domingo, 28 de julho de 2024

.: Entrevista: Myriam Scotti fala sobre reconexão com a ancestralidade


"Acredito que a literatura tem a capacidade de nos fazer praticar a alteridade, ou seja, a oportunidade de se colocar no lugar do outro", afirma a escritora Myriam Scotti, em entrevista
 


Terra, imigração, laços familiares, ancestralidade e a investigação do feminino. Esses são alguns dos principais temas do romance “Terra Úmida” (compre o livro neste link), lançado pela editora Penalux, de Myriam Scotti , que venceu o Prêmio Literário de Manaus em 2020. Nele, a autora traz a descrição da imigração de judeus para a Amazônia durante o ciclo da borracha a partir da perspectiva de Abner, um dos filhos de uma família marroquina que instala-se na região para fugir da perseguição aos judeus. A partir dessa premissa, a autora desenrola uma trama complexa com temas como relações familiares e o feminino; e que possui personagens apegados à tradição, mas que são intimamente atravessados pela vida e pela cultura novas.

Myriam Scotti nasceu em 1981, em Manaus, no Amazonas. É escritora, crítica literária e mestre em Literatura pela PUC-SP. Ela começou a escrever na infância, porém começou a publicar crônicas em um blog após virar mãe e a escrita passou a ser uma atividade profissional em 2014. Além do romance “Terra Úmida”, a autora possui mais dois livros publicados: “Quem Chamarei de Lar?” (editora Pantograf, um romance juvenil que foi aprovado no PNLD literário e escolhido pelo edital Biblioteca de São Paulo de 2021; e “Receita para Explodir Bolos” (editora Patuá), livro finalista do prêmio Pena de Ouro 2021 na categoria Conto e que ficou em segundo lugar na categoria conto do prêmio Off Flip de 2022.


Quais são os temas centrais do livro? 
Myriam Scotti - Acima de tudo, o romance trata de relações familiares, bem como das dificuldades de uma mulher Imigrante, que abre mão de seus desejos em prol da família e da tradição.


Por que os escolheu?
Myriam Scotti - Primeiramente, senti necessidade de contar a história da chegada dos judeus marroquinos na Amazônia durante o ciclo da borracha, algo que ainda é muito pouco explorado na ficção. Como descendente de judeus sefarditas, eu quis homenagear os meus ancestrais, e, claro, homenagear as mulheres. Não à toa, escrevi uma personagem que pudesse representar um pouco das dificuldades de ser mulher em qualquer época.

O que a motivou a escrever o livro?
Myriam Scotti - O que me motivou a pensar o romance foi o desafio de escrever uma história longa, tendo em vista que estava acostumada a escrever contos e poesia. Isso aconteceu ao participar de uma das oficinas de escrita criativa, eu me senti desafiada a dar continuidade num curso de preparação do romance. 

Por que escolher o gênero adotado?
Myriam Scotti - Ao participar de uma das oficinas de escrita criativa, me senti desafiada a dar continuidade num curso de preparação do romance. Nunca havia escrito uma história longa e achava que não teria fôlego para tanto. Então, decidi que era hora de começar a tentar. Escrevi o romance “Terra Úmida” a partir de um conto chamado “Terra Prometida”, que faz parte de um livro de contos que ainda não foi publicado. Desde então, já escrevi dois romances e estou na escrita do terceiro.


Que tipo de estrutura e escrita você adotou ao escrever a obra?
Myriam Scotti - Não sei dizer se eu tenho um tipo determinado de escrita. “Terra Úmida” foi uma escrita que me fez pensar e repensar a forma do romance diversas vezes até chegar ao formato que foi publicado. Escolhi trabalhar a primeira parte com uma personagem que falava em primeira pessoa e a segunda parte com a escrita de um diário. Foi um grande exercício de escrita e também de paciência. Não é fácil colocar o ponto final em uma obra, sempre achamos que podemos mudar ou melhorar algo.


Quanto tempo durou o processo de produção do livro?
Myriam Scotti - Foram três anos entre pesquisa, escrita e viagem ao Marrocos.

Em sua análise, quais as principais mensagens que podem ser transmitidas pelo livro?
Myriam Scotti - Acredito que a literatura tem a capacidade de nos fazer praticar a alteridade, ou seja, a oportunidade de se colocar no lugar do outro. Dessa forma, desde que lancei o romance tenho recebido muitas devolutivas, inclusive de homens, do quanto refletiram sobre as questões femininas, assim como sobre relações familiares.


Quais são seus planos literários?
Myriam Scotti - Estou às voltas com a escrita de um romance contemporâneo e também já tenho algumas páginas escritas de outro romance histórico. Vamos ver em qual deles vou conseguir me jogar de cabeça.

.: Leo Nunes fala sobre sexualidade, morte, identidade e poesia subversiva


"Eu queria esgotar o tema 'viadagem' para dar lugar a outras pesquisas. Resolvi então aceitar esse tema e tentar explorá-lo ao máximo", afirma Leo Nunes em entrevista. Autor fala sobre os bastidores de seu livro  “está na hora de me tornar um homem sério", publicado pela editora Minimalismos. Foto: divulgação


Inspirado pela contracultura e geração mimeógrafo, o escritor Leo Nunes mergulha nas profundezas da alma humana através de sua poesia íntima e subversiva no livro "está na hora de me tornar um homem sério". Em sua estreia literária pela editora Minimalismos, Leo desafia tabus e explora os percalços da vida moderna, especialmente para um homem gay em um contexto urbano. Nascido em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o escritor traz consigo uma bagagem multidisciplinar. Formou-se em Comunicação Social - Rádio e TV pela UFRJ e trabalha, desde 2010, em produtoras de TV e Cinema no Rio de Janeiro. 

A obra adota um tom confessional e autoficcional, sendo dividido em três partes. Na primeira, “pequena trajetória de uma bicha da baixada”, acompanhamos a trajetória de se descobrir um homem gay e encarar o mundo conservador de uma região pobre da cidade. Na segunda parte, “a magia está aqui”, o poeta nos apresenta um mundo mais convulso e complexo, das montanhas-russas ao Bate-Bate, das Maratonas ao Sambas, a poesia encontra um espaço urbano complexo de se aprender, cuja aparência é retratada através das entrelinhas da poesia. Por fim, na terceira parte, “a vida no apartamento 1107”, seguimos com este jovem adulto em seu pequeno apartamento e fazemos companhia às aventuras íntimas das noites mal dormidas, dos amores mal passados e das poéticas que atravessam sua vida.


Se pudesse resumir os temas centrais do seu livro, quais seriam?  
Leo Nunes - Para mim, os principais temas do livro são sexualidade, morte, amadurecimento, religião e identidade.


Por que escolher esses temas?
Leo Nunes - Na realidade, não foram escolhas, foram temas que identifiquei nos poemas e que surgiram naturalmente ao longo da escrita. Este livro nasceu de um projeto de exploração pessoal, como estava me propondo a escrever poesia, resolvi resgatar temas e assuntos que me acompanharam ao longo da adolescência e início da vida adulta.


O que motivou a escrita do livro?
Leo Nunes - Comecei o projeto deste livro durante uma oficina organizada pelo poeta Rafael Zacca. Elaborei um projeto que pudesse resolver uma questão: eu queria esgotar o tema "viadagem" para dar lugar a outras pesquisas. Resolvi então aceitar esse tema e tentar explorá-lo ao máximo.


Como foi o processo e quanto tempo você levou para escrever o livro?
Leo Nunes - Escrevi o livro ao longo de três semestres de oficina, fui construindo, através das provocações e exercícios, novos poemas que buscavam formar uma imagem. Com isso, consegui reunir uma quantidade de textos e, a partir dali, trabalhar em um conjunto de poemas que funcionasse. Comecei a escrever no meio de 2021 e terminei em dezembro de 2022, um ano e meio para conseguir elaborar todo o projeto.


Em sua análise, quais as principais mensagens que podem ser transmitidas pelo livro?
Leo Nunes - Procurei trabalhar no livro a jornada de um personagem. Queria poder ler um livro que contasse e trouxesse os desejos e sabores de um ser muito específico: uma bicha da baixada fluminense que vai tentar descobrir o mundo.


Quais são as suas principais influências artísticas e literárias? Quais influenciaram diretamente a obra?
Leo Nunes - Durante minha adolescência fui um consumidor ávido dos livros da Meg Cabot, eles eram um grande escape e muleta para suportar a confusão interna da minha sexualidade. Por isso, eu quis, por muito tempo, seguir a carreira como escritor de livros infantojuvenis e sempre foquei muito mais nos gêneros prosaicos do que na poesia. Além dela, fui muito marcado pela Cecília Vasconcellos e pelos livros paradidáticos que lia na escola. Mais velho, conheci a literatura de Victor Heringer, Cris Lisbôa e Andrea del Fuego, autores que me impactaram e ainda me instigam. Na poesia, meu interesse de pesquisa e consumo tem aumentado, estão em minha lista de leitura Ana Martins Marques, Marília Garcia, Lilian Sais, Rafael Zacca, Angélica Freitas, Pedro Cassel, Ana Cristina Cesar, Leonardo Gandolfi entre outros nomes. Para além da poesia, pensando em cinema, minhas grandes influências são Eduardo Coutinho e Agnès Varda. Durante minha formação acadêmica, me apaixonei pelo documentário e, talvez, eles sejam os maiores influenciadores do livro.


O que esse livro representa para você? 
Leo Nunes - Entendo que este livro é também o resultado de um processo de autoconhecimento. Trabalho nele muitas percepções de sexualidade e de como isso afetou meu processo de amadurecimento. 


Você acredita que a escrita do livro te transformou de alguma forma? 
Leo Nunes - No livro exploro a persona Leonardo Nunes, poeta, gay e morador da baixada fluminense. De certa forma, posso dizer que passei a existir a partir do livro.


Como a bagagem de projetos anteriores ajudou na construção da obra?
Leo Nunes - Eu trabalhei alguns anos em um livro de contos, mas hoje percebo que ele não ficou pronto. Talvez um dia eu o reescreva, ou não, no entanto, entendo que ele contribuiu para o processo de criar pequenas narrativas. Fora isso, vejo que meu projeto final da faculdade, um curta documentário, foi um processo importante para a construção de uma voz. Algo que comecei lá, acabou se aprofundando neste livro.


