por conexões que ressignifiquem suas relações com o mundo e com eles mesmos, a autora vai tecendo uma obra que fala sobre a necessidade de pertencimento. 

Seus personagens estão sempre em uma busca incessante por algo, do profundo ao mundano. Seja afeto, acolhimento ou como pegar uma onda perfeita. Úrsula escreve sobre o desejo de pertencimento de seus personagens como se fosse o seu. “Escrevo o que pulsa, escrevo o que precisa sair, escrevo o que observo ao andar pelo mundo. Escrevo como psicografia para meus personagens. Eles habitam em mim e eu escrevo para lhes dizer que sim, que estou ali”, explica a autora. 

Úrsula Zufrieden (lê-se “sufrida”, uma brincadeira com a palavra brasileira e nomes estrangeiros) é o pseudônimo de Caroline Costa, uma escritora multifacetada que usa a literatura como ferramenta para exorcizar a solidão de nunca achar que pertenceu a lugar algum. A autora gosta de ir e vir ao Brasil. Nascida em Recife (Pernambuco), a autora cresceu em João Pessoa (Paraíba) e de lá explorou o mundo. Atualmente reside em Zurique, na Suíça alemã. A experiência de já ter vivido em vários lugares ao longo da vida influencia diretamente sua escrita. O ser nômade e a relação com sua terra natal são temas recorrentes em seus trabalhos. 

Não apenas de forma literal, em que os personagens vivem fora do seu lugar de origem, mas também de forma figurada, como um sentimento universal de não-pertencimento, de estrangeirismo. Os personagens de Úrsula vivem entre-mundos. A relação com aquilo que é estrangeiro e com ser um estrangeiro, além do sentimento de um Brasil distante, são pontos encontrados em várias narrativas em “Caso Fevereiro Dure Pra Sempre”. 

Influenciada por obras como "Grande Sertão: Veredas" e autores como Valter Hugo Mãe, Clarice Lispector e Juliana Leite, Úrsula define seu estilo como metafórico, leve e bem-humorado. Em “Caso Fevereiro Dure Pra Sempre”, estes elementos estão associados a histórias cotidianas, mas em que o comum se apresenta de forma desconfortável. É justamente nas estranhezas da vida que as relações vão se estabelecendo com maior profundidade. Como a história de uma psicóloga brasileira, que mora na Alemanha, e aos poucos vai se interessando pela vida de seus novos vizinhos no conto “Reversa” ou em “Amor perene, felicidade provisória” que acompanha a relação de cumplicidade entre Rauna, uma moradora de rua, e seu fiel companheiro, chamado Estácio. 

A autora também destrincha os diferentes sentimentos que submergem em situações mundanas, mas ao mesmo tempo, fantásticas. É o exemplo do dia a dia de um senhor no fim da vida que espera ansioso pela última visita de uma pessoa querida, em “O Entardecer do Percevejo”, ou a história de uma pesquisadora que dedica a sua existência em mapear o impacto das mudanças climáticas na rota de migração das baleias jubarte em “Megaptera Novaeanglia”. A poética do sentir, do viver, do estar presente neste mundo. 

Criando universos singulares, “Caso Fevereiro Dure Pra Sempre” é seu primeiro livro, fruto de dois anos de escrita intensa que ganhou força durante a pandemia. “A escrita sempre me surpreende porque me toca muito fundo. ‘Caso Fevereiro Dure Pra Sempre’ é um pontapé no meu perfeccionismo. Decidi um dia que o livro simplesmente precisava sair do útero porque estava ficando grande demais para carregar”, conta. 

Apesar desta ser a sua primeira obra solo, Úrsula também idealizou a antologia “Nordeste Aqui Dentro”, escrita por nordestinas e nordestinos que residem fora do Brasil. Sua relação com a literatura também conta com a fundação das comunidades de cuidado Mulheres de Mundos e a comunidade de criativos O Caminho do Artista. Compre o livro “Caso Fevereiro Dure Pra Sempre”, de Úrsula Zufrieden, neste link.

Trecho do livro “Caso Fevereiro Dure Para Sempre” (página 16) 
“Estácio preenchia na íntegra toda a essência do diferente. Talvez sua função na vida de Rauana fosse a de ser seu anjo, seu intérprete, seu segurança, seu táxi, sua mobilidade social, sua ressurreição; uma espécie de super-humano. Rejeitado, sozinho, incompreendido, engasgado, cheio de precipícios. Era a natureza livre de Estácio que Rauana mais temia. Sofria por antecedência que ele rompesse a corda e fugisse. De novo por aí. De novo sem certezas de coisa alguma. Se isso acontecesse, Rauana voltaria ao começo; seria decerto o golpe final nas mal-aventuradas tentativas de afeto.”


