segunda-feira, 11 de março de 2024

.: Teatro: "O Ninho, Um Recado da Raiz", de Newton Moreno, no Sesc Bom Retiro


Espetáculo inédito é escrito e dirigido por Newton Moreno. Com trilha sonora original de Zeca Baleiro, espetáculo é uma novela cênica sobre a intolerância e o ódio no canavial nordestino. Foto: Ronaldo Gutierrez


A dolorosa procura de um jovem por descobrir suas origens e o passado de sua família é tema de "O Ninho, Um Recado da Raiz", com direção e dramaturgia do premiado Newton Moreno. O espetáculo estreia nesta sexta-feira, dia 15 de março, no Sesc Bom Retiro, onde segue em cartaz até 21 de abril, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h00, e aos domingos, às 18h00. O trabalho ainda tem trilha sonora original de Zeca Baleiro, que também assina a direção musical ao lado de André Bedurê. Já o elenco traz Paulo de Pontes, Tay Lopes, Kátia Daher, Badu Morais, Rebeca Jamir e Jorge de Paula. Em cena, também estão os músicos Bedurê e Pablo Moura.

O projeto retoma a parceria de Moreno com o produtor Rodrigo Velloni, parceiros criativos na bem-sucedida montagem “As Cangaceiras, Guerreiras do Sertão” (2019). Escrita em 2009, "O Ninho, Um Recado da Raiz" surgiu quando a Cia. Os Fofos Encenam estava pesquisando a civilização da cana-de-açúcar, o patriarcado feudalista da cana e a região da Zona da Mata, no Nordeste brasileiro, para a criação da peça “Memória da Cana”. Na época, o texto seria usado para compor um dos movimentos de outro espetáculo do grupo, “Terra de Santo”, que foi encenado na sequência.

“Nas minhas pesquisas, acabei descobrindo uma célula nazista, localizada em uma cidade perto de Recife. Lá, havia uma grande empresa de uma família poderosa chamada Lundgren, que é importantíssima para a história da cidade e apoiou alguns nazistas que vieram para cá. Encontrei no Arquivo Público do Estado de Pernambuco uma série de documentos registrando os encontros dessas pessoas com espiões alemães e até reuniões do partido nazista. Tive acesso ao trabalho de pesquisadores e ao livro de uma amiga, Susan Lewis, sobre essa presença dos nazistas no Brasil e nas Américas, e comecei a escrever a história”, conta Newton Moreno.

E sobre a decisão de retomar essa obra, o autor ainda revela que se trata de uma resposta à nova ascensão da extrema direita ultraconservadora e dos pensamentos fascista e neonazista no Brasil e no mundo. “Recentemente, tive acesso aos trabalhos da saudosa pesquisadora Adriana Dias, sobre o neonazismo no Brasil. E achamos que seria o momento de investigar o porquê a gente ainda convive com essas ideias fascistas, e nessa herança neonazista que nos cerca”, acrescenta.

"O Ninho, Um Recado da Raiz" é uma novela cênica sobre a intolerância e o ódio em terras brasileiras, em pleno canavial nordestino. Obstinado e incansável, um jovem parte em busca de sua origem até descobrir a verdade dolorosa sobre sua família. Ele é alertado sobre os perigos que se anunciam, mas persevera até entender que a descoberta de si é sempre dolorosa.

“Estamos redescobrindo o Brasil e as muitas histórias que estão sendo recontadas ou que nunca foram contadas. Contamos a história de um rapaz que descobre ter sido deixado numa roda de enjeitados de um convento por uma família. E, quando ele quer saber que família é essa, resvala em heranças que ele não imaginava. Trabalhamos esse espelhamento da busca desse menino atrás do seu DNA com a busca de um país atrás do seu DNA”, antecipa o autor.

Já a encenação, conta o diretor, trabalha com um tripé formado pelo texto, o ator e a música em cena. “É no jogo entre essas três forças que a encenação se dá. A música é executada ao vivo e esses atores estão entregando essa verdade, essa busca desse menino. Só que aqui temos realmente uma história mais seca, que flerta com o trágico”, comenta Moreno.


Ficha técnica
Espetáculo "O Ninho, Um Recado da Raiz"
Elenco: Paulo de Pontes, Tay Lopez, Kátia Daher, Badu Morais, Rebeca Jamir e Jorge de Paula
Músicos: André Bedurê e Pablo Moura
Texto e Direção: Newton Moreno Assistente de Direção: Almir Martines Dramaturgista: Bernardo Bibancos
Produção: Rodrigo Velloni Produção Executiva: Swan Prado
Trilha Sonora Original: Zeca Baleiro
Direção Musical: André Bedurê e Zeca Baleiro
A música "Recado da Raiz" foi escrita por Zeca Baleiro e Newton Moreno
A música "Corifeia" foi escrita por Zeca Baleiro, André Bedurê e Newton Moreno Preparação Vocal e Arranjos Vocais: Rebeca Jamir
Preparação dos Atores e Direção de Movimento: Erica Rodrigues
Cenografia: Andre Cortez
Assistente de Cenografia: Camila Refinetti Cenotécnico: Wanderley Wagner Serralheria: Fernando Zimolo
Adereços: Zé Valdir
Figurinos: Fábio Namatame Assistente: Lari Andrade Modelagem: Juliano Lopes Modelagem e Costura: Lenilda Moura
Costura: Fernando Reinert , Maria Jose Castro e Judite Gerônimo Adereços: Antônio Ocelio de Sá
Iluminação: Equipe A2 | Lighting Design Desenho de Luz: Wagner Pinto Produção de Luz: Carina Tavares Assistente de Iluminação: Gabriel Greghi Operação de Luz: Gabriela Cezario
Consultoria Sonora: Radar Sound | André Omote Operação de Som: Nayara Konno
Palestrante e Historiadora: Susan Lewis
Consultoria e Tradução do Alemão: Evaldo Mocarzel Consultoria de Hebraico: Elaine Kauffman
Diretor de Palco: Jones Souza
Contrarregra: Eduardo Portella
Camareira: Luciana Galvão
Designer Gráfico e Ilustrações: Ricardo Cammarota Fotos: Ronaldo Gutierrez
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Captação, Edição e Mídias Sociais: GaTú Filmes
Gestão Financeira: Vanessa Velloni
Consultoria Jurídica: Martha Macruz de Sá
Administração: Velloni Produções Artísticas


Serviço
Espetáculo "O Ninho, Um Recado da Raiz"
Temporada: 15, 16, 17, 22, 23, 24, 30 e 31/03/2024 e 5, 6, 7, 12, 13, 14, 19 (duas apresentações), 20 e 21/04/2024. Sextas e sábados, às 20h; Domingos, às 18h; Sessão extra na sexta 19/04, às 15h. No dia 29/03, feriado, o Sesc não abre.
Sesc Bom Retiro – Alameda Nothmann, 185, Campos Elíseos
Ingressos: R$ 50,00 (inteira), R$ 25,00 (meia-entrada) e R$ 15,00 (credencial plena)
Vendas on-line em sescsp.org.br
Classificação: 16 anos
Duração: 90 minutos Gênero: Drama Capacidade: 297 lugares
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Sessão com audiodescrição no dia 13/04 e interpretação em Libras no dia 14/04.


Estacionamento do Sesc Bom Retiro - (Vagas Limitadas)
O estacionamento do Sesc oferece espaço para pessoas com necessidades especiais e bicicletário. A capacidade do estacionamento é limitada. Os valores são cobrados igualmente para carros e motos. Entrada: Alameda Cleveland, 529.       
Valores: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional (Credencial Plena). R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional (Outros). Valores para o público de espetáculos à noite R$ 7,50 (Credencial Plena). R$ 15,00 (pelo período).
Horários: terça a sexta, das 9h00 às 20h00. Sábado: 10h00 às 20h00. Domingo: 10h00 às 18h00. Em dias de evento no teatro, o estacionamento funciona até o término da apresentação.       


