terça-feira, 2 de julho de 2024

.: Espetáculo de Jon Fosse, “Mãe e Filho” ganha primeira montagem no Brasil


Texto de Jon Fosse, ganhador do Nobel de 2023, “Mãe e Filho” ganha primeira montagem no Brasil. Estreia em São Paulo, neste sábado, dia 6 de julho, no Sesc Ipiranga. Com Vera Zimmermann e Tiago Martelli, espetáculo é uma intensa jornada de dois sujeitos tentando se conectar. Como estranhos em um primeiro encontro, eles perseguem um ao outro, confrontados com uma história compartilhada que não podem ignorar. Foto: João Pacca

 

"Não escrevo sobre personagens no sentido tradicional da palavra. Escrevo sobre a humanidade", declarou Jon Fosse ao jornal francês Le Monde em 2003. “Mãe e Filho” estreia no Sesc Ipiranga no sábado, dia 6 de julho, e é uma jornada de dois sujeitos tentando se conectar. Estranhos unidos por um acidente de nascimento décadas atrás, ela (Vera Zimmermann) reacendendo a memória, ele (Tiago Martelli) se perguntando se o melhor seria não ter nascido, ambos os personagens tentam se reconhecer após anos de hiato e tendo a maternidade como único elo que os conecta. A tradução do norueguês é de Guilherme da Silva Braga, e a direção, de Lavínia Pannunzio e Carlos Gradim.

Projeto concebido originariamente pelo ator Tiago Martelli, que interpreta o filho, a montagem se tornou possível com a formação dos núcleos criativo e técnico coordenados pela Mosaico Produções e com a realização do Sesc. Para os diretores, Lavinia Pannunzio e Carlos Gradim em uma sociedade patriarcal e capitalista, há a insistência em perceber o corpo da mulher a partir do conceito de transmissão de autoridade e herança paternas. E faz isso enquanto subordina às mulheres à servidão doméstica, como se esta fosse a vocação delas. O texto fala sobre isso. “Fosse nos mostra uma família em que todos e cada um são vistos apenas em seus papéis, sociais e de gênero. Um lugar em que o afeto precisa sempre ser (re)construído. O absurdo toma forma, e o que se tem, então, são dois estranhos unidos por uma gestação e um nascimento. Desesperadamente, nada além disso", acrescenta Gradim.

Em "Mãe e Filho", Jon Fosse consegue fazer com que o que é próximo se torne estranho e o que é estranho se torne próximo. Com um estilo poético de prosa bastante peculiar, a narrativa ganha uma simplicidade acentuadamente musical e rítmica em que o silêncio ocupa o lugar do que não é dito. A montagem opta cenicamente pelo minimalismo da escrita de Fosse priorizando elementos que remetam subjetivamente a determinadas fases ou lugares marcantes da história das personagens.
 
Chamado popularmente de "o novo Ibsen", os personagens de Fosse não falam muito. As frases se repetem e permanecem em suspense. Os silêncios são fundamentais e demonstram que, mesmo juntas, as pessoas continuam sozinhas. Seu estilo descrito como minimalista apresenta “situações cotidianas que são instantaneamente reconhecíveis em nossas próprias vidas”, afirma o comitê do prêmio Nobel, Anders Olsson.

Fosse ficou conhecido por uma obra que aborda, de maneira profunda e sensível, questões que estão no cerne da existência humana, como as ansiedades e as inseguranças que perpassam a vida e a morte. “Há uma certa universalidade em tudo que ele escreve e, por conta disso, consegue atingir a totalidade da essência humana. Não importa se é uma peça, uma poesia ou uma prosa, suas obras têm o mesmo tipo de apelo para o que nos faz humanos”, completou Olsson.


Ficha técnica
Espetáculo "Mãe e Filho"
Texto: Jon Fosse
Tradução do norueguês: Guilherme da Silva Braga
Direção: Lavínia Pannunzio e Carlos Gradim
Elenco: Vera Zimmermann e Tiago Martelli
Cenografia: Bia Junqueira
Assistente de cenografia: Millena Cabral
Desenho de luz: Aline Santini
Assistente de iluminação: Sibila
Assistente de iluminação: Paloma Dantas
Figurino: Manauara Clandestina
Assistente de figurino: Fëdra
Trilha sonora original: Rafael Thomazini
Design de som: Rafael Thomazini
Preparação corporal: Fabrício Licursi
Cenotécnica: Katiana Aleixo
Diretora de palco: Millena Cabral
Contrarregra: Uriel Machado Barbosa
Fotografia, design e vídeo: João Pacca - OPACCA
Identidade visual: Tiago Martelli e João Pacca
Operadora de luz: Paloma Dantas
Operador de Som: Rafael Thomazini e Vinicius Scorza
Filmagem: Libre Audiovisual
Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro - Ofício das Letras
Assessoria contábil: Tuty e Lyla
Assessoria jurídica: Thiago Oliveira
Idealização: Tiago Martelli
Direção de produção: Cicero de Andrade - Mosaico Produções
Produção executiva: Gabriela Morato

 
Serviço
Espetáculo "Mãe e Filho"
Texto de Jon Fosse, com Vera Zimmermann e Tiago Martelli
De 6 de julho a 11 de agosto, às sextas-feiras e sábados, às 20h00, domingos e feriado (dia 9 de julho, às 18h00.
Classificação: 12 anos. Duração: 60 minutos
Dia 2 de agosto, sexta-feira, às 20h00, sessão com intérprete de Libras
Ingressos: disponíveis no portal ou pessoalmente nas unidades do Sesc São Paulo. Valores: R$50,00 (inteira), R$25,00 (estudante, servidor de escola pública, idosos, aposentados e pessoas com deficiência), R$15,00 (credencial plena).
Sesc Ipiranga - Rua Bom Pastor, 822 – Ipiranga / São Paulo | (11) 3340-2000



.: Clara Carvalho dirige "Hedda Gabler", que traz a modernidade de Ibsen


A tragicomédia "Hedda Gabler" foi escrita em 1890 e traz uma das personagens femininas mais enigmáticas e desconcertantes do autor. Hedda encarna o profundo mal-estar existencial da mulher do final do século XIX e de sua busca por um lugar dentro da opressiva sociedade patriarcal. A montagem contará com trilha sonora ao vivo de Greg Slivar e é a terceira incursão de Clara Carvalho em Ibsen pelos palcos, a primeira como diretora. Foto: Ronaldo Gutierrez


O dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906) foi criador de uma galeria marcante de personagens femininas que exprimiam o profundo mal-estar e a opressão das mulheres na sociedade de seu tempo. "Hedda Gabler" absorve toda essa atmosfera e e fica em cartaz até dia 25 de agosto no Auditório do MASP. A montagem é idealizada pela pesquisadora Rosalie Rahal Haddad e realizada pelo Círculo de Atores e SM Arte Cultura.