Ficha técnica
“Caso Fevereiro Dure Pra Sempre”

Autora: Úrsula Zufrieden
Editora Paraquedas. 
63 páginas
Compre o livro neste link.

.: "Lygia Reloaded": Lygia Fagundes Telles em versão pop cyberpunk no Alvenaria


A Literatura de Lygia Fagundes Telles, ganha nova montagem nos palcos paulistanos pelo Núcleo Alvenaria com estreia marcada para o dia 11 de setembro no Alvenaria Espaço Cultural


O espetáculo "Lygia Reloaded", do Núcleo Alvenaria de Teatro, adapta três contos clássicos de Lygia Fagundes Telles – “Emanuel”, “O Crachá nos Dentes” e “O Seminário dos Ratos” em que o realismo fantástico da autora se mistura com a estética pop dos quadrinhos e dos jogos eletrônicos. Assim como na literatura, os personagens no teatro enfrentam dilemas de poder e identidade, refletindo os complexos jogos políticos e sociais do Brasil contemporâneo. Sob a direção de Fezu Duarte e com dramaturgia de Tati Bueno, o espetáculo oferece uma experiência intimista na sede do Núcleo Alvenaria, com apenas 20 lugares. 

A peça estreia no dia 11 de setembro de 2024 e segue em cartaz até 30 de outubro de 2024, no Alvenaria Espaço Cultural. No primeiro ato, "Emanuel" e "O Crachá nos Dentes" mergulham o público nos labirintos psicológicos de Alice, explorando o realismo fantástico característico da autora. No segundo ato, "O Seminário dos Ratos," o conto de Lygia com o tom mais político, traça um paralelo entre as tensões e polaridades do Brasil contemporâneo.

Sobre o Núcleo Alvenaria de Teatro
Completando dez anos de trajetória, o Núcleo Alvenaria de Teatro é um coletivo de teatro da cidade de São Paulo, dedicado à criação e reflexão sobre os caminhos da sociedade por meio das artes cênicas. Tem em seu núcleo artístico Bia Toledo, Tati Bueno e Alexandra DaMatta praticamente desde a sua fundação. O Núcleo produziu diversas montagens, incluindo uma adaptação de "Romeu e Julieta" (2014), contemplada pelo PROAC, e "Josefina Canta" (2015), baseada em um conto de Franz Kafka. 

Em 2016, a companhia estreou "Quase Uma Adaptação", inspirada em "Casa Tomada" de Julio Cortázar, contemplado com o Prêmio Zé Renato, permitindo uma temporada gratuita na Biblioteca Mário de Andrade e uma circulação pelas bibliotecas municipais de São Paulo. O espetáculo também foi apresentado em Buenos Aires, Argentina. Em 2016, iniciou a pesquisa sobre Zélia Gattai, que culminou em uma montagem para as comemorações do centenário da autora.

Em 2017, a companhia participou da Flip - Festa Literária de Paraty com vídeos em parceria com o canal Arte 1, e no mesmo ano começou a pesquisa para "Casa Vazia", que estreou em 2018. Também em 2018, inaugurou o Alvenaria Espaço Cultural Colaborativo, sua sede, que apoia projetos de várias linguagens artísticas. Nos anos seguintes, a companhia desenvolveu diversas iniciativas, incluindo a websérie "Vamo chutá os broco já que a casa caiu" (2020) e a Trilogia Madame (2021), com destaque para "Codinome Madame", que recebeu prêmios de melhor atriz e melhor direção no Festival de Teatro em Tempo Real do Rio de Janeiro. Em 2023 “Madame e a Faca Cega” participa da Mostra Solos Sim, Sozinhos Nunca no teatro de Arena Eugenio Kusnet, além de uma apresentação no mês da Visibilidade Lésbica no Centro Cultural da Diversidade.

Ficha técnica
Espetáculo "Lygia Reloaded"
Direção: Fezu Duarte
Dramaturgia: Tati Bueno
Elenco: Alexandra DaMatta, Ali Baraúna, Bebel Ribeiro, Bia Toledo, Luciana Cacioli
Direção de arte projeções: João Pedro
Realização: Núcleo Alvenaria de Teatro
Produção: Clube do Mecenas
Assistente de produção: Brenda Moreira

Serviço
Espetáculo "Lygia Reloaded"
Até dia 30 de outubro de 2024, às quartas-feiras, às 20h30
Duração: 60 minutos
Recomendação etária: 12 anos
Local: Alvenaria Espaço Cultural
Endereço: Rua Turiassu, 799
Capacidade: 20 lugares por sessão
Ingressos: https://www.sympla.com.br/produtor/alvenaria
R$ 20,00 (meia social), R$ 40,00 (inteira), R$ 80,00 (ingresso mecenas)
Telefone: (11) 3871-4981
Aviso: O espetáculo inclui luzes piscantes que podem afetar pessoas com fotossensibilidade.

