domingo, 14 de abril de 2024

.: Entrevista com Beatriz Reis Brasil: "Vi a Wanessa Camargo e não reconheci"


A alegria de Beatriz Reis Brasil foi motivo de votos, de apontamentos e de brigas no "Big Brother Brasil", principalmente quando nas festas extrapolava certos limites. Foto: Globo/ João Cotta


Ela é do Brás, é do Brasil (até no sobrenome) e do "Big Brother"! Beatriz Reis Brasil deixou sua marca na 24ª temporada do reality show. Desde seus primeiros dias na casa mais vigiada do país, os bordões e as propagandas, herdadas de seu histórico como camelô e de sua atuação como divulgadora de lojas, chamaram atenção do público e deram cara a sua irreverência enquanto competidora. 

Por vezes contestada, sua alegria foi motivo de votos, de apontamentos e de brigas no reality show, principalmente quando nas festas extrapolava certos limites. Mas Bia garante que nada foi planejado nem forçado. “Eu sou assim aqui fora, tenho esse jeito de fazer e de falar. Tenho, sim, uma alegria muito grande que a rua e o camelô me ensinaram, a minha história de vida. É de mim mesma essa felicidade! Pode estar difícil, mas eu vou enfrentar com alegria. Essa sou eu. Não entrei no 'BBB' pensando em falar ‘assim’ ou fazer ‘assado’”, destaca. Integrante do famigerado Top 5, formado integralmente pelas Fadas, a sister, inevitavelmente, precisou enfrentar seus aliados no paredão. A berlinda contra Isabelle e Davi levou a sua eliminação nesta terça-feira, dia 12, com 82,61% dos votos.
 
O "Big Brother Brasil" pode ter chegado ao fim para Beatriz, mas a vontade de permanecer nas telinhas continua viva em seu coração: “Quero trabalhar na televisão, ser apresentadora, fazer novela, propaganda. Eu quero realmente poder acordar bem cedo, antes de o sol nascer, e ir para o set gravar, gravar, gravar; voltar para casa à noite e dizer: ‘Meu Deus, gravei demais hoje!’”, conta. Na entrevista a seguir, a quinta colocada do "BBB 24" revela as sensações da experiência que viveu, declara seu maior rival na casa e diz o que pensa sobre o rompimento recente com o aliado Davi. Bia também fala dos bordões e das propagandas que adorava fazer reality, mas que incomodavam alguns de seus concorrentes.
 

Você falou algumas vezes que o ‘Big Brother Brasil’ era um sonho. Foi como você imaginava? Quais as semelhanças e diferenças?
Beatriz Reis Brasil - Sempre foi um sonho entrar no "BBB" e superou as expectativas. O "Big Brother" é uma coisa fora do normal, mas lá dentro ainda ultrapassa isso. Só sabe o que é o "Big Brother" quem vive o programa. Eu me imaginava entrando na casa, eu me imaginava lá dentro, mas eu nunca planejei nada; eu pensei: "vou viver". Até porque eu não sabia quem seria o elenco que iria entrar, quem eu iria encontrar por lá. Eu fui pronta para me jogar e viver tudo. Como é que você vai planejar uma coisa que você nem sabe como vai ser? Fora que esse "Big Brother" foi bem diferente: a gente já entrou vendados, no meio de uma bola no gramado. Eu olhei para o lado e achei que o Rodriguinho era um lutador; vi a Wanessa Camargo e não reconheci. A minha vista estava turva, foi muita emoção, um "trelelê" danado. Mas realmente supera as nossas expectativas, é muito melhor! Se você vai entregue para viver e para se jogar, supera em um nível extraordinário.
 

Você disse que não se via saindo da casa antes da final, mas nos últimos dias comentou que teria cavado a própria eliminação. Por que teve essa percepção? 
Beatriz Reis Brasil - Eu não me via saindo da casa pela vontade de estar lá. Eu dizia: "Meu Deus, eu quero muito estar aqui, não cabe dentro de mim". Se eu não me engano, eu acho que eu falei essa frase (sobre ter cavado a eliminação) em relação ao Matteus e à Isabelle. Eu e a Alane tivemos um surto, que eu até estou dando risada aqui fora. A gente sempre viu um clima e uma coisa muito bonita entre os dois. Eu conversei com a Alane, a gente começou a shippar e tal... de repente, tivemos um surto. Nessa reta final, em que a gente fica indo para paredão toda hora, o medo apertou. Aí a Alane disse: "Se formos eu, Isabelle e Matteus, eu saio, porque o casal o Brasil quer ver". E aí começaram as paranoias. Mas no outro dia a gente já estava shippando de novo: "Se beijem logo, parem de ser lerdos vocês dois!". A mente fica confusa e as emoções afloradas por conta da final que está chegando. Todo mundo quer chegar até a final, é um mix de emoções...
 

Desde o começo da temporada, no "Sincerão", você foi apontada pelo seu jeito de agir no convívio e nas festas, e justificou que era sua alegria e não a mudaria. Acha que sua personalidade pode ter interferido no seu desempenho nesta reta final? 
Beatriz Reis Brasil - Eu acho que por eu ter uma personalidade muito forte, eu não sei me calar, eu falo. Pode ser para um amigo ou um adversário. Eu sempre sou muito sincera, não sei fingir ou fazer de contas. Eu sempre vou lá falar na cara da pessoa. Talvez, o meu desentendimento com o Davi, esse danado, tenha levado a isso. Mas o que aconteceu entre mim e ele foi porque ele tem a personalidade forte e eu também, então deu um choque. Ele é uma pessoa de quem eu gosto muito, a gente sempre se deu muito bem na casa, só que o jogo tem dinâmicas. Acabou que chegou no "Sincerão" e, no meio da dinâmica, saiu um fuzuê. Talvez isso tenha, sim, acontecido por eu ter uma personalidade forte, esse costume de falar, de me posicionar.
 

Fora da casa, muitos desses momentos viralizaram como memes nas redes sociais. Alguns julgaram ser um personagem criado para o programa. O que tem a dizer a esse respeito?  
Beatriz Reis Brasil - Eu dei risada, fiquei chocada. Isso é muito doido, porque eu fui eu mesma o tempo todo. Eu sou assim aqui fora, tenho esse jeito de fazer e de falar. Tenho, sim, uma alegria muito grande que a rua e o camelô me ensinaram, a minha história de vida. É de mim mesma essa felicidade! Pode estar difícil, mas eu vou enfrentar com alegria. Essa sou eu. Não entrei no "BBB" pensando em falar "assim" ou fazer "assado". Se a pessoa entra lá planejando o que vai falar e o que vai fazer, tende a dar muito errado, porque não funciona. Você não vai conseguir ser você e vai acabar se perdendo ao tentar criar algo que não é você. Eu já passei por muita coisa na minha vida, eu sou essa Beatriz que é humana, tagarela, que fala mesmo – gostou, fala; não gostou, fala – doidinha, maluquinha, mas muito alegre. 
 

As propagandas e os bordões eram sua marca registrada. Como foi levar essas ferramentas do seu trabalho aqui de fora para o "BBB"? 
Beatriz Reis Brasil - Foi muito natural! Eu não pensei "Ah, vou fazer as propagandas para ver o que vai dar". Eu amo o que eu faço aqui fora, poder divulgar, fazer meus vídeos no Brás, falar das roupas... E lá no "BBB", eu sentia uma alegria muito grande, como eu sinto aqui fora. Quando eu pegava um produto, o meu coração batia mais forte, a alegria explodia em estar ali e falar das marcas. E eu também me sentia numa escola onde eu estava aprendendo. Eu já faço isso aqui fora, mas eu estava falando de marcas grandes, então eu via como um aprendizado, como uma bagagem para mim que tenho vontade de trabalhar na televisão. Como é falar da marca X ou da marca Y? Como eu faço? A alegria é algo que me move de uma maneira muito forte. Teve uma ação, que eu nunca esqueço – embora eu ficasse extremamente feliz em todas – durante uma festa, em que chegou um carrinho da marca e meu coração bateu tão forte, subiu um fogo, um negócio tão forte ao fazer a propaganda. Realmente, é a alegria que me move. Pode ser exagero ou não, mas é o que tem dentro de mim. E eu não sei esconder essa coisa pulsante.
 

Você foi do grupo Fadas. O que gerou a conexão e união dos integrantes, em sua opinião? E a que atribui o fato de seu grupo compor todo o Top 5 desta temporada?
Beatriz Reis Brasil - Eu acho que o que uniu a gente foi a alegria e a sinceridade. Todo mundo do quarto Fadas – eu, Matteus, Davi, Alane e Isabelle – somos muito verdadeiros e pessoas extremamente alegres. A gente fala um na cara do outro, puxa a orelha, dá conselho. A gente se abraça e joga junto. A gente se uniu por gostar, por ter conexão, foi além de jogo. O jogo veio de forma natural, como uma consequência da amizade, do laço. O Davi e a Alane sempre me colocavam para cima. Às vezes um estava triste e o outro começava a pular, a cantar, aí todo mundo começava a fazer o mesmo. O outro estava triste e alguém falava: "vamos na piscina". Aí ia todo mundo pular na piscina, dar uma de louco, fazer e acontecer. A gente tem essa alegria em comum, essa verdade, essa sinceridade, um jogo limpo. Eu acho que o que fez com que a gente chegasse aos finalmentes – eles ainda estão lá lutando pelo prêmio – foi, na verdade, essa espontaneidade, essa conexão que fez com que nascesse um jogo espontâneo, verdadeiro, natural e orgânico, sem precisar forçar nada.
 