Transporte gratuito
O Sesc Bom Retiro oferece transporte gratuito circular partindo da Estação da Luz. O embarque e desembarque ocorre na saída CPTM/José Paulino/Praça da Luz.
Horário de início do serviço: Terça a Sábado, às 17h30 | Domingo e Feriados, às 15h30. Ao término do espetáculo, o serviço retorna à Estação Luz.      


Sesc Bom Retiro
Alameda Nothmann, 185 - Campos Elíseos/São Paulo
Telefone: (11) 3332-3600
Fique atento se for utilizar o Uber para vir ao Sesc Bom Retiro! É preciso escrever o endereço completo no destino, Alameda Nothmann, 185, caso contrário o aplicativo informará outra rota/destino.

domingo, 10 de março de 2024

.: MASP apresenta mostra de Mário de Andrade a partir de perspectiva queer


O público poderá conferir um conjunto de 88 obras – entre pinturas, desenhos, gravuras, esculturas e fotografias – do acervo pessoal do intelectual considerado um ícone do modernismo brasileiro e um dos escritores mais estudados do país. Na imagem, "Retrato de Mário de Andrade", Tarsila do Amaral, 1922


O MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 22 de março a 9 de junho de 2024, a mostra "Mário de Andrade: duas Vidas", que ocupa o mezanino localizado no primeiro subsolo do museu. Com curadoria de Regina Teixeira de Barros, curadora coordenadora, MASP, e assistência de Daniela Rodrigues, assistente curatorial, MASP, a exposição reúne um conjunto de pinturas, desenhos, gravuras, esculturas e fotografias da coleção pessoal do intelectual brasileiro, ativo na primeira metade do século 20, a partir da perspectiva de uma sensibilidade queer. A mostra tem patrocínio da Lefosse e apoio cultural do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP).

Mário de Andrade (São Paulo, 1893–1945) é um ícone da literatura e do modernismo no Brasil, além de ser um dos escritores mais estudados do país. Em sua faceta pública, foi contista, músico, poeta, professor, romancista, crítico e historiador das artes plásticas, da música e da literatura, além de agente cultural, colecionista e jornalista. Autor de "Pauliceia Desvairada" (1922) e "Macunaíma" (1928), participou da Semana de Arte Moderna (1922) e dedicou-se a registrar, estudar, preservar e divulgar as mais diversas manifestações culturais do país, tanto eruditas quanto populares. Esteve à frente do Departamento de Cultura e Recreação da Municipalidade de São Paulo (1935-1938) e criou o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) (1937), o primeiro órgão do gênero. 

“Passados quase 80 anos da sua morte, a produção intelectual de Mário de Andrade sobre música, artes visuais e arquitetura, seus romances, contos e poemas, além dos levantamentos etnográficos realizados pelo artista, foram e continuam sendo centrais para a compreensão do modernismo no Brasil e para a construção de uma ideia de brasilidade”, elucida a curadora coordenadora, Regina Teixeira de Barros.

Através da perspectiva de uma sensibilidade queer, a exposição "Mário de Andrade: duas Vidas" apresenta um recorte de 88 obras – entre pinturas, desenhos, esculturas e fotografias – do acervo do intelectual, hoje sob a guarda do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP). A mostra reflete sobre itens da sua coleção de artes plásticas e fotografias com os quais conviveu em sua intimidade, longe dos olhos da censura e dos preconceitos vigentes na época. A “tão falada homossexualidade” de Mário de Andrade, como descrita pelo artista em uma carta enviada a Manuel Bandeira em 1928, tornou-se objeto de estudo somente em 2015, quando todos os seus escritos caíram em domínio público e sua produção literária começou a ser analisada à luz de suas preferências homoafetivas, um assunto considerado tabu até então. 

A ideia de “duas vidas”, subtítulo desta exposição, aparece em diversos escritos do autor e exalta a dualidade vivida por Andrade, entre a vida profissional e pessoal. “Mário se qualifica ora como um 'vulcão controlado', ora tomado por uma 'feminilidade passiva'; oscila entre ser um pansexual casto (!) e um monstro libidinoso”, ressalta Teixeira de Barros. Em carta para Oneyda Alvarenga, o intelectual afirma: “Eu sou um ser como que dotado de duas vidas simultâneas, como os seres dotados de dois estômagos. O que mais me estranha é que não há consecutividade nessas duas vidas”. 

O artista registrou em fotografias suas viagens ao Norte e Nordeste do Brasil, entre 1927 e 1929. Na série Tarrafeando (1927), feita no igarapé de Barcarena, nos arredores de Manaus, os homens estão focados no trabalho enquanto Andrade capta imagens de seus corpos de costas. Em outro conjunto de retratos, adota uma estratégia diversa, fixando o olhar franco e direto de trabalhadores, como se observa em Vaqueiro marajoara Tuiuiú (1927). Visto que a câmera era o único objeto que impedia Mário e o retratado de se olharem mutuamente, a curadora reflete que “o fotógrafo permanece protegido pelo objeto diante de si, impossibilitado de retribuir o olhar, defendido de si mesmo e do próprio desejo”.

A mitologia pessoal de Mário também foi registrada em autorretratos ao longo de sua vida. As imagens de um intelectual que dominava todos os códigos da vida pública heteronormativa contrastam com as fotografias mais espontâneas, como em Aposta do Ridículo (1927), captada em um momento descontraído durante a sua viagem ao Amazonas. Essa fotografia revela um homem que podia assumir diversos papéis, já que sabia se divertir e, de fato, performar uma masculinidade queer.

A assistente curatorial Daniela Rodrigues constata que, através de seus escritos e das muitas correspondências, é possível observar o erotismo como um tema que perpassa a vida e o imaginário do autor sobre o Brasil, que se utilizava de inúmeras estratégias literárias para dizer sem explicitar. “Não se trata de ler sua produção como autobiográfica, como se tudo remetesse a ele mesmo, mas em alguns textos veem-se vestígios da sua inquietação sobre a sexualidade enquanto tema e vida”, completa.

Em relação à sua coleção de arte, a pintura "O Homem Amarelo" (1915-16), de Anita Malfatti, – vista por Mário na famosa exposição de 1917 – inaugurou seu interesse pelas artes visuais. Na ocasião, o poeta profetizou: um dia o quadro seria dele. De fato, comprou a obra na Semana de Arte Moderna, realizada no Theatro Municipal de São Paulo, em 1922. No primeiro artigo que escreveu sobre Anita, em outubro de 1921, descreveu O homem amarelo como uma figura fatídica, “feminilizada por uns olhos longínquos, cheios de nostalgia”

Em "Retrato de Mário de Andrade" (1927), Lasar Segall registrou o poeta de frente, captando sua expressão serena em meio aos atributos modernos — como a gravata estampada com losangos e o fundo abstrato-geométrico. Apesar de reconhecê-la inicialmente como “uma das obras mais admiráveis de seu talento de pintor”, em carta ao artista, alguns anos mais tarde o romancista mudou de ideia, pontuando que Segall captou o que havia de perverso nele. “Ambíguo e conflituoso, compreendendo e registrando como poucos o que constituía um país tão contraditório, Mário pouco conhecia a si mesmo”, reitera Daniela.

"Mário de Andrade: duas Vidas" integra a programação anual do MASP dedicada às "Histórias da Diversidade LGBTQIA+". Este ano a programação também inclui mostras de Gran Fury, Francis Bacon, MASP Renner, Lia D Castro, Catherine Opie, Leonilson, Serigrafistas Queer e a grande coletiva Histórias da diversidade LGBTQIA+.