.: Museu da Língua Portuguesa exibe o filme "O Bandido da Luz Vermelha"


Sessão integra a programação do projeto Luz na Tela, o cinema ao ar livre do Museu da Língua Portuguesa, com curadoria do Museu Soberano


A atriz e diretora Helena Ignez, musa do cinema marginal brasileiro, é a convidada especial do "Luz na Tela" de setembro do Museu da Língua Portuguesa. Ela vai apresentar a sessão do filme "O Bandido da Luz Vermelha" no projeto de cinema ao ar livre do Museu. A exibição gratuita acontecerá no dia 26 de setembro, quinta-feira, a partir das 19h00 no Pátio B com a distribuição, também de graça, de pipoca e refrigerante. 

Dirigido por Rogério Sganzerla, "O Bandido da Luz Vermelha" foi lançado em 1968. O filme tem como personagem principal um criminoso que utiliza técnicas extravagantes para roubar casas luxuosas de São Paulo. Chama a atenção, também, como ele consegue escapar da polícia. Também roteirista do longa-metragem, Sganzerla se inspirou na trajetória de um bandido real que aterrorizou a capital paulista nos anos 1960. 

Helena Ignez vai comentar como foi protagonizar essa produção, considerada uma obra-prima do cinema marginal, movimento que revolucionou o cinema brasileiro com sua ousadia estética e crítica social. Ela pretende falar sobre o impacto e o legado de O Bandido da Luz Vermelha, além de refletir sobre o papel do audiovisual como ferramenta de crítica e transformação. 

A atriz tem atuado no cinema desde os anos 1960, sendo dirigida por nomes como Roberto Farias ("O Assalto ao Trem Pagador", 1962), Joaquim Pedro de Andrade ("O Padre a Moça", 1966) e Suzana Amaral ("Hotel Atlântico", 2009). No Kinoforum Festival Internacional de Curtas de São Paulo, realizado em agosto deste ano, pôde ser vista no filme "Helena de Guaratiba", de Karen Black, ao lado do ator Cauã Reymond. Ela também dirigiu alguns filmes, como "A Moça do Calendário" (2018) e "Luz nas Trevas: a Volta do Bandido da Luz Vermelha" (2010) - com codireção de Ícaro Martins. 

Cinema no Museu 
Com curadoria do Museu Soberano, o Luz na Tela consolida o Museu da Língua Portuguesa como também um lugar de cinema democrático no centro histórico da capital paulista - o projeto surgiu a partir do relacionamento com outras instituições, moradores da vizinhança e pessoas em situação de rua. Os filmes são exibidos em uma tela de 4 x 2,3 metros. O público pode assisti-los em cadeiras e bancos espalhados pelo Pátio B. Mesmo em caso de chuva, a sessão é mantida por acontecer em um local coberto. Há sempre distribuição gratuita de pipoca e refrigerante.   


Serviço
"Luz na Tela" – Exibição do filme "O Bandido da Luz Vermelha", com a presença da atriz Helena Ignez 
Quinta-feira, dia 26 de setembro, às 19h00 
No Pátio B do Museu da Língua Portuguesa - espaço coberto 
Grátis 
Museu da Língua Portuguesa 
Praça da Língua, s/nº - Luz – São Paulo

.: True crime: a ordem cronológica do desaparecimento de Priscila Beltort


Vitor Belfort em entrevista para o documentário Volta Priscila do Disney+. O curioso caso que chocou o país em 2004 ganha série documental inédita no Disney+. Veja a ordem cronológica dos fatos

O caso Priscila Belfort, que chocou o país após seu desaparecimento em plena luz do dia e em uma das mais movimentadas avenidas do Rio de Janeiro, ganha oficialmente uma série documental no Disney+. "Volta Priscila" estreia dia 25 de setembro e conta detalhes do caso da irmã do lutador Vitor Belfort, que desapareceu aos 29 anos, no dia 9 de janeiro de 2004. As buscas pelo paradeiro da funcionária pública foram incansáveis e seguem sem um desfecho até hoje. 

Dirigido por Eduardo Rajabally e produzido por Pródigo Filmes, "Volta Priscila" é dividida em quatro episódios e promete recordar a história do caso, com depoimentos de familiares, amigos e especialistas, além de trazer teorias e imagens inéditas, numa trama envolvendo a polícia e a mídia. Mesmo depois de duas décadas, a investigação sobre o caso não foi tão frutífera, limitando-se a becos sem saída, pistas falsas e teorias, gerando falsas esperanças para familiares e amigos. Até hoje, o caso não teve uma conclusão. 

