sexta-feira, 29 de março de 2024

.: Resenha "Godzilla e Kong: O Novo Império" é puro entretenimento

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em março de 2024


Pancadaria de monstros colossais na Terra Oca que vai além, passando pela Itália, Egito e, claro, Brasil -o público vibra quando os bichões chegam numa praia do Rio de Janeiro. "Godzilla e Kong: O Novo Império", dirigido por Adam Wingard ("Godzilla vs Kong", "A Bruxa de Blair", de 2016), em cartaz na Cineflix Cinemas, é puro entretenimento ficcional que consegue, com facilidade, agarrar o público para embarcar numa trama repleta de improbabilidades.

A produção de bons efeitos visuais, em 1 hora e 55 minutos, entrega pitadas de "O Senhor dos Anéis", com um "macaquinho" que, por vezes, remete ao nada confiável Gollum/Smeagol que, aqui, leva Kong para macacos que parecem Orcs. Sobra espaço até para um reino de visual brilhante e rosado que remete ao clássico "A História Sem Fim", mas esbarra mesmo é nos "Transformers" e até "Vingadores" quando o macaco grandalhão, com queimaduras de frio numa das patas, recebe um reforço especial -e na cor amarela, "Bumblebee".

Não pense que "Godzilla e Kong: O Novo Império" é decepcionante. Muito pelo contrário, o longa surpreende positivamente, do início ao fim. Seja ao trabalhar muito bem todos os elementos de referência de outras clássicas produções de fantasia ou desenvolver a trama do nicho de titãs destruidores que, volta e meia, dão paz aos humanos que vivem na Terra.

Em "Godzilla e Kong: O Novo Império" a humanidade seguia tranquila enquanto Kong viva na Terra Oca -embora faça uma visita à superfície para pedir ajuda com um dente canino- e Godzilla tirava um longo cochilo, bem acomodado no Coliseu. Contudo, um sinal de socorro, de origem desconhecida, é imitido. Como os animais são sensíveis, mesmo em tamanho descomunal, tanto Kong quanto Godzilla são atiçados. Contudo, os inimigos grandões precisam defender um povoado de comunicação silenciosa de vilões poderosos.

Para quem já tem uma queda por monstros, curte filmes ágeis e cheios de enfrentamentos, "Godzilla e Kong: O Novo Império" é, indiscutivelmente, excelente opção de entretenimento. Neste, não há a loira Ann Darrow (Naomi Watts, "King Kong" de 2005) para acalmar Kong, mas uma jovenzinha chamada Jia (Kaylee Hottle), que vive uma tremenda aventura ao lado de doutora Ilene (Rebecca Hall, "O Presente"), o caçador "dentista" Trapper (Dan Stevens, "A Bela e a Fera") e Bernie Hayes (Brian Tyree Henry, "Trem-Bala" e "Eternos"). Vale a pena conferir na telona da Cineflix Cinemas!

Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link. Compre seus ingressos no Cineflix Cinemas Santos aqui: vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm 

"Godzilla e Kong: O Novo Império" ("Godzilla x Kong: The New Empire"). Ingressos on-line neste linkGênero: drama, ficçãoClassificação: 12 anos. Duração: 1h55. Ano: 2023. Idioma original: japonês. Distribuidora: Warner Bros. Pictures Brasil. Direção: Adam Wingard. Roteiro: Terry Rossio, Simon Barrett, Jeremy Slater. Elenco: Rebecca Hall (Dr. Ilene Andrews), Brian Tyree Henry (Bernie Hayes), Dan Stevens (Trapper), Kaylee Hottle (Jia)Sinopse: A épica batalha continua! O Monsterverse cinematográfico da Legendary Pictures dá continuidade ao confronto explosivo de "Godzilla vs. Kong" com uma nova e emocionante aventura que coloca o poderoso Kong e o temível Godzilla contra uma ameaça colossal e desconhecida, oculta dentro do nosso mundo, desafiando a própria existência deles - e a nossa também. "Godzilla X Kong: O Novo Império" aprofunda-se ainda mais as histórias desses Titãs e as suas origens, assim como nos mistérios da Ilha da Caveira e além, revelando a batalha mítica que ajudou a forjar esses seres extraordinários e os vinculou para sempre à humanidade.