A tradução e direção é de Clara Carvalho, que ganhou o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) por seu trabalho em 2023 como atriz, tradutora e diretora no teatro. O elenco é formado por Karen Coelho, Guilherme Gorski, Carlos de Niggro, Chris Couto, Nábia Villela, Mariana Leme e Sergio Mastropasqua. A tragicomédia foi escrita em 1890 e conta a história da enigmática, voluntariosa e fascinante Hedda Gabler, que na volta de sua lua-de-mel, descobre que não vai suportar viver o que considera uma vida medíocre junto a seu marido, Jorge Tesman.

De acordo com Clara, a personagem interpretada por Karen Coelho não consegue descobrir sua vocação e não exerce uma profissão que lhe dê alguma autonomia econômica.  Dotada de um sarcasmo impiedoso, ela tenta desastradamente manipular o jogo patriarcal, mas diante de uma vida sem nenhum prazer, se vê encurralada. “Filha única de um militar que lhe deixou de herança apenas um piano, um quadro, duas pistolas e a arrogância, Hedda casa-se sem amor com um homem que não admira e cria para si mesma uma armadilha sem saída. Ela é convencional demais para bater a porta e sair do casamento (como Nora, de "Casa de Bonecas") ou aceitar o triângulo amoroso proposto pelo Juiz Brack, por considerar o adultério uma condição vulgar; mas também é inquieta: rejeita sua gravidez e não suporta a vida conjugal com um homem que considera medíocre”, ressalta.

A peça se passa em Cristiânia (atualmente Oslo, capital da Noruega) no final do século 19, todavia ganha contornos contemporâneos por meio de cenário de Chris Aizner e figurinos de Marichilene Artisevskis. A cenografia conta com um ambiente despojado com a fachada de uma casa burguesa da época, cercada por um jardim. Todos os atores ficam em cena com poucos elementos cênicos. A trilha sonora, de Gregory Slivar, é executada ao vivo com instrumentos como piano, teclado, violoncelo, entre outros. Inclusive, a atriz Nábia Villela utiliza o canto em cena. Para a tradução, foram utilizadas uma versão em inglês de William Archer, e uma em francês do Conde Prozor. E algumas notas e dúvidas da dramaturgia também foram pesquisadas no norueguês.

O projeto dá sequência às montagens de "A Profissão da Sra. Warren" (2018) e de "O Dilema do Médico" (2023), ambas de Bernard Shaw, dramaturgo irlandês que foi quem, juntamente com o dramaturgo e crítico William Archer, publicou e introduziu a obra de Ibsen na Inglaterra. Rosalie Rahal Haddad, Clara Carvalho, Círculo de Atores e SM Arte Cultura mantém a parceria que foi frutífera nas produções anteriores.  Nestes espetáculos, uma das constantes foi a presença de figuras femininas marcantes, característica também presente no texto do dramaturgo norueguês.

Ibsen, modernidade e as figuras femininas
Essa é a terceira incursão de Clara Carvalho em Ibsen pelos palcos, a primeira como diretora. Suas experiências anteriores foram como atriz em "Espectros" (2011) com direção de Francisco Medeiros; e "Um Inimigo do Povo" (2022), de José Fernando Peixoto de Azevedo.

“Ibsen foi o fundador do drama moderno. Foi ele quem estabeleceu a peça realista em prosa e fez do teatro um fórum de debates de assuntos polêmicos como a condição da mulher na sociedade, a corrupção, reformas políticas e a eutanásia. Ele expandiu os limites da “peça bem-feita” da tradição francesa, rompeu com clichês do melodrama e das tramas de simples entretenimento. Ele se dizia mais um arquiteto do que um dramaturgo, porque suas peças apresentavam e explodiam a casa burguesa da segunda metade do século 19; seus títulos recorrentemente remetiam a construções: Os Pilares da Sociedade, Casa de Bonecas, Solness, o Construtor, Rosmersholm, apresentam construções aparentemente sólidas que vão sendo, ato a ato, demolidas”, enfatiza a diretora.

Hedda Gabler é uma das personagens emblemáticas do autor. Figuras como Nora Helmer ("Casa de Bonecas"), Rebeca West ("Rosmersholm"), Hilda Wangel ("Solness, o Construtor"), Ellida Wangel ("A Dama do Mar") e Thea Elvsted ("Hedda Gabler"), por exemplo, têm a coragem de romper amarras. Mas, dentre todas elas, Hedda Gabler talvez seja a mais enigmática e desconcertante.

“A Hedda está emparedada e encarna a profunda solidão feminina. Ela é uma mistura de Iago, personagem de Otelo de Shakespeare, na maldade e manipulação; e de Cleópatra, pois ela ama a beleza e o espetáculo, ela não quer a vida medíocre. O próprio Sigmund Freud, que era um profundo admirador de Ibsen, se inspirou em algumas das personagens femininas do dramaturgo que mergulhou no inconsciente feminino, para escrever estudos sobre o desejo e a frustração.  Aquela Noruega provinciana foi um dos primeiros países a adotar o sufrágio feminino, em 1913, e vai se tornar um local pioneiro em conquistas sociais. Ibsen estava dialogando com todo esse universo”, finaliza Clara.