Acessibilidade
Em 2024, todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em libras ou descritivas; textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem fácil, com narração, legendagem e interpretação em Libras que descrevem e comentam os espaços e as obras. Os conteúdos podem ser utilizados por pessoas com deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessados. Os conteúdos ficam disponíveis no site e canal do Youtube do museu.


Catálogo
Acompanhando a exposição, será publicado um catálogo bilíngue, em inglês e português, com a reprodução de obras da coleção do escritor. A publicação, organizada por Regina Teixeira de Barros, com assistência de Daniela Rodrigues, inclui textos de Carolina Casarin, Daniela Rodrigues, Ivo Mesquita, Jorge Vergara, Nathaniel Wolfson e Regina Teixeira de Barros. Com design de Bruna Sade, a publicação tem edição em capa dura.


Serviço
Exposição "Mário de Andrade: duas Vidas"
Curadoria: Regina Teixeira de Barros, curadora coordenadora, MASP, com assistência de Daniela Rodrigues, assistente curatorial, MASP
1º subsolo (mezanino)
22.3—9.6.2024
MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista/São Paulo 
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta, quinta, sexta, sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Ingressos: R$ 70 (entrada); R$ 35 (meia-entrada)
MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Av. Paulista, 1578 - São Paulo

.: Clássico de Rachel de Queiroz de volta às livrarias depois de quase 15 anos


Livro adotado pelo vestibular da Fuvest para 2026 e 2027, "Caminho de Pedras" retorna às livrarias. É o romance mais engajado de Rachel de Queiroz, primeira mulher a integrar a Academia Brasileira de Letras e a primeira a receber o Prêmio Camões.

Na Fortaleza dos anos 1930, durante a Era Vargas, Roberto tem a missão de recrutar operários para uma nova célula de esquerda. Uma das pessoas que se interessam é Noemi: mãe de Guri e casada com um homem que não ama mais, ela está em busca de algo que a faça se sentir viva. Nas reuniões do partido, Noemi e Roberto desenvolvem uma conexão intelectual intensa, que os leva a um caso amoroso. Ela se vê, então, testando novos limites morais e éticos, tanto no campo do amor quanto no da política.

Expressão de um socialismo libertário que poucas vezes voltaria a aparecer nos textos de Rachel de Queiroz, "Caminho de Pedras" é considerado seu romance mais engajado. Neste livro, aparecem as primeiras demonstrações de um estilo mais introspectivo e de análises psicológicas que alicerçam cenas de forte intensidade emocional. Um arranjo arguto para contar a história de uma paixão proibida inflamada pela luta.

Em "Caminho de Pedras", Rachel de Queiroz nos revela a força de uma mulher que decide seguir seus desejos, mesmo que isso implicasse um divórcio. Numa sociedade em que a mulher deveria desempenhar exclusivamente os papéis de mãe, esposa e dona de casa, Noemi é tanto infratora quanto heroína da própria história, pois a punição que sabia que enfrentaria não foi o suficiente para convencê-la a continuar num casamento sem amor. Compre o livro "Caminho de Pedras", de Rachel de Queiroz, neste link.


O que disseram sobre o livro
“'Caminho de Pedras' é uma história de gente magra, uma história onde há fome, trabalho excessivo, perseguições, cadeia, injustiças de toda a espécie, coisas que os cidadãos bem instalados na vida não toleram.” — Graciliano Ramos

“A mesquinhez pulha dos indivíduos, a amargura sofrente de todos, a incapacidade como que por fatalidade, a dedicação por um ideal mais sonhado que entendido, o ambiente parado das cidades nordestinas (com exceção do Recife), a quantidade inflexível de sol que está no livro, a pureza da linguagem natural, sem a menor pesquisa: é a Rachel de Queiroz grande romancista.” — Mário de Andrade

“A trilogia 'O Quinze', 'João Miguel' e 'Caminho de Pedras' marca claramente um momento da obra de Rachel. A afirmação de seu compromisso com a linguagem clara, de dicção moderna, a preocupação com o social, seus conflitos políticos, sua raiz nordestina. Marca ainda sua habilidade no desenho de personagens femininas cujo desempenho desafia invariavelmente a lógica patriarcal desta primeira metade do século XX.” — Heloisa Teixeira


Sobre a autora
Rachel de Queiroz nasceu no dia 17 de novembro de 1910 em Fortaleza, Ceará. Ainda não havia completado 20 anos quando publicou uma modesta tiragem de "O Quinze", seu primeiro romance. Mas tal era a força de seu talento que o livro despertou imediata atenção da crítica de todo o Brasil. Em 1931 mudou-se para o Rio de Janeiro, mas nunca deixou de passar parte do tempo em sua fazenda no sertão cearense. Ela se dedicou ao jornalismo, atividade que exerceu paralelamente à sua produção editorial. Primeira mulher a integrar a Academia Brasileira de Letras (1977) e a primeira a receber o Prêmio Camões (1993), a maior honraria em língua portuguesa, faleceu no Rio de Janeiro, aos 92 anos, em 4 de novembro de 2003. Cronista e romancista primorosa, Rachel de Queiroz escreveu peças teatrais e livros infantis. A José Olympio publica sua obra completa, que inclui livros que já se tornaram clássicos, como 'O Quinze' e 'Memorial de Maria Moura'". Garanta o seu exemplar de "Caminho de Pedras", escrito por Rachel de Queiroz, neste link.

.: Grupo Folias estreia "Coisas Estranhas que o Mar Traz", inspirado em romance


O Grupo Folias busca no Teatro de animação toda expressividade para contar "Coisas Estranhas que o Mar Traz", livremente inspirado do romance "O Filho de Mil Homens", de Valter Hugo Mãe. Com direção e dramaturgia de Cleber Laguna e Marcia Fernandes, espetáculo estreia na sede do grupo no dia 22 de março. Foto: Mariana Chama


O espetáculo "Coisas Estranhas que o Mar Traz", novo trabalho do Grupo Folias, é livremente inspirado no romance “O Filho de Mil Homens”, do autor português Valter Hugo Mãe. Estreia no dia 22 de março na sede do grupo, onde segue em cartaz até 13 de maio, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h00, e aos domingos e às segundas, às 19h00. A peça tem direção e dramaturgia de Cleber Laguna e Marcia Fernandes e traz no elenco Alex Rocha, Clarissa Moser, Lui Seixas, Marcella Vicentini e Marcellus Beghelle.

A trama se passa em um vilarejo à beira-mar, onde essas figuras solitárias têm suas histórias e sonhos cruzados. Como barcos à deriva, eles se aproximam, se reconhecem e reinventam um caminho em comum. Pequenas vidas marcadas por singelas tristezas e uma silenciosa esperança iluminam esta fábula sobre as diferenças e a mágica existência cotidiana. Trata-se de uma poesia visual e sonora sobre os vazios das pessoas e as possibilidades de felicidade ao simplesmente ser quem se é.

O grupo busca na expressividade do Teatro de Animação uma maneira de contar essa história, fazendo uso de máscaras, bonecos e Teatro de Sombras. A escolha por essa linguagem decorre do encantamento que ela evoca, traduzindo inquietações artísticas, existenciais e conceituais de seus fazedores, que a consideram mais do que simplesmente uma forma de criar o espetáculo, mas sim uma maneira de interpretar a realidade, transgredindo o mero funcionalismo dos objetos.

“A presença cênica de objetos, bonecos e máscaras é capaz de provocar um efeito impactante, como um choque, uma estranheza ou ao menos uma sacudidela, despertando algo ‘profundamente adormecido’ na psique do espectador, proporcionando uma experiência simbólica e ritualística muitas vezes esquecida nos dias de hoje”, revela o coautor e codiretor Cleber Laguna.