Por que escolher o gênero adotado?
Leo Nunes - A poesia chegou relativamente tarde na minha vida. Comecei a explorá-la na oficina da Márcia Tiburi em 2017. Desde então fui procurando outras oficinas para tentar aprender mais. Para mim, sempre foi difícil escrever poemas ao mesmo tempo que sempre fui muito curioso sobre esse gênero textual. O que também me motivou foi querer ver na poesia a realidade, as palavras, os sentimentos de um homem gay nos anos 2020, algo que eu não conhecia à época.


Como você definiria seu estilo de escrita? 
Leo Nunes - Não sei definir um estilo, talvez ainda seja cedo para conseguir indicar um caminho pessoal. Hoje, diria que escrevo de forma mais confessional e autoficcional, ao mesmo tempo que procuro elaborar uma narrativa poética.


Que tipo de estrutura você adotou ao escrever a obra?
Leo Nunes - O livro é dividido em três partes, três atos da vida dessa personagem que aparece ao longo do livro. Durante o processo de organização, decidi deixar esses atos em ordem cronológica, justamente para evidenciar o processo acontecendo para quem for ler o livro na ordem.


Como você escolheu a editora para a obra?
Leo Nunes - Com o original pronto em fevereiro de 2023 fui à procura de editoras dispostas a publicar novos autores. Vi uma chamada aberta da Minimalismos e enviei o livro. Gostei muito da proposta da editora, de focar em um estreitamento entre autor e leitor, além do cuidado editorial com o projeto.


Você escreve desde quando?
Leo Nunes - Acho que antes de escrever veio primeiro o desejo. Meu interesse pelos livros começou no interesse pelo objeto. Na escola, nas aulas de literatura, o que mais me atiçava a atenção era saber quais livros leríamos ao longo do ano, como seriam suas capas, quantas páginas etc. Depois foi descobrir as histórias contidas em cada um deles, poder navegar por outros mundos, sair da minha realidade, ler algo além da bíblia. Na quinta ou sexta série li o livro que mais me marcou: "Nas Pernas da Mentira", da Cecília Vasconcellos. Ele foi o divisor, a partir dali eu também queria ser escritor. Porém, do desejo para a realidade, demorei muito. Sempre escrevi pelos cantos, sempre tentei começar projetos e processos, mas nunca tinha conseguido me dedicar de forma concreta. Em 2013 conheci a Go Writers, escola de escrita criativa da Cris Lisbôa, e passei a frequentar os cursos, ali foi o momento em que comecei esse percurso de escrita de maneira consciente.


Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Leo Nunes - Com um trabalho que me toma muito tempo, não consigo me dedicar 100% do tempo à escrita. Então, escrevo quando posso, quando dá, onde dá, do jeito que dá. Por muito tempo idealizei o cenário perfeito, achei que só poderia escrever quando todas as condições estivessem propícias… Hoje, entendo que é mais importante fazer o possível do que esperar pelo momento perfeito.


Quais são os seus projetos atuais de escrita?
Leo Nunes - Estou desenvolvendo um projeto para meu segundo livro de poemas. Dessa vez, focando no corpo, cidade e memória. Quero trazer minha cidade natal, Duque de Caxias, e trabalhar a tensão do encontro com a capital, Rio de Janeiro.

.: Ana Helena Reis, do livro “Conto ou Não Conto?”, e o cotidiano na literatura


"Um pequeno conto é um desafio, pois ele tem que desenvolver em uma lauda ou duas uma narrativa completa: dar personalidade aos personagens, contar uma história, desenvolver o conflito de forma coerente, e isso me atrai", afirma a escritora Ana Helena Reis em entrevista.

A observação do cotidiano por meio de contos sobre relações afetivas, dilemas sociais e conflitos interiores são abordados em “Conto ou Não Conto?” (compre o livro neste link), lançamento da editora Paraquedas, de Ana Helena Reis, por meio da hibridez nos formatos e temas ao longo da obra. A autora intercala os 34 contos, misturando aqueles com assuntos leves e nostálgicos, com outros mais profundos e densos, buscando equilíbrio e fluidez na obra. Alguns dos temas percebidos nos contos são o medo, a indignação, o preconceito, o amor, o envelhecimento, a intolerância e as desigualdades.

Ana Helena Reis tem 73 anos e nasceu em São Paulo, capital. Ela se define como pesquisadora do comportamento humano, investigadora de si mesma, escritora do cotidiano e ilustradora de devaneios. Conta com uma carreira profissional consagrada: formada em administração de empresas pela EAESP/FGV e mestre pela FEA/USP, é empresária, já publicou diversos livros acadêmicos, papers e trabalhos de pesquisa. Também conta com uma extensa vida acadêmica, tendo sido professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) na Faculdade de Economia e Administração durante 15 anos.

Sua área de especialidade em pesquisa é comportamento do consumidor - a observação, investigação e análise do comportamento das pessoas sempre foi um fascínio. Ponto importante para a criação do livro “Conto ou não Nonto?”, pois lhe ajudou a criar um olhar mais crítico e apurado para os acontecimentos diários.

Embora escreva desde sempre, vide seus “diários infindáveis” da adolescência, começou a dedicar-se com mais afinco à literatura em 2019, quando passou a publicar contos, crônicas e resenhas no blog Pincel de Crônica. Foi esse blog, cujo nome faz referência à pintura, sua outra paixão, que deu substância para a criação do livro, também influenciado por autores que consome: cronistas e contistas como Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, Caio Fernando Abreu, Clarice Lispector e Luís Fernando Veríssimo; e, de forma mais ampla, Saramago e García Marquez.

Quais são os temas centrais do livro?
Ana Helena Reis O livro é uma coletânea de contos variados, que tem como fio condutor o meu olhar sobre situações cotidianas que podem despertar memórias afetivas e reflexões. De uma forma às vezes irônica e divertida, outras vezes dramática ou surpreendente, desperta o leitor para os conflitos interiores que enfrentamos, como o medo, a indignação, o preconceito, o amor, o envelhecimento, a intolerância, as desigualdades, entre outros. Se fosse escolher três temas, eles seriam: relações afetivas, dilemas sociais e conflitos interiores.

Por que você escolheu esses temas?
Ana Helena Reis - Escolhi esses temas porque creio que eles fazem parte dos nossos questionamentos, nossos sentimentos muitas vezes inconfessos. A ideia foi criar ficções que permitissem, no subtexto, gerar reflexões importantes para os leitores. Para isso, escolhi contos que pudessem abarcar uma diversidade grande de narrativas, tanto na temática como na forma.

O que motivou a escrita do livro e qual foi o processo de escrita?
Ana Helena Reis - Venho escrevendo contos e crônicas há tempos, diria que em torno de dois anos, e armazenando no meu blog Pincel de Crônica. Chegou uma hora que achei que já tinha um material interessante para um livro de contos (depois pretendo fazer o mesmo com as crônicas), e senti que esse era o momento de dar um passo à frente, com a minha primeira publicação literária. O processo de escrita do livro foi rápido, menos de seis meses. Como já tinha os contos, o trabalho foi de escolha do que caberia nesse livro, uma leitura crítica inicial e depois a contratação da editora. Como sempre, uni o texto à ilustração. Na conversa com a editora decidimos que eu colocaria uma seleção das minhas ilustrações na capa e miolo. Escolhi um formato que me encanta que é o do traço único, trabalhei nas ilustrações e seguimos em frente.


Por que escolher o gênero “conto”?
Ana Helena Reis - Porque alguns motivos - um pequeno conto é um desafio, pois ele tem que desenvolver em uma lauda ou duas uma narrativa completa: dar personalidade aos personagens, contar uma história, desenvolver o conflito de forma coerente, e isso me atrai.

Em sua análise, quais as principais mensagens que podem ser transmitidas pelo livro?
Ana Helena Reis - Acho que uma característica da minha escrita é deixar uma mensagem aberta o suficiente para que cada leitor extraia daquele conto aquilo que despertou em si o sentimento mais forte, a reflexão mais engajada com a sua realidade. Para dar um exemplo, um conto aparentemente singelo como “Looping” envolve questões como o pânico, o sentimento maternal, o companheirismo entre um casal, a capacidade de rir de nós mesmos e de nossas fragilidades…então vai depender de cada leitor qual dessas mensagens ecoa de maneira mais forte.

O que esse livro representa para você?
Ana Helena Reis - O inesperado. Depois de uma longa carreira profissional, com a publicação de livros acadêmicos, papers, enfim, toda uma história de escrita voltada ao trabalho de pesquisa de mercado, não imaginava que a vida me proporcionasse a oportunidade de dar essa guinada para a escrita literária.

Você acredita que a escrita do livro te transformou de alguma forma?
Ana Helena Reis - A escrita de contos está sendo muito transformadora para mim. Criar personagens e situações de ficção é como uma catarse de tudo o que foi sendo acumulado nas minhas lembranças afetivas, porque o escritor, mesmo quando trabalha com a ficção, está colocando uma parte de si naquele texto. Isso acredito que é muito libertador e fez fluir muitos guardados da minha caixa de pandora.


Quais são os seus projetos atuais de escrita?
Ana Helena Reis - Estou começando a coletar as crônicas para uma nova coletânea, e o projeto de 2024 é trabalhar em uma narrativa longa, que já venho estruturando há tempos. É um romance ficcional, baseado na figura da "meiga" (como eram chamadas as bruxas na mitologia da Galícia) e sua atuação como benfeitora para a comunidade de mulheres solteiras que se aventuravam a ter filhos… Estou dando muito spoiler!


.: Edição comemorativa de "Conectadas", romance escrito por Clara Alves


Para comemorar os cinco anos de lançamento do best-seller "Conectadas" (compre o livro neste link), romance de Clara Alves, a editora Seguinte lançou a edição especial da obra com capa dura, guardas ilustradas e laterais coloridas. Inclui, ainda, um capítulo inédito e uma nova entrevista em que a autora responde perguntas feitas pelos leitores. 

No livro, Raíssa e Ayla se conheceram jogando Feéricos, um dos games mais populares do momento, e não se desgrudaram mais - pelo menos não virtualmente. Ayla sente que, com Raíssa, finalmente pode ser ela mesma. Raíssa, por sua vez, encontra em Ayla uma conexão que nunca teve com ninguém. Só tem um “pequeno” problema: Raíssa joga com um avatar masculino, então Ayla não sabe que está conversando com outra garota.