Ficha técnica
Texto: Henrik Ibsen. Produção: Rosalie Rahal Haddad. Tradução e Direção: Clara Carvalho. Assistentes de direção: Mariana Muniz e Thiago Ledier. Elenco: Karen Coelho, Guilherme Gorski, Carlos de Niggro, Chris Couto, Nábia Villela, Mariana Leme e Sergio Mastropasqua. Trilha Original e Música ao Vivo: Gregory Slivar. Cenários: Chris Aizner. Figurinos: Marichilene Artisevskis. Costureira: Judite Lima. Cenotecnia: Alicio Silva. Produção De Objetos: Jorge Luiz Alves. Luz: Nicolas Caratori. Operação de Luz: Luisa Silva. Preparação Vocal: Babaya Morais. Direção Técnica e Operação de Som: Valdilho Oliveira. Fotografia: Ronaldo Gutierrez. Visagismo: Marcos Padilha. Maquiagem: Ale Toledo. Design Gráfico: Rafael Oliveira. Registro e edição da montagem: Ícarus Filmes. Produção: SM Arte e Cultura. Direção de Produção: Selene Marinho. Coordenação de Produção: Sergio Mastropasqua. Produção Executiva: André Roman/Teatro de Jardim. Direção de Palco: Henrique Pina. Contrarregra: André di Peroli. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Gerenciamento de Mídias Sociais: Sergio Mastropasqua, Selene Marinho e Luisa Silva. Realização: Círculo de Atores.

Serviço
Espetáculo "Hedda Gabler"
Estreia 28 de junho, sexta-feira, às 20h, no Auditório do MASP.
Temporada: até dia 25 de agosto. Sextas e sábados, às 20h00, e domingos, às 18h00.
Classificação: 14 anos. Duração: 110 minutos.
Ingressos: R$ 80,00 (inteira) R$ 40,00 (meia)
Bilheteria Masp: https://masp.byinti.com/#/event/hedda-gabler
Auditório do MASP
Av. Paulista, 1578
Capacidade: 344 lugares



.: Grátis: "Copo Vazio", do livro de Natalia Timerman, em nova temporada


Após uma temporada com ingressos esgotados no Sesc Belenzinho, peça reestreia no TUSP Maria Antonia, com ingressos gratuitos. Idealizada pela atriz Carolina Haddad, com direção de Bruno Perillo, "Copo Vazio" retrata a história de Mirela e Pedro, que viveram um intenso relacionamento até um deles sumir de maneira repentina. Foto: Ligia Jardim
 


O espetáculo "Copo Vazio", com direção de Bruno Perillo, fez sua estreia há pouco mais de um mês, no Sesc Belenzinho, com ingressos esgotados antes do fim da temporada. A peça é a primeira adaptação do livro de Natalia Timerman, muito reverberado na literatura, feita pela dramaturga Angela Ribeiro, e reflete sobre a necessidade de se desenvolver a responsabilidade afetiva. A peça teatral inicia uma nova temporada, gratuita, no TUSP Maria Antonia, em São Paulo, entre os dias 5 e 21 de julho, com sessões às sextas e sábados, às 20h00 e, aos domingos, às 18h00.

Com idealização de Carolina Haddad, que divide o palco com Vinicius Neri, o espetáculo tenta reconstruir a trajetória de Mirela e Pedro, personagens do romance que viveram um intenso relacionamento por três meses até que Pedro decide sumir de maneira repentina.  A psiquiatra e escritora brasileira Natalia Timerman lançou o livro "Copo Vazio" pela editora Todavia em 2021, um romance dedicado a falar sobre uma experiência de abandono por uma perspectiva contemporânea. Criada a partir de sua própria experiência com um ghosting (termo atualmente usado para designar o desaparecimento voluntário e repentino de alguém em um relacionamento amoroso, sem quaisquer explicações ou aviso), a obra é uma ficção.

A narrativa explora o ponto de vista de Mirela, uma mulher inteligente e bem-sucedida que acaba submergida em afetos perturbadores quando se apaixona por Pedro, que a abandona. “Pedro desaparece de sua vida sem nenhum motivo aparente e Mirela precisa lidar com esse sentimento que é pior do que uma simples rejeição. Vemos uma mulher angustiada, buscando nas suas memórias algum sinal de que ela cometeu algum erro durante a relação. A vida dela vai acontecendo e ela está sempre às voltas com esse fantasma”, conta Carolina.

Como já ocorreu em outros trabalhos (...), a direção de Bruno Perillo é delicada e elegante, qualidades estas que caracterizam o seu estilo de trabalho. Mesmo ao tratar de um assunto espinhoso que é a desilusão/depressão/revolta de Mirela com o desaparecimento abrupto de Pedro, Bruno o faz com delicadeza e sem nenhum arroubo melodramático, para isso conta com a excelente interpretação de Carolina Haddad. Outra demonstração dessa elegância está na forma bonita e poética como o encenador apresenta a cena de relação sexual entre os personagens. Crítica de José Cetra no Palco Paulistano

Enquanto o livro está focado na vulnerabilidade da protagonista, na peça, os atores vão tentando recriar essa história, levantando questionamentos sobre os personagens do livro. Dessa forma, a peça convoca a uma discussão coletiva sobre a superficialidade dos relacionamentos contemporâneos. O trabalho suscita uma série de questionamentos, entre eles: será que o medo de sofrer está impedindo as pessoas de apostarem no amor? Ou o fato de o ser humano estar, de uma certa forma, refém do mundo virtual, está deixando-o ainda mais solitário? Fato é que a peça não se propõe a trazer respostas exatas, já que amar é se colocar em risco e não simplesmente uma teoria.

“Nosso foco é mostrar para as pessoas que ter responsabilidade afetiva é o básico para qualquer relacionamento. Somos seres dotados de sentimentos e não podemos perder a empatia. Afinal, as pessoas podem estar lidando com situações que nem imaginamos e simplesmente sumir da vida de alguém, como acontece na história, pode disparar gatilhos bem ruins”, defende Carolina. Compre o livro "Copo Vazio", de Natalia Timerman, neste link.

Sobre a encenação
Do ponto de vista narrativo, a peça é estruturada sem uma ordem cronológica, assim como no romance. Presente, passado e futuro se misturam a todo o momento, conduzindo a plateia a um labirinto de sensações vertiginosas, como se Mirela de fato tivesse sido lançada num abismo. Para dar conta de toda essa complexidade, os intérpretes Carolina Haddad e Vinícius Neri alternam-se em momentos em que são atriz e ator discutindo sobre os personagens, e em que são os personagens vivendo a história. E, algumas vezes, seus corpos estão em um tempo e suas vozes em outro. 