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.: Box resgata discos do Black Sabbath com Tony Martin no vocal


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Um relançamento aguardado há anos finalmente vai acontecer. Trata-se do box "Anno Domini – 1989-1995", da banda de rock Black Sabbath, que resgata o período em que contava com Tony Martin no vocal.

É preciso lembrar aquele momento da banda, que atravessava uma série de problemas com as mudanças constantes de formação após a saída de Ozzy Osbourne e, posteriormente, Ronnie James Dio. O guitarrista Tommy Iommi foi o único da formação original que permaneceu em todos os discos, firme no propósito de levar adiante sua música. No final dos anos 80 encontra o cantor Tony Martin que assume os vocais da banda, com Cozy Powell na bateria e Geoff Nichols nos teclados.

Se por um lado a sonoridade difere bastante do período inicial (da era Ozzy), a era Tony Martin teve o mérito de ajudar a manter acesa a chama do grupo, com um som bem próximo do estilo heavy metal. Provavelmente influenciado pelo estilo do então novo vocalista e pelo fato do estilo na época estar em alta com o público.

A colaboração de Martin resultou no lançamento dos discos inclusos no box: "Headless Cross", "Tyr", "Cross Purposes" e "Forbidden". Iommi incluiu algumas faixas bônus que despertarão os fãs da banda. E remixou as faixas de Forbidden especialmente para esse relançamento. Só ficou de fora o álbum "Eternal Idol", que na prática é o primeiro da fase com o Tony Martin.

O box inclui um livreto com fotos, obras de arte e notas de capa de Hugh Gilmour. A coleção também contém um pôster de "Headless Cross" e uma réplica do livro de concertos da turnê do disco. Com essa iniciativa, Iommi consegue manter viva a história do grupo. Ainda que seja um período inferior em comparação com o inicial, vale a pena conhecer mais detalhes dessa fase da banda.

"Headless Cross"

"Feels Good To Me"

quinta-feira, 28 de março de 2024

.: Resenha: "Kung Fu Panda 4" trata necessidade do desapego e da família

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em março de 2024


Um panda gigante adotado por um ganso que é reencontrado pelo pai biológico. Eis Po, o urso que só consegue pensar em comida, mas alcança o mais alto nível no Vale da Paz, batizado no título de Dragão Guerreiro, precisa se tornar o líder espiritual do local. Na animação "Kung Fu Panda 4", em cartaz no Cineflix Cinemas, o panda desfruta da fama de seu cargo, enquanto segue com a mente direcionada ao que pode comer.

O quarto filme da saga de Po começa com a árdua lição de colocar em prática o desapego, uma vez que o panda precisa treinar um novo Dragão Guerreiro. Contudo, diante da dificuldade de escolher alguém apto, Po cria uma nova amizade -um tanto que duvidosa- que é colocada em cheque (gerando uma tremenda reviravolta na trama). 

Por outro lado, a animação também dá destaque ao apoio da família, no caso, os dois pais do urso panda. No habitual colorido vibrante e com efeitos visuais belíssimos nas cenas de enfrentamento, "Kung Fu Panda 4", a comédia mesclada com aventura da Dreamworks empolga todas as idades. E no desfecho ainda entrega uma nova roupagem para a clássica música de Britney Spears, "Hit Me Baby One More Time". Vale muito a pena conferir nas telonas dos cinemas!

Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link. Compre seus ingressos no Cineflix Cinemas Santos aqui: vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm 


"Kung Fu Panda 4" ("Perfect Days"). Ingressos on-line neste linkGênero: drama, ficçãoClassificação: 12 anos. Duração: 2h03. Ano: 2023. Idioma original: japonês. Distribuidora: O2 Play . Direção: Wim Wenders. Roteiro: Takuma Takasaki, Wim Wenders. Elenco: Kōji Yakusho (Hirayama), Tokio Emoto (Takashi Arisa), Nakano (Niko), Aoi Yamada (Aya), Yumi Asō (Keiko), Sayuri Ishikawa (Mama), Tomokazu Miura (Tomoyama), Min TanakaSinopse: Hirayama trabalha como limpador de banheiros em Tóquio. Ele parece satisfeito com sua vida simples. Segue um dia a dia estruturado e dedica seu tempo livre à paixão pela música e pelos livros. Hirayama também gosta de árvores e as fotografa. Mais do seu passado é gradualmente revelado através de uma série de encontros inesperados.