Quanto mais as duas se envolvem, mais culpa Raíssa sente. Só que ela não está pronta para se assumir -  muito menos para perder a garota que ama. Então só vai levando a mentira adiante… Afinal, qual é a chance de as duas se conhecerem pessoalmente, morando em cidades diferentes? Bem alta, já que foi anunciada a primeira feira de Feéricos em São Paulo, o evento perfeito para esse encontro acontecer. Em um fim de semana repleto de cosplays, confidências e corações partidos, será que esse romance on-line conseguirá sobreviver à vida real?

Sobre a autora
Clara Alves sempre foi apaixonada por livros. Estudou jornalismo e trabalhou no mercado editorial por anos, mas largou tudo para viver seu maior sonho: ser escritora em tempo integral. É autora do best-seller LGBTQIAP+ "Conectadas" e de "Romance Real" (2022), que foi traduzido para o inglês com o título "London On My Mind". Mora no Rio de Janeiro, onde passa a maior parte do tempo consumindo e escrevendo romances clichês de aquecer o coração.

Serviço
"Conectadas" (edição comemorativa), Clara Alves
Número de páginas: 464
Editora Seguinte | Grupo Companhia das Letras

.: Solange Ocker explica como as perdas são realidade no trabalho de pescador


"A dor de uma família é a dor de todos": autora reflete sobre ausências na vida de pequenas comunidades. Em entrevista, Solange Ocker explica como as perdas são uma realidade no trabalho de pescador e ressalta o papel das mulheres para combater preconceitos à beira do mar. Foto: divulgação


A escritora Solange Ocker nasceu e cresceu na vila Armação da Piedade, em Santa Catarina, composta por famílias pescadoras. À beira do mar, o local foi primeiro construído por portugueses durante a colonização, mas agora são os trabalhadores da pesca que vivem ali. Esta comunidade, repleta de história, tradições e também perdas, foi retratada no livro "Não se Esqueça de Mim" (compre o livro neste link), escrito pela autora como uma forma de homenagear suas raízes.

Na obra, ela atravessa complexidades presentes na região e que dialogam com os contextos sociais conhecidos por muitas pessoas, principalmente mulheres, em todas as regiões do país. "A essência das experiências vividas aqui, as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores, a força das relações familiares e comunitárias, a luta pela sobrevivência e a constante presença da saudade são temas universais que ressoam com muitas outras comunidades e realidades no Brasil”, explica.

Além de detalhar o sentimento constante de perda presente nesses moradores, também retrata a luta das mulheres por se firmarem em uma profissão majoritariamente exercida por homens. Com uma protagonista responsável por assumir o comando do lar depois do desaparecimento do marido, a autora ficcionaliza a experiência feminina que muito conheceu durante a vida na vila.

Solange Ocker é professora e empreendedora, natural de Governador Celso Ramos, cidade do litoral catarinense. Formada em Língua Portuguesa e Literatura, com pós-graduação em Literatura Infantojuvenil, mergulha no mercado do livro com Não se esqueça de mim!, romance regional que aborda com sensibilidade as vidas perdidas ao longo das décadas, na atividade pesqueira. 


No romance “Não se Esqueça de Mim!”, você retrata não só a vida e os desafios nas pequenas comunidades pesqueiras, mas também as muitas vidas perdidas de trabalhadores no mar e as famílias que ficaram com o fardo da saudade. Por que decidiu abordar esta questão? 
Solange Ocker - Nasci e cresci nessa comunidade pesqueira. Desde cedo testemunhei a dureza da vida no mar, mas o que mais intensificou essa percepção foi ter casado com um pescador. As longas ausências e o medo constante pairavam sob mim e todos aqueles que esperam seus familiares em terra firme.


De que forma esta realidade se conecta com você?
Solange Ocker Certa feita, um acidente marcou profundamente nossa comunidade. Um barco com todos os tripulantes desapareceu. Nenhum deles foram encontrados. Percebi que, em um lugar pequeno, que vivencia as mesmas expectativas e rotinas, a dor de uma família é a dor de todos.


A trama da obra se passa em Santa Catarina, na turística cidade de Governador Celso Ramos - inclusive lugar em que você cresceu com a sua família. Por que decidiu escrever sobre a vila da Armação da Piedade?
Solange Ocker Escrever sobre a Armação da Piedade é uma maneira de homenagear minhas raízes e compartilhar a riqueza cultural desse lugar.


Como o contexto específico da vila consegue se aproximar das realidades de brasileiros de outras regiões e estados?
Solange Ocker A essência das experiências vividas aqui, as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores, a força das relações familiares e comunitárias, a luta pela sobrevivência e a constante presença da saudade, são temas universais que ressoam com muitas outras comunidades e realidades no Brasil.


De que maneira os temas de empoderamento feminino e assédio sexual são abordados através das experiências das personagens Amélia e a mãe, no contexto dos anos 1960 e 70?
Solange Ocker A mãe de Amélia simboliza uma geração de mulheres que tiveram menos oportunidades, pois viveram em um tempo marcado por normas patriarcais rígidas. Mulheres que sofriam em silêncio, carregando as cicatrizes do assédio e da submissão esperada pela sociedade da época. Entretanto, mesmo em meio à opressão silenciosa, as personagens lutaram com coragem em busca de voz e liberdade. Elas personificam a resistência e a determinação, reforçando sobre a importância de combater as injustiças de gênero em todas as suas formas.

A cultura açoriana e os locais emblemáticos de Governador Celso Ramos, como a Igreja Nossa Senhora da Piedade, estão muito presentes na trama. Para você, qual a importância de abordar a presença colonizadora portuguesa na região e como essa herança cultural influencia a identidade dos personagens e a dinâmica da comunidade no romance?
Solange Ocker A abordagem da presença colonizadora portuguesa da herança cultural açoriana é fundamental para contextualizar a identidade dos personagens e a dinâmica da comunidade. O livro ressalta essas heranças diretamente na personalidade e nos valores dos personagens. A fé, a resiliência e a valorização das famílias, por exemplo, são aspectos centrais que derivam dessa cultura.

Qual a importância da preservação da cultura açoriana para o país; e como você acha que a literatura contribui para o processo de proteção dessa memória?
Solange Ocker A cultura açoriana é uma parte fundamental da identidade cultural de muitas comunidades no Brasil, especialmente no litoral sul do país. A literatura tem o poder de documentar e registrar essa herança e manter viva a história e as tradições que moldaram essas regiões.

.: Tropeiros: Jorge Antonio Salem exalta contribuição cultural de trabalhadores


"Todos os livros que contam a história de alguém ou algum lugar levarão os leitores a viverem aquele período histórico", afirma Jorge Antonio Salem, em entrevista. Ele explica como os brasileiros contemporâneos podem aprender com as experiências dos condutores de cargas de séculos atrás. Foto: divulgação


Quando Jorge Antonio Salem decidiu eternizar as lembranças do sogro no livro "Memórias de Um Tropeiro" (compre o livro neste link), ele percebeu que os brasileiros contemporâneos tinham muito a aprender com os trabalhadores anônimos responsáveis por explorar as regiões sul e sudeste do Brasil nos séculos passados. A resiliência perante momentos turbulentos, a crença de que seu ofício contribui positivamente para a vida das pessoas e a busca por uma existência digna para a família são algumas das características que ele descreveu na obra e dialogam com o contexto socioeconômico do mundo atual. 

Além de escritor, Jorge Antônio Salem é farmacêutico-fiscal do Conselho Regional de Farmácia do Paraná desde 1996 e mestre em Ciências da Saúde. Ele também publicou a obra "60 Anos - Uma História de Dedicação ao Conhecimento" e o livro de poemas "Poesias da Vida Cotidiana". Foi casado por 30 anos com Maura Lúcia Azevedo, filha de João Azevedo, personagens que inspiraram a publicação de Memórias de um tropeiro. Nesta entrevista, o autor reforça a importância de conhecer o movimento tropeirista e explicita o valor do ofício para as próximas gerações. Leia:


Você escreveu “Memórias de Um Tropeiro” a partir dos relatos do seu sogro. Como as lembranças dele reforçam a importância da contribuição dos tropeiros para o Brasil?
Jorge Antonio Salem - Assim como os tropeiros do passado distante levavam animais que faziam o transporte de cargas de alimentos para o estado de Minas Gerais, pois o Império proibia essa população de plantar, meu sogro também fazia o transporte de animais para outras regiões. Assim, ele contribuía para o desenvolvimento dessas regiões, fornecendo animais de carga e outros produtos de consumo.


João Boiadeiro era um homem que conhecia diversas regiões do país e citava com riqueza de detalhes alguns lugares por onde passava. Na sua opinião, por que estas memórias devem ser preservadas para a posterioridade?
Jorge Antonio Salem - Hoje, somos pessoas bem formadas pela leitura de livros que foram escritos nos séculos 19 e 20, com histórias inspiradoras. Penso que as experiências vividas pelo João Azevedo e as dificuldades que ele enfrentou durante o transporte de animais para nossas terras podem levar os leitores a refletirem sobre a vida no mundo atual. Não podemos reclamar de qualquer situação um pouco mais difícil, porque é mais fácil viver hoje se compararmos com o passado.

Você acredita que a preservação destas memórias em um livro pode contribuir para a construção de um país que reconhece seu passado? De que maneira?
Jorge Antonio Salem - Todos os livros que contam a história de alguém ou algum lugar levarão os leitores a viverem aquele período histórico. É um prazer poder levar essas histórias aos leitores para fazê-los conhecer uma atividade que pouco ocorre nos dias atuais. No século passado, as viagens dos tropeiros duravam meses, enquanto hoje elas acontecem apenas por alguns quilômetros. Acredito que os leitores, ao verem o amor pela profissão e a luta para cumprir sua missão por parte do João Azevedo, podem ser inspirados a não desistirem do que fazem e a terem a dimensão de como o trabalho deles pode contribuir para um país melhor.

O que os brasileiros de hoje podem aprender com os tropeiros do passado? Qual foi também seu principal aprendizado pessoal?
Jorge Antonio Salem - Muitas de nossas cidades foram fundadas ao longo das estradas que os tropeiros passavam. Por isso, eles deixaram um legado muito grande ao nosso país. Algumas vezes, os tropeiros conheciam alguma jovem e fixavam residência naquele local, logo tornando aquela pequena vila em uma cidade. Esses trabalhadores incansáveis também levavam notícias de muitos lugares para aquelas regiões que tinham dificuldade de acesso a meios de comunicação. Os tropeiros eram unidos, trabalhavam duro e voltavam para seus entes queridos. Esse foi o exemplo que tive na convivência com João Azevedo, que exerceu essa atividade por 30 anos e sempre voltava para sua família.