O livro "O Filho de Mil Homens" aposta no cuidado minucioso das relações, apresentando uma pluralidade de figuras humanas e universos, com personagens solitárias que acabam se encontrando e buscando formas de construir pequenas coletividades, reconhecendo-se nas diferenças e encontrando maneiras de se relacionar e conviver com elas.

“Assim como quem acompanha de perto uma semente brotando no asfalto, observamos com uma lupa essa pequena comunidade, essa vila de pescadores. Ao olhar a organização desse microcosmo comunitário, composto por pessoas tão diversas entre si, percebemos que ele é, ao mesmo tempo, algoz e salvação”, acrescenta a coautora e codiretora Marcia Fernandes. "Coisas Estranhas que o Mar Traz" foi contemplado pela 40ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. Compre o livro "O Filho de Mil Homens", de Valter Hugo Mãe, neste link.


Ficha técnica
Espetáculo "Coisas Estranhas que o Mar Traz".
Dramaturgia e Direção: Cleber Laguna e Marcia Fernandes
Atuação e Animação: Alex Rocha, Clarissa Moser, Lui Seixas, Marcella Vicentini e Marcellus Beghelle
Assistência de Animação: Juliana Notari e Matias Ivan Arce
Bonecos: Juliana Notari
Máscaras: Juliana Notari e Cleber Laguna
Figuras para Sombras: Matias Ivan Arce
Iluminação Cênica e Atuação: Diego França
Sonoplastia e Atuação: Jô Coutinho   
Cenografia e Figurinos: Maria Zuquim
Assistência de cenografia e figurino: Murilo Yasmin Soares
Serralheria: Joseane Natali Domingos e Fábio Luiz Souza Gomes
Costureira figurinos: Rita de Cássia Martins
Costureira cenário: Mônica Cristina Rocha
Arte Gráfica: Renan Marcondes
Fotos: Mariana Chama
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Diarista: Fabiana Rodrigues
Direção de Produção: Tetembua Dandara
Assistente de Produção: Tati Mayumi
Realização: Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo e Grupo Folias
Apoio: Cooperativa Paulista de Teatro

Serviço
Espetáculo "Coisas Estranhas que o Mar Traz"
Temporada: 22 de março a 13 de maio
Às sextas-feiras e aos sábados, às 20h00; e aos domingos e segundas-feiras, às 19h00
Galpão do Folias – Rua Ana Cintra, 213, Santa Cecília
Ingressos: R$ 40,00 (inteira), R$ 20,00 (meia-entrada) e R$ 10,00 (sócio morador)
Capacidade: 40 lugares
Duração: 60 minutos

.: Jornalismo em Quadrinhos é tema de um curso no CPF Sesc


O curso é com a jornalista e autora de JHQ Gabriela Güllich que apresenta as principais etapas de produção e publicação do gênero


O Jornalismo em Quadrinhos é um formato já estabelecido, com diversas reportagens em veículos de informações, além de publicações específicas. HQ-reportagem como “Palestina”, de Joe Sacco, ou biográfica como “Maus”, de Art Spiegelman são representantes desse formato com os diversos recursos jornalismos aplicados. Grandes premiações como o Eisner (EUA) ou o Prêmio Vladimir Herzog (Brasil) incluem títulos de JHQ entre seus finalistas, consagrando cada vez mais a linguagem tanto dentro dos espaços de HQ, quanto dos espaços de jornalismo tradicional.

No curso “Pensando o Jornalismo Visual: quadrinhos e Expressões” os aspectos, os recursos dos quadrinhos e jornalísticos serão abordados em quatro aulas no CPF - Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, que acontecem de 26 de março até 4 de abril, sempre às terças-feiras, a partir das 10h30. As inscrições estão abertas e as vagas são limitadas.

A jornalista Gabriela Güllich, autora de “Filhas do Campo” e “São Francisco”, apresenta ferramentas para o público trabalhar narrativas jornalísticas em Quadrinhos. Os frequentadores não precisam necessariamente desenhar. As principais etapas da construção de um produto de JHQ estão divididas em quatro aulas: 1 - Introdução ao JHQ; 2 - Roteiro e storyboard; 3 - Thumbnail, rabiscos e finalização e 4 - O que vem depois da HQ?.


Sobre a jornalista
Gabriela Güllich, jornalista e quadrinista. Atua nas áreas de direitos humanos e meio ambiente, com foco em jornalismo visual. Venceu o Troféu HQMix com a HQ-reportagem "São Francisco". Suas colaborações incluem a Revista O Grito!, Agência Pública, Mina de HQ, ((o))eco e Embaixada da França no Brasil.


CPF
O Centro de Pesquisa e Formação – CPF é um espaço do Sesc-SP que articula produção, formação e difusão de conhecimentos, por meio de cursos, palestras, encontros, estudos, pesquisas e publicações nas áreas de Educação, Cultura e Artes.


Serviço
Curso “Pensando o Jornalismo Visual: quadrinhos e Expressões”
De 26 de março a 4 de abril, terças-feiras, das 10h30 às 12h30
Inscrições em sescsp܂org܂br/cpf a partir de 27/02/2024
Valores: R$ 18,00 / R$ 30,00 / R$ 60,00
Vagas: 30
Recomendação etária: a partir de 16 anos
Centro de Pesquisa e Formação – CPF Sesc
Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar.
Horário: De terça a sexta, das 10h às 21h. Sábados, das 10 às 18h30
Telefone: (11) 3254-5600
centrodepesquisaeformacao܂sescsp.org.br


 

.: Tragédia brasileira, "Bateau Mouche" vira série documental na HBO


Dirigida por Tatiana Issa e Guto Barra, mesmos diretores e produtores de "Pacto Brutal - O Assassinato de Daniella Perez", a produção relata em detalhes o que aconteceu no fatídico Ano Novo de 1989 na Baía de Guanabara. Na imagem, reprodução de jornal da época


A HBO iniciou gravações da nova série documental sobre a embarcação "Bateau Mouche", que relatará os acontecimentos da fatídica noite de Ano Novo de 1988 para 1989, em que 55 pessoas morreram a bordo da embarcação Bateau Mouche, enquanto estavam em um passeio de luxo na Baía de Guanabara. A produção está sendo gravada no Rio de Janeiro e ainda não tem previsão de estreia.

A serie documental, que será dividida em três partes, se passa mais de 30 anos do ocorrido e consegue analisar de forma precisa quais foram os reais impactos dessa tragédia, tanto para o âmbito de um turismo responsável e seguro quanto em relação ao exercício da cidadania, ao sistema jurídico brasileiro e ao papel da mídia.

Inspirado nas embarcações parisienses que levam passageiros pelo Rio Sena, o passeio acabou se disseminando entre turistas, empresários, políticos, jornalistas e artistas famosos. Além do trajeto pela Baía de Guanabara, o Bateau Mouche IV tinha como proposta oferecer um jantar al mare, com música, open bar e uma visão privilegiada do notório show de fogos carioca.

 Para a série documental, serão gravadas recriações no mar e em um tanque com 40 metros de comprimento, 30 de largura e até 25 de profundidade, que foi criado para reproduzir as condições oceânicas e gera ondas de até 1 metro de altura. Deixando a narrativa ainda mais detalhada, a produção contará com mais de 30 entrevistas exclusivas de sobreviventes, familiares das vítimas, advogados, especialistas e protagonistas do resgate.

 Ainda, um dos episódios será integralmente dedicado ao relato e a análise dos trâmites jurídicos após a tragédia, levando em consideração os responsáveis pelo infeliz acontecimento nesta história que envolve acusações de corrupção, lavagem de dinheiro, além da fuga de alguns dos condenados.