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.: Edições Sesc lançam versão impressa de "Refazenda", de Chris Fuscaldo


Obra investiga vida e trajetória musical de Gilberto Gil com foco no álbum que inaugurou trilogia, gravado em 1975.


As Edições Sesc lançam a versão impressa do livro "Refazenda: o Interior Floresce na Abertura da Fase 'Re' de Gilberto Gil", obra que faz parte da coleção Discos da Música Brasileira. Escrito pela jornalista e pesquisadora musical Chris Fuscaldo, o livro investiga a vida e a obra de Gilberto Gil com foco no álbum que inauguraria sua inspirada trilogia: "Refazenda", de 1975. Além de entrevistas com Gil, outros músicos e produtores, o livro reúne uma pesquisa de fôlego por todo material já publicado sobre compositor para recontar histórias, memórias e experiências vividas na criação do álbum. O lançamento acontece no dia 3 de abril, quarta-feira, a partir de 19h00, no Sesc 14 Bis, com bate-papo entre a autora Chris Fuscaldo e o músico e apresentador Luiz Thunderbird, seguido de sessão de autógrafos.

Nome de proa entre os maiores artistas brasileiros, Gilberto Gil criou álbuns que se tornaram clássicos. Entre eles, se destacam os que formam aquela que ficou conhecida como a trilogia “Re”: "Refazenda", "Refavela" e "Realce", com um quarto capítulo no meio deles: "Refestança", parceria com Rita Lee. “O antes e o depois do exílio e o feito do 'Refazenda' – de ter sido o primeiro trabalho a de fato lhe dar autonomia – transformaram a vida de Gil”, detalha Chris. 

Sobre essa sua fase, Gil conta: [A trilogia ‘Re’] foi uma ideia que veio depois. Quando eu fiz o Refazenda, me dedicando aos aspectos da renovação, da reconstituição de um universo etc, aquilo tudo me inspirou nesse sentido de revisita a certos recantos do meu território. Quando eu tive que pensar num movimento seguinte ao Refazenda, aí então esse sentido de revolvimento do terreno me veio à mente. Daí a ideia de revisitar o mundo negro [em 'Refavela']. A viagem à Nigéria foi extraordinariamente inspiradora, convidativa nesse sentido... E, lá, mais adiante, também teve o Realce, com o Refestança no meio, meu disco com a Rita... Todo esse mundo ‘Re’ foi forjado ali no 'Refazenda'”

O jornalista e crítico musical Lauro Lisboa Garcia, organizador da coleção Discos da Música Brasileira, e que assina o prefácio, destaca a pesquisa feita pela experiente autora: “Chris Fuscaldo, que já mergulhou nas searas discobiográficas dos Mutantes e da Legião Urbana, amarrou agora seu arado aos torrões estelares do sítio de Gil, com reverência e relevância. Seu relato traz entrevistas com ele e ‘falas de outros tempos’ para recontar a história de um dos discos mais representativos da música brasileira dos anos 1970, com canções que vão se refazendo sem perder o viço, na memória e nas vozes de outros intérpretes, mesmo sem tocar no rádio”.


Sobre a coleção Discos da Música Brasileira
A coleção Discos da Música Brasileira é uma série de livros lançados inicialmente em e-book e que vem sendo gradativamente disponibilizada em formato físico. Apresenta, em cada volume, a história de um importante álbum que marcou a música, seja pela estética, por questões sociais e políticas, pela influência sobre o comportamento do público, como representantes de novidades no cenário artístico ou, também, por seu impacto no mercado fonográfico. A coleção tem organização de Lauro Lisboa Garcia.