Qual a mensagem que você pretende transmitir com “Memórias de Um Tropeiro”?
Jorge Antonio Salem - Uma primeira mensagem do livro "Memórias de Um Tropeiro" apresenta o relacionamento do homem com o animal de forma respeitosa, porque os condutores de tropas transportavam os animais de maneira segura e calma. Assim, os trabalhadores tiveram que desenvolver um senso de direção e tranquilidade, para que os animais não se assustassem. Além disso, acredito que a segunda mensagem é mostrar como o país viveu e vive momentos de turbulências, que não se restringe a um período histórico específico. Assim, todos nós devemos aprender a ser tolerantes e resilientes, para atravessarmos situações difíceis de nossas vidas.

Na sua perspectiva, qual foi o papel do tropeirismo para o Brasil, não apenas numa visão macro, mas também para as famílias que garantiam sustento a partir desse trabalho?
Jorge Antonio Salem - Esse emprego ajudou de certa forma a acomodar as pessoas que não conseguiam se manter fixo em uma determinada região e que, por isso, precisavam se mudar com certa frequência. O condutor de tropas ganhou a oportunidade de viajar para diversas regiões e conseguia sustentar sua família, para que todos tivessem uma vida mais dignidade e segura financeiramente. Mas a profissão foi importante também para as pessoas que gostavam de viajar e se sentiam livres nos campos: elas podiam exercer esse ofício alinhadas à vontade delas de conhecer novos lugares.



.: Entrevista: Cidinha Ribeiro, autora que aos 73 anos discute as opressões


"Existe esperança para as mulheres porque ganhamos consciência de classe e do nosso valor como pessoas e como agentes de transformação", afirma a escritora Cidinha Ribeiro em entrevista. No livro de prosa poética "Eva no Tempo", a autora traz histórias de mulheres oprimidas desde os primórdios da humanidade e dá protagonismo para as indignações femininas


Aos 73 anos, a escritora mineira Cidinha Ribeiro lança pela Boutique do Livro seu mais recente trabalho literário, “Eva no Tempo”, um mergulho nas experiências das mulheres ao longo dos séculos. Neste livro, o seu primeiro no estilo prosa poética, Cidinha explora o tema da opressão feminina desde os primórdios da humanidade, utilizando histórias curtas para dar voz às indignações e resistências das mulheres frente a um mundo marcado pelo machismo e misoginia.

Cidinha Ribeiro nasceu em Itapecerica, interior de Minas Gerais, em 1950. Viveu no município até os 19 anos e depois mudou-se para Belo Horizonte, capital do estado, onde morou por mais de três décadas. Formou-se pedagoga pelo Instituto Estadual de Educação de Minas Gerais (IEMG), na década de 1980 e foi servidora pública estadual até se aposentar da função. É casada há 54 anos, mãe e avó. Atualmente mora na cidade natal. Após uma carreira literária diversificada que incluiu crônicas, contos e memórias autobiográficas, a autora nos apresenta uma narrativa complexa da vida feminina com sensibilidade e profundidade.

"Eva no Tempo" é dividido em três partes, sendo a central, que dá nome à obra, a mais extensa. Cada história apresenta uma Eva diferente, explorando nuances da condição feminina com originalidade e impacto emocional. A obra não só oferece uma rica tapeçaria de experiências femininas, mas também convida os leitores, homens e mulheres, a refletirem sobre as pressões sociais e individuais que moldam a identidade feminina até os dias de hoje. Para conhecer mais sobre o processo criativo e as inspirações por trás de "Eva no Tempo", não deixe de conferir a entrevista com a autora. 


Do que se trata “Eva no Tempo”? 
Cidinha Ribeiro - O livro trata de temas como o feminismo e as dores e alegrias de ser mulher.


Por que escolher esses temas?
Cidinha Ribeiro - Escolhi estes temas porque me dizem respeito e, também, dizem respeito ao universo que habito por meio de outras mulheres.


O que motivou a escrita do livro e como foi o processo de escrita?
Cidinha Ribeiro - Meu motivo para escrever o livro foi a importância que percebo em falar sobre as questões das mulheres num mundo machista. Durante o processo da escrita, tive oportunidade de ouvir muitas histórias reais, de conversar com muitas mulheres sobre as questões que dizem respeito a todas nós. Foi enriquecedor porque foi um tempo de muita reflexão e de muitas lembranças. A escrita do livro durou três anos aproximadamente.


Em sua análise, quais as principais mensagens que podem ser transmitidas pelo livro? 
Cidinha Ribeiro - Nós, mulheres, estamos no caminho certo porque somos mais solidárias, mais empáticas e mais envolvidas com nossas próprias questões e com as questões do grupo. Existe esperança para as mulheres porque ganhamos consciência de classe e do nosso valor como pessoas e como agentes de transformação.


O que esse livro representa para você? 
Cidinha Ribeiro - O livro representa um passo importante na minha carreira de escritora.


Você acredita que a escrita do livro te transformou de alguma forma?
Cidinha Ribeiro - Ele me aproximou daquilo em que acredito, me inseriu de forma definitiva no feminismo consciente e ficou bonito. Tem sido prazeroso olhar para ele.


Como a bagagem dos livros anteriores que você escreveu ajudou na construção da obra? 
Cidinha Ribeiro - Todo livro escrito é uma construção importante, um passo para o amadurecimento. Escrever é ato contínuo. Nada é desperdiçado, tudo é agregado. “Eva no Tempo” é um conjunto de tudo que aprendi e um propósito de continuidade no aprendizado. 


Quais são as suas principais influências artísticas e literárias?
Cidinha Ribeiro - A literatura, de modo geral, me influencia e os bons escritores me inspiram. Sempre que leio uma página bem escrita sinto desejo de escrever também. Mantenho com meus pares uma relação amorosa, íntima e duradoura. Um casamento. Não teria como citar nomes. Seria injusto com outros escritores a quem devo tanto. 


Como você definiria seu estilo de escrita?  
Cidinha Ribeiro - Minha escrita é leve, meu vocabulário é escolhido. Sou tradicional. Pontuo, uso maiúsculas e minúsculas, não uso palavrões, embora respeite quem prefere o diferente de mim. Acho que posso dizer sobre “prosa poética” se referindo à minha escrita.


Que tipo de estrutura você adotou ao escrever a obra?
Cidinha Ribeiro - Em relação à estrutura, procuro manter uma organização de ideias mais linear, sem grandes complicações e mudanças bruscas. Gosto de clareza, de concisão. Sou adepta da simplicidade.


Por que escolher prosa poética para “Eva no Tempo”?
Cidinha Ribeiro - Foi minha primeira experiência fora da crônica e do conto. Aconteceu naturalmente. Foi o mais adequado que encontrei para meu projeto de encaixar várias vozes femininas dentro de um mesmo contexto.

Você escreve desde quando, Cidinha?
Cidinha Ribeiro - Escrevo desde minha adolescência, quando escrevia cartas de amor por encomenda. Escrevia para namorados alheios, fazia diários. Meu primeiro livro físico, publiquei em 2015. 


Você tem algum ritual de preparação para a escrita? 
Cidinha Ribeiro - Não tenho preparação para a escrita. Escrever para mim é tão natural como comer, fazer atividade física, dormir. Gosto de ter um projeto em andamento: um livro sendo revisitado para reescrita, um livro nas primeiras páginas, uma releitura do livro abandonado por ser considerado sem recurso, um conto para concorrer à publicação em revista. Escrevo, leio, escrevo. É minha vida.  


Quais são os seus projetos atuais de escrita?
Cidinha Ribeiro - Tenho um livro no mesmo estilo do meu “Eva” aguardando a devolução da leitura crítica. Depois disso, estará pronto para publicação. Considerando-se que ele foi aprovado em leitura crítica anterior, penso que será publicado daqui a um certo tempo. Tenho outro livro, de contos, já na editora Arpillera. Ele será artesanal, e tem sido uma boa experiência fora do meu habitat.

sábado, 27 de julho de 2024

.: "Em Nome do Desejo", de João Silvério Trevisan, volta às livrarias para celebrar


O livro "Em Nome do Desejo" (compre a nova edição neste link) está de volta às livrarias após décadas fora de catálogo. Com vigor e atualidade impressionantes, clássico queer volta às livrarias para celebrar 80 anos do autor, João Silvério Trevisan. Um dos mais importantes nomes da literatura nacional, ele venceu três vezes o Prêmio Jabuti e foi finalista do Oceanos Novidade, as ilustrações, que articulam masculinidade e homoerotismo, são de Francisco Hurtz, artista que integrou a Bienal de São Paulo e a mostra "Queermuseu", com obras na coleção de Gilberto Chateaubriand e no acervo permanente do Museu de Arte do Rio (MAR)

O prefácio, reforçando a atualidade desse clássico, é de Alexandre Rabello, autor de "Miss Macunaíma" e curador do Festival Mix Literário. O texto de orelha é assinado por Italo Moriconi, professor, crítico literário e poeta, organizador de "Os Cem melhores Contos Brasileiros do Século" e "Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século".

Intenso e impactante, mas sem perder a sensibilidade e a delicadeza, "Em Nome do Desejo", de João Silvério Trevisan, já é um clássico. Lançado originalmente em 1983 e há décadas esgotado, o romance retorna em nova edição, com design assinado pelo premiado artista gráfico Gustavo Piqueira. Para contar a história de amor e ódio entre os seminaristas Abel e Tiquinho - jovens divididos entre a mortificação da carne e a exaltação da alma, presos entre as glórias do divino e a ebulição da adolescência –, o autor contrapõe a beleza sensual à rigidez católica. Com um enredo envolvente, João Silvério Trevisan guia o leitor entre labirintos de desejo proibido e mortificação.


O que disseram sobre o livro
“Denso, corajoso, emocionado, mas com emoção seguramente medida por uma forma severa, Em nome do desejo deve ser uma agradável (ou no mínimo perturbadora) surpresa para os leitores.” — Caio Fernando Abreu

“[...] trata-se de dar voz a uma subjetividade ameaçada pelas diversas formas de autoritarismo castrador.” — Silviano Santiago

“[...] o que torna 'Em Nome do Desejo' um texto vibrante e luminoso é a maneira pela qual o autor conduz o tema da paixão.” — Folha de S.Paulo


Sobre o autor
João Silvério Trevisan nasceu em 1944, em Ribeirão Bonito, São Paulo. Na década de 1970, iniciou sua produção artística e assumiu-se homossexual, duas facetas que sempre estiveram imbricadas em sua vida. Seu primeiro, polêmico e único longa-metragem, "Orgia ou O Homem que Deu Cria", de 1971, foi censurado pela ditadura civil-militar e, entre outras razões, o levou ao exílio. Já de volta ao Brasil, participou, em 1978, da fundação do lendário jornal Lampião da Esquina, primeira publicação homossexual do país, e do Grupo Somos – movimento vanguardista na promoção dos direitos da comunidade LGBTQIAPN+. Venceu três vezes o Prêmio Jabuti, foi finalista do Oceanos e recebeu, entre outras, uma bolsa da prestigiosa Fundação Vitae, para escritura do romance "Ana em Veneza". Sua vasta produção artística e intelectual inclui mais de uma dezena de livros publicados, roteiros para cinema e peças teatrais.