Dirigido por Eduardo Rajabally e produzido por Pródigo Filmes, a série busca esclarecer dúvidas e explicar fatos. Para preparar a audiência para a estreia da série, trouxemos a ordem cronológica do caso de Priscila Belfort nos dois primeiros anos após o seu desaparecimento, que ocorreu em 2004.

Janeiro de 2004 
9 de janeiro (sexta-feira - dia do desaparecimento):
Priscila acorda com cólica e indisposta. Sua mãe, Jovita Belfort, a leva de carona para o centro do Rio, onde trabalhava num prédio localizado na Avenida Presidente Vargas. Priscila chega no escritório por volta de 11h00 e faz algumas ligações telefônicas. Um funcionário do prédio em que Priscila trabalha a vê caminhando, desatenta, pela última vez por volta das 13h00 na Avenida Marechal Floriano. Jovita disse que Priscila estava com pouco dinheiro, sem cartões de banco e o celular estava descarregado. Com 1.74m de altura, a jovem usava calça cinza, blusa quadriculada, casaco azul e uma bolsa tiracolo. À noite, Vitor registra um boletim de ocorrência sobre desaparecimento da irmã na 14ª DP, localizada no Leblon.

10 de janeiro (sábado): família e amigos se revezam e fazem buscas ininterruptas por Priscila pelas ruas de todas as regiões da cidade do Rio de Janeiro. 

11 de janeiro (domingo): é veiculada pela primeira vez em rede nacional a notícia do desaparecimento de Priscila Belfort no programa "Domingo Legal" (SBT).

12 e 13 de janeiro: angustiados, amigos e parentes distribuem panfletos com a foto de Priscila e números do Disque Denúncia. No dia seguinte, dezenas de outdoors são espalhados pela cidade. Na ocasião, o Disque Denúncia recebe as primeiras ligações sobre o caso, mas nenhuma pista concreta. Equipes da 14ª DP iniciam buscas em hospitais e no IML.

14 de janeiro: é o aniversário de 50 anos de Jovita, mãe de Priscila. Ela cancela a comemoração, que seria organizada pela filha. Joana e Vítor também decidem cancelar a lua de mel em Miami. A polícia passa a considerar o desaparecimento um possível crime de extorsão mediante sequestro e o caso passa a ser conduzido pela Delegacia Antissequestro (DAS).

18 de janeiro: celebridades como Bernardinho, Eri Johnson, Marcio Garcia e Mario Gomes se reúnem em ato público em apelo por informações. A família pede em cadeia nacional para que parem de mandar pistas falsas. No ato, é utilizada pela primeira vez a camiseta “Volta, Priscila”.

20 de janeiro: a polícia inicia buscas em outros estados após dezenas de ligações recebidas, mas sem sucesso e sem uma linha de investigação. Família e amigos não têm ideia do que pode ter acontecido.

31 de janeiro: em Las Vegas, Vitor Belfort conquista o cinturão dos meio-pesados do Ultimate Fighting Championship (UFC), 22 dias após o desaparecimento de sua irmã. Na ocasião, comentou: "Só pensava nela quando entrei no ringue". "Volta Priscila" traz cenas marcantes deste dia de vitória enquanto os familiares seguiam nas buscas por Priscila no Brasil. 


Maio/Junho de 2004
1° de maio:
o Disque Denúncia passa a oferecer recompensa no valor de R$ 5 mil para pistas que levem à Priscila. É a primeira vez que um desaparecimento tem remuneração por denúncias na cidade do Rio de Janeiro.

Julho de 2004
1° de julho: o chefe do tráfico do Morro da Providência, Dão, cuja quadrilha é acusada de estar envolvida no desaparecimento de Priscila, é preso. Cinco dias depois ele é solto por falta de provas.


Setembro de 2004
10 de setembro:
a polícia faz a primeira operação no Morro da Providência em busca de uma garagem desativada onde estaria Priscila segundo múltiplas ligações recebidas no Disque Denúncia. Os agentes não encontram vestígios do corpo de Priscila.


Dezembro de 2004
20 de dezembro:
  a 127ª DP de Búzios recebe uma denúncia anônima garantindo que o corpo de uma mulher, que foi encontrado carbonizado dentro de um Astra preto, é o de Priscila. Poucas semanas depois, o Disque-Denúncia recebe a mesma informação.


Abril de 2005
26 de abril:
a família faz exame de DNA para identificar se o corpo encontrado era o de Priscila e o resultado é negativo. Até hoje, o caso não obteve uma conclusão. 

Trailer de "Volta Priscila" 



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