Atualmente com cinco volumes lançados em e-book e quatro com versões físicas, a coleção se iniciou com a publicação digital "Da Lama ao Caos: que Som é Esse que Vem de Pernambuco?" do jornalista e crítico musical José Teles, que destrincha o álbum de Chico Science & Nação Zumbi, um dos mais representativos da cena manguebeat. O segundo volume da coleção é o livro "Acabou Chorare: o Rock’n’Roll Encontra a Batida de João Gilberto", do jornalista e escritor Marcio Gaspar, que analisa o icônico álbum dos Novos Baianos. Já a terceira obra é o "África Brasil: um Dia Jorge Ben Voou para Toda a Gente Ver", da jornalista e pesquisadora musical Kamille Viola. O quarto livro é "O Canto da Cidade: da Matriz Afro-baiana à Axé Music de Daniela Mercury", do jornalista e produtor cultural Luciano Matos, além do já citado "Refazenda". Garanta o seu exemplar de "Refazenda: o Interior Floresce na Abertura da Fase 'Re' de Gilberto Gil", escrito por Chris Fuscaldo, neste link.

Sobre a autora
Chris Fuscaldo é jornalista, pesquisadora musical, mestra e doutora em Literatura, Cultura e Contemporaneidade, também é autora dos livros "Discobiografia Legionária" (LeYa, 2016), "Discobiografia Mutante: álbuns que Revolucionaram a Música Brasileira" (Garota FM Books, 2018), "Viver é Melhor que Sonhar: os Últimos Caminhos de Belchior" (Sonora, 2021 – com Marcelo Bortoloti) e "De Tudo se Faz Canção: 50 Anos do Clube da Esquina" (Garota FM Books, 2022 – com Márcio Borges). Membro da Academia Niteroiense de Letras, acompanhou Gilberto Gil de 2019 a 2022 e assinou a curadoria do museu O Ritmo de Gil, lançado no Google Arts & Culture. Compre o livro "Refazenda: o Interior Floresce na Abertura da Fase 'Re' de Gilberto Gil", de  Chris Fuscaldo, neste link.


Serviço
Evento de lançamento do livro "Refazenda: o Interior Floresce na Abertura da Fase 'Re' de Gilberto Gil". Dia 3 de abril, quarta-feira, a partir de 19h00. Bate-papo entre Chris Fuscaldo e Luiz Thunderbird, seguido de sessão de autógrafos. Biblioteca – Térreo . Todas as idades. Grátis. Sesc 14 Bis. R. Dr. Plínio Barreto, 285 - Bela Vista/São Paulo.

.: Espetáculo "Véspera" mistura G.H., de Lispector, e Ofélia, de Shakespeare


Espetáculo nasce do encontro entre as personagens G.H., de Clarice Lispector, e Ofélia, de William Shakespeare. Foto: Ligia Jardim

Duas potentes personagens femininas de universos, épocas e contextos completamente diferentes inspiram a criação do solo inédito "Véspera", escrito, dirigido e estrelado por Fernanda Stefanski. O espetáculo estreia no dia 12 de abril, no Teatro Arthur Azevedo, onde segue em cartaz até o dia 28 do mesmo mês, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h.

O texto nasceu a partir do encontro entre as personagens G.H., extraída do romance “A Paixão Segundo G.H.”, da autora brasileira Clarice Lispector (1920-1977), e Ofélia, criada pelo bardo inglês William Shakespeare (1564-1616) na peça “Hamlet”. A ideia é propor um mergulho na psique feminina, cruzando as trajetórias de duas personagens icônicas, em uma investigação sobre loucura, identidade e liberdade. 

A ação de "Véspera" é o percurso de transformação existencial de Ofélia, uma mulher que, a partir do término de uma relação amorosa, mergulha em uma aventura de reconstrução de seu passado e de sua história. Ao sofrer uma metamorfose de si mesma, Ofélia perde a sua concepção de mundo – a maneira como ela se conhecia até então – para conquistar a ressignificação de sua existência. 

O encontro de Ofélia com G.H. é um choque de mundos, no qual duas mulheres se entrelaçam e desafiam os limites da racionalidade e da realidade, questionando representações da opressão feminina, convenções sociais e o peso das expectativas alheias. Nesse cruzamento de universos, "Véspera" é um vislumbre profundo sobre a condição da mulher na sociedade, sobre a natureza da loucura e sobre os labirintos da mente humana. O encontro entre elas, mais do que a fusão de duas personagens, é a sobreposição de dois universos simbólicos que nos convidam a explorar as profundezas da alma feminina e os mistérios da condição humana.