"Bateau Mouche" é uma coprodução da HBO com a Producing Partners. A série é dirigida e produzida por Tatiana Issa e Guto Barra, com roteiro de Guto Barra e Renata Amato e com supervisão de Sergio Nakasone, Adriana Cechetti e Patrício Diaz por parte da Warner Bros. Discovery.

sábado, 9 de março de 2024

.: Integrantes da Banda Front falam sobre viagem musical em nome da arte


“A Front é uma manifestação artística com muitas ramificações”
.

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Fundada em 1983, no início do movimento do Rock Brasil, a banda Front acabou não seguindo adiante naquela ocasião. Isso porque todos seus integrantes originais – Nani Dias, Ricardo Palmeira e Rodrigo Santos - acabaram sendo escalados pela nata do pop rock para integrarem suas respectivas bandas. 

Com isso, eles acabaram tocando com nomes como Cazuza, Blitz, Leo Jaime, Kid Abelha, Lobão, Barão Vermelho, só pra citar alguns exemplos. E agora, depois de 40 anos, o trio da formação original se reuniu para reativar o antigo projeto, que consistia em gravar canções autorais com foco na música eletrônica e na sonoridade pop dos anos 80. Em um curto espaço de tempo, já lançaram três álbuns e estão em fase de produção do quarto disco! Em entrevista para o Resenhando, os músicos Nani Dias, Rodrigo Santos e Ricardo Palmeira contam como se deu o retorno da banda e a elaboração do processo criativo do grupo. 

Resenhando – Como foi que surgiu a oportunidade de reunir os integrantes da banda Front?
Rodrigo Santos -
Estávamos já tocando uns com os outros em projetos diferentes, quando veio a ideia da volta do Front. Não exatamente como uma banda tradicional dos 80, buscando um lugar ao sol. Esse lugar já conquistamos. Queríamos uma nova forma de ver a arte e a vida como um todo. Um manifesto em movimento, sair da mesmice que vemos por aí. Gostamos de coisas bem plurais e flertamos com a música eletrônica dessa vez. Porém, o Front não tem fronteiras. Tanto não tem, que começamos a gravar álbuns pelo mundo todo, com músicas em estilos variados. Começamos a compor muito em agosto de 2023. O que já daria para fazer uns 10 álbuns. O que resolvemos fazer é viver de arte, de uma forma inusitada. Todos temos milhares de projetos. Somos compositores, produtores etc. E nos conhecemos há 40 anos. Tinha de ter desafio. E o desafio foi começar a gravar, filmar e misturar cultura, turismo, história, música, artes plásticas viajando pelo mundo. Os dois primeiros discos foram gravados no Brasil e lançados em outubro do ano passado. Aí, partimos pra Berlim em novembro para gravar no Hansa Studio, o mesmo de Bowie, U2, REM, Bjork, Depeche Mode e muitos outros. O berço da música eletrônica. Com nossa experiência de décadas, sabemos o que queremos, porque queremos e o que fazer na pré e pós-produção e gravação dos álbuns. Dois meses depois - lançamos em janeiro de 2024 o terceiro álbum - já estávamos em Amsterdam e Hilversum na Holanda, pra gravar o quarto álbum no mesmo estúdio que gravaram The Police, Elton John, Mick Jagger, etc : o Wisseloord Studios. Mais um local maravilhoso, icônico.


Resenhando - Por que no início, em 1983, a banda não seguiu o mesmo curso das outras que fizeram sucesso naquele período? Faltou mais divulgação naquela ocasião?
Nani Dias –
Na verdade, nós estávamos seguindo o curso natural das bandas, tocando nas danceterias, festivais e buscando as gravadoras. Gravamos pela CBS um single pra coletânea Os Intocáveis e um compacto que também entrou na trilha e álbum do filme Rock Estrela. Daí fomos chamados prá banda do Leo Jaime e pulamos pra etapa dos shows top do mercado. O Leo tinha 10 hits nas paradas, circuito primeira linha ... daí seguimos "bem acostumados",  tocando com outros artistas top: Cazuza, Lobão , Kid Abelha , Paulo Ricardo,  Blitz... Rodrigo como músico fixo no Barão...E agora, passados 40 anos , aproveitamos bem toda nossa história pra continuar a escrever novas canções e desfrutar da liberdade que a nossa história nos deu, abrindo caminhos e grandes experiências.


Resenhando – Cada integrante da Front tem um currículo bem significativo na música. Como isso contribuiu para vocês nesse momento atual?
Ricardo Palmeira -
Nos reencontramos no auge artístico de nossas carreiras. Está sendo muito gratificante. Ainda temos a mesma afinidade musical e o resultado está sendo ótimo.


Resenhando  – Como funciona o processo criativo da banda? Todos compõem?
Rodrigo Santos -
Todos compõem, todos participam juntos dos arranjos, a afinidade e amizade são tão grandes, que tentamos desde o início convergir no que os três curtem. Só assim dá certo. As ideias podem vir de várias maneiras. Um som. Uma letra. Ambos ao mesmo tempo. Depois, claro, vamos mexendo até chegar ao ponto certo para os três. Seja na letra, seja na melodia, mixagem etc. É muito unido esse processo. Aliás tudo. Tudo é muito leve e unido.

Resenhando – De 83 para cá, muita coisa mudou na indústria da música. Como você encaram esse momento atual?
Ricardo Palmeira -
O momento atual da música pop está extremamente propício para os músicos da nossa geração, pois artistas de ponta como Harry Styles, The Weekend, Coldplay e Ariana Grande estão usando e abusando da estética musical dos anos 80, combinando com a linguagem eletrônica atual. Como já estávamos mergulhando naturalmente nessa onda, nos sentimos completamente à vontade para participar do cenário contemporâneo e ainda por cima trazer elementos rítmicos brasileiros e de outras culturas consideradas exóticas, pra enriquecer essa mistura.

Resenhando – Como ficam as carreiras solo dos integrantes? Seguem em paralelo?
Rodrigo Santos -
Sim, faremos tudo que quisermos o tempo todo. Tem espaço para tudo. Arte não tem limites ou limitações. O que interessa é a vontade de ficar junto e fazer coisas juntos. Exclusividade não combina com a proposta do Front. E sim a mistura de tudo um pouco! Há espaço e tempo pra tudo. O que importa é estar de bem com a vida e fazer com dedicação, feliz, focado. E isso nós temos de sobra. Então na minha opinião nada briga com nada, tudo se completa e quero viver junto tocando com esses caras pra sempre! Exatamente porque não tem amarras ou fronteiras. Isso chama-se maturidade. Emocional e musical. Quanto mais coisas fizermos, melhor como pessoas ficamos. Serve prá vida o exemplo do Front. Por isso essa “volta” faz tanto sentido. Porque não é uma volta. É uma ida! Um trem para as estrelas. It’s a Long Way Now.

Resenhando – Como está a gravação do quarto disco?
Rodrigo Santos -
Já estamos na mixagem do quarto álbum, gravado na Holanda em fevereiro de 2024. Os três primeiros ("Tempo/Espazo", "Espazo/Tempo" e "The Hansa Album") já podem ser ouvidos nas plataformas de streaming

Resenhando – Há planos para shows neste ano?
Rodrigo Santos -
Sim, claro! Mas não um show qualquer. Estamos criando conteúdo primeiro, fazendo parceria com uma rádio e TV e depois vamos chegar com o show. Estamos preparando algo diferente para o público.