O espetáculo é metalinguístico e faz uso de recursos como vídeo-projeções mapeadas, trilha sonora, canto, dança, elementos cenográficos e iluminação para multiplicar os planos de percepção do público. “Quisemos transportar o tom da prosa poética  da narrativa original para os palcos”, diz Perillo. Garanta o seu exemplar de "Copo Vazio", escrito por Natalia Timerman, neste link.

Sinopse de "Copo Vazio"
A partir da obra homônima de Natalia Timerman, a peça "Copo Vazio" coloca em cena uma atriz e um ator ensaiando e refletindo sobre seus personagens, Mirela e Pedro. O tema que perpassa a obra é a responsabilidade afetiva nos relacionamentos contemporâneos, pois Pedro desaparece da vida da Mirela após três meses de intenso relacionamento, num fenômeno caracterizado nos dias atuais como "ghosting".

Ficha técnica
Espetáculo "Copo Vazio"
Dramaturgia: Angela Ribeiro (livremente inspirada no livro Copo Vazio da autora Natalia Timerman, Ed. Todavia)
Elenco: Carolina Haddad e Vinicius Neri
Direção: Bruno Perillo
Direção de movimento: Marina Caron
Cenografia: Chris Aizner
Cenotecnia: Casa Malagueta
Desenho de luz: Gabriele Souza
Operação de luz: Letícia Rocha
Trilha sonora: Pedro Semeghini
Operação de som: Eder Sousa
Direção de imagem e videomapping: André Grynwask e Pri Argoud (Um Cafofo)
Operação de vídeo: Rodrigo Chueri
Figurinista: Anne Cerutti
Assistente de Figurino: Luiza Spolti
Fotos: Bruna Massarelli, Lígia Jardim, Kim Leekyung
Redes sociais: Madu Arakaki, Livia Joia, Gabriela de Sá
Design gráfico: Angela Ribeiro
Produção: CM Haddad Produções e Corpo Rastreado – Letícia Alves
Assistência de produção: Madu Arakaki
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques, Flávia Fontes e Daniele Valério
Idealização: Carolina Haddad


Serviço
Espetáculo "Copo Vazio"
Tusp Maria Antonia - R. Maria Antônia, 294 - Vila Buarque / São Paulo
De 5 a 21 de julho de 2024
Sextas e sábados, às 20h00; e, aos domingos, às 18h00
Sessão com Libras: domingo 14 de julho, às 18h00
Classificação etária: 16 anos Duração: 80 minutos

segunda-feira, 1 de julho de 2024

.: Peça "Arcano 17 - Os Surrealistas e a Guerra" estreia no Teatro Sérgio Cardoso


Na peça, um ator, Ariel Borghi, interpreta dois poetas: Guillaume Apollinaire e André Breton. Através de sua vida e de seus poemas, os dois poetas surrealistas manifestam sua posição diante da guerra. Foto: Luciano Alves
 

Dia 5 de julho, sexta-feira, entra em cartaz o espetáculo "Arcano 17 - Os Surrealistas e a Guerra" no Teatro Sérgio Cardoso. A peça é um monólogo, com Ariel Borghi que interpreta os poetas Guillaume Apollinaire e André Breton. O texto e a encenação são assinados por Esther Góes e pelo próprio Ariel Borghi. Em junho, as apresentações são gratuitas e acontecem nos CEUs da Zona Leste e em julho, no Teatro Sérgio Cardoso, com ingressos a R$ 40 e meia-entrada. A peça foi contemplada pela 41ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo e tem a realização da Cia. Ensaio Geral e da Rede de Teatros e Produtores Independentes.

Na peça, um ator, Ariel Borghi, interpreta dois poetas: Guillaume Apollinaire e André Breton. Através de sua vida e de seus poemas, os dois poetas surrealistas manifestam sua posição diante da guerra. "A Carta do Tarô Arcano 17", trazida à cena por Breton, simboliza e propõe a renovação da vida humana. No confinamento a que nos reduziu a pandemia, a poesia retornou ao nosso ambiente de vida e de trabalho. 

Ariel, que sempre trouxe consigo os poetas, sobretudo os surrealistas, tais como Rimbaud, Mallarmé, Lautréamont, Apollinaire e Breton, voltou a citá-los no contexto do vazio e da incerteza que a pandemia trouxe ao mundo. E começamos, por iniciativa dele, a leitura dos poemas Caligramas de Apollinaire, e do Arcano 17 de Breton. À pandemia seguiu-se não a esperada pacificação e solidariedade que esperávamos, mas a onda de beligerância que transformou em ambiente de conflito e guerras surpreendentes as relações das nações e dos seres humanos.

A gratuidade de tais acontecimentos, levando à guerra questões passíveis de soluções melhores, assemelhava-se ao momento vivido pelos poetas criadores do Surrealismo, na I Guerra Apollinaire, e Breton na I e II Guerras. Caligramas são na verdade diários da I Guerra, escritos por um Guillaume Apollinaire combatente, na linha de frente, e o Arcano 17 é o poema em prosa em que André Breton, auto exilado no Canadá, em 1944, refuga todas as razões que motivaram a carnificina das duas guerras mundiais.

Claramente o Surrealismo tenta resgatar o ser humano da obrigação da morte sem razão, a serviço de interesses ou para se defender deles. A carta do Renascimento Arcano 17 é uma carta de recomeço, de aprofundar-se na possibilidade que existe dentro de nós de outra construção mais bela e inteligente para a vida.

Assim nasceu o espetáculo "Arcano 17 - Os Surrealistas e a Guerra"
Em cena os dois poetas, vividos por um ator. Ambos se conheceram em vida, Breton sendo admirador e seguidor de Apollinaire nos primeiros passos da grande liberdade intelectual deste. Guillaume Apollinaire (1880-1918) lutou na I Guerra, como dever patriótico à sua amada França. André Breton (1896-1966) criticou a guerra desde sempre, e escreveu contra ela tudo que pôde.

A peça descreve esses movimentos dos poetas, Apollinaire vivendo em cena, através de seus poemas, o que ocorreu em sua vida. Breton observando em contraponto o desenrolar da história de Apollinaire, de um outro lugar e tempo, em que as ilusões sobre qualquer legitimidade da guerra tinham sido há muito superadas. Esse encontro dos dois poetas é ficcional, criado pelos autores Ariel Borghi e Esther Góes, para sintetizar o olhar dos poetas surrealistas sobre a guerra, e a ação poética a que se dedicaram em prol da felicidade humana.