"Véspera" faz parte da "Trilogia do Desencanto", juntamente com "Nós" (2022) e "A Grande Obra" (2023), que tem como ponto central uma pesquisa sobre a desilusão, a partir de um estudo do romance de Clarice Lispector, "A Paixão Segundo G.H". A linguagem da peça extrapola os limites do teatro dramático, mesclando elementos do drama, da performance e da arte-tecnologia. Vemos em cena uma Ofélia às avessas, em uma proposta de atuação que expande os limites da cena acabada e adquire um contorno performativo, no qual o obsceno assume o centro da ação. 

O espetáculo propõe uma relação direta com o espectador, na qual a protagonista expõe as etapas íntimas de um processo de desconstrução de si, buscando libertar-se de um "eu" objetificado e aprisionado no modelo ficcional da heroína-trágica e tecendo uma reflexão sobre gênero, revolução e transgressão. Despida do desejo de persuadir o espectador acerca de um discurso lógico, a espinha dorsal da dramaturgia se estrutura na tensão entre a narrativa dramática da tragédia Hamlet e a travessia metafísica de “A Paixão Segundo G.H.”

A personagem de Clarice surge em "Véspera" como a mão invisível que conduz o processo de metamorfose da personagem shakespeariana e traz para o centro da cena as palavras não ditas de Ofélia: seus fantasmas, sua lucidez radical e a esperança de evitar que seu final trágico se repita. Dissecando a equação "loucura e morte", massivamente presente nas representações de personagens femininas em ficções, o espetáculo questiona o modelo ficcional da "mulher-louca-suicida", que, muitas vezes, se estende às nossas relações cotidianas. 

Ao longo de uma noite insone, a Ofélia de "Véspera" realiza uma aventura, deixando de ser uma personagem narrada pela perspectiva alheia, para apropriar-se de suas palavras e adquirir a dimensão de sujeito, movida pelo desejo de reescrever o desfecho de uma das mais famosas e influentes tragédias da cultura ocidental. 

Da fusão da personagem emblemática de Clarice com uma das personagens mais famosas de Shakespeare, surge uma Ofélia que se questiona sobre vida e morte, amor e ódio, obediência e transgressão. Uma Ofélia dividida entre ser e não ser, entre passado e futuro, entre o que a história insiste em perpetuar e o que sua consciência deseja libertar.


Sinopse
Após ser declarada morta, afogada em um rio, Ofélia retorna à cena de seu suposto suicídio para reconstituir a verdade sobre sua morte. Sozinha pela primeira vez em muito tempo, ela invade um teatro interditado e revela detalhes íntimos de sua vida. Misturando sonho e realidade, Ofélia reescreve sua história e altera o desfecho de uma grande tragédia.


Ficha técnica
Solo "Véspera".
Concepção, direção, dramaturgia e atuação: Fernanda Stefanski
Projeto Audiovisual e Tecnológico: André Zurawski
Cenografia e Desenho de Luz: Marisa Bentivegna
Figurinos e Adereços: Chris Aizner
Trilha Sonora e Desenho de som: Arthur Decloedt e Charles Tixier
Interlocução Artística: Bruna Betito
Fotografia: Ligia Jardim
Registro Audiovisual: Otavio Dantas
Arte Gráfica: André Zurawski e Fernanda Stefanski
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Gerenciamento de Redes Sociais: Zava
Intérprete de Libras: Fabiano Campos
Produção: André Zurawski e Fernanda Stefanski
Assistência de Produção: Larissa Miranda
Apoio: Oficina Cultural Oswald de Andrade, IBT - Instituto Brasileiro de Teatro, Espaço das Pequenas Coisas, EAI - Espaço de Artes Integradas

Serviço
Solo "Véspera".
Temporada: 12 a 28 de abril de 2024*
Às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h
Sessão extra, quinta, dia 25 de abril às 20:00
Teatro Arthur Azevedo – Av. Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca
Ingressos: gratuitos – distribuídos uma hora antes de cada sessão
Classificação: 16 anos
Duração: 70 minutos
Capacidade: 50 lugares
Acessibilidade: Teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
*Sessões com intérprete de Libras: 14 e 21 de abril

quarta-feira, 27 de março de 2024

.: Resenha: "Dias Perfeitos" dá aula de enaltecimento do belo na simplicidade

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em março de 2024


A alegria de viver de um homem que limpa os banheiros de Tóquio. Eis a história de Hirayama (Kōji Yakusho) que com simples gestos e olhares singulares, ensina -a quem está diante da telona do cinema- a apreciar o belo que o cerca. "Dias Perfeitos", em cartaz no Cineflix Cinemas, retrata um solitário de raras palavras que vive numa pequena casa que, de tão minimalista, não tem espaço adequado para o banho. Contudo, nada parece tirá-lo do meio de contemplação e agradecimento, diariamente.