"Em Nome do Desejo"
João Silvério Trevisan
Ilustrador: Francisco Hurtz
216 páginas
Ed. Record | Grupo Editorial Record
Compre o livro neste link

.: Espetáculo "Macário do Brazil" retoma clássico de Álvares de Azevedo no teatro


Peça inacabada do escritor brasileiro relata um encontro emblemático entre um jovem estudante e o Satã. Temporada acontece no TUSP Maria Antonia entre 2 de agosto e 1º de setembro. Na imagem, cena do espetáculo "Macário do Brazil". Foto: Ligia Jardim


O espetáculo "Macário do Brazil", dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia, dia 2 de agosto, sexta-feira, e segue em temporada até 1º de setembro de 2024, com sessões gratuitas de quinta a sábado, às 20h, e, aos domingos, às 18h, totalizando 20 apresentações. Às sextas-feiras, a peça ganha um novo formato com a inserção de uma palestra entre a primeira parte e o final. Dias 9, 16, 23 e 30 de julho, Janaina Leite, Andréa Sirihal Werkema, Ave Terrena e Welington Andrade fazem uma fala de 30 minutos sobre literatura, teatro e contemporaneidades cênicas brasileiras.

O trabalho revisita o clássico "Macário", de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro. A trama é dividida em dois episódios. No primeiro, o jovem estudante Macário chega em uma taverna para passar a noite e começa a conversar com um estranho sobre as várias concepções de amor e da poesia. De repente, ele descobre que o seu interlocutor é o Satã e parte com ele para a cidade de São Paulo.

Depois, a narrativa segue em outro ambiente, a Itália. O protagonista deseja morrer e encontra o amigo Pensaroso (que na versão de Canhameiro, será Pensarosa), que está apaixonado. Os dois travam diálogo sobre o amor, a filosofia e a literatura, depois Macário é levado pelo Satã para uma orgia em uma taverna. Inclusive, de acordo com a pesquisa de Canhameiro, o crítico literário Antonio Candido aposta na ideia de que a continuação de Macário é justamente o livro Noite na Taverna (1855), também de Azevedo. 


Sobre a encenação
“Há algo de cativante na peça de moço Álvares de Azevedo, talvez porque seja uma espécie de  embrião da dramaturgia contemporânea brasileira. Ao mesmo tempo, os grandes críticos literários, como Antonio Candido e Sábado Magaldi, foram taxativos em dizer que a peça seria apenas para a leitura e não para a encenação. Acho isso curioso, porque é uma visão sobre o teatro muito limitada, de alguém que enxerga esta linguagem artística apenas como uma estrutura dramatúrgica bem-acabada. É exatamente tal contraste entre texto e cena que me interessa”, conta Canhameiro. 

Álvares de Azevedo morreu jovem, com 20 anos, e nenhuma das suas obras foi publicada em vida. Mesmo assim, ele é conhecido como o principal nome do ultrarromantismo brasileiro. “É incrível que uma pessoa com menos de 20 anos tenha escrito uma peça no século 19 que apresenta estrutura celebrada na contemporaneidade. Para mim, Macário coloca o teatro como o lugar da diversão, da invenção, da imaginação, do inacabado, daquilo que ainda não é possível ser capturado pela razão. E é com essas ideias em mente que eu construo as minhas encenações”, acrescenta. 

Para situar todas estas ideias no palco, Canhameiro colocou em cena um coro de 20 jovens de 20 anos. Eles são, em sua maioria, estudantes de teatro e dança de diferentes escolas, cursos técnicos e universidades da cidade de São Paulo e região. Além disso, no elenco estão Alitta (ex Blackyva), primeira atriz travesti preta indicada ao Prêmio Shell por sua performance em "Chega de Saudade"; Danielli Mendes, artista da dança; José Roberto Jardim, que recentemente concorreu ao Prêmio APCA pela direção da peça "Pawana"; e Nilcéia Vicente, cantora e atriz fundadora do Grupo 59 de Teatro.

“O que eu quis foi me debater com o passado, justamente colocando o texto de Álvares de Azevedo em diálogo com as manifestações estéticas contemporâneas. Não se trata de nova roupagem para um texto do século 19 e sim o que o teatro contemporâneo pode fazer com esse texto. O tempo não é uma medida estável como gostaríamos que fosse. Por isso quero em cena diferentes referências temporais desde a morte do autor até hoje, pontua o encenador. Para viabilizar isso, Anuro e Cacau Francisco assinaram o figurino. Assim como aconteceu em seu trabalho anterior, 'xs Culpadxs', a música tem bastante importância em 'Macário do Brazil'. O quarteto À Deriva, formado por Beto Sporleder (saxofone e flautas), Daniel Muller (piano, acordeão e sintetizadores), Guilherme Marques (bateria e percussão) e Rui Barossi (baixo acústico, cordas em geral e tuba) toca brasilidades que vão desde o sertanejo da dupla Cascatinha & Inhana ao pop americanizado de Pepê e Neném. A criação musical tem ainda a participação dos cantores Paula Mirhan e Yantó. O cenário de José Valdir Albuquerque segue a mesma ousadia fragmentária da peça. No primeiro episódio o público vê um quarto de hotel muito bem definido. Depois, a cama se transforma em uma piscina e o elenco permanece dentro dela. Já a banda fica em uma estrutura mais alta, próxima da cabeceira. “Pensei em criar uma experiência cênica coletiva e poderosa. São 30 pessoas em cena e uma equipe externa de mesmo tamanho. Cenário, figurino, luz, música, vídeo, tudo para potencializar ao máximo a teatralidade e a juventude de Álvares de Azevedo", diz Canhameiro. 


Álvares de Azevedo
Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu na cidade de São Paulo, em setembro de 1831, e morreu pouco mais de 20 anos depois, em abril de 1852, no Rio de Janeiro. A peça Macário foi publicada em 1855. Álvares de Azevedo escreveu cedo e morreu cedo. Não viu quase nada do que escreveu, publicado. E também não viu sua dramaturgia em cena. 

Este projeto aqui apresentado quer colocar Macário em cena, mas quer ir além de resgatar um texto do século XIX de um autor extremamente jovem e de verve anárquico-romântico. Há algo na forma, na matéria dramatúrgica de Macário que pode ser melhor compreendida ou melhor elaborada em cena hoje, no século XXI. A aposta deste projeto é colocar no palco o texto de Álvares de Azevedo em diálogo com as manifestações estéticas contemporâneas,  juntando o jazz livre e a mpb, o pós-dramático e o musical, o teatro documentário e a dança. 

Em uma certa ousadia de ressignificar o passado, “Macário é, possivelmente, a primeira obra pós-dramática brasileira”, segundo Canhameiro. “Não há em Macário personagens bem elaborados, narrativa progressiva, drama em forma bem apurada. O que poderia ser apontado como defeito, é virtude”, conclui o diretor. 


Sinopse de "Macário do Brazil"
"Macário do Brazil" é uma releitura do texto "Macário" escrita por Álvares de Azevedo, um dos expoentes do ultra-romantismo brasileiro. A peça é dividida em dois episódios e explora temas como a melancolia, a busca pelo sentido da vida, o desencanto e o pacto faustiano com o diabo.

O jovem Macário, estudante e poeta, encontra-se em uma taberna, profundamente desencantado com a vida e questionando o sentido de sua existência. Ele está em um estado de espírito sombrio, reflexo de sua visão pessimista do mundo. É nesse cenário que o jovem romântico encontra um misterioso e carismático desconhecido, ninguém menos do que o próprio Satã! "Macário" é uma peça que mergulha fundo na psique humana, explorando os conflitos internos do protagonista e suas interações com forças metafísicas.

Em "Macário do Brazil", Carlos Canhameiro e o quarteto À Deriva procuram colocar em cena a força jovem do século XIX com os dilemas da juventude e da teatralidade contemporâneas.


Sobre Carlos Canhameiro
Carlos Canhameiro é um artista múltiplo – ator, diretor, dramaturgo e escritor que trafega por diversas linguagens com desenvoltura. É integrante da Cia. LCT e da Cia. De Feitos, além de participar como artista convidado em diversos coletivos. Tem livros de poesia, dramaturgia, infantil publicados pela Editora Mireveja, 7Letras e Lamparina Luminosa. Como diretor e dramaturgo, soma mais de 20 anos de criações em São Paulo, com mais de 30 peças no currículo. Foi vencedor do Prêmio Shell 2023 com Melhor Dramaturgia para a peça "Xs Culpadxs" e do Prêmio APCA 2023 com Melhor Espetáculo Infantil com a peça A Grande Questão.  