Inicialmente, Davi e Isabelle não jogavam com vocês. Acha que o destino do grupo teria sido diferente caso eles não tivessem se aproximado? 
Beatriz Reis Brasil - Talvez sim. Eu acho que tudo acontece como tem que acontecer e cada um do quarto Fadas tem um jeitinho muito único, cada um traz a sua história, a sua marca, sua garra, sua força e sua coragem e isso se complementa quando estamos juntos. Forma um fogo, um laço, um negócio. Eu acredito que, para quem assistiu, também era bem isso que eu estou dizendo, e para mim que estava lá dentro vivendo com eles, também era assim. Eu acredito que Deus fez o encaixe ali certinho, perfeito, como tinha que ser.
 

Qual foi a contribuição de ambos para o grupo das Fadas? 
Beatriz Reis Brasil - A amizade com a Isabelle começou com uma calcinha que ela me deu. Ela sempre foi muito solícita, muito doce, meiga e sempre querendo ajudar todo mundo, com um coração gigante. A gente dormia na mesma cama, eu, ela e Wanessa (Camargo); às vezes, só eu e ela. A gente tentava falar de jogo, mas tinha meio que um bloqueio. Quando ela me deu a calcinha, eu vi uma coisa muito boa na Isabelle e falei que não votaria nela. O Davi tem uma alegria muito grande que sempre me chamou atenção, fora a história dele que eu acho muito bonita. Ele tem vontade de ser médico e é uma pessoa extremamente alegre. Eu sempre achei o jogo dele coerente, é uma pessoa que se posiciona, que fala o que pensa. Eu sempre enxerguei um jogo legal, apesar de a casa toda ir contra. Eu sempre vi e senti coisas boas nele. O Davi já tentava se aproximar da gente, até que "casou". Primeiro foi o Davi e depois, a Isabelle.
 

O que provocou o seu rompimento com o Davi nos últimos dias? 
Beatriz Reis Brasil - Foi a dinâmica do "Sincerão". Ele tem uma personalidade forte, deu a opinião dele, eu dei a minha e nós dois ficamos ali debatendo. Por termos opiniões diferentes, houve um choque. Ele disse: "Ah, Bia, você não sabe quem você é". Eu gosto muito dele, mas fiquei magoada e desabafei, expus. Em outro momento, eu não queria falar com ele justamente por gostar muito e saber que a gente poderia ir para cima e magoar um ao outro. Quando ele insiste, eu aceito conversar, mas acaba dando choque.


Acredita que isso possa ter impactado o seu jogo de alguma forma? 
Beatriz Reis Brasil - O jogo, às vezes, leva para esses caminhos e a gente estava na reta final, com os sentimentos muito aflorados, muito emocionados. Às vezes uma dinâmica faz com que a gente aflore mais ainda e acontecem as coisas que têm que acontecer. Eu acho que pode ter impactado, porque eu gosto muito dele, então fiquei muito chateada. É muito complicado, porque estávamos ali unidos e, nos finalmentes, dá essa rusga. É triste, eu fiquei magoada por ele ser meu amigo. É uma situação chata, que cria um clima estranho. A gente brinca muito um com o outro: é "lacreu", cantoria, se joga na piscina. A gente já está ali aflorado, sente saudades de família, sente medo, tristeza e, se você se desentende com algum amigo lá dentro, o coração fica um pouco mais apertado.
 

Você foi líder duas vezes no programa. Que liderança foi mais importante? 
Beatriz Reis Brasil - As duas foram de resistência, mas eu acredito que a do hot dog [foi mais importante] por ter sido no Dia Internacional da Mulher. Para mim foi uma honra gigante, inclusive o Davi estava comigo e foi muito guerreiro também, a gente deu o nosso sangue. E foi uma liderança em que eu tive a minha festa do "Brasil do Brasil", meu programa. As duas foram incríveis. A primeira foi a história da minha vida, sobre camelô, e é a minha essência, a minha paixão, aquilo que eu carrego no meu peito, na minha alma. Nas duas lideranças, eu indiquei pessoas ao paredão que eu realmente tinha um posicionamento sobre e acabaram saindo. Deu certo. As duas foram incríveis, fora do normal, sensacionais.
 

Quais foram seus maiores rivais no "BBB" e por quê? 
Beatriz Reis Brasil - A Fernanda (Bande) foi uma grande rival. Logo no começo nós iniciamos um embate, teve o dela com a Alane também... tudo misturado. Todos os embates que eu tive na casa foram por conta dessa minha alegria. A Fernanda me emparedou por isso, o Lucas, também. Mas eu acho que o maior embate que eu tive foi com a Fernanda, porque foi uma coisa estendida. 
 

Quem você elege como o melhor jogador desta edição e por quê? 
Beatriz Reis Brasil - Eu vou me colocar como melhor jogadora desta edição, porque cada um lá dentro é protagonista da sua própria história, cada um briga de um jeito e tem a sua própria estrela. Mas eu digo isso porque eu fui eu mesma e dei o meu máximo, eu me entreguei, me joguei. O "Big Brother" não é uma receita de bolo para você dizer: "Vamos bater dois ovos e jogar uma farinha, que vai crescer o bolo". É ser você. Então, eu me coloco nessa posição de melhor jogadora, porque eu fui eu, fui genuína, sofri, chorei, joguei, pensei, fiz escolhas, mas sempre sendo eu. Vai tomar decisão? Sou eu, Bia, a do camelô, a do teatro, a Bia da jaca, da mexerica, a Bia que eu sou aqui fora. O principal no "Big Brother" é ser quem você é, se entregar sem medo de ser feliz. Se você consegue fazer isso, já é um grande jogador.
 

Teria feito algo diferente no programa para, quem sabe, chegar à final? 
Beatriz Reis Brasil - Eu não teria sentido medo como eu senti. Quando vinham muitos paredões, eu ficava criando teorias na cabeça: "Ai, meu Deus, se eu for com tal pessoa, eu saio". Mas é normal ter medo, porque somos seres humanos, ainda mais no "Big Brother", que é um sonho pelo qual a gente luta muito para alcançar. É inevitável que a pessoa que entra lá sinta medos, receios. Mas é tirar o medo, entregar nas mãos de Deus e ir.
 

Após o "BBB", qual é o próximo sonho que você deseja realizar? 
Beatriz Reis Brasil - Quero ajudar minha família, trabalhar na televisão, ser apresentadora, fazer novela, propaganda. Eu quero realmente poder acordar bem cedo, antes do sol nascer, e ir para o set gravar, gravar, gravar; voltar para casa à noite e dizer: "Meu Deus, gravei demais hoje!". Eu quero poder dar uma vida melhor para a minha família. A minha irmã teve um aneurisma em 2010, quase morreu, e ela faz tratamento até hoje para ver como está o cérebro. Eu quero muito dar uma vida confortável para ela poder ir ao médico e fazer sempre os exames. Cuidar da minha mãe, do meu pai, dos meus irmãos, ganhar meu dinheiro fazendo o que eu amo de uma maneira digna, honesta, e sendo feliz, que é o que importa. Não adianta, se a felicidade não estiver com a gente, não tem graça. Eu amo a televisão, meu Deus do céu! Se eu pudesse, até meu último dia de vida aqui na Terra, eu gostaria de trabalhar na televisão e, é claro, ajudar a minha família. Minha família acreditou muito em mim, meus pais pararam de construir a nossa casa para poderem pagar meu teatro, para eu conseguir me formar. A gente dormiu muitos anos no chão para que eu conseguisse me formar, então eu quero poder retribuir tudo, ganhando meu dinheiro honestamente com o trabalho que eu mais amo.
 

Na televisão, qual é o seu maior desejo?
Beatriz Reis Brasil - É ser apresentadora. Eu gosto, sou apaixonada. No Brás, eu me descobri mais ainda. E dentro do "BBB" foi uma escola, porque eu fazia para mim as propagandas, porque me davam uma alegria, uma coisa muito forte. Eu pensava: "Eu estou aprendendo aqui, porque se eu tiver oportunidade, já vou ter as manhas". Quando a Ana Clara, a Micheli Machado iam lá fazer alguma ação com a gente, eu ficava reparando no jeitinho delas, como elas se portavam com a câmera para eu aprender mesmo. Eu acho que aprendizado é uma coisa que ninguém tira da gente. Estudar, querer sempre aprender mais é muito importante.

.: Com Reynaldo Gonzaga, "O Controle" faz reflexão sobre a liberdade individual


Monólogo “O Controle” é uma reflexão sobre a liberdade individual em tempos de ascensão dos mecanismos de controle coletivo. Foto: Wanderson Alves


Texto inédito de Guilherme Fiuza, o monólogo "O Controle" faz uma reflexão sobre a liberdade individual em tempos de ascensão dos mecanismos de controle coletivo. Com Reynaldo Gonzaga e direção de Alexandre Reinecke, o espetáculo segue até 30 de maio, às quartas e quintas-feiras, às 21h00, no Teatro União Cultural.

O texto inédito é de autoria do jornalista, roteirista e escritor Guilherme Fiuza, autor de “Meu Nome Não É Johnny” (adaptado para o cinema), entre outros livros e roteiros para TV. A interpretação é do consagrado ator Reynaldo Gonzaga, que atua sob a direção de Alexandre Reinecke, um dos diretores mais atuantes do país, tendo dirigido mais de 55 peças nos últimos 18 anos, dos mais variados gêneros e autores.

“O Controle” se passa em um futuro não muito distante. Um homem está preso sem ter noção do porquê. Ele se considerava um cidadão exemplar. Cumpridor abnegado de todas as medidas governamentais garantidoras da ética coletiva. Tinha orgulho da sua elevada pontuação no esquema de crédito social – e estava quase alcançando uma faixa de pontuação cidadã que lhe permitiria morar numa área mais nobre.