Seguindo repetidamente seus dias, num esforço de que nada mude, ainda que sofra interferências variadas de seu parceiro de trabalho, um jovem confuso e engraçado, Hirayama mantém o equilíbrio e estampa sorrisos de alegria e satisfação. Nem mesmo a "visita" surpresa de uma sobrinha é capaz de tirar o homem do seu estado de plena felicidade. No entanto, a explosão de raiva se faz  diante da falta de alguém para lhe auxiliar no trabalho ou ainda quando revê a irmã.

Asiático, seu gosto cultural vai além das fronteiras, seja no quesito musical ou literário. Assim, o longa dirigido por Wim Wenders tem uma trilha sonora perfeita. O filme que soma 2 horas e 3 minutos de duração pode ser monótono para quem curte ação e tramas mastigadas. Contudo, o filme que recebeu indicação ao Oscar 2024, na categoria Melhor Filme Internacional, é complexo e extremamente provocante. 

"Dias Perfeitos" é o tipo de filme para se assistir de alma aberta para que se aproveite a história por inteira, vivenciando em conjunto a felicidade de Hirayama diante de uma vida simples ou emergindo em seus sonhos em preto e branco que resumem as vivências de cada dia. O longa com roteiro de Takuma Takasaki, Wim Wenders é simplesmente imperdível!

Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link. Compre seus ingressos no Cineflix Cinemas Santos aqui: vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm 



"Dias Perfeitos" ("Perfect Days"). Ingressos on-line neste linkGênero: drama, ficçãoClassificação: 12 anos. Duração: 2h03. Ano: 2023. Idioma original: japonês. Distribuidora: O2 Play . Direção: Wim Wenders. Roteiro: Takuma Takasaki, Wim Wenders. Elenco: Kōji Yakusho (Hirayama), Tokio Emoto (Takashi Arisa), Nakano (Niko), Aoi Yamada (Aya), Yumi Asō (Keiko), Sayuri Ishikawa (Mama), Tomokazu Miura (Tomoyama), Min TanakaSinopse: Hirayama trabalha como limpador de banheiros em Tóquio. Ele parece satisfeito com sua vida simples. Segue um dia a dia estruturado e dedica seu tempo livre à paixão pela música e pelos livros. Hirayama também gosta de árvores e as fotografa. Mais do seu passado é gradualmente revelado através de uma série de encontros inesperados.

Trailer de "Dias Perfeitos"




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.: BBB 24: entrevista com Leidy Elin, a eliminada da semana

Foto: TV Globo


Foram 77 dias no "Big Brother Brasil" sem receber nenhum voto. Em temporadas anteriores, alguns participantes conseguiram chegar perto, mas só ela alcançou essa marca. Leidy Elin se despediu do reality show nesta terça-feira, dia 27, depois de enfrentar MC Bin Laden e os adversários Davi e Matteus em sua primeira berlinda. A agora ex-sister recebeu 88,33% dos votos para sair, mas aqui fora é só alegria com sua trajetória no BBB e com o que está por vir nesta nova fase. Depois de uma jogada arriscada – e planejada – contra seu maior rival e de recalcular rota algumas vezes, a trancista de São Gonçalo reconhece o que foi determinante para sua eliminação, mas afirma deixar no jogo o que aconteceu lá. “Da porta para fora, eu quero que todo mundo seja feliz, que todo mundo arrume trabalho e consiga o melhor aqui fora, ganhando ou não, porque todo mundo é merecedor de estar lá dentro”, destaca.

Na entrevista a seguir, Leidy Elin revela como estabeleceu suas maiores afinidades dentro do BBB, conta sua percepção em relação ao jogo de Davi e diz o que não quer deixar de fazer neste novo ciclo. Fora da casa, a ex-participante ainda avalia os rumos do programa nesta reta final e entrega sua torcida para campeão da temporada.