"A Tempestade"

"Sem Você"


"Valeu"

.: Cia. Lazzari apresenta a peça “Perdoa-Me Por Me Traíres” na Funarte SP


A Cia. Lazzari, companhia independente de teatro em São Paulo, apresenta o espetáculo “Perdoa-Me Por Me Traíres”, uma obra de Nelson Rodrigues pelo olhar de Victor Lazzari, no Complexo Cultural Funarte SP. Na peça, a jovem Glorinha, de 16 anos, vive sob a tutela de seu tio Raul, um homem dominador e violento, e de sua tia Odete, uma mulher psicologicamente abalada, que vive apenas por uma frase “está na hora da homeopatia”

Movida pela tragédia e pelo desejo de vingança, Glorinha se envolve em desejos proibidos, prostituição e jogos de poder, e busca também identidade e justiça, onde oscila entre a inocência e a depravação. Raul, consumido pelo ódio e pela culpa, tenta controlar a vida da sobrinha. A obra explora os motivos e as consequências de suposta traição e sobre o machismo estruturado, apresentando, de forma secundária, a história de Gilberto e Judite, pais de Glorinha, questionando a justiça e a possibilidade de redenção. 

A violência física e psicológica permeia a obra, assim como a exploração da sexualidade como forma de poder e dominação. As relações familiares são distorcidas e disfuncionais, desafiando os valores tradicionais e a hipocrisia social.

Ficha técnica
Espetáculo “Perdoa-Me Por Me Traíres”
Autor: Nelson Rodrigues
Direção, visagismo, cenografia e figurino: Victor Lazzari
Produção: Jessica Oehlerick
Elenco: Bianca Duarte, Gabriel Datsch, Guilherme Vendramim, Jorge Pitta, Joviana Venture, Marcela Lebrão, Maria Fernanda Thiago, Nina Inski, Vinny Guimarães e Vitória Stecca
Assistência de Direção: Maria Fernanda Thiago
Stand-in e técnica de palco: Pérolla Franzini
Iluminação: Mafe Rubi Sonoplastia e operação de som: Lívia Martinez
Coreografia: Camila Victorino
Cenotécnica: Mateus Fiorentino
Fotos: Juliana Palladino
Design Gráfico: Pedro Cardoso e Victor Lazzari
Realização: Cia Lazzari
Apoio: Funarte


Serviço
Espetáculo “Perdoa-Me Por Me Traíres”
De 14 de março a 7 de abril
Quintas-feiras, sextas e sábados às 20h00. Domingos, às 19h00
Inteira: R$ 80,00 . Meia-entrada: R$: 40,00
Endereço: Alameda Nothmann, 1058 - Complexo Cultural Funarte SP (Sala Carlos Miranda) em São Paulo.
Duração: 90 minutos
Classificação: 16 anos.
Para garantir o seu ingresso, é só clicar no link da bio da @cialazzari no Instagram.

.: Sweeney Todd: barbeiro mais cruel de Londres passa rapidamente por Curitiba

A Broadway vai invadir Curitiba com o musical aclamado de Stephen Sondheim. No elenco, os premiados artistas Saulo Vasconcelos e Andrezza Massei subirão ao palco acompanhados de grande elenco e orquestra ao vivo. Ingressos disponíveis pelo site da Disk Ingressos a partir de 14/3 (quinta-feira). Foto: Stephan Solon


Inspirada no livro "O Colar de Pérolas", publicado em 1846 pelos escritores britânicos Thomas Peckett Prest e James Malcom Rymer, "Sweeney Todd – o Cruel Barbeiro da Rua Fleet" é fábula vitoriana macabra adaptada com maestria por Stephen Sondheim. O espetáculo, que teve temporada esgotada em São Paulo e é sucesso absoluto na Broadway com ingressos disputadíssimos, desembarca em Curitiba para três únicas sessões nos dias 20 e 21 de abril, no Teatro Positivo. Seja na literatura nos cinemas ou no palco, Sweeney Todd sempre chamou a atenção do público pelo seu humor sórdido e inteligente.

O musical conta a história de Benjamin Barker, barbeiro que se viu obrigado a ir embora de Londres por conta de uma briga com o cruel Juiz Turpin (Rodrigo Mercadante). Após 15 anos afastado da cidade, ele retorna sob o pseudônimo Sweeney Todd (Saulo Vasconcelos) e sedento por vingança. Ao chegar ao lugar onde funcionava sua antiga barbearia, na Rua Fleet, Todd se depara com uma arruinada loja de tortas administrada pela Dona Lovett (Andrezza Massei). A partir daí, Todd e Lovett unem forças para que ele se vingue de Turpin, e ela faça sua loja crescer com tortas recheadas de ingredientes muito suspeitos.

As apresentações na capital paranaense contarão com orquestra ao vivo, composta por 9 músicos e elenco de 18 atores. Sweeney Todd é apresentado por Ministério de Cultura e Mobilize com patrocínio de Zurich Santander. Os ingressos estarão disponíveis pelo site da Disk Ingressos a partir de 14/3 e custam de R$37,50 (meia) a R$180 (inteira). A realização é da Del Claro Produções, que faz parte do Grupo Live, em parceria com a Firma de Teatro. A produção local é da RW7.

Em 2022, o espetáculo alcançou enorme sucesso de público e crítica no Brasil, com sessões esgotadas e oito indicações ao Prêmio Bibi Ferreira. A produção conquistou prêmios nas categorias de Melhor Direção em Musicais, para Zé Henrique de Paula, Melhor Atriz, para Andrezza Massei, e Melhor Figurino, para João Pimenta.

Em Curitiba, o público terá oportunidade de assistir à montagem com Saulo Vasconcelos no papel-título. Saulo é um dos maiores atores de teatro musical no Brasil, notabilizado por protagonizar O Fantasma da Ópera e por participar do elenco de clássicos como Les Misérables, A Bela e a Fera, A Noviça Rebelde, Cats, O Homem de La Mancha e Priscilla, a Rainha do Deserto. “É a realização de um sonho. Após 25 anos de carreira, que vão se completar este ano, estou em um papel que sempre sonhei em fazer em uma produção oficial e profissional”, comenta Saulo.

Sweeney Todd conta com direção musical de Fernanda Maia e direção geral de Zé Henrique de Paula. A produção geral é de Adriana Del Claro. O trio é conhecido por montagens de sucesso recentes do teatro musical brasileiro como “Chaves – Um Tributo Musical” e “Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812”.

 

Confira abaixo o elenco completo do espetáculo:

Sweeney Todd - Saulo Vasconcelos

Dona Lovett - Andrezza Massei

Tobias Ragg – Paulo Viel

Juiz Turpin – Rodrigo Mercadante

Anthony – Pedro Silveira

Johanna – Sofie Orleans

Bedel Bamford- Gui Leal

Lucy Barker - Amanda Vicentte

Adolfo Pirelli - Elton Towersey 

Ensemble – Bel Barros

Ensemble – Davi Novaes

Ensemble – Davi Tápias

Ensemble – Guilherme Gila

Ensemble – Fabiana Tolentino

Ensemble – Paulinho Ocanha

Ensemble - Renato Caetano

Ensemble – Samir Alves

Ensemble – Vanessa Espósito


Sobre Sweeney Todd: O musical de Stephen Sondheim (música e letras) e Hugh Wheeler (libreto) estreou na Broadway em 1º de março de 1979. Já naquele ano, a montagem original levou oito Prêmios Tony, considerado o Oscar do teatro na Broadway, incluindo os de Melhor Musical, Melhor Libreto de Musical e Melhor Trilha Sonora Original. Além disso, levou o prêmio em 11 categorias do Drama Desk Awards e recebeu certificação de Melhor Musical no Drama Critics’ Circle Award.