Ficha técnica
Espetáculo "Macário do Brazil"
Concepção e Encenação Carlos Canhameiro
Texto Álvares de Azevedo
Elenco Alitta | Danielli Mendes | José Roberto Jardim | Nilcéia Vicente
Músicos e trilha sonora original quarteto À Deriva
Beto Sporleder | Daniel Muller | Guilherme Marques | Rui Barossi
Cantores Paula Mirhan | Yantó
Cenário José Valdir Albuquerque | Carlos Canhameiro
Figurinos Anuro e Cacau Francisco
Iluminação Gabriele Souza
Coreografia Andreia Yonashiro | Danielli Mendes
Coro dos 20 anos Alana Campos | Beatriz Dultra | Beatriz Galli | Brenda Regio | Carolayne Coelho | Duda Fernachione | Eric Vivarelli | Fernanda de Almeida | Gabriel Viana | Gabriela Guimarães | Glenda Matos | Igor Rocha |Jaqueline Chiesa | Jaqueline Samaris | Joyce Dourado |Mar Lumini | Maria Clara | Sarah Lima | Victoria Ribeiro | Willian Galiazzi |
Som Pedro Canales
Operador de Luz Renan Estevão
Arte gráfica Isak Alves
Produção Gabs Ambrozia Corpo Rastreado

Prêmio Zé Renato
Secretaria de Cultura do Município de São Paulo
Este projeto foi contemplado pela 18ª Edição do Prêmio Zé Renato — Secretaria Municipal de Cultura

Serviço
Espetáculo "Macário do Brazil"
De 2 de agosto a 1º de setembro, de quinta a sábado, às 20h, e, aos domingos, às 18h
TUSP Maria Antonia – Rua Maria Antonia, 294 – Vila Buarque / São Paulo
Ingressos: gratuitos
Duração: 95 minutos
Classificação: 14 anos
Sessões com palestras entre as partes do espetáculo (30 minutos):


de agosto> Palestra n.1
"Macário ou do Drama Romântico Brasileiro"
Andréa Sirihal Werkema
Andréa Sirihal Werkema é professora de Literatura Brasileira da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde dá aulas na graduação e na pós-graduação, com pesquisa, em geral, sobre temas relativos à literatura do século XIX: Romantismo, Machado de Assis. Doutora em Literatura Brasileira pela UFMG, onde também se graduou. Publicou e/ou organizou, entre outros, Macário, ou do drama romântico em Álvares de Azevedo (Ed. UFMG, 2012); As duas pontas da literatura: crítica e criação em Machado de Assis (Relicário, 2019); “Cuidado, leitor”: Álvares de Azevedo pela crítica contemporânea (Alameda, 2021) e Atualidade de Machado de Assis: leituras críticas (Nankin, 2021); Machado de Assis e os direitos humanos (Alameda, 2024).

16 de agosto > Palestra n.2
"Teatro e Transformação"
Ave Terrena
Ave Terrena é dramaturga, diretora teatral, poeta e professora da Escola Livre de Teatro de Santo André. Com dez textos encenados no Brasil, México e Portugal, já publicou três livros, dois de dramaturgia e um de poesia. Entre seus últimos trabalhos, destacam-se "Fracassadas BR" e "As mulheres dos cabelos prateados", além de sua atuação como curadora no Rumos Itaú Cultural, SESC Pulsar 2023, e a 9a Mostra de Dramaturgia do CCSP. Atua também na comunidade ballroom SP, sendo integrante da Pioneer House of Hands Up.

23 de agosto > Palestra n.3
"Teatro e Abjeção"
Janaína Leite
Janaina Leite é atriz, diretora, dramaturga e pós-doutoranda pela Escola de Comunicação e Artes da USP. Nos últimos anos, em trabalhos como  "Stabat Mater", Camming 101 noites" e "História do Olho - um conto de fadas porno noir" vem pesquisado as relações entre teatro e pornografia, se interessando especialmente por linguagens híbridas, a perspectiva ob-cena que aproxima teatro e performance, arte e vida, fronteiras difusas entre práticas artísticas e práticas sócio-culturais. Já apresentou seus trabalhos em países tais quais França, Espanha, Portugal, Chile, Bélgica, México e Alemanha. Seu último trabalho "Deeper" é uma experiência imersiva em realidade virtual, na qual pesquisa o universo digital e os estados dissociativos de consciência em situações limite. Ainda este ano, à convite do Lift Festival em Londres e a Clean Break compagnie, dirige o trabalho "The trials and passions of unfamous women" aproximando práticas jurídicas e teatro.

30 de agosto > Palestra n.4
"Dramaturgia Brasileira e Formas Contemporâneas"
Welington Andrade
Doutor em Literatura Brasileira pela USP, é editor da revista Cult e crítico de teatro da mesma publicação desde 2013. É bacharel em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Uni-Rio) e professor titular de Língua Portuguesa da Faculdade Cásper Líbero, onde ingressou em 1997. Ministrou cursos no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo e no Ágora Teatro. Foi professor-palestrante das disciplinas História do Teatro e Crítica Teatral no curso de Artes Cênicas da ECA-USP, em 2010 e 2016, respectivamente. É autor de um dos capítulos da História do teatro brasileiro: do modernismo às tendências contemporâneas e do prefácio de Viagem magnética, de Décio Pignatari. Organizou o livro "Imagens da era Vargas: artigos, fábulas e memórias" (Sesc-SP, 2004) e coordenou a coleção Clássicos Adaptados, da Editora Larousse do Brasil (2005-2006). Editou os livros A morte de si (Cult Editora, 2023), do psicanalista Marcelo Veras, e Abjeção: a construção histórica do racismo (Cult Editora, 2024), da socióloga Berenice Bento.

.: Fã do filme de 1996, Daisy Edgar-Jones fez questão de entrar em "Twisters"


Cada tornado mostrado no longa da Warner Bros., que reuniu um time de mais de 400 pessoas para a produção, foi inspirado em pelo menos um evento real

O que poucas pessoas sabem é que cada tornado vivido pelos personagens de "Twisters" - nova aventura da Warner Bros. Pictures, em cartaz na Rede Cineflix e em cinemas de todo o Brasil e estrelada por Daisy Edgar-Jones, Glen Powell e Anthony Ramos - foi inspirado em pelo menos um evento da vida real e recriado para o filme com efeitos visuais e digitais. 

O longa-metragem contou com mais de 400 pessoas em sua produção. De acordo com a líder de segurança de "Twisters", Lacie Mackey ("Oppenheimer") “alguém poderia pensar que seria tolice rodar um filme sobre tornados durante o pico da temporada de tempestades, mas é a única oportunidade de ter o visual e a sensação em termos de campos de trigo verde e céus majestosos”.E esse foi um dos principais pontos que chamou a atenção da atriz Daisy Edgar-Jones para o projeto. 

A protagonista chegou para a produção de "Twisters" como uma fã fervorosa de seu antecessor: “Eu cresci na Inglaterra, onde não temos clima traiçoeiro além de neblina espessa ocasional, então 'Twister' foi uma viagem emocionante e assustadora, que despertou minha imaginação. Quando soube que haveria um novo capítulo, dirigido por Isaac, fiquei animada com a ideia de alguém como ele, com sua sensibilidade cinematográfica, fazer o filme e como o faria”, afirma. Para Daisy, a história homenageou "Twister" (1996) com “a forte liderança feminina e com um conjunto de personagens ricas e fascinantes, e com esse incrível mundo moderno tão interessante, emocionante, atraente e divertido de caçadores de tempestades no qual decididamente queria entrar”, completa.

No total, são seis sequências de tornados representado os chamados "tornados gêmeos" e mostrando que, em alguns casos, um evento acaba levando a outro. Graças a esse cenário tão realístico, “no segundo dia de filmagem, a equipe de segurança disse: ‘Ok, todos para o abrigo, uma tempestade está chegando’. A equipe entrou nos ônibus e carros com pneus de borracha isolantes de raios, em estrita observância do protocolo de segurança criado”, narra Lacie Mackey, líder de segurança.


"Twisters" tem recebido críticas positivas e encantado fãs em todo o mundo
"Twisters" conta a história de Kate Cooper (Edgar-Jones), uma ex-caçadora de tempestades que estuda padrões de tormentas bem longe delas, diante das telas do computador. Porém, ela embarca em uma nova jornada com seu amigo para testar um novo sistema e acaba tendo que lutar novamente pela sua vida quando se vê próxima do perigo.

O longa-metragem está em cartaz nos cinemas brasileiros, também em versões acessíveis. Para mais informações, consulte a programação de sua cidade. "Twisters", transporta o espectador para um passeio eletrizante e cheio de adrenalina, em um cenário repleto das mais maravilhosas – e destrutivas – forças da natureza: os tornados. Leia as críticas publicadas no portal Resenhando.com nestes links: Resenha: "Twisters" é resgate da pura adrenalina para se ver na telona Cineflix e "Twisters" coloca o espectador dentro da tragédia sem que ele se arrisque.


Sobre o filme
Em julho de 2024, o épico filme de desastre retorna às telonas com um passeio eletrizante, emocionante e cheio de adrenalina que coloca você em contato direto com uma das forças mais maravilhosas – e destrutivas – da natureza. Os produtores das séries de filmes “Jurassic”, “Bourne” e “Indiana Jones” apresentam Twisters, o mais recente capítulo, todo atualizado, do blockbuster de 1996, “Twister”. Dirigido por Lee Isaac Chung, roteirista e diretor indicado ao Oscar por “Minari: Em Busca da Felicidade”, Twisters é estrelado pela atriz indicada ao Globo de Ouro, Daisy Edgar-Jones (“Um Lugar Bem Longe Daqui”, série “Normal People”), e Glen Powell (“Todos Menos Você”, “Top Gun: Maverick”), como forças opostas que se unem para tentar prever e, talvez, domar o imenso poder dos tornados.

Daisy Edgar-Jones interpreta Kate Carter, ex-caçadora de tempestades traumatizada por um encontro devastador com um tornado durante seus anos de faculdade, que agora pesquisa padrões de tempestades pelo computador, em segurança, na cidade de Nova York. Ela volta às planícies abertas pelas mãos de seu amigo Javi para testar um sistema de rastreamento inovador. Lá, encontra Tyler Owens (Glenn Powell), charmoso e imprudente astro das redes sociais, cada vez mais popular com os posts de suas aventuras de caçada às tempestades ao lado de sua tripulação barulhenta - quanto mais perigoso, melhor.

Quando a temporada de tempestades fica mais intensa, acaba desencadeando fenômenos aterrorizantes nunca vistos antes, e Kate, Tyler e suas equipes concorrentes entre si vão de encontro à maior luta de suas vidas, já que estão exatamente no corredor central da passagem de múltiplas tempestades por Oklahoma.

Twisters também é estrelado pelo ator indicado ao Globo de Ouro, Anthony Ramos (“Em um Bairro de Nova York”), como Javi; Brandon Perea (“Não! Não Olhe!”); a vencedora do Globo de Ouro Maura Tierney (“Querido Menino”) e Sasha Lane (“Docinho da América”), ao lado de David Corenswet (o inédito “Superman: Legacy”), Daryl McCormack (série “Peaky Blinders”); Kiernan Shipka (série “O Mundo Sombrio de Sabrina”), e Nik Dodani (série “Atypical”).

Lee Isaac Chung dirige Twisters, com roteiro de Mark L. Smith, de “O Regresso”, indicado ao Oscar de Melhor Filme, e argumento de Joseph Kosinski (“Oblivion”), baseados nos personagens criados por Michael Crichton e Anne-Marie Martin. Os indicados ao Oscar Frank Marshall (franquias “Jurassic” e “Indiana Jones”) e Patrick Crowley (franquias “Jurassic” e “Bourne”) são os produtores do filme, com produção executiva de Steven Spielberg, Thomas Hayslip e Ashley Jay Sandberg.