Ficha técnica
Texto e encenação: Ariel Borghi e Esther Góes
Autores citados: Guillaume Apollinaire e André Breton
Poetas: Ariel Borghi
Direção artística: Esther Góes
Criação visual e iluminação: Nadia Hinz
Direção de arte e figurino: Carolina Casarin
Trilha sonora: Sérvulo Augusto
Visagismo: Kene Heuser
Assistência e contrarregragem: Beatriz Alves
Direção técnica e cenotecnia: José Alves da Silva
Coordenação geral de produção – Cia Ensaio Geral
Produção executiva: Tiago Barizon e Isadora Petrin (PiTô Produções)
Assessoria de coordenação: Daniel Gomes Gouveia
Assessoria de imprensa: Miriam Bemelmans
Fotografia e design gráfico: Luciano Alves
Realização: Cia Ensaio Geral e Rede de Teatros e Produtores Independentes

 
Serviço
"Arcano 17 - Os Surrealistas e a Guerra"
De 5 a 28 de julho
Sextas-feiras e sábados, às 19h00. Domingos, às 18h00.
Teatro Sérgio Cardoso - Sala Paschoal Carlos Magno - Ingressos a R$ 40,00 e meia entrada
R. Rui Barbosa, 153 - Bela Vista, Centro, São Paulo - SP, 01326-010
Bilheteria (11) 3288.0136
Classificação indicativa – 14 anos
Capacidade da sala: 143 lugares + 6 espaços de cadeirantes

.: "La Vie en Close", livro cultuado de Paulo Leminski, ganha edição avulsa


A Companhia das Letras acaba de lançar a edição avulsa de "La Vie en Close" um dos livros mais cultuados do poeta Paulo Leminski. Com a língua afiada e uma surpreendente habilidade de brincar com as palavras, criando rimas inesperadas e subvertendo clichês e ideias fixas, este livro é um elogio ao movimento e à mudança. O resultado é uma obra meditativa, que dialoga com as experimentações da poesia concreta, a coloquialidade da geração marginal e a filosofia da cultura oriental. A capa foi elaborada por Elisa von Randow.

"Completa a obra/ o vento sopra/ e o tempo sobra". Publicado originalmente em 1991, dois anos depois da morte de Paulo Leminski, "La Cie en Close" foi organizado em uma tarde de setembro de 1988 pelo autor e pela poeta Alice Ruiz S. Com a língua afiada e uma surpreendente habilidade de brincar com as palavras, criando rimas inesperadas e subvertendo clichês e ideias fixas, este livro é um elogio ao movimento e à mudança: "alguém parado/ é sempre suspeito/ de trazer como eu trago/ um susto preso no peito". E conclui: "parar dá azar".

O resultado é uma obra meditativa, que dialoga com as experimentações da poesia concreta, a coloquialidade da geração marginal e a filosofia da cultura oriental. Ao jogar luz sobre a vida, suas revelações e suas descobertas - mas também suas dores e sua finitude -, o poeta curitibano traz a inteligência, o humor, a erudição e a sagacidade que se firmaram como suas marcas registradas: "vida que me venta/ sina que me brisa/ só te inventa/ quem te precisa". Compre o livro de poemas "La Vie en Close", de Paulo Leminski, neste link. 


Sobre o autor
Paulo Leminski 
nasceu em Curitiba. Foi poeta, romancista, tradutor, compositor, biógrafo e ensaísta - além de faixa preta de judô. É autor de "Caprichos e Relaxos" e "Catatau", entre outros. Teve composições gravadas por artistas como Caetano Veloso, Ney Matogrosso, Arnaldo Antunes e Itamar Assumpção. Em 2013, a Companhia das Letras publicou "Toda Poesia", uma reunião de sua obra poética completa. Garanta o seu exemplar de "La Vie en Close", escrito por Paulo Leminski, neste link.

.: Santa Teresa ganha mural artístico em homenagem a Machado de Assis


O artista visual Raimundo Rodriguez coordenou o trabalho no muro da Escola Municipal Machado de Assis

Um dos nomes mais importantes da literatura brasileira, o escritor Machado de Assis acaba de ganhar uma homenagem. A frase “Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução”, do conto “Primas de Sapucaia!”, de 1883, aparece transcrita acima das nove imagens coloridas do escritor no mural artístico da Escola Municipal Machado de Assis, fundada no bairro de Santa Teresa em 1934. 

Idealizado e dirigido pelo artista plástico Raimundo Rodriguez, o mural com mais de 21 metros de comprimento e quase 5 de altura, uma pra cada década da escola, contou com a participação dos artistas Luisa Gomes Cardoso, Natália Lima, Omarcca, Rodrigo Sini, e dos pesquisadores Carla Lemos e Thales Monnerat.“A possibilidade de observar a realidade através de intervenções artísticas transforma o lugar e o sentido habitual das coisas, renovando significados na partilha de sensibilidades inscritas em uma comunidade da diferença, como é a comunidade escolar que recebe o mural”, explica Raimundo Rodriguez. 

Os alunos também foram envolvidos no processo, participaram de oficinas de literatura e conheceram a técnica de estêncil, utilizada na produção da obra. O projeto “Mural Machadiano”, código 48759, foi contemplado no edital de chamada emergencial nº 17/2023 “Conexões Urbanas”, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa - Secec.



.: Começam as gravações da sequência de "Sexta-feira Muito Louca"


A sequência de "Sexta-feira Muito Louca" já começou a ser produzida. A comédia de sucesso do The Walt Disney Studios de 2003 começou a ser gravada na segunda-feira passada, dia 24 de junho, em Los Angeles. As atrizes Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan voltam a interpretar Tess e Anna Coleman. Outros membros do elenco original retornam, incluindo Mark Harmon, Chad Michael Murray, Christina Vidal Mitchell, Haley Hudson, Lucille Soong, Stephen Tobolowsky e Rosalind Chao. Além deles, Julia Butters, Sophia Hammons, Manny Jacinto e Maitreyi Ramakrishnan se juntam ao elenco.