Separado do seu iPhone, não tem mais acesso à sua posição social – ou seja, não consegue saber nem quanto tempo vai ficar preso. Vai dividindo sua perplexidade com o companheiro de cela, que se mantém em silêncio até que a morte o alcança. É em seus pertences que o protagonista encontrará as pistas para o motivo da sua prisão.

O espetáculo “O Controle” é uma reflexão sobre a liberdade individual em tempos de ascensão dos mecanismos de controle coletivo. Onde está a fronteira entre o aperfeiçoamento das regras civilizatórias e as tentações totalitárias de controle central. A super conexão entre indivíduos de todo planeta por meio da tecnologia digital pode ser libertadora ou aprisionadora. Estaríamos caminhando para uma espécie de “unificação das mentes”?


Ficha técnica
Monólogo  “O Controle”
Autor: Guilherme Fiuza
Direção: Alexandre Reinecke
Elenco: Reynaldo Gonzaga
Gênero: comédia dramática
Projeto de luz: Fran Barros
Música original e trilha sonora: Ricardo Severo
Idealização, Criação de Projeção e Arte Visual: N2M Criação
Administração: Keila Blascke
Fotografia: Sal Ricardo
Aderecista: George Silveira
Estudo numerológico: Liliana Filardi
Consultoria de produção: Cássio Reis
Idealização e realização: Ricardo Peixoto Produções


Serviço
Monólogo “O Controle”
Duração: 55 minutos
Recomendação: 14 anos
Temporada: até dia 30 de maio. Quartas e quintas-feiras, às 21h.
Ingressos: R$ 80 inteira | R$ 40 meia
Bilheteria: abre 1h30 antes do espetáculo
Ingressos on-line: https://www.sympla.com.br/eventos?s=teatro%20uni%C3%A3o%20cultural
Teatro União Cultural – 269 lugares
Rua Mario Amaral, 209 - Paraiso
Estação Metrô Brigadeiro
Telefone: (11) 3885-2242

sábado, 13 de abril de 2024

.: "A cobrança e a exaustão está deixando a sociedade doente", diz Fabiana C.O.


A escritora Fabiana C.O. publicou "Sra. Capa" para promover diálogos com mulheres acerca das consequências da sobrecarga feminina no cotidiano. Na entrevista abaixo, ela comenta sobre a importância da literatura para a discussão do tema, aborda as próprias experiências de vida e discute sobre os efeitos do excesso de responsabilidades no dia a dia.

Tudo leva a crer que as mulheres estão sobrecarregadas. E isso já foi constatado em dados: o Think Olga, organização não-governamental que promove equidade de gênero, registrou em levantamento que 86% das brasileiras consideram ter muita responsabilidade no cotidiano. Entre as entrevistadas de 36 a 55 anos, cerca de seis em cada dez afirmaram ser responsáveis diretamente por alguém. Fruto desta realidade de exaustão feminina, Fabiana C.O. decidiu utilizar a literatura para conscientizar sobre os efeitos do excesso de tarefas, deveres e obrigações.

Assim surgiu "Sra. Capa", que narra a tentativa de uma filha de entender a relação com a mãe. Aos poucos, ela percebe como a sobrecarga faz parte da vida da figura materna e como também está presente na própria vida. “Como mulher, eu fui ensinada, e vejo isso com todas ao meu redor, que precisamos dar conta de tudo, custe o que custar. Parece que em algum momento vamos ganhar uma estrelinha para pôr no peito. Infelizmente esse reconhecimento não chega e acaba levando muitas mulheres à exaustão”, explica a autora. Abaixo, ela comenta a importância de dar visibilidade ao tema por meio da literatura, relaciona o tema com a própria trajetória de vida e dá detalhes sobre o enredo da obra. Compre o livro "Sra. Capa", de Fabiana C.O., neste link.


Em “Sra. Capa”, você retrata a história de uma mulher comum que, com seus medos, traumas e problemas com a saúde mental, criou uma família inteira. Por que você decidiu dar visibilidade a essas situações, tão comuns no cotidiano das mulheres?
Fabiana C.O. - Trazer o comum foi fruto da minha observação, do quanto essa situação é tão normal que banalizamos. Quando um sentimento ou situação é banalizado, ele perde força e até deixa de existir. Como mulher, eu fui ensinada, e vejo isso com todas ao meu redor, que precisamos dar conta de tudo, custe o que custar. Parece que em algum momento vamos ganhar uma estrelinha para pôr no peito. Infelizmente esse reconhecimento não chega e acaba levando muitas mulheres à exaustão. Na verdade, o reconhecimento não devia ser buscado, e precisamos falar sobre isso. A cobrança, a exaustão e o não se olhar está deixando a sociedade doente. Mas como é tão comum e faz parte do que somos, não paramos para observar que algo precisa ser feito.


A narrativa é contada a partir da perspectiva de Sol, filha de Ana. Que paralelos você traça entre filha e mãe? Como as duas representam as relações familiares atuais?
Fabiana C.O. - Eu acredito muito na importância do olhar que precisamos ter para as pessoas do nosso convívio. Quando Sol narra a história de sua mãe, você percebe claramente a preocupação, o cuidado e um certo amor. Mas se você olhar por outro ângulo, você vê uma menina sobrecarregada, que não olha para a sua vida com o foco preciso. Costumo dizer que existe um padrão entre as personagens em alguns momentos. E esses padrões estão no nosso dia a dia; se a gente não olhar para isso, repetimos o que o ambiente familiar nos ensina. Atualmente temos a chance de termos relações com mais diálogos e trazer as trocas para um espaço de afeto e compreensão muito maior do que as gerações passadas. É nossa responsabilidade aproveitar e fazer diferente. Podemos encontrar um equilíbrio. Para mim as duas representam a chance de a gente olhar para isso independentemente da posição que atuamos.


Como a literatura é uma ferramenta para propor o diálogo sobre a sobrecarga das mulheres na sociedade?
Fabiana C.O. - Quando escolho a literatura, entendo que trago para o leitor aquela famosa frase: “parece vida real!  Você escreveu sobre mim”. A ficção do texto faz parte da vida de todos. Se eu apenas falasse sobre a mulher na sociedade em outros meios, a mensagem não teria o mesmo poder. A literatura é capaz de emocionar e de conectar. Literatura é arte, e acredito que essa conexão ultrapassa o ato de ler e entra no coração das pessoas. Depois de ler, a gente reflete, fala, revê e recalcula nossa própria rota se o problema lido faz parte do nosso dia a dia. Literatura é arte, e a arte tem o poder de tocar nossas almas.


Você é mãe e enfrentou uma luta contra crises de depressão. O que há de pessoal sobre sua própria história no livro “Sra. Capa”?
Fabiana C.O. - Comecei a ter crises de depressão com 15 anos, e minha mãe foi a pessoa que mais me apoiou e ficou ao meu lado. Quando ela teve um momento pós-luto do meu avô, eu já com meus 22 anos, não acreditei que ela não tinha o olhar e cuidado para com ela. Costumo dizer que 80% do livro é inspirado na observação que fiz com minha mãe e na sua história. Ela é nordestina, passou pelo luto paterno, saiu de sua terra ainda criança pois perdeu uma irmã e assim por diante. Tudo isso está no livro. A migração da minha mãe, assim como todas as adversidades que ela viveu a transformaram em uma “Sra. Capa”, e ela me criou. Não pontuo no livro vários fatores e crises minhas, mas algo importante na minha cura foi entender que eu precisava estar bem e me amar antes de amar minhas filhas. Foi uma quebra de padrão e um ensinamento muito importante. O pedir ajuda e falar com alguém também é algo que trago da minha experiência. Algo que eu busco semear no mundo.


Como você espera que as mulheres adultas recebam esta obra? E o que as jovens leitoras podem aprender com o livro?
Fabiana C.O. - Acredito que as mulheres adultas têm chance de conhecer suas capas. Torço para que elas entendam que achar um equilíbrio é importante. Algumas, mesmo em silêncio, poderão rever os sentimentos e a relação com sua mãe ou com filhas/filhos. Um olhar de empatia e entendimento pode ser iniciado. Se este ente querido tiver partido, acredito que o questionamento sobre a vida dessa pessoa irá surgir. A pessoa que lê “Sra. Capa” tem a chance de fazer diferente. Para as jovens, vejo a possibilidade de rever e construir essa capa com menos peso. De entender que sua mãe é um ser que sente, o que traz mais conexão e respeito entre as gerações. Minhas leitoras adolescentes sempre citam que deixaram de ver a mãe como heroína, e isso tem ajudado nas trocas do dia a dia.


“Sra. Capa” faz parceria com ONGs que profissionalizam mulheres em situação de vulnerabilidade. Pode contar mais sobre esse projeto?
Fabiana C.O. - Claro! Desde o começo, imaginei o livro sendo entregue em um saquinho de veludo vermelho. Busquei parcerias e apresentei a ideia para os dirigentes das ONG’S. As duas ONG’s atuam em comunidades e possibilitam uma nova profissão e ofício para as mulheres inscritas no curso de costura. Todas as participantes são remuneradas por cada saquinho produzido. O sorriso de uma costureira que faz 1 saquinho e da outra que faz 50 é o mesmo, pois você entende a superação de cada uma e de como aprender a costura e tudo que fizeram para chegar no produto final tem sentido e uma importância inexplicável. Já escutei de uma mulher: “consegui um emprego, pois aprendi a mexer na máquina overlock costurando o seu saquinho”. Meu coração fica como? Enorme! Isso dá outro peso para o meu trabalho, faz eu acreditar mais.