 

O que o "BBB 24" representou para você?

Foi uma experiência maravilhosa, que eu sei que mudou a minha vida desde o primeiro momento em que eu pisei lá. Eu sempre fui fã do programa, já tinha tentado entrar uma vez, mas não concluí [a inscrição]. E esse ano para mim foi uma surpresa conseguir entrar de primeira. Eu duvidava de mim o tempo inteiro... mas foi uma experiência que vai ficar marcada na minha vida para sempre. Agora estou famosa e sou uma ex-BBB! (risos).

 

Que momentos da sua trajetória no reality você destaca como os mais importantes, de tudo que viveu?

A festa com a Ivete Sangalo! O que foi aquilo? Eu não conseguia nem abraçar a mulher e ela dizia: ‘me abrace’. Eu fiquei sem acreditar, aquilo foi para mim a realização de um sonho. Ela é perfeita, simpática demais! Trouxe uma energia muito boa para dentro da casa. Por dois segundos eu esqueci que estava no ‘Big Brother’, parecia que eu estava em um show particular com a Ivete.

 

Você fez parte de diferentes grupos durante sua permanência na casa. O que te levava a recalcular a rota nesses momentos?

Afeto e conexão. Eu me conectei muito com o Marcus e, quando ele saiu, o Buda [Lucas Henrique] me acolheu automaticamente. Com isso, eu fiquei do lado dele e da Yas [Yasmin Brunet], mas foi todo mundo saindo... aí, quando eu fui ver, estava no Gnomos (risos). Ir para o Gnomos foi mais uma questão de estratégia de jogo, porque ali todo mundo tinha ciência de que logo logo teria que votar entre si.

 

Com que participantes você realmente tinha mais afinidade? Pretende manter essas amizades aqui fora?

Com o Marcus, com o Budinha, com a Raquele, com a Yas, com a Pitelzinha. Gosto muito deles. Se eles quiserem manter a amizade comigo, eu quero muito! 

 

Nas últimas semanas, sua rivalidade com Davi ficou bastante evidente. Como avalia o jogo dele? 

Eu acho ele muito jogador, entrou com a faca nos dentes. É o jogo dele... eu não concordava com algumas atitudes, mas as nossas questões eram mais coisas de convivência, ali no finalzinho. 

 

O que era incompatível entre vocês dois?

A convivência e algumas atitudes dele. Por exemplo: quando a cunhã [Isabelle], que era melhor amiga dele, estava com alvo no braço, ele foi oferecer o anjo para outra pessoa. Tinha essa questão de jogo, mas aqui fora, se quiser falar comigo, estou de boas, eu abraço, beijo. Jogo é jogo. Anteontem eu falei para ele: ‘Da porta para fora, eu quero que todo mundo seja feliz, que todo mundo arrume trabalho e consiga o melhor aqui fora, ganhando ou não, porque todo mundo é merecedor de estar lá dentro.’

 

Lucas Henrique foi um participante em quem você afirmou que confiava e escolhia para dividir estratégias. O que vocês tinham em comum ou o que aproximava vocês no jogo, em sua opinião? 

A gente se conectou muito em relação à favela. Ele veio da favela; eu também. A gente tinha aquela coisa bem periférica. Ele me entendia e eu entendia ele; a gente falava com gírias – “aulas”. E também por ancestralidade: ele é da capoeira, sabe muito da cultura africana. Quando eu trançava, ele falava: ‘Acho tão lindo você trançando...’. Então, foi uma conexão maravilhosa entre mim e ele. 

 

Você bateu um recorde histórico no ‘Big Brother Brasil’ permanecendo 77 dias de programa sem receber nenhum voto. Lá dentro você tinha noção de que ninguém votava em você? A que atribui este feito? 