A sequência do amado filme de 2003 tem uma reviravolta multigeracional e acontece anos depois que Tess (Curtis) e Anna (Lohan) passam por uma crise de identidade. Agora, Anna tem uma filha e logo terá uma enteada. Enquanto enfrentam os inúmeros desafios que surgem quando duas famílias se juntam, Tess e Anna descobrem que um raio pode, sim, cair duas vezes no mesmo lugar. O filme tem direção de Nisha Ganatra. Os produtores são Kristin Burr, Andrew Gunn e Jamie Lee Curtis, com Nathan Kelly, Ann Marie Sanderlin e Lindsay Lohan como produtores executivos. O filme estreia nos cinemas em 2025.


Assista na Cineflix
Filmes de sucesso como "Divertida Mente 2" ("Inside Out 2") são exibidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.


domingo, 30 de junho de 2024

.: A edição comemorativa aos 60 anos de publicação de "Ou Isto ou Aquilo"


Mais que uma homenagem, a edição especial é um convite para redescobrir a magia das palavras de Cecília Meireles e para garantir que seu legado continue a inspirar muitas gerações futuras.


Em celebração aos 60 anos do icônico livro "Ou Isto ou Aquilo", da renomada poeta Cecília Meireles, a Global Editora anuncia para setembro de 2024 – bem a tempo da Bienal do Livro de São Paulo – o lançamento de edição especial limitada da obra. Serão sessenta mil exemplares para encantar antigos e novos leitores com seu novo projeto gráfico e acabamento sofisticado.

A edição comemorativa de 2024 terá nova capa em tecido, que confere mais um toque de elegância e sofisticação ao livro. Contará também com lombadas coloridas em cor prata, um detalhe que a fará se destacar em qualquer prateleira. Além disso, a obra seguirá tendo as belíssimas e consagradas ilustrações de Odilon Moraes.

A Global Editora, que publica todas as obras de Cecília Meireles com exclusividade, investiu na criação de um novo projeto gráfico para esta edição especial, que reflete a importância e a atemporalidade de Ou isto ou aquilo. Publicado pela primeira vez em 1964, Ou isto ou aquilo ocupa um lugar especial na literatura infantil brasileira. Os poemas de Cecília Meireles, com suas brincadeiras com as palavras e sua sensibilidade única, marcaram gerações de leitores. Em suas páginas, a autora cria um universo mágico com imagens como a borboleta no jardim, a casa da avó e a lua após a chuva, que permanecem vivos na memória afetiva do público. Garanta a edição especial de "Ou Isto ou Aquilo", escrito por Cecília Meireles, neste link.


Sobre a autora
Cecília Meireles, nascida em 7 de novembro de 1901 no Rio de Janeiro, é uma das mais importantes figuras da literatura brasileira. Órfã desde os três anos, foi criada pela avó materna e desde cedo mostrou talento para a poesia. Em 1919, lançou seu primeiro livro de poemas, Espectros. Ao longo de sua carreira, recebeu inúmeros prêmios, incluindo o Prêmio de Poesia Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras e o Prêmio Jabuti de Poesia. Sua obra, traduzida para diversos idiomas, continua a inspirar leitores ao redor do mundo. Os leitores e admiradores de Cecília Meireles têm agora a oportunidade de adquirir uma edição única e limitada de "Ou Isto ou Aquilo", um verdadeiro tesouro da literatura infantil que celebra seis décadas de histórias, poemas e encantamento. Compre o livro "Ou Isto ou Aquilo", de Cecília Meireles, em edição especial, neste link.

.: Jorge Farjalla dirige "Álbum de Família", de Nelson Rodrigues, no Teatro Estúdio


Encenação celebra os 80 anos da obra mais polêmica e controversa de Nelson Rodrigues. A trama mergulha nos conflitos e segredos obscuros de uma tradicional família patriarcal, e permaneceu censurada por 19 anos, recorde na trajetória do dramaturgo. A estreia marca a inauguração do Teatro Estúdio, localizado nos Campos Elíseos. Foto: João Kehl


Clássico do teatro brasileiro, que passou quase duas décadas interditado pela polícia, o texto teve papel decisivo para consolidar a reputação de “autor maldito” frequentemente associada a Nelson Rodrigues (1912-1980). Oitenta anos após sua turbulenta criação, a tragédia "Álbum de Família" ganha nova montagem na visão de Jorge Farjalla. O espetáculo estreia no dia 6 de julho, sábado, às 20h, e inaugura o Teatro Estúdio, localizado nos Campos Elíseos, zona central da cidade de São Paulo. A temporada vai até 18 de agosto com sessões sempre sextas e sábados, às 20h00, e domingos, às 18h00. O elenco é formado por Agmar Beirigo, Alexandre Galindo, Daniel Marano, Fernanda Gidali, Helena Cury, Iuri Saraiva, Jullia Leite, Lakís Farias, Lara Paulauskas, Lídia Engelberg, Mariana Barioni e Roberto Borenstein.

A história desvenda os segredos e as tensões de uma família aparentemente tradicional brasileira, no interior de Minas Gerais, na década de 1920. A trama gira em torno do patriarca Jonas (Alexandre Galindo) - um fazendeiro de convicções religiosas fervorosas -, sua esposa, Senhorinha (Mariana Barioni) e seus quatro filhos: Guilherme (Daniel Marano), Edmundo (Iuri Saraiva), Nonô (Agmar Beirigo) e Glória (Fernanda Gidali). Com o tumultuado retorno à casa dos pais, tem início uma série de revelações chocantes sobre a moralidade distorcida dos membros da família, conduzindo a um desfecho trágico e perturbador. A obra é um retrato visceral das disfunções familiares e das hipocrisias sociais, característica do provocador universo rodriguiano.

Para o diretor, uma das características principais da história são as relações humanas. O espetáculo é uma forma de denunciar o retrato de nossa sociedade e suas monstruosidades em evidência dos noticiários. “Este texto escrito por Nelson Rodrigues, talvez seja o que mais se aproxima do universo de Antonin Artaud (dramaturgo francês da década de 1930) e de seu teatro da crueldade, por desmistificar as relações de uma família e sua estrutura instituída pela Igreja. Os personagens desse teatro desagradável sempre querem mais, passam de seus limites para alcançar o que desejam revelando que estão ligados uns aos outros pela cumplicidade, todos sabem o que acontece e o que os espera”.