Sobre a autora
Empresária com MBA em Gestão de Empresas e Negócios, pós-graduação em Filosofia e Autoconhecimento e formação em Marketing de Moda, Fabiana Carvalho de Oliveira nasceu em Guarulhos e mora na capital de São Paulo. Após 15 anos de trabalho no mercado têxtil, decidiu explorar o mercado editorial e conversar com o público feminino ao publicar "Sra. Capa". A obra, que trata sobre a sobrecarga feminina, complementa a trajetória profissional que hoje a autora trilha: é palestrante em escolas, empresas e ONGs para falar sobre o valor do autoconhecimento e de respeitar os próprios sentimentos. Também é fundadora do “Eu Posso Ser Você”, espaço de escrita voltado para mulheres. Com essa mudança na carreira, passou a assinar como Fabiana C.O. Garanta o seu exemplar de "Sra. Capa", escrito por Fabiana C.O., neste link.

.: Tuca Andrada estreia no Sesc Pompeia encenação sobre o poeta Torquato Neto


O ator Tuca Andrada estreia em São Paulo, no Sesc Pompeia, na próxima terça-feira, 16 de abril, às 20h30, encenação sobre o artista e poeta Torquato Neto. A peça “Let´s Play That, ou Vamos Brincar Daquilo” faz curta temporada até 10 de maio. De terça a sexta, às 20h30, no Espaço Cênico da unidade. Criado a partir da leitura de “Torquatália”, uma antologia de obras de Torquato Neto, conduzida por Paulo Roberto Pires, a vida e obra de Torquato Neto ganham uma nova dimensão ao migrarem do universo literário para o palco teatral.

No espetáculo sem quarta parede e com duração de 80 minutos, Tuca Andrada apresenta as impressões e marcas que teve ao se envolver com o poeta e convoca o público a interagir; perguntando, fazendo críticas e tirando dúvidas, o que o torna sempre renovado a cada noite.

O espetáculo se desenvolve numa arena ou semi arena onde o público esta dentro da ação. Como se numa roda de amigos o ator começasse a contar a história de um artista inclassicável/não enquadrável, sobre qualquer aspecto, e o efeito produzido dessa obra nesse ator. Durante pouco mais de uma hora, o mundo e o tempo de Torquato Neto toma conta do ator e ele narra sua visão da história, com a ajuda apenas de um banco, sonoplastia, música, dança e com um chão coberto com poesias do Poeta.

“Não há efeitos grandiosos de luz, apenas atmosferas que vão se estabelecendo com o correr da peça. O figurino é simples também, apenas uma calça e camiseta brancas. A ideia é retomar a simplicidade do contador de estórias, do repentista, do cantador de feira que apenas com a voz e o corpo conduz a audiência para fora do tempo presente, transportando-a para outros universos. E os universos de Torquato são muitos”, diz Tuca. Poeta, jornalista, agitador cultural, compositor, cineasta, ator e um dos ideólogos do movimento mais importante na cultura brasileira, na segunda metade do século XX, a Tropicália.

Torquato era antes de tudo um apaixonado pelo Brasil e pelas diversas formas de Comunicação. Apesar de uma vida curta – se matou aos 28 anos – mudou radicalmente a maneira de se fazer poesia e jornalismo no país. Nunca publicou um único livro em vida, mas sua obra continua reverberando em muitos artistas brasileiros até hoje, haja vista, o presente espetáculo.

Durante a peça o público também é convidado a participar; opinando, criticando, sendo livre para falar o que quiser. Dessa maneira o espetáculo se reconstrói em cada récita, marcando assim uma característica fundamental na obra torquatiana que é o de se reconstruir a cada momento.


Tuca Andrada
Ator, cantor, diretor e produtor. Profissionaliza-se em Recife, sua cidade natal e muda-se para o Rio de Janeiro, onde atua em diversas peças de teatro, filmes e novelas. No Teatro fez: “Rocky Horror Show”, “O Mercador de Veneza”, “Salomé”, “Qualquer Gato Vira-Lata tem uma Vida Sexual mais Sadia que a Nossa”, “O Beijo da Mulher Aranha”, “Veneza”, “Orlando Silva, o Cantor das Multidões”, “O Rei e Eu”, “Seis Aulas de Dança em Seis Semanas”, “Elis, A Musical” e “A Visita da Velha Senhora“.

Na Televisão atuou nas novelas: “O Dono do Mundo”, “Anos Rebeldes” (minissérie), “Fera Ferida”, “As Pupilas do Senhor Reitor”, “O Amor está no Ar”, “Era Uma Vez”, “Suave Veneno”, “As Filhas da Mãe”, “Os Mutantes – Caminhos do Coração”, “Cordel Encantado”, “Dercy, de Cabo a Rabo”, “Amor de Mãe” entre outras.

Fez parte do elenco dos filmes: “Quem Matou Pixote?”, “Doces Poderes”, “Guerra de Canudos”, “Não me condenes antes que me explique”, “Lara”, “Mulheres do Brasil”. Trabalhou com diretores como: Bibi Ferreira, Amir Haddad, Miguel Falabella, José Possi Neto, Dennis Carvalho, Jorge Fernando, Wolf Maia entre outros.


Maria Paula Costa
Licenciada em Artes Cênicas/UFPE, em Dança na Sorbonne/FR e com Especialização em Coreografia/UFBA. Iniciada em dança pelas Mestras Maria Fux (AR) e Enila de Resende (PE) ainda adolescente. Aos 19 anos, entrou para o Balé Popular do Recife, sendo iniciada no universo danças festivas da Tradição Popular.

Morou em Paris por 11 anos, onde retomou os estudos em dança (Licence em Danse – Paris VIII), frequentou aulas com Laura Proença (Escola Mudra de Maurice Béjart) por 6 anos, e foi interprete e coreógrafa da Cie Les Passagers, de dança aérea. Ao retornar ao Brasil em 2000, criou o Grupo Grial de Dança a convite do escritor Ariano Suassuna. Junto ao Grial criou 13 peças coreográficas. Em 2011, foi indicada como Melhor Espetáculo pela Folha de São Paulo com a peça coreográfica Travessia.

Em 2013 recebeu o APCA de Criadora Interprete, com Terra. Dirigiu o espetáculo de música O Duelo da Rabeca com o Violino com Maciel Salu e Israel França; os espetáculos infantis Dom Quixote no Reino do Meio Dia, e Na Mancha Ninguém me Pega. Exerceu o cargo de Assessora de Dança na SECULT/PE, de 2018 até agosto 2022.

Ficha técnica (São Paulo)
“Let´s Play That, ou Vamos Brincar Daquilo”
Criação: Tuca Andrada, a partir da obra e vida de Torquato Neto
Direção: Tuca Andrada e Maria Paula Costa Rêgo
Elenco: Tuca Andrada
Direção de Movimento: Maria Paula Costa Rêgo
Direção Musical: Caio Cezar Sitonio
Criação de Luz: Caetano Vilela
Técnico e operação de luz: Rodrigo Palmieri
Assistente Iluminador (Programador): Nicolas Caratori
Técnico / Operadora de som: Cecília Lüzs
Contra-regra: Mauro Sérgio Feles
Cenário e Figurino: Tuca Andrada e Maria Paula Costa Rêgo
Parangolé: Izabel Carvalho
Músicos: Caio Cezar Sitonio e Pierre Leite
Fotografia: Ashlley Melo
Produção Executiva: Tuca Andrada, Adriana Teles e Ana Tito Menezes
Direção de produção - São Paulo: Vany Alves
Projeto Gráfico: Humberto Costa
Realização: Iluminata Produções Artísticas LTDA
Co-produção - São Paulo: Inventos


Serviço
"Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo", com Tuca Andrada
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93. Não temos estacionamento.
As sessões dos dias 18 e 25 de abril, 2 e 9 de maio, quintas-feiras terão interprete de Libras.
Duração: 80 minutos
16 anos
Ingressos: R$ 12,00 (credencial plena), R$ 20,00 (meia-entrada) e R$ 40,00 (inteira).
Local: Espaço Cênico
50 lugares
Ingressos à venda online a partir do dia 09/4, às 17h, e nas bilheterias a partir do dia 10/4, às 17h

.: Trilha sonora do filme “Back to Black” chega às plataformas digitais


A UMR/Island Records acaba de divulgar um lançamento bastante aguardado e especial. Já está disponível nas plataformas digitais a trilha sonora original “Back To Black: Songs from the Original Motion Picture”, do filme “Back to Black”, de Sam Taylor-Johnson, baseado na vida de Amy Winehouse, uma das maiores artistas do nosso tempo. Ouça e baixe aqui: https://umusicbrazil.lnk.to/BackToBlackSFTOMPPR.

A compilação de 12 músicas apresenta três gravações originais do influentíssimo álbum de estreia de Amy, “Frank”, três músicas de sua obra-prima multipremiada “Back To Black” e uma nova faixa, “Song for Amy”, cantada por Nick Cave. A trilha sonora do filme foi composta e gravada por Nick Cave e Warren Ellis. O álbum reúne também outras cinco gravações de artistas que foram uma inspiração para Amy: The Shangri-Las, Billie Holiday, Minnie Riperton, Dinah Washington e Sarah Vaughan, cujas vozes aparecem em momentos importantes do filme. 

Amy Winehouse é justamente reverenciada como uma das maiores artistas da história recente, vendendo mais de 30 milhões de discos em todo o mundo e, atualmente, gerando mais de 80 milhões de transmissões por mês. Sua obra-prima de 2006, “Back to Black”, impulsionou-a para o estrelato global, conquistando um recorde (na época) de cinco prêmios Grammy®, incluindo “Gravação do Ano” e “Canção do Ano” pelo single “Rehab”.