Diante do grande sucesso nos palcos, com montagens no mundo inteiro até hoje, a obra de Sondheim chamou a atenção do cultuado diretor de cinema Tim Burton e, em 2007, Sweeney Todd chegou às telonas. Com Johnny Depp e Helena Bonham Carter no elenco, o filme foi indicado em três categorias do Oscar e levou a estatueta de Melhor Direção de Arte. Na premiação do Globo de Ouro, o longa ganhou nas categorias de Melhor Filme de Comédia ou Musical, Melhor Ator em Comédia ou Musical (Johnny Depp), Melhor Atriz em Comédia ou Musical (Helena Bonham Carter) e Melhor Diretor (Tim Burton).

Sinopse: O pacato barbeiro Benjamin Barker tinha quase tudo o que desejava. Era considerado o melhor de Londres em seu ofício e vivia um casamento feliz. O único problema é que sua esposa era cegamente desejada pelo inescrupuloso Juiz Turpin. Por esta razão, Barker foi perseguido, acusado injustamente e condenado à prisão. 

Depois de fugir, acaba recebendo apoio do marinheiro Anthony para se refugiar em territórios mais tranquilos. Após 15 anos nesse exílio, o barbeiro volta à decadente capital inglesa, mas agora com um pseudônimo e muita sede de vingança. Barker agora é Sweeney Todd.

Já na cidade, Todd reencontra sua antiga barbearia, localizada à Rua Fleet. O estabelecimento agora é uma decadente loja de tortas, que pertence à Dona Lovett. Os dois se encontram e estabelecem uma relação peculiar. Com a crise em Londres e a dificuldade em se conseguir carne de qualidade para as tortas, Lovett vê a oportunidade de fazer seu negócio crescer enquanto Todd coloca seu plano macabro de vingança em prática.

Enquanto ele mata seus clientes para chegar ao Juiz Turpin, que ainda mantém sua filha Johanna prisioneira, ela faz deliciosas tortas com os restos mortais dos desafortunados clientes.

No desenrolar da história, aparece Tobias Ragg. O garoto é aprendiz de barbearia do abusivo Pirelli. Após Pirelli ser assassinado por Todd, o rapaz acaba ficando sob a tutela de Todd e Lovett.


Ficha técnica:


CRIATIVOS 

Música e Letras: Stephen Sondheim

Libretto: Mark Wheeler

Direção Geral: Zé Henrique de Paula

Versão e Direção Musical: Fernanda Maia

Preparação de Elenco: Inês Aranha

Assistência de Direção e Ensemble: Davi Tápias

Assistência de Direção Musical e Preparação Vocal: Rafa Miranda

Cenografia: Zé Henrique de Paula 

Assistência de Cenografia: Cesar Costa

Ilustrações: Renato Caetano

Figurino: João Pimenta

Assistência de Figurino: Dani Kina

Equipe de Figurino: Everton Monteiro (auxiliar de corte), Magna Almeida Neto (piloteira), Marcia Almeida (contramestra), Neide Brito (piloteira), Noel Alves (piloteiro) e Wesley Souza (pintura de tecidos)

Visagismo: Dhiego Durso e Feliciano San Roman (peruca Dona Lovett)

Design de Luz: Fran Barros

Design de Som: João Baracho, Fernando Akio Wada e Guilherme Ramos 


MÚSICOS

Regência e piano: Fernanda Maia

Teclado: Rafa Miranda

Violino 1: Thiago Brisolla

Violino 2: Bruna Zenti

Violoncelo: Leonardo Salles

Contrabaixo: Pedro Macedo

Flauta transversal e flautim: Fábio Ferreira 

Flauta e clarinete: Flávio Rubens

Oboé: André Massuia


TÉCNICA

Camareira: Larissa Elis

Perucaria e Maquiagem: Feliciano San Roman (Perucas).

Assistência e Operação de Iluminação: Tulio Pezzoni

Operação de som: Guilherme Ramos 

Microfonista: Káthia Akemi

Direção de Palco: Diego Machado

Assistência de Direção de Palco: Matheus França

Contrarregra: Leo Magrão

Cenotécnica: All Arte Cenografia (cortinas e cadeira da barbearia), Armazém, Cenográfico (forno e moedor de carne), Ateliê Thiago Audrá (tortas cênicas), Fabin, Cenografia (pintura de arte), T.C. Cine Cenografia (montagem)


PRODUÇÃO

Produção Geral: Del Claro Produções

Produção: Laura Sciulli e Douglas Costta

Assistente de Produção: Renato Braz

Financeiro / Administrativo: Pedro Donadio

Diretora Comercial: Simone Carneiro

Mídia: Grupo Live, RW7 e Renato Braz

Criação e Direção de Arte: Gustavo Perrella

Assessoria de Imprensa: Agência Taga e Augusto Tortato

Redes Sociais: Renato Braz

Fotografia: Ale Catan e Stephan Solon

Realização: Del Claro Produções e Firma de Teatro

Siga Sweeney Todd nas redes sociais: instagram.com/sweeneytoddbrasil


"Sweeney Todd – o Cruel Barbeiro da Rua Fleet"

Data: 20 e 21 de abril, sábado e domingo

Horário: 15h e 20h (sábado) e 15h (domingo) 

Local: Teatro Positivo – Curitiba/PR

Endereço: R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 - Campo Comprido, Curitiba - PR, 81280-330

Classificação Etária: 16 anos

Duração: 120 minutos (com intervalo de 15 minutos)

Capacidade: 2.000 lugares

Ingressos: De R$37,50 (meia) a R$180 (inteira) 

Vendas pela Disk Ingressos e bilheteria do Teatro Positivo a partir de quinta-feira, 14/3. 

 Obs.: O elenco deste espetáculo pode sofrer alterações sem aviso prévio.


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.: Barbie faz 65 anos com corpinho cada vez mais jovem. Confira!

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em março de 2024


9 de março de 2024. Hoje é dia de celebrar os 65 anos da boneca batizada de Barbara Millicent Roberts, a #Barbie, lançada na feira de brinquedos nos Estados Unidos usando um maiô listrada custando somente 3 dólares. Há alguns dias, para celebrar também o Dia Internacional da Mulher, a Mattel, lançou em versões únicas, bonecas de personalidades, como por exemplo, a índia brasileira Maira Gomez e até a atriz Viola Davis.

A pequena de quase 30 centímetros segue fazendo história ao longo desses anos, acumulando profissões e mudanças múltiplas no visual. Entre diversas ocupações, a Barbie já abraçou os afazeres de uma astronauta, médica, presidente, babá, veterinária, juíza, desenvolvedora de jogos, bombeira, fazendeira, engenheira robótica, paleontóloga, piloto de avião e de corrida, incluindo o posto de influencer, uma vez que a boneca tem um instagram cheio de novidades. A Barbie é tudo isso e mais um pouco, pois segue o lema do "seja o que você quiser". 

Em meio a altos e baixos nas vendas, a boneca ganhou um tremendo refresco nas prateleiras das lojas com o lançamento do live action "Barbie The Movie". Virando um verdadeiro frenesi e marcando o Barbiecore, estilo que se inspira na estética da boneca Barbie e tem conquistado o universo da moda atualmente. Viveu-se a onda do enaltecimento do rosa-choque. Quanto mais vibrante o rosa, mais Barbiecore.

Enquanto a Barbie incentiva a busca de sonhos, destaca que nada é impossível. A boneca também reforça sempre a campanha de que você pode ser tudo que quiser, embora a própria Barbie, vendidas nas lojas, tenha rejuvenescido com o passar do tempo, estampando um rostinho e corpo bastante juvenil, atualmente. 

Você também ama esse universo encantado com um toque humano e já pensou em colecionar? A Mattel, fabricante da boneca, estima que ao redor do mundo existam mais de 100 mil colecionadores de Barbie.