Além da direção, Jorge Farjalla também assina cenografia, figurinos e adereços. Os figurinos refletem o microcosmo de uma sociedade falida do interior de Minas Gerais dos anos 20, vinda da tradição do café, tanto nas cores quanto nas texturas. Na encenação, todo o elenco permanece em cena, onde um corredor de terra vermelha divide a plateia que fica de frente uma à outra, gerando um jogo de espelhos e proximidade com os atores. A música de Cartola marca a trilha sonora e pontua as cenas do texto de Nelson Rodrigues.

“Todos os personagens do Nelson ganham corpo em cena, inclusive os que estão mais à deriva. Eu trouxe à cena personagens que eram apenas citados na obra, como Nonô e Totinha - a mulher grávida interpretada por Lara Paulauskas. Os símbolos e signos da obra são aqui reforçados na encenação:  a terra vermelha do cenário que representa o útero e ressignifica as mortes do texto, o ritual do banho e a água trazendo a purificação desse nicho familiar, tanto no âmbito do profano como no sagrado; quanto mais banho a família toma, mais sujos eles vão ficando”, enfatiza Farjalla.


Trajetória de "Álbum de Família"
Escrita por Nelson Rodrigues há quase 80 anos, em 1945, "Álbum de Família" é reputada como uma das mais polêmicas e controversas peças da dramaturgia brasileira em todos os tempos. O texto veio à luz logo após sua consagração com "Vestido de Noiva" (1943), que desconcertou o meio intelectual da época com sua linguagem ousada e inovadora, estabelecendo um padrão de excelência inédito. No entanto, "Álbum de Família" subverteu todas as expectativas da opinião pública, que encampou uma intensa campanha difamatória contra o autor e a obra. 

A repercussão negativa rendeu a Nelson a reputação de “autor maldito”, que o acompanharia durante toda sua carreira. Apesar do desgaste, o dramaturgo não recuou e escreveu, em sequência, ainda nos anos 1940, outros três textos tão incendiários quanto "Álbum de Família": "Anjo Negro" (1946), "Senhora dos Afogados" (1947) e "Dorotéia" (1949).

O autor atribuiu a esse conjunto de quatro peças o rótulo de “teatro desagradável” - devido à sua abordagem direta e chocante de temas considerados tabus na sociedade brasileira. Já os estudiosos denominam esse ciclo temático de "peças míticas", por serem textos marcados por uma profundidade psicológica e uma intensidade dramática que revelam as complexidades da condição humana em sua forma mais crua e visceral.

A primeira produção de "Álbum de Família" estreou em 1965, no Rio de Janeiro, trazendo no elenco, entre outros, José Wilker, no papel do filho Edmundo - que na montagem de Jorge Farjalla, será interpretado por Iuri Saraiva. O diretor tem uma relação forte com Nelson Rodrigues, em sua trajetória estão montagens de "Doroteia" (2017), "Senhora dos Afogados" (2018) e uma versão de "Álbum de Família" (2005), onde integrou o elenco e fez temporadas em lugares como Rio de Janeiro e Minas Gerais.


Ficha técnica
Texto: Nelson Rodrigues | Direção e encenação: Jorge Farjalla | Elenco: Agmar Beirigo, Alexandre Galindo, Daniel Marano, Fernanda Gidali, Helena Cury, Iuri Saraiva, Jullia Leite, Lakís Farias, Lara Paulauskas, Lídia Engelberg, Mariana Barioni, Roberto Borenstein | Iluminação: Aline Santini | Cenografia, Figurinos e Adereços:  Jorge Farjalla | Assistência de Figurino: Allan Ferc | Visagista: Eliseu Cabral | Assistentes de Visagismo: Camila Santos e Silvia Rocha | Costureira:  Denise Evangelista | Direção de Arte: Jorge Farjalla e Mariana Barioni | Trilha sonora: Jorge Farjalla | Desenho de som: Raul Teixeira | Preparação vocal: Lara Córdulla | Operação de Som: May Manão | Cenotécnico: Alício Silva | Fotos: João Kehl | Teaser e Making off: May Manão | Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes | Produção Executiva: Lara Paulauskas e Gabi Manaia | Direção de Produção: Mariana Barioni e Alexandre Galindo | Realização: Teatro Estúdio.


Serviço
Teatro Estúdio
Endereço: Rua Conselheiro Nébias, 891 – Campos Elíseos
Capacidade: 142 lugares
Temporada: De 6 de julho a 18 de agosto
Horário: sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h
Ingressos: Inteira R$ 80,00 | Meia R$ 40,00
Vendas online: Sympla.com.br
Classificação indicativa: 18 anos. Tempo de duração: 90 minutos.
Teatro Estúdio é inaugurado no centro de São Paulo com estreia de texto de Nelson Rodrigues

.: "Vento em Setembro", de Tony Bellotto, expande a estrutura das tramas policiais


Ao expandir a estrutura típica das tramas policiais - para dar conta de temas como o amor, o desejo e os traumas familiares -, Tony Bellotto leva o leitor àquele lugar onde os sonhos são feitos, para logo em seguida virarem pó. Essa é a premissa do romance "Vento em Setembro", lançado pela Companhia das Letras. O livro tem a capa elaborada por André Hellmeister.

O romance se passa em Assis, interior de São Paulo, década de 1970. Em uma de suas muitas fazendas, o magnata rural Máximo Leonel organiza uma nababesca festa para celebrar a perda da virgindade de seu filho mais novo, Alexandre. Para a ocasião, contrata Laura, a prostituta mais deslumbrante da capital do estado. Mas a farra se transforma em pandemônio quando, chegado o grande momento, Alexandre desaparece sem deixar rastros, fazendo pairar sobre a família e a cidade uma atmosfera de puro mistério.

A história passa para o Centro histórico de Ouro Preto, nos dias de hoje. Uma série de pichações em prédios históricos gera revolta em todo o país. Após ver no telejornal as imagens da parede de uma igreja em que se lê a frase "Deus Está Morto" escrita com spray em letras góticas, o jornalista e escritor Davi não consegue se livrar da sensação de que aqueles crimes estão de algum modo relacionados ao livro que escreveu sobre a obra de Aleijadinho.

Assim, ele acaba se vendo no centro de uma trama complexa que começa há mais de 50 anos e se ramifica por diversas partes do mundo. Seminários, bordéis, vagões de trem e leitos de hospital são alguns dos cenários desta epopeia que nos conduz de Santos à Grécia, de Assis à Cidade do México, de paredes de igrejas ao coração da repressão durante a ditadura brasileira para desaguar em um final surpreendente. Compre o livro "Vento em Setembro", de Tony Bellotto, neste link.