“Back to Black” é o aguardado longa-metragem do aclamado cineasta e artista visual Sam Taylor-Johnson, que será lançado no Brasil no próximo dia 25 de abril. Ao mapear a vida pessoal e profissional de Winehouse em Londres e sua extraordinária ascensão à fama, Taylor-Johnson dirige a estrela Marisa Abela (Industrye) como o ícone da música Amy Winehouse. Junto com Abela estão o ganhador do BAFTA Jack O'Connell, Eddie Marsan, Juliet Cowan e Lesley Manvillle, indicada ao Globo de Ouro e ao Oscar.

O filme e a música de sua trilha sonora enfocam o gênio extraordinário de Amy Winehouse, sua criatividade incomparável e a honestidade crua que impregnava tudo que ela fazia. Compositora e intérprete verdadeiramente fenomenal, Amy foi e continua sendo um talento único em sua geração. 

.: Sucesso no streaming, seriado "Os Outros" estreia na TV Globo


Primeira temporada de "Os Outros", sucesso no Globoplay, estreia na TV Globo. Na imagem, Antonio Haddad (Marcinho) e Paulo Mendes (Rogerinho). Foto: Globo/Estevam Avellar

Sucesso no Globoplay, a primeira temporada de "Os Outros" chega, no dia 18 de abril, ao horário nobre da TV Globo, com exibição às quintas-feiras, após a novela "Renascer". A série traz uma discussão sobre a intolerância e a dificuldade de diálogo na sociedade atual, a partir da história de duas famílias que vivem em um mesmo condomínio. Os casais vizinhos Wando (Milhem Cortaz) e Mila (Maeve Jinkings) e Cibele (Adriana Esteves) e Amâncio (Thomás Aquino) entram em conflito após uma briga entre seus filhos, Rogério (Paulo Mendes) e Marcinho (Antonio Haddad). A situação chega a extremos, com consequências absurdas que envolvem outros moradores do local. 

Com grande elenco e interpretações surpreendentes, a série é resultado da sintonia fina entre o autor Lucas Paraizo e a diretora artística Luisa Lima, à frente das equipes de criação e realização. Trabalhando há mais de cinco anos em parceria, eles agora celebram a chegada da obra à TV aberta. “’Os Outros’ foi a série mais autoral que escrevi até hoje. Nasce de uma reflexão sobre o que acontece quando todos acham que têm razão, uma característica dos dias atuais. Tentei unir uma narrativa popular à densidade dos assuntos que escolhi tratar: a classe média brasileira endividada, polarizada e cheia de medo, mas com sonhos e ambições legítimas. Estou curioso sobre qual vai ser o impacto dessa obra na TV aberta”, comenta Lucas.

Para Luisa Lima, estrear na TV representa a chance de emocionar e conversar com o país todo. “’Os Outros’ fala do Brasil de hoje, das consequências da intolerância dentro e fora de casa. A trama tem viradas muito surpreendentes. Podemos chorar, rir, nos encantar e sentir frio na barriga a todo tempo. É uma série pop e sem julgamentos, que expõe as relações com os nossos filhos, os medos, o ideal de vida segura e feliz que temos. Me formei na televisão e sei da nossa responsabilidade. Me encanta esse alcance de um vasto público, e fico muito feliz de apresentarmos uma realização que é fruto do trabalho de uma equipe comprometida e talentosa, com um elenco brilhante. Que todos se afetem, como nós nos afetamos fazendo. ‘Os Outros’ somos nós”, ressalta ela. 

Os atores também comemoram a estreia na TV. Adriana Esteves conta que a série é mais um trabalho importante em sua trajetória profissional. “’Os Outros’ é uma grande série da excelente parceria entre Lucas Paraizo e Luisa Lima. Participar das séries brasileiras que estão sendo feitas é um luxo e um orgulho para mim. ‘Os Outros’, teve enorme sucesso no Globoplay, e, com certeza terá também agora na TV aberta”, conta Adriana, que arrebata o público com sua atuação como Cibele. 

Eduardo Sterblitch destaca que seu personagem, Sérgio, representou uma oportunidade de levar ao público uma faceta de sua atuação diferente dos outros trabalhos que costuma realizar. “Sérgio foi a chance para o público entender que eu posso compor personagens que não são só de humor. Na série, a gente tenta fazer uma coisa ultrarrealista. Acho que isso tocou as pessoas, como a vida real pode ser uma tragédia e pode ser um terror, depende de como você reage aquilo”, afirma o ator. 

A atriz Maeve Jinkings lembra que Mila foi sua primeira personagem depois da pandemia e ressalta a importância do trabalho da equipe no processo. “Em 2022, gravamos a série de forma apaixonada, após a pandemia, período de alta pressão social, isolamento e polaridade política. Encontramos, no texto de Lucas Paraizo uma maneira de lidar com nossas próprias perguntas, na direção de Luísa Lima uma firmeza e um acolhimento de temas tão duros. O elenco é brilhante, formado por artistas que admiro há décadas e que, nesse contexto, se tornaram uma família para mim. Por tudo isso, não fiquei surpresa quando ‘Os Outros’ foi tão bem recebida pelos espectadores do Globoplay. Estou muito feliz e ansiosa para que os espectadores da TV Globo tenham acesso à intensidade desse trabalho que nos orgulha tanto”, comemora Maeve.

Thomas Aquino considera essa trabalho muito significativo, pois o levou para um estágio interessante da atuação. “Pude falar sobre o Amâncio, um homem que tem sensibilidade, paciência e calma para resolver as coisas de forma pacífica e sem violência. Para mim, isso falta na sociedade, não há mais diálogo nem escuta. Nós não estamos sozinhos no mundo, vivemos em um lugar coletivo. Eu não posso viver dentro de um condomínio, ver que existem problemas e partir para agressão física ou verbal na tentativa de resolvê-los. Essa série é maravilhosa porque é uma livraria de questionamentos: Quem somos nós? Como podemos ajudar o outro? Como nos ajudar? Como resolver os problemas com maturidade? Precisamos saber que, se dermos as mãos, não estaremos sós. Espero que o público receba bem porque temos muitos temas que podemos discutir”, reflete Thomas. 

Entre as temáticas que a série aborda, está a criação dos filhos. Drica Moraes, que interpreta a síndica do condomínio, Dona Lúcia, destaca as reflexões sobre a adolescência, que promete gerar identificação com muitas famílias. “A história fala também da entrada do adolescente no mundo adulto. Da mudança radical que é assistir o seu bebê crescer, um belo dia se trancar no quarto e virar um estranho, estranho no sentido de se tornar outro para você. Acontece para todo mundo. Lindo e desafiador. Adolescência é uma fase dura, mas absolutamente linda. A vida é ainda uma página em branco. Em tempos distópicos, o temor anda de braço dado com a esperança nesta etapa na vida dos filhos”, conta a atriz, que é mãe de um adolescente na vida real. 

Outra característica da trama é revelar questões mais profundas por trás dos atos de seus personagens. O ator Milhem Cortaz reflete sobre Wando, cuja trajetória leva a uma solidão intensa. “O Wando é um cara complexo. É um homem que luta pelos seus ideais, é o homem perfeito: que trabalha, provedor, que tem um amor muito grande pelo filho, que cuida da família de forma obcecada. Algumas coisas que vão acontecendo ocultam a trajetória dele e vão o levando para um caminho de solidão profunda. Apesar de ser um personagem divertido, um homem um amoroso, o Wando está ali para representar a solidão desse universo todo. Tantas pessoas em volta e ele não consegue olhar para os lados, porque a razão dele, a sua certeza, é muito maior do que qualquer outra coisa”, declara o ator.

O elenco também conta com Ana Flavia Cavalcanti, Cadu Favero, Bea Aragão, Gabriel Lima, Gi Fernandes, Guilherme Fontes, Henrique Eduardo, Kênia Bárbara, Pedro Ogatta, Rodrigo Garcia, Stella Rabello, Xande Valois, entre outros. 


Marcinho (Antonio Haddad), no chão, sangra. Cibele (Adriana Esteves) e Mila (Maeve Jinkings) tentam ajudar. Foto: Globo/Estevam Avellar

A trama
Durante uma partida de futebol no condomínio, com outros adolescentes, Rogério (Paulo Mendes) agride Marcinho (Antonio Haddad) motivado por um desentendimento em um lance do jogo. Mãe superprotetora e capaz de tudo para defender o filho, Cibele (Adriana Esteves) não tolera o que aconteceu e, sem abrir espaço para uma conversa, afronta a família do jovem que o atacou, o casal Wando (Milhem Cortaz) e Mila (Maeve Jinkings) . Movida pela raiva, ela arranha o carro de Wando. A atitude dá início a uma rixa que extrapola os limites da quadra, em uma sequência de atos impensados e agressões que trazem à tona reações adversas. Motivados pelo que entendem como ameaças a si próprios e a suas famílias, os protagonistas deste drama contemporâneo se veem num emaranhado sem fim de atitudes extremas que mudam para sempre o curso de suas histórias. 