História da Barbie: Criada por Ruth Handler e o marido Elliot Handler em 1959, pais da menina Barbara, a boneca de quase 30 centímetros surgiu quando a mãe percebeu a filha brincava apenas com bonecas bebês quando criança. Por outro lado, a menina era apaixonada por bonecas e, quando cresceu, já pré-adolescente, notou-se que Barbara mantinha o gosto brincando com bonecas adolescentes, porém de papel. Assim, a mãe, Ruth Handler, teve a ideia de criar uma boneca jovial. Encomendada ao designer Jack Ryan, em 1958, a Barbie foi lançada oficialmente na Feira Anual de Brinquedos de Nova York, em 9 de Março de 1959. Vendida a 3 dólares, nos primeiros exemplares, totalizou a saída de 340.000 bonecas. Logo após o seu sucesso de vendas foram criados outros modelos de Barbies (como a barbie dançarina) e logo a boneca também ganhou uma família: em 1961 chega seu namorado Ken. Com o tempo ganhou também muitos amigos.

Inscreva-se no canal do Photonovelas: youtube.com/@Photonovelas


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


.: Oscar 2024: infidelidade na cultura pop se tornou menos condenatória


Jean Tatlock (Florence Pugh) e J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy) são amantes no drama  "Oppenheimer". Foto: AP / AP

Os filmes indicados ao Oscar deste ano têm mais em comum do que uma produção de alta qualidade, tramas emocionantes e atuações excepcionais. O caso amoroso intenso de Oppenheimer com a psiquiatra Jean Tatlock ("Oppenheimer"), a traição emocional de Nora com o crush de infância Hae Sung ("Vidas Passadas") e a libertação sexual de Bella Baxter ("Pobres Criaturas") indicam que a infidelidade em todas as suas formas foi um tema recorrente em muitos dos principais filmes deste ano. 

A infidelidade tem sido uma parte significativa da cultura pop ao longo da história. Para entender melhor como a posição do público em relação a esse tema antigo está mudando, o Ashley Madison, o principal site de relacionamentos extraconjugais do mundo¹, conduziu uma pesquisa na população geral americana via YouGov² e descobriu que 35% dos entrevistados afirmam que a representação da infidelidade na cultura pop é menos condenatória agora do que já foi historicamente.

Essa mudança pode estar relacionada ao fato de que 27% dos entrevistados afirmam que há uma variedade maior de perspectivas sobre a infidelidade mostrada na cultura pop atual. No entanto, apenas 15% dos entrevistados dizem que a representação de Hollywood da infidelidade em filmes e televisão afetou positivamente suas perspectivas sobre se ter um affair. 

Isso indica que, embora tenham sido feitos progressos para humanizar a infidelidade na mídia mainstream, ainda há mais oportunidades para retratar com precisão toda a complexidade que existe dentro dela. Quanto à vida real das celebridades de Hollywood, a traição continua chamando a atenção. 

Embora o público esteja se tornando mais avançado em sua avaliação de traições e casos, a mídia continua a sensacionalizar estereótipos antigos, o que explica fenômenos amplamente divulgados como o caso 'Scandoval', que ocorreu entre os co-protagonistas de Vanderpump Rules, Tom Sandoval, Rachel Leviss e Ariana Madix. 

De acordo com os americanos, 22% dos entrevistados dizem que os famosos que traem seus parceiros são condenados de maneira muito severa (28% dos homens em comparação com 17% das entrevistadas do sexo feminino). Quando questionados se celebridades masculinas e femininas são julgadas de maneira diferente, 34% dizem que as mulheres são julgadas com mais rigor, enquanto curiosamente, 12% disseram que as celebridades masculinas são tratadas com mais rigor. 

Já 47% concordam que só viram celebridades retratando a infidelidade como prejudicial aos seus relacionamentos. Não é comum ver celebridades aceitando a situação como uma oportunidade para superar e recomeçar. No entanto, de acordo com uma pesquisa anterior com membros do Ashley Madison³ sobre os benefícios da traição, 63% de seus membros disseram que a infidelidade teve um efeito geral positivo em suas vidas, especialmente em suas vidas sexuais. 

Para os membros do Ashley Madison de ambos os sexos, o principal benefício de ter um caso é a liberação de energia sexual e a redução da tensão. "Muitos casais descobrem que a infidelidade não precisa significar 'terminar', mas pode significar 'acordar'", diz a Dra. Tammy Nelson, autora de Open Monogamy. "Quando melhoramos nossas habilidades de autoconsciência, insight e comunicação, uma nova visão de relacionamento pode levar a ainda mais intimidade e confiança. Mas não vemos muitos exemplos saudáveis disso em filmes ou TV. Embora isso esteja mudando lentamente à medida que os papéis das mulheres em relação ao seu próprio prazer sexual são menos demonizados, precisamos de mais informação para mostrar que os casais podem se recuperar e florescer após uma grande dor ou lesão emocional", completa. 

Quando perguntados se a infidelidade afetaria negativamente sua impressão de uma celebridade, 46% dos americanos disseram não (33% indicaram que era porque a vida pessoal da celebridade não afeta sua opinião sobre ela como celebridade e 13% disseram apenas se a celebridade mostrasse remorso por suas ações). Além disso, 42% dos entrevistados disseram que não formariam uma opinião negativa sobre uma celebridade que escolhesse ficar com um parceiro que já os traiu no passado, porque novamente, a vida pessoal deles não afeta sua opinião sobre eles como celebridade.

Esses resultados indicam que o discurso público está lentamente se afastando da condenação pública e da fixação pela vergonha, abrindo espaço para que as pessoas façam suas próprias escolhas e erros sem interferência. Curiosamente, 14% das mulheres em comparação com 25% dos homens percebem ficar com um parceiro infiel como uma fraqueza, perdendo o respeito pela celebridade como resultado. Isso destaca a pressão que a sociedade ainda coloca sobre as mulheres para permanecerem em um relacionamento, e um estereótipo de que os homens são considerados fracos se ficarem com uma parceira que os trai. 

E embora alguns possam discordar, a cultura pop tem influência, já que 33% dos americanos dizem que estão mais inclinados a superar a infidelidade e reparar um relacionamento se sua celebridade favorita tiver feito o mesmo. As mulheres tendem a ser menos influenciadas (26%), enquanto os homens são mais propensos a imitar o comportamento (40%). 

A programação do Oscar deste ano sugere que a representação da infidelidade está evoluindo na cultura pop e o sentimento público pode estar mudando como resultado. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer quando se trata de entender as nuances da infidelidade e representá-las com precisão na tela grande.

¹Com base no número de inscrições no Ashley Madison desde 2002.

²Tamanho total da amostra foi de 1.090 adultos americanos. O trabalho de campo foi realizado entre 5 e 6 de dezembro de 2023. A pesquisa foi conduzida online. Os números foram ponderados e representam todos os adultos dos EUA (com idade igual ou superior a 18 anos).

³Com base em uma pesquisa com 1.230 membros do Ashley Madison entre 7 e 17 de julho de 2019.

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sexta-feira, 8 de março de 2024

.: "Em Agosto nos Vemos", o romance póstumo e inédito de García Márquez


Romance póstumo e inédito de Gabriel García Márquez, o livro "Em Agosto nos Vemos" chega às livrarias em lançamento simultâneo mundial. A obra é um hino à vida, ao desejo feminino e à resistência do prazer apesar da passagem do tempo. 

Um presente do vencedor do Prêmio Nobel de Literatura para o mundo, o livro inédito e póstumo, traduzido para 41 idiomas, teve lançamento simultâneo mundial nesta quarta-feira, 6 de março, data em que o célebre autor colombiano faria 97 anos. A edição em capa dura traz fac-símiles do manuscrito original. Considerado o mestre do realismo mágico latino-americano, García Márquez é um dos autores mais importantes do século XX e tem quase 3 milhões de livros vendidos só no Brasil. A tradução é de Eric Nepomuceno.