Sobre o autor
Tony Bellotto nasceu em São Paulo, em 1960. Compositor e guitarrista da banda Titãs, estreou na literatura em 1995 com o já clássico "Bellini e a Esfinge", primeiro de uma bem-sucedida série de livros policiais. Além desses, a Companhia das Letras publicou os romances "Dom" (2020), "Lô" (2018), "Machu Picchu" (2013), "No Buraco" (2010), entre outros. Garanta o seu exemplar de "Vento em Setembro", escrito por Tony Bellotto, neste link.

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.: Em cartaz no cinema, "Divertida Mente 2" reflete sobre habilidades emocionais


“Divertida Mente 2”
, em cartaz na rede Cineflix Cinemas, assim como o primeiro longa-metragem da franquia, é um convite para os adultos refletirem sobre a importância das habilidades emocionais - leia a crítica "Divertida Mente 2" revela Segredo Sombrio de Riley neste link. Especialista na área e idealizadora de uma série de livros sobre soft skills, Lucedile Antunes comenta alguns aspectos do longa infantil que traz lições para adultos.

O filme traz reflexões importantes sobre autoconhecimento e habilidades emocionais. Marcado pela chegada de um novo personagem, a ansiedade, mostra como é fundamental observar as emoções e tentar sempre aplicá-las de modo construtivo e consciente, minimizando riscos e problemas posteriores, inclusive para a própria pessoa. 

Habilidades emocionais é um recurso que se constrói, é um treino que necessita de exercícios. Lucedile Antunes, especialista em desenvolvimento humano e idealizadora da série de livros soft skills, acredita que o filme pode trazer reflexões valiosas para os adultos. “Apesar do filme ser envelopado para as crianças, nós adultos podemos aprender muito sobre a importância de olhar nossas emoções e aprender a lidar com elas, inclusive para o nosso próprio bem. Não saber isso tem impacto na vida como um todo, inclusive no trabalho, área onde tem crescido essa demanda”, explica ela. Compre os livros de Lucedile Antunes neste link.


A especialista elencou 4 lições importantes com o filme:
1 - Reconhecimento e aceitação das emoções:
assim como no primeiro filme, o segundo também enfatiza a importância de reconhecer e aceitar todas as emoções, inclusive as consideradas “negativas” como tristeza e medo e, agora, a ansiedade.

2 - Regulação emocional: o filme pode ensinar como gerenciar emoções intensas e encontrar maneiras saudáveis de lidar com elas é importante primeiramente para a pessoa e depois para as relações.

3 - Empatia: a capacidade de entender e compartilhar os sentimentos dos outros pode ser um tema central, ajudando os personagens a se conectarem melhor. É possível perceber isso durante todo o filme. 

4 - Comunicação emocional: o filme consegue mostrar a importância de expressar os sentimentos de maneira clara e aberta e como isso facilita a comunicação e até a resolução de conflitos.


Lucedile finaliza lembrando que adultos e crianças podem aprender sempre. “Explorar esse assunto de forma envolvente e educativa é fundamental para que nosso autoconhecimento seja estimulado e até transformado”.


Sobre Lucedile Antunes
Referência no Brasil no desenvolvimento de soft skills, Lucedile Antunes é autora de mais de dez livros e diversos artigos sobre o tema Pessoas e Organizações. Idealizadora da série "Soft Skills", reconhecida como best-sellers pela revista Veja. Consultora de gestão de pessoas, Coach com reconhecimento pela International Coach Federation (ICF) e interventora da Human Code na ferramenta de mapeamento humano. Palestrante, escritora e mentora Sou mentora, palestrante e uma engenheira de pessoas, fundadora da L. Antunes Consultoria & Coaching, idealizada com a missão de desenvolver pessoas e empresas, visando potencializar resultados pessoais e profissionais. Compre os livros de Lucedile Antunes neste link.


Assista na Cineflix
Filmes de sucesso como "Um Lugar Silencioso: dia Um" ("A Quiet Place: day One") são exibidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.


Trailer de "Divertida Mente 2"

.: "Renascer": Malu Mader repete dupla de "Celebridade" com Marcos Palmeira


Malu Mader sobre o retorno à TV: "Fiquei tomada de novo por uma vontade de fazer novela". Na imagem, Gustavo Fernández dirige Malu Mader e Marcos Palmeira nos bastidores de gravação de "Renascer". Foto: Globo/ Fábio Rocha

A atriz Malu Mader estará em breve de volta às novelas. Repetindo a dobradinha que fez na novela Celebridade, de Gilberto Braga, com Marcos Palmeira, ela começou a gravar sua participação esta semana em "Renascer" como Aurora, uma fazendeira e investidora bem-sucedida, que chega para balançar o coração de José Inocêncio (Marcos Palmeira). “Quando eu recebi o convite para essa participação na novela ‘Renascer’ imediatamente fiquei tomada de novo por uma vontade de fazer novela, algo que não me passava mais pela cabeça”, conta.

Nesta semana, Malu, Marcos Palmeira, o diretor artístico Gustavo Fernández e a equipe da novela viajam para o Espírito Santo para gravar as sequências na fazenda que pertence à personagem Aurora, natural da região. A atriz não esconde a empolgação com o retorno. “Apesar de não fazer novela há muito tempo e estar distante desse universo, é claro que por ter feito isso a minha vida inteira, a minha identidade se confunde um pouco com essa figura da atriz de novela. É algo muito forte. Então, ao longo desses anos todos afastada, eu ouvia muito do público em geral: 'E aí, não vai fazer mais novela?'. Agora vou poder falar: 'Vou, vou fazer sim! Vou fazer uma participação em 'Renascer'!'", celebra.

A estreia de Malu Mader como Aurora em "Renascer" está prevista para a primeira quinzena de julho na TV Globo. "Renascer" é uma novela escrita por Bruno Luperi baseada na obra de Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Gustavo Fernández, direção geral de Pedro Peregrino e direção de Walter Carvalho, Alexandre Macedo, Ricardo França e Mariana Betti. A produção é de Betina Paulon, Bruna Ferreira e Lucas Zardo e a direção de gênero de José Luiz Villamarim.

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