Os acontecimentos colocam a aparente normalidade do condomínio Barra Diamond  em risco. Dona Lúcia (Drica Moraes), a síndica, conta com a atenção do porteiro Elvis (Rodrigo Garcia) para mantê-la informada sobre tudo o que acontece por ali. Já Sérgio (Eduardo Sterblitch), um ex-policial expulso da corporação e morador do condomínio, vê oportunidades de obter vantagens diante do conflito entre os vizinhos. "Os Outros" é uma criação de Lucas Paraizo, escrita com Fernanda Torres, Flavio Araujo, Pedro Riguetti, Bárbara Duvivier, Thiago Dottori e Bruno Ribeiro. A série tem direção artística de Luisa Lima e direção de Lara Carmo. A produção é de Luciana Monteiro, e a direção de gênero, de José Luiz Villamarim.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

.: Crítica: "Ghostbusters: Apocalipse de Gelo" empolga com ação estilo anos 80

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em abril de 2024


Novos desafios para os caçadores de fantasmas resolverem em plena era da modernidade tecnológica, usando o toque exato e saudosista dos anos 80. O novo filme em cartaz na Cineflix Cinemas, "Ghostbusters: Apocalipse de Gelo", sequência de "Ghostbusters: Mais Além", leva a família Spengler, composta por Phoebe (Mckenna Grace, "Anabelle 3: De Volta para Casa"), Trevor (Finn Wolfhard, "Stranger Things") e Callie (Carrie Coon, "Fargo"), ao lado de seu parceiro Mr. Gooberson (Paul Rudd, "Homem-Formiga") ao icônico quartel de Nova York, em que os Caça-Fantasmas originais atuaram nos anos de glória, ou seja, há 40 anos. 

Contudo, numa caçada problemática, Phoebe, de apenas 15 anos, é obrigada a passar para o banco de reserva em nome da distância da maioridade. Não tão longe dali, na própria loja de antiguidades, Ray Stantz (Dan Aykroyd, "Meu Primeiro Amor") recebe uma proposta de compra de Nadeem (Kumail Nanjiani, "Eternos"), que leva uma caixa com bugigangas desconhecidas, incluindo uma esfera que revela ter no mínimo um fantasma ali contido. 

O artefato antigo desencadeia uma força maligna com sede de acabar com a humanidade que precisa do empurrãozinho da fantasminha Melody (Emily Alyn Lind). Mesmo tendo o prefeito de Nova York fazendo de tudo para terminar de desmoralizar os Caça-Fantasmas, o perigo une os novos -incluindo os jovens- e antigos Caça-Fantasmas -claro, Peter Venkman (Bill Murray)- para salvar o mundo de uma segunda era glacial.


"Ghostbusters: Apocalipse de Gelo" acontece na telona de modo envolvente e empolgante, seguindo o estilo fantasia em seu auge dos anos 80 e 90. A produção de 1h56 reverencia o já falecido, Egon (Harold Allen Ramis) por mais vezes -novamente. Contudo, o longa deixa de lado o apelo emocional, como fez em "Ghostbusters: Mais Além" e parte para o melhor da ação dos caçadores de fantasmas usando uniformes, carregados de apetrechos e dirigindo a viatura Ecto em busca de diversos fantasmas perigosos.

Trazendo mais uma vez o fantasma comilão Geleia (com direito a homenagem ao cineasta, roteirista, produtor, ator e dublador eslovaco, Ivan Reitman, falecido em 2022), "Ghostbusters: Apocalipse de Gelo" insere diversos seres malignos, entre eles um que promete abalar as próximas histórias do grupo uma vez que ele é transmorfo e dá vida a objeto inanimados: o Possessor. 

É uma produção agradável de se assistir, fisga a ponto de fazer não perceber o tempo do longa passar, pois sempre entrega novas reviravoltas que despertam a curiosidade a respeito do desfecho. Com efeitos incríveis, "Ghostbusters: Apocalipse de Gelo" é para se assistir no melhor estilo, na telona do cinema. Imperdível!


Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link. Compre seus ingressos no Cineflix Cinemas Santos aqui: vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm 


"Ghostbusters: Apocalipse de Gelo" ("Ghostbusters: Frozen Empire"). Ingressos on-line neste linkGênero: comédia, fantasiaClassificação: 12 anos. Duração: 1h56. Ano: 2023. Idioma original: inglês. Distribuidora: Sony Pictures Brasil. Direção: Gil Kenan. Roteiro: Gil Kenan, Jason Reitman. Elenco: Carrie Coon, McKenna Grace, Finn Wolfhard e Paul Rudd, Bill MurraySinopse: A família Spengler retorna ao icônico quartel de Nova York, onde os Caça-Fantasmas originais atuaram em seus anos de glória. Quando a descoberta de um artefato antigo desencadeia uma força maligna, novos e antigos Caça-Fantasmas precisam se unir para proteger seu lar e salvar o mundo de uma segunda era glacial.



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.: André Morais chega ao terceiro disco com “Voragem”, por Luiz Otero

André Morais. Foto: divulgação

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


Com 20 anos de carreira, o multiartista paraibano André Morais (ator, diretor, cantor e compositor) está divulgando seu terceiro álbum autoral, intitulado Voragem. As dez canções do disco apresentam o olhar do artista sobre o mundo, contando com as participações de Ney Matogrosso e Fabiana Cozza.

Nesse trabalho, André Morais reafirma sua parceria com a compositora Lucina e abre parcerias com a cantora e compositora paraibana Socorro Lira e com a potiguar Valéria Oliveira, construindo um universo criativo em que a presença do feminino é essencial.

Ney Matogrosso participa de “Cantar e Sangrar”, primeiro single lançado do álbum e um dos destaques desse trabalho. E Fabiana Cozza participa na canção “Pátria” (parceria dele com Valéria Oliveira), proporcionando outro momento interessante.

“Voragem” é um álbum de sonoridade acústica, construído com um olhar da Paraíba e do Nordeste, mas de braços abertos para o mundo. Com produção musical de Helinho Medeiros, pianista e acordeonista paraibano, em parceria com o violonista e professor Pedro Medeiros, “Voragem” tem arranjos construídos de forma coletiva, com a liderança e execução de Helinho (piano acústico e acordeom), Pedro Medeiros (violão, violão de 7 cordas, violão de aço e viola caipira), João Cassiano (Percussões) e Victor Mesquita (baixo acústico).

André Morais e Ney Matogrosso . Foto: divulgação

As canções seguem aquele padrão interessante da nossa MPB, com alguns arranjos inspirados nos ritmos nordestinos. André não tem uma extensão vocal muito grande, mas compensa isso utilizando um tipo de interpretação que intensifica a mensagem das canções. A sua escola como ator deve ter sido fundamental para moldar o cantor, pois ele consegue transmitir a emoção na dose certa, auxiliado pelos ótimos arranjos coletivos feitos pelos músicos da banda de apoio. 

André Morais é um artista com trajetória pavimentada por três pilares fundamentais: a música, o teatro e o cinema. Nascido na cidade de João Pessoa, Paraíba, é autor de canções em parceria com nobres nomes da música popular brasileira como Chico César, Carlos Lyra, Ná Ozzetti, Sueli Costa, Ceumar, Milton Dornellas, Socorro Lira e Seu Pereira. Já cantou e gravou ao lado de nomes como Elza Soares, Ney Matogrosso, Mônica Salmaso, Naná Vasconcelos e Tetê Espíndola. Lançou o seu primeiro álbum, Bruta Flor, em 2011, sendo vencedor do Prêmio Nacional Grão de Música. Seu segundo álbum, Dilacerado, foi eleito um dos 100 melhores lançamentos nacionais de 2015.

No teatro, viajou pelas cinco regiões do país, em mais de 60 cidades, como ator e criador do monólogo “Diário de um Louco”, baseado no conto russo de Nicolai Gogol. No cinema, é diretor e roteirista. Seu primeiro filme, o curta-metragem “Alma”, participou de mais de 20 festivais no Brasil e no exterior. Recebeu o prêmio de Melhor Curta do Festival Latino-Americano de Toronto no Canadá. Seu primeiro longa-metragem como autor e diretor, “Rebento”, estreou em janeiro de 2018 na seleção oficial da Mostra de Cinema de Tiradentes e foi vencedor de 27 prêmios nacionais e internacionais.


Cantar e Sangrar


A Lira Nua


Maré Alta


.: "D Ao Vivo Maceió": a casa e as casas de Djavan nas plataformas

Cantor e compositor lança o álbum "D Ao Vivo Maceió", nas plataformas a partir de 11 de abril, onde reúne sucessos e belezas nada óbvias pinçadas de seu repertório. Gravado em sua terra natal e dedicado aos povos indígenas, show aponta para o sentido da origem. O registro audiovisual sai ainda no primeiro semestre


Voz e violão, sua música no sumo portanto, Djavan canta frente à multidão de mais de 20 mil pessoas: “Eu fui batizado na capela do farol, Matriz de Santa Rita, Maceió”. Finca o pé na origem, aponta de onde veio — o que diz muito do passado, mas mais ainda das escolhas presentes e dos caminhos futuros. Casa, enfim. É esse o sentido que atravessa “D Ao Vivo Maceió”, álbum que documenta a turnê do disco “D” — a inicial do nome do artista, em mais um simbolismo que marca o valor essencial do início. O disco chega às plataformas digitais de música no dia 11 de abril, enquanto o registro audiovisual será lançado ainda no primeiro semestre de 2024.

“Eu tenho um amor profundo e uma gratidão imensa pela minha cidade, por Maceió”, derrama-se o compositor, em conversa em seu estúdio, no Rio. “Porque foi ali que eu me formei, foi ali que eu conheci tudo que eu precisava pra ter uma formação diversa como a minha intuição e o meu espírito gostariam. Ali eu conheci o jazz, o R&B, a música flamenca, a música nordestina, a música do Brasil... Me formatei ali”.

O sentido de “casa” que atravessa o show, porém, não é um só. Porque, para além de sua cidade natal, são muitas as casas, as origens, os lares que Djavan evoca no palco. A primeira, ainda antes de entrar em cena, fala de nossa essência como povo, pela voz de uma de suas representantes mais ilustres, Sonia Guajajara. Na abertura de “D: ao vivo Maceió”, ouve-se a líder e ministra dos Povos Indígenas lendo um texto de sua autoria, feito especialmente para a turnê: “Gritamos e ressoamos o ´reflorestarmentes´, para que de uma vez por todas o nosso direito à vida seja conquistado, com base na natureza e na ancestralidade”, diz um trecho.