A equipe de produção criativa de Twisters inclui o diretor de fotografia Dan Mindel (“Missão: Impossível 3”, “Star Trek”, “Star Wars: O Despertar da Força”); o designer de produção Patrick Sullivan (“Brightburn - Filho das Trevas”, diretor de arte de “Twister”); a editora Terilyn A. Shropshire (“A Mulher Rei”); a figurinista Eunice Jera Lee (“Clube da Luta para Meninas”, “How to Blow Up a Pipeline”); e o compositor Benjamin Wallfisch (“Blade Runner 2049”, “The Flash”). Warner Bros. Pictures, Universal Pictures, e Amblin Entertainment apresentam Twisters, um filme de Lee Isaac Chung, distribuído internacionalmente pela Warner Bros Pictures.


Assista na Cineflix
Filmes de sucesso como "Twisters" são exibidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.

.: “O Filho da Geni” reflete sobre cultura do silêncio e violência infantil masculina


Espetáculo estreia em 2 de agosto na SP Escola de Teatro Rosevelt e continua a temporada, sem intervalo, no O Andar. Texto de Diego Lourenço, com direção de Matheus Lipari. De 2 de agosto a 27 de setembro. Foto: Thiago Santana

“Soube muito mais tarde que o que fazíamos era malcriação. Para nós, não tinha nome. A coisa mesmo era feita de palavras não-ditas. Ele me oferecia um brinquedo que eu queria e desenhava no chão o que eu tinha de fazer se eu quisesse.” Essas são frases de “O Filho da Geni”, monólogo encenado pelo ator Luiz Fernando Almeida, a partir do texto de Diego Lourenço, com direção de Lipari, estreia em 2 de agosto na SP Escola de Teatro, unidade Roosevelt, trazendo à luz  a temática da violência sexual contra meninos, propondo reflexão a um tema invisibilizado pela cultura do silêncio. 

O título do espetáculo faz referência à música “Geni e o Zepelim” de Chico Buarque, que pode ser lida como uma das múltiplas faces da desigualdade social e econômica sofrida por quem vive às margens da sociedade. O espetáculo assume a continuidade hereditária dessa desigualdade dando ênfase ao abuso sexual infantil.

Segundo o relatório anual -referente a 2019- do Disque 100, canal de denúncias mantido pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, somente 18% dos registros de violência sexual contra crianças e adolescentes brasileiros referiam-se a vítimas do sexo masculino. A subnotificação de abusos contra meninos  se torna ainda maior na adolescência. Enquanto 46% dos casos atinge vítimas do sexo feminino entre 12 e 17 anos, a proporção de garotos da mesma faixa etária que denunciam é de apenas 9%.

Escrito a partir de extensa pesquisa de estudos e entrevistas realizadas pelo ator e equipe com vítimas de abuso sexual infantil no Brasil e na Europa durante cerca de três anos,“O Filho da Geni” enfatiza, por um lado os mecanismos sociais que facilitam a violência sexual com sua perpetuação geracional nas camadas mais pobres da sociedade e, por outro, os processos pessoais pelos quais esses traumas são interiorizados, silenciados e como impactam na vida adulta das vítimas.

“Muitas das vítimas de abuso sexual infantil arrastam essa experiência ao longo de suas vidas como um fardo que não são capazes de descartar. Além disso, em muitos casos, o trauma afeta de maneira disfarçada: a pessoa não se sente bem, mas não consegue identificar o porquê”, diz Luiz. Na peça, o personagem central ao retornar ao Brasil depois de anos trabalhando em condição de subemprego pela Europa, se vê forçado a confrontar seu passado traumático. Com um tom ora inocente, ora cômico, o personagem navega obstinado pelas memórias perturbadoras de sua infância e adolescência para nos contar sua história sem reservas enquanto ganha consciência da dimensão dos abusos que sofreu, inadvertidamente perpetuou, e aprendeu a normalizar.

Para escrever "O Filho da Geni", que envolve entendimento profissional sobre o abuso infantil e seu impacto psicológico na vida infantil e adulta das vítimas, Diego cursou um segundo mestrado, dessa vez em Psicologia pela Arden University, em London. O mestrado, a ser concluído este ano, contribuiu para o embasamento teórico, levantamento de conhecimento científico atualizado sobre os temas centrais da peça e o desenvolvimento de uma pesquisa de campo robusta e ética para acessar o problema. O resultado é uma obra inteiramente baseada em fatos reais que visa refletir de forma anônima, artística e segura sobre as nuances e mecânicas do abuso infantil masculino.

“As mulheres estão emergindo progressiva e dolorosamente da cultura do silêncio pela qual esse tipo de abuso sexual está cercado. Mas as vítimas masculinas de abuso sexual na infância estão apenas começando a denunciar o que há muito tempo silenciaram. Nossa cultura não abre espaço para o homem como vítima. Aqueles que viveram essa situação sentem-se feminilizados, castrados, com vergonha e a sensação de terem deixado de pertencerem ao gênero masculino. A vergonha está relacionada com o sentimento de que não foram capazes de deter o abuso, ou seja, um sentimento de impotência frente à situação vivida”, complementa Luiz.

"O Filho da Geni" é a terceira obra teatral de Diego Lourenço e a segunda parceria com o ator Luiz Fernando Almeida. Sua última peça, Gotas de Codeína (2015) - um monólogo visceral tratando de questões de pertencimento, identidade de gênero e suicídio, encenado por Luiz Fernando - continua relevante e sendo apresentada.


Sinopse de "O Filho da Geni"
O personagem ao retornar ao Brasil depois de anos trabalhando em condição de subemprego pela Europa, se vê forçado a confrontar seu passado traumático. Com um  tom ora inocente, ora cômico, o personagem navega obstinado pelas memórias perturbadoras de sua infância e adolescência para nos contar sua história, sem reservas, enquanto ganha consciência da dimensão dos abusos que sofreu, inadvertidamente  perpetuou, e aprendeu a normalizar.


Idealização e atuação - Luiz Fernando Almeida
Formado pelo CPT de Antunes Filho, atua em teatro há 30 anos e trabalhou em montagens como : "Dama da Noite" de Caio Fernando Abreu, "Gotas de Codeína" de Diego Lourenço, "Capitães da Areia" de Jorge Amado, "Anjos de Augusto" de Luiz Fernando Almeida, "Caxuxa" de Ronaldo Ciambroni, "Negrinha" de Monteiro Lobato, "Rapunzelee" de Kadu Veríssimo, "O que terá Acontecido a Rosemary?"de Kadu Veríssimo, "Beckett in White" de Maurício Lencastre, "Navalha na Carne" de Plínio Marcos, "Quando as Máquinas Param" de Plínio Marcos entre outras. Integrou o elenco de Cias como: Teatro Mambembe de Repertorio, Cia Anonima de Teatro, Cia Pernilongos Insolentes Pintam de Humor a Tragédia.Foi indicado ao Prêmio Aplauso Brasil de Teatro 2014, na categoria Melhor Ator, com o espetáculo Dama da Noite. Premiado em diversos festivais e Mostras de Teatro, entre eles: :Festival Santista de Teatro, Prêmio Plínio Marcos de Teatro, Prêmio Nacional das Artes de Mogi das Cruzes .

Como produtor esteve à frente de eventos como Bazar Cafofo, Mercado Mundo Mix, Sansex - Mostra da Diversidade, Festival Santista de Teatro, Free Jazz Festival, Carlton Dance Festival, Skol Beats, Bavaria Vibe Festival, Combo Cultural, Curta Santos- Festival de Cinema de Santos, Verão Teatral (Santos), Teatro nas Bibliotecas, Itinerância Festival Mix Brasil da Diversidade (Santos) Casa de Criadores, Phytoervas Fashion entre outros. Foi membro do Conselho de Cultura de Santos no biênio 2013/2014 ocupando a cadeira do segmento de Produção Cultural. Como Arte Educador, ministrou oficinas em instituições como Oficinas Culturais do Estado de SP e Senac.

Colaborador de sites e publicações importantes como: Mix Brasil, Juicy Santos e Super Site como colunista. É autor dos livros “ Não Deixe a Ansiedade Destruir sua Vida” e “ Notícias do Subterrâneo” ambos disponíveis na Amazon e apresentador do podcast “Tá Passada?" disponível em todas as plataformas digitais.


Direção Lipari
Cofundador do Galpão Cultural - Parque Anilinas, e do Coletivo 302, ganhador do 33º Prêmio Shell na categoria Inovação, ambos sediados na cidade de Cubatão, atua como performer, designer de luz, produtor e diretor de arte em obras de diferentes linguagens. Foi presidente do Conselho Municipal de Política Cultural de Cubatão durante o biênio de 2020 e 2021. Atualmente em processo de formação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade São Judas Tadeu.

No campo das artes cênicas, em 2017 fez parte da criação técnica e visual do espetáculo “#República”, peça premiada pelo PROAC - primeiras obras, onde também atuou e desenvolveu sua pesquisa em light performance. Em 2019 desenvolve o projeto da peça Vila Parisi, uma obra em site-specific, contemplada pelo PROAC - montagens inéditas, junto ao coletivo 302 e a diretora convidada Eliana Monteiro do Teatro da Vertigem. Em 2020 coordenou o 17º FESTAC - Festival de Teatro de Cubatão. Em 2022 fez parte da programação do Mirada - Festival Ibero Americano de Artes Cênicas do Sesc com o espetáculo "Vila Parisi".

Em 2020 a convite do Sesc Santos, desenvolveu a direção de arte dos "Vídeo - Retratos: Vila Parisi", projeto com exibição permanente em todas as plataformas digitais da rede, sendo este convidado para ser exibido no Festival Internacional de Performance de Zacatecas, México. Em 2021 assinou a direção de arte do documentário “Vila Fabril: Território, História e Cultura" da Flair Produção Cultural em parceria com o Coletivo 302 pela Lei Aldir Blanc e do curta-doc Diário de Bordo Vila Fabril, para edição especial do Mirada 2021.