O Davi queria ir para o paredão comigo, estava nítido o embate entre mim e ele, então quando teve aquela confusão das Fadas, todo mundo pensou: ‘Vou votar na Leidy’. Na minha cabeça, eu pensava que ele votava em mim e que lá no começo outras pessoas também haviam votado. Entraram 26 pessoas, como é que ninguém votou em mim? Eu jurava que tinha recebido pelo menos um ou dois votos. Se eu tivesse sido líder, ia ficar frustrada quando visse ‘zero votos’, que loucura! Mas eu bati recorde no BBB e atribuo isso ao meu jeito. Falavam de mim, mas todo o tempo diziam que eu era muito sincera, que eu não aguentava calada, então acho que foi isso. Eu não tinha estratégia; minha estratégia era ser do meu jeito. Fui tentar uma estratégia já no final.

 

Que estratégia era essa?

Somar voto, fazer contagem... igual no dia em que eu fiquei contando voto para a Alane não ir. Comecei a tentar descobrir quem iria votar em quem, do meu jeitinho, mas tentei (risos).

 

O que foi determinante para sua saída, em sua opinião?

A mala na piscina e o fato de recalcular rota.

 

Quem acha que devem ser os próximos participantes a deixarem a casa? E quem acredita que chega à final? 

Pelo que vi aqui fora, eu acho que quem sai é o Bin, o Buda e a Nandinha.Davi está com uma torcida gigantesca aqui fora, então eu acho meio óbvio que ele vai chegar à final. Acho que a Bia também chega. E além dela, a Alane ou a Cunhã (que eu gosto muito).

 

E para quem você torce?

Eu torço muito para a Pitel e para o Buda. Vamos ver como é que vai ser, vai que tem uma reviravolta nesses 20 dias, a gente não sabe...

 

Você mudou seu visual algumas vezes dentro da casa, também fez tranças em outras participantes. Que sentimentos vinham à tona quando você mexia com cabelos, que é o seu ofício fora do jogo? 

Eu amo trançar! Eu até falei isso para o Buda naquele dia da festa da Bia, em que a gente estava entrevistando, e ele perguntou por que eu gostava de trançar. Eu falei para ele que trança é uma arte que meus ancestrais deixaram para mim, então eu tenho muito orgulho de mostrar essa arte para o Brasil inteiro, lá dentro ou aqui fora. É a profissão que eu comecei a exercer com 16, 17 anos e nunca mais larguei. Eu amo! A Pitel fala para mim: ‘Eu não vou te perturbar, não, tá?’. E eu dizia: ‘Pode perturbar, quando eu não quiser, vou falar que não quero. Mas eu gosto’ (risos).

 

Pretende continuar exercendo a profissão no pós-BBB? 

Pretendo, porque é a minha profissão. Eu sou trancista. Vamos ver como vai se desenrolar o rolé aí, mas de alguma forma eu pretendo, sim.

 

Além desse, quais são seus planos para o pós-BBB?

Eu ainda estou um pouco no mundo da lua. Ainda não sei como vai ser, vou deixar a vida me levar, vida leva eu... Vou abraçar o que vier de melhor, mas também não quero largar minhas tranças. Amo trançar, amo mudar. Então, vamos ver se a gente consegue conciliar as coisas.

 

O "BBB 24" tem apresentação de Tadeu Schmidt, produção de Mariana Mónaco, direção artística de Rodrigo Dourado e direção de gênero de Boninho. O programa vai ao ar de segunda a sábado após "Renascer", e domingos, após o "Fantástico". 

Além da exibição diária na TV Globo, o "BBB 24" pode ser visto 24 horas por dia no Globoplay, que conta com 12 sinais com transmissão simultânea, incluindo o mosaico de câmeras, as íntegras e os vídeos dos melhores momentos, edições do "Click BBB" e o "Mesacast BBB", que também terá distribuição de trechos no streaming, no gshow, nas redes sociais e plataformas de vídeos, incluindo a versão em áudio no gshow e nas plataformas de podcast. Todos os dias, logo após a transmissão na TV Globo, o Multishow exibe uma hora de conteúdo ao vivo, direto da casa. O canal ainda conta com flashes diários, ao longo da programação, e com o ‘BBB – A Eliminação’, exibido à 0h30 de quarta para quinta-feira. No gshow, o público pode votar e decidir quem permanece ou deixa o jogo e acompanhar a página "BBB Hoje", as páginas dos participantes e conteúdos exclusivos, como o ‘Bate-Papo BBB’, enquetes e resumos do que de melhor acontece na casa.


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