É ainda sobre o eco dessas palavras que Djavan abre o show com “Curumim”. Lançada em 1989, é uma canção de amor feita da perspectiva de um menino indígena, um curumim que entrega tudo à menina amada (“O que era flor/ Eu já catei pra dar/ Até meus lápis de cor/ Eu já dei/ G.I. Joe, já dei/ O que se pensar/ Eu já dei/ Minhas conchas do mar”) e se angustia com o fato de não ser correspondido.

“Escrevi ´Curumim´ depois de ter ficado muito impressionado quando vi na televisão uns meninos indígenas brincando com esses bonequinhos G.I. Joe (lançados no Brasil como Comandos em Ação)”, conta Djavan, que dedica o show aos indígenas e a todas as minorias do Brasil. “Você vê a infiltração de outras culturas ali, como isso pode matar a cultura indígena. E eu trago na letra, pra sedimentar essa questão, o nome de várias etnias. Nomes belíssimos, sonoros, musicais. Assim como a expressão ´G.I. Joe´ também me pareceu, ali, extremamente musical”.

A fala nos lembra que, para Djavan, a casa é também a música — esteja ela guardada nos sons de Txucarramãe ou de G.I. Joe.

O compositor nota que o lápis de cor, o G.I.Joe, as conchas são na verdade apenas representações da sedução — “algo que é inerente a qualquer povo, a qualquer civilização”,  reflete: “Estou tentando dizer, portanto, que os indígenas somos nós. Quando falo dos indígenas, das minorias, estou falando também de mim”, diz o compositor, que já em segundo disco, de 1978, trazia uma canção sobre o tema, “Cara de índio”.

Como pode ser visto nos palcos e em breve estará no registro audiovisual, ao longo de todo o show, o telão projeta imagens de artistas indígenas e periféricos, na cenografia assinada por Gringo Cardia. Desenvolvido por Marina Franco, em parceria com o estilista convidado Lucas Leão, o figurino de Djavan — uma elegância ao mesmo tempo crua e futurista, ancestral e moderna, marcada por tons terra — dialoga com o cenário, assim como com a luz de Césio Lima, Mari Pitta e Serginho Almeida. Produção esmerada que compensa a espera: gravado em 31 de março de 2023, “D: ao vivo Maceió” ganha as ruas dez anos depois do registro audiovisual anterior de Djavan, o “Rua dos amores ao vivo”.

Depois de “Curumim”, o roteiro prossegue com “Boa noite”, lançada em 1992 — o show reúne músicas que vão desde seu primeiro disco até “D”, de 2022, num panorama amplo de sua carreira. Já nos primeiros versos, Djavan brinca com a ideia do engano de quem se acha dominador. No caso, na dinâmica de um casal no jogo da sedução, mas que pode ser estendido à arrogância do colonizador que toma a terra que não é dele: “Meu ar de dominador/ Dizia que eu ia ser seu dono/ E nessa eu dancei”.

Outras essências de Djavan são tocadas ali (“Ainda bem que eu sou Flamengo”, que ele trata na canção como um modo de lidar com o sofrimento e seu propósito). E já se amplia no groove tão irresistível quanto surpreendente de “Boa noite” uma percepção que “Curumim” já anunciava: de como o artista tem uma linguagem musical sedimentada e, mais do que isso, como ela é amparada por sua banda. Estão no palco com o cantor instrumentistas que já estiveram com ele em diferentes momentos, que aprenderam a entendê-lo e ajudaram a dar forma ao que hoje se entende como a “assinatura Djavan”.

“Desde sempre tenho uma percepção musical diferente. Minha, né? Pessoal. E ninguém é obrigado a tê-la”, explica o artista.  “Mas uma coisa que Deus me deu, que é muito importante pra mim, é saber pedir, fazer com que o sujeito embarque na minha e se sinta confortável com isso. Os músicos que estão comigo hoje já passaram por esse processo várias vezes. ´Curumim´, por exemplo, Nossa Senhora! Ela tem uma divisão inusual, estranha pra quem não tá naquilo. Esses mesmos músicos de hoje relembram, toda vez que a gente vai tocar o ´Curumim´, a dificuldade que era. Mas hoje eles sabem”.

Os “músicos de hoje” a que Djavan se refere são Paulo Calasans (piano e teclado), Marcelo Martins (saxofone e flauta), Marcelo Mariano (baixo), Renato Fonseca (teclado), João Castilho (guitarra, violão e ukulele), Jessé Sadoc (trompete e flugelhorn) e Felipe Alves (bateria). São eles que temperam o balanço bluesly de “Desandou” (do álbum “Matizes”, de 2007); gingam com graça e malícia no medley de sambas djavânicos que une “Limão” (1994), “Avião” (1989) e “Flor de lis” (1976); incendeiam o baile caribenho de “Tanta saudade” (parceria de Djavan e Chico Buarque de 1983) — apenas para citar alguns momentos do show.

Retomando a sequência de “D: ao vivo Maceió”: depois de “Boa noite”, Djavan segue mapeando sua casa em “Sevilhando”, do álbum “D”. O compositor cria o verbo do título para descrever seu movimento por suas raízes espalhadas pelo mundo: “Sevilha plantou/ Na Alagoas nata/ Um fiel servidor”.

“A influência moura, que grassa em Maceió, em Alagoas, no Nordeste, está em mim muito fortemente. Em ´Sevilhando´, trouxe a ligação que há entre a música negra e a música da Andaluzia”, explica Djavan. “Quando eu estive em Sevilha pela primeira vez, senti uma emoção fortíssima. Entrei naquelas vielas medievais e senti um cheiro que era uma coisa louca, um cheiro que estava dentro de mim, que eu nunca tinha sentido, mas eu sabia que aquele cheiro era meu, era da minha vida, da minha ancestralidade. Sentei no meio-fio e comecei a chorar”.

“Te devoro” (1998), “Dou-não-dou” (1987) e “Outono” (1992) exploram, cada uma à sua maneira, os cômodos de outra das casas de Djavan — a casa do desejo. O desejo que sobrevive à chuva e ao frio em “Te devoro”, que se manifesta na fera ronronando com doçura em “Dou-não-dou” e na boca que beija bem em “Outono”.

O som do acordeom do sertão sobre o relevo lindamente acidentado da música de Djavan chamam de novo pro Nordeste em “Seca” (1996). A canção nos encaminha para o já citado medley de sambas — gênero no qual, desde seu primeiro disco, o músico soube instalar seu lar. Outra do álbum “D”, “Um mundo de paz” projeta, com suingue, a ideia de um futuro melhor para o amor — Djavan só acredita em utopias que dançam.

No esperado momento voz-e-violão do show, Djavan canta “Ventos do norte” (1976), “Meu bem querer” (1980), “Alagoas” (1978) e “Oceano” (1989). Presente em seu disco de estreia, “Ventos do norte” é retomada pela primeira vez no palco — Djavan a tocou só na época do lançamento. “Alagoas” também é outra que há décadas não fazia parte de suas apresentações ao vivo.  

O show traz outras novidades no roteiro. “Tanta saudade”, lançada na trilha do filme “Para viver um grande amor” (1983), é incorporada na discografia do Djavan pela primeira vez em sua concepção original — antes, ela estava só numa versão remix no álbum “Na pista, etc.”, de 2005. “Dou-não-dou” nunca havia sido levada ao palco. É o mesmo caso de “Você é” (do álbum “Bicho solto”, de 1998), que, como nota Djavan, também trata de sua origem, identidade, casa:

“Na letra, falo do negro, do árabe e do indígena. Eu me considero um misto dessas três entidades”.

Após o momento voz-e-violão, a banda retoma o palco com “Iluminado”, que Djavan gravou no disco “D” com seus filhos e netos. No show, sua família se expande para a banda e para a plateia, que canta junto e ergue as luzes de seus celulares. A já citada “Desandou” antecede “Tenha calma/ Sem você” (Djavan gravou sua canção e a de Tom Jobim e Vinicius de Moraes juntas dessa forma no álbum “Malásia”, de 1996).

Gravada nos Estados Unidos, “Luz” (1982) sinaliza outra ampliação da casa da música de Djavan para além das fronteiras brasileiras — e, em paralelo, marca a certeza do artista de pertencimento ao seu chão.

“Nessa época a Sony queria que eu fosse morar nos Estados Unidos”, lembra o artista. “Sempre tive isso como um sonho. Chegava a ter dúvida de se não seria melhor pra mim se eu tivesse nascido nos Estados Unidos. Mas quando isso ficou prestes a ser concretizado, a primeira coisa que me veio na cabeça foi o seguinte: como é que eu vou criar com outros elementos que não os do Brasil, a cultura brasileira, as cidades, os lugares, os dizeres, as amarguras, as benesses, tudo que o Brasil pode oferecer? Viver em dólar não pagaria eu me apartar da minha cultura. Fiquei aqui. Foi a decisão mais acertada que eu tomei na vida”.

“Tanta saudade” abre espaço para “Asa” (1986), aproximando em sua letra o deus grego Zeus e o primeiro deputado federal indígena Mário Juruna — céu e chão. No meio da canção, em diferentes momentos, Djavan saúda ainda o CSA (clube de Maceió) e a lua — chão e céu.

“Se” (1992), sua música mais executada nas plataformas, é seguida de “Você é”, que prepara o terreno para a reta final explosiva do show. “Samurai” e “Sina” — ambas do álbum “Luz”, de 1982 — se mostram tão novas e infalíveis como quando foram lançadas. Em ambas, os metais brilham, como que assinando sua importância central ao longo de todo o espetáculo. No solo de Maceió, no palco armado à beira-mar, o verso “Como querer djvanear o que há de bom” parece fazer ainda mais sentido.