Dramaturgia – Diogo Lourenço
Diego é historiador e cientista social britano-brasileiro radicado em Londres. Sua pesquisa centra-se na investigação das forças sócio-históricas ligadas à desigualdade social. Para seu doutorado em Sociologia, na Humboldt University of Berlin, Diego pesquisa a desigualdade de classe em 8 países com vínculos coloniais ou imperiais (Brasil, Portugal, Espanha, México, Reino Unido, Estados Unidos, Índia e Alemanha). Mais precisamente, ele investiga como essa forma de desigualdade se manifesta através de práticas de bem-estar, saúde e espiritualidade como o yoga e a meditação. Seu trabalho acadêmico tem sido publicado na França e no Reino Unido, sendo a sua contribuição mais recente um capítulo para o livro Gurus and Media: Sound, Image, Machine, Text and Digital a ser publicado este ano pela UCL, University College London (Livro editado por J. Copeman, A. Longkumar and K. Duggal).

Em Londres, Diego participa de diversas oficinas e eventos voltados a produção teatral, sendo os mais recentes a oficina anual British Theatre 2022 organizada por Matt Wolf no Victoria & Albert Museum voltada a análise crítica dos textos das melhores produções teatrais do Reino Unido em 2022 (2/10/22 a 20/11/22) e palestras Sustainability in Theatre and Representation in Theatre na mesma instituição (22 e 23/04/23).


Ficha técnica
Monólogo "O Filho da Geni" @ofilhodageni
Idealização e atuação: Luiz Fernando Almeida @oluizfernandoalmeida
Encenação: Lipari @liipari
Dramaturgia Diego Lourenço
Trilha original: Marcos Ozi @marcozi.stos
Design de Luz: Juliana Sousa @julianasouza.cultura
Iluminadora: Marina Gatti @marinagatti_
Figurino: Mário Francisco @dermetropol
Direção de Arte: Lipari @liipari
Inflável: Aloha e Ruan @inflapower
Adereços : Mauro Fecco @maurofecco
Preparação corporal : Eleonora Artysenk @eleonoraartysenk
Produção executiva: Luiz Fernando Almeida
Assistente de produção: Ricardo Werson @ricardo_werson_artista
Assessoria de comunicação: Adriana Monteiro/Oficio das Letras @adrianadrixmonteiro
Fotografia: Thiago Santana @thiagofotocubatao
Administração: Regina Aguillar @associacaodosartistassp
Transporte: Mayara Viagens
Costureira : Rose
Ingressos Sympla @sympla
Realização: PROAC e Cafofo Produções @cafofo.producoes
Parceria: Associação dos Artistas, Lab PROCOMUM, SP Escola de Teatro, Associação dos Amigos da Praça, Cultura SP, Governo do Estado de SP (Secretaria de Economia e Indústria Criativa).
Apoio: Apfel, Pizzaria 1900, Nutrisom, Planetas, Oficio das Letras Comunicação, Der
Metropol, Mayara Viagens
* Espetáculo contemplado pelo Edital PROAC-01/23- Montagem de Espetáculo Teatral Inédito no Estado de SP


Serviço
Monólogo "O Filho de Geni"
SP Escola de Teatro - Unidade Roosevelt (Praça Franklin Roosevelt, 210, Consolação)
De 2 de agosto a 1° de setembro - Sextas e sábados, às 20h30; Domingos, às 18h00
Ingressos: gratuitos
Somente pela internet: Sympla SP Escola de Teatro - www.sympla.com.br/produtor/spescoladeteatro
Lotação: 60 lugares
Duração: 60 minutos
Gênero: Monologo dramático
Classificação: 16 anos
SP Escola de Teatro - Residências Artísticas
Direção Executiva: Ivam Cabral
Curadoria e Coordenação de Extensão Cultural e Projetos Especiais: Miguel Arcanjo Prado
Assistentes de Extensão Cultural e Projetos Especiais: David Godoi, Rodrigo Barros e Solange Correia
Gerência de Produção: Ricardo Pettine


"O Filho da Geni" no Espaço O Andar
De 5 a 27 de setembro
R. Dr. Gabriel dos Santos, 30, 2º andar, Santa Cecília, São Paulo/SP - 01231010
Região
Centro / São Paulo
Capacidade
50 lugares pessoas
Bilheteria
Segunda a sexta-feira: uma hora antes do evento
Sábado: uma hora antes do evento
Domingo: uma hora antes do evento
Estacionamento - Rua Dr Gabriel dos Santos, 131
Cafeteria
Ar-condicionado
Acessibilidade
Telefone: (11) 3666-6138
E-mail: contato@oandar.com
Site: https://oandar.com/
Instagram: https://www.instagram.com/o.andar/

.: “Por Entre Espaços” estreia em São Paulo com apresentações gratuitas


Durante todo o mês, o espetáculo seguirá em circulação por outros três teatros da cidade: Arthur Azevedo, Paulo Eiró, e Kasulo Espaço de Arte. Foto: Paulo Cesar Lima


No mundo atual, onde a migração forçada ou voluntária atravessa fronteiras e culturas, o tema do exílio ganhou relevância para os quatro solistas unidos no projeto Dramaturgias Paralelas – Jussara Miller, Luciana Hoppe, Simone Mello e Marcos Sobrinho -, abordado a partir da experiência de vida e da relação com o solitário fazer artístico de cada um. “Por Entre Espaços” , trabalho que resulta da dramaturgia experimentada durante as vivências cênicas e pesquisas corporais entre Marcos Sobrinho e as performers Jussara Miller, Luciana Hoppe e Simone Mello, dentro do projeto Dramaturgias Paralelas, estreia no primeiro fim de semana de agosto (dias 2, 3 e 4 de agosto), no Teatro Alfredo Mesquita, em Santana, zona Norte da capital.

Durante todo o mês, o espetáculo seguirá em circulação por outros três teatros da cidade: Arthur Azevedo, na Mooca, Zona Leste (de 9 a 11 de agosto); Paulo Eiró, em Santo Amaro, Zona Sul (de 23 a 25 de agosto), e encerra temporada no Kasulo Espaço de Arte, na Barra Funda, região central (de 30 de agosto a 1° de setembro). As apresentações em todos os espaços têm entrada gratuita.

Com pensamentos diversos sobre o corpo e a cena, mas tendo em comum transitarem num território estético onde as artes visuais se instauram como gesto criativo predominante e as complexidades do ato da criação acontecem na solidão de um artista-solista, os quatro experenciaram um intenso processo de compartilhamento de suas práticas, que se deu num largo período nos laboratórios de investigação, nos vários workshops e na mostra Arrastão dos Solos, realizada na Oficina Cultural Oswald de Andrade e indicada ao prêmio APCA na categoria Programa/Memória.

A estrutura da performance teve a improvisação como base para a coleta de novos vocabulários corporais e se chegar à questão do exílio e seus desdobramentos - tema bastante discutido durante o processo -, não limitado às conotações existenciais e religiosas do termo, mas como um desafio à criatividade, trazendo rastros do que pode ser o exílio pra cada um, a partir de suas experiências pessoais e da relação com seu fazer artístico. 

Como inspiração natural, surgiu a obra do filósofo tcheco-brasileiro Vilem Flusser, que tem o exílio como um marco importante em sua vida. Nascido em 1920, na cidade de Praga, Flusser teve que deixar sua terra natal em função da Segunda Guerra Mundial e do avanço do regime nazista. Após passar por países da Europa, se estabeleceu no Brasil em 1941, onde encontrou um ambiente intelectualmente estimulante, influenciado pela cultura brasileira e latino-americana. 

“No território de experimentações cênicas, temos a percepção de que o exílio é uma condição humana, que traz consigo desafios, questionamentos e provocações. Portanto, trazer essas experiências de exílio, vividas em contextos e condições de existência diversas, nos serve para criarmos um campo de diálogo cênico, onde se faz ecoar e reverberar tanto os desconfortos e incômodos, quanto os arrebatamentos e fascínios, dentro e fora do processo de criação artística”, pondera Marcos Sobrinho, diretor do núcleo artístico que concebeu o projeto.   

Para a criação de “Por Entre Espaços”, Ana Cristina Colla atuou como provocadora;  Talita Vinagre responde pelas intervenções dramatúrgicas  e Valquíria Rosa pelas intervenções sonoras. A sonorização e a vídeo instalação são de Téo Ponciano, o desenho de luz é de Décio Filho e Warner Júnior assina o figurino. As apresentações integram projeto realizado com apoio da 34ª Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo - Secretaria Municipal de Cultura.

Núcleo de Dança e Performance Marcos Sobrinho
Marcos Sobrinho, cuja formação em dança passa por  por Maria Olenewa (RJ), pela Ècole de Danse du Marais (Paris-França), Folkwang Schule em Essen e Die Werkstatte Düsseldorf, ambas na Alemanha, e Zélia Monteiro, em São Paulo,  fundou o Núcleo de Dança e Performance que leva o seu nome, com a proposta de investigar o universo da dança em conjunto com as artes visuais, música e vídeo. Já foi contemplado pelo Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo, Prêmio Funarte Klauss Vianna, Programa de Ação Cultural – ProAC e Rumos – Itaú Cultural. Em seus 26 anos, o grupo vem trabalhando de forma sistemática no campo da dança e performance, estabelecendo conexões entre o fazer/pensar arte contemporânea. Nas  investigações cênicas tem sempre abordado as artes visuais como estratégia para as modulações estéticas.

Serviço
Estreia "Por Entre Espaços" – Núcleo Marcos Sobrinho
Com Marcos Sobrinho, Jussara Miller, Luciana Hoppe e Simone Mello
Duração: 40 minutos
Classificação Indicativa: 14 anos
@dramaturgiasparalelas e @dionisioproducao

De 2 a 4 de agosto (sexta e sábado, às 21h00, domingo, às 19h00)
Teatro Alfredo Mesquita
Av. Santos Dumont, 1770 - Santana / São Paulo
Ingresso: gratuito - presencial
Acessibilidade: sim

De 9 a 11 de agosto (sexta e sábado, às 21h00, domingo, às 19h00)
Teatro Arthur Azevedo
Av. Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca / São Paulo
Ingresso: gratuito - presencial
Acessibilidade: sim


De 23 a 25 de agosto (sexta e sábado, às 21h00, domingo, às 19h00)
Teatro Paulo Eiró
Av. Adolfo Pinheiro, 765 - Santo Amaro / São Paulo
Ingresso: gratuito - presencial
Acessibilidade: sim


Dias 30 e 31 de agosto e 1° de setembro  (sexta e sábado, às 20h00; domingo, às 19h00)
Kasulo Espaço de Arte
R. Sousa Lima, 300 - Barra Funda / São Paulo
Ingresso: gratuito - presencial
Acessibilidade: não

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