Indo do romantismo à catarse, o bis com “Pétala” (1982) e “Lilás” (1984) cumpre seu papel de arremate preciso.

“Você já imaginou fazer um bis e matar o que você acabou de apresentar?” pergunta Djavan, abastecido de sua experiência e sabedoria na comunicação com o público. “O bis é determinante para fazer com que as pessoas vão pra casa com a certeza de que acabaram de ver um grande show”.

Iluminadas, enfim. Djavan, afinal, conhece a importância do movimento da volta pra casa.


Ouça o álbum: http://SMB.lnk.to/DAoVivoMaceio

Assista ao clipe de ‘Ventos do Norte’: http://SMB.lnk.to/ClipeVentosDoNorte


.: “Espresso”: Sabrina Carpenter lança aguardadíssimo single novo

Sabrina Carpenter lança hoje aguardadíssimo single novo, “Espresso”, via Island Records. Ouça aqui. Sabrina compôs o novo single com três parceiros habituais: a vencedora do prêmio GRAMMY Amy Allen (com quem co-escreveu o recente single #1, “Feather”), Julian Bunetta (com quem havia feito “Nonsense”), que também é o produtor de “Espresso”, e Steph Jones (também parceiro em“Nonsense").

Junto com o lançamento do single, Sabrina apresenta o videoclipe oficial da música, que foi dirigido pelo renomado diretor Dave Meyers (Ariana Grande, Bad Bunny, Harry Styles), ganhador do prêmio GRAMMY. Assista ao vídeo aqui.

“Espresso” chega no momento em que Sabrina está prestes a fazer sua estreia no Coachella hoje à noite no palco principal. Sintonize a transmissão ao vivo aqui. O novo single também vem na esteira de outro marco na carreira de Carpenter, que recentemente conquistou seu primeiro número 1 no top 40 das rádios com o single de platina “Feather” e manteve o primeiro lugar por duas semanas consecutivas. No início deste ano, Sabrina ganhou as manchetes ao se juntar a Taylor Swift na etapa internacional de sua aclamada ERA'S Tour por México, América do Sul, Austrália e Cingapura.

Recentemente, Carpenter também foi capa da revista “Cosmopolitan” (edição de março/abril) — leia a matéria aqui. Na semana passada, ela foi apresentada como o novo rosto da marca SKIMS em sua mais recente campanha. Leia sobre isso na “W Magazine” aqui.  

“Espresso” dá aos fãs um gostinho do que está por vir com a cantora, antes da chegada de outras músicas novas. A versão física do single já está disponível para pré-venda da UMusic Store. Saiba mais em: https://www.umusicstore.com/sabrina-carpenter.


Sabrina Carpenter encantou milhões de pessoas como cantora, compositora, atriz e ícone de estilo. Com sua música, ela tem entregado um hino após o outro no palco e no estúdio, ganhando vários certificados de ouro e platina e se apresentando para multidões em todo o mundo.  Na tela, gerou um mega-fandom a partir de uma série de papéis como protagonista na televisão e no cinema. Ela assinou contrato com a Island Records e lançou vários singles de sucesso: "Skin", "Fast Times", "Vicious", "Because I Liked A Boy" e "Nonsense", certificado de platina nos EUA. Seu aclamado quinto álbum de estúdio, “emails i can't send”, apareceu em muitas listas de Melhores de 2022, incluindo as das revistas americanas “Rolling Stone” e “Billboard”, e foi certificado de ouro pela RIAA. O álbum traz o single “Feather”, que acaba de alcançar o primeiro lugar na Top 40 Radio, garantindo a Sabrina seu primeiro lugar. O single de platina também chegou à 26ª posição na Billboard Hot 100, acumulando mais de 600 milhões de transmissões globais até o momento. Além de sua crescente lista de créditos em atuação e música, ela foi selecionada para a prestigiosa lista 30 Under 30 da “Forbes”. Sua turnê emails i can't send, com ingressos esgotados, rodou América do Norte, Europa, Ásia e Brasil. Há pouco, Sabrina abriu para Taylor Swift em datas da Era’s Tour por América Latina, Austrália e Cingapura. Hoje, Sabrina fará sua estreia no Coachella.




quinta-feira, 11 de abril de 2024

.: "Caro Professor Germain": as cartas de Albert Camus para Louis Germain


Assim que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, , uma das primeiras pessoas em quem Albert Camus pensou foi o professor, o Sr. Louis Germain. Sem ele, segundo o próprio Camus, nada disso teria lhe acontecido. Inédito no Brasil, "Caro Professor Germain: cartas e Escritos" é um testemunho do amor, do respeito e do carinho nutridos entre aluno e professor. A tradução é de Ivone Benedetti.

Neste livro, são reunidas pela primeira vez cartas que Albert Camus e Louis Germain trocaram ao longo dos anos, repletas de carinho e admiração mútuos. Além disso, contém o texto “A Escola”, de "O Primeiro Homem" , romance inacabado de Camus no qual Germain é a inspiração para o personagem Bernard, um professor severo, rigoroso, mas, acima de tudo, extremamente afetuoso e apaixonado pelo magistério. "Caro Professor Germain" é uma homenagem à relação de gratidão e carinho entre um aluno e seu professor e um testemunho inspirador do poder de mudança da educação. Compre o livro "Caro Professor Germain: cartas e Escritos" neste link.


Trecho de uma das cartas

“19 de novembro de 1957

Caro senhor Germain,

Deixei que arrefecesse um pouco o ruído que me cercou todos estes dias antes de vir falar um pouco com o senhor do fundo do coração. Acabam de me render uma honra demasiadamente grande, que não busquei nem solicitei. Mas, quando fiquei sabendo da notícia, meu primeiro pensamento, depois de minha mãe, foi para o senhor. Sem o senhor, sem essa mão afetuosa que se estendeu para o menininho pobre que eu era, sem seu ensinamento e seu exemplo, nada disso teria me acontecido.

[...]

Abraço-o com todas as minhas forças.

Albert Camus”


Sobre o autor
Albert Camus foi um jornalista, filósofo e escritor francês nascido na Argélia, em 1913. Seus trabalhos contribuíram com o crescimento da corrente de pensamento conhecida como absurdismo. Entre as maiores obras do autor estão "A Peste""O Estrangeiro" e "A Queda". Um dos grandes autores do século XX, Camus recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1957, três anos antes de sua morte. Compre o livro "Caro Professor Germain: cartas e Escritos" neste link.

.: "Máquina de Leite", de Szilvia Molnar, é um retrato visceral da maternidade


O romance "Máquina de Leite", de Szilvia Molnar, é um retrato cru e visceral da experiência da maternidade. Com tradução de Marcela Lanius no Brasil, o livro teve os direitos de tradução vendidos para oito países. No romance, um casal que vive em Nova Iorque, uma gravidez e o nascimento da primeira filha. O enredo poderia ser idílico, não fosse permeado pela crueza da experiência da maternidade tão bem explorada neste "Máquina de Leite".

“Eu era tradutora, mas agora sou uma máquina de leite”, percebe a narradora a certa altura. E essa autopercepção parece ditar o tom do romance: a consciência de uma transformação completa, dolorosa e incontornável. Acostumada a trabalhar de casa e sozinha, a narradora, que não é nomeada no livro, constata que ficar isolada no apartamento com a bebê recém-nascida traz conflitos e sentimentos de outra ordem. Antes havia amigos por perto, livros para traduzir, conversas, uma vida conjugal. Agora, seu corpo exausto e sua existência giram em torno apenas de nutrir outro ser.

John, o marido, embora bem-intencionado, não consegue sequer chegar à superfície do turbilhão por que está passando a esposa, seja por questões físicas, seja porque praticamente não parou de trabalhar quando a filha nasceu. Assim, em seus dias de isolamento e cansaço, a mãe desenvolve uma estranha relação de amizade com o vizinho viúvo do andar de cima, que se torna a sua única companhia além da bebê.

As visitas que aparecem de vez em quando e deixam palavras de apoio, mas nunca voltam para ajudar, as noites em claro, os pensamentos que flutuam pela mente esgotada de uma mulher que vira mãe: isso tudo é narrado de forma impressionante. Neste livro, a prosa é afiada, conduzida por uma tradutora do sueco para o inglês que medita sobre as palavras, sobre seus sentidos, significados e ressignificados, resultando em um texto trabalhado e conciso, profundo e cruel.

"Máquina de Leite" mescla a descrição dura do pós-parto com os momentos luminosos da descoberta da gravidez, colocando lado a lado alegria e culpa, dor física e afeto, expectativas e frustrações, até que a vida da mãe volte a se equilibrar e ela consiga, enfim, recuperar a sensação de algum controle. Compre o livro "Máquina de Leite" , de Szilvia Molnar, neste link.
 

O que disseram sobre o livro
“Molnar escreveu um romance ousado e muito necessário que tem um pouco da qualidade inabalável da poesia tardia de Sylvia Plath.” - The Atlantic

"Um livro essencial e surpreendentemente emocionante sobre a maternidade... Uma sensação de violência iminente.” - Claire Dederer, The New York Times Book Review


Sobre a autora
Szilvia Molnar
nasceu em Budapeste, cresceu na Suécia e vive nos Estados Unidos. Trabalha em uma agência literária e já colaborou com veículos como Guernica, Lit Hub, The Buenos Aires Review e Neue Rundschau. Garanta o seu exemplar de "Máquina de Leite" , escrito por Szilvia Molnar, neste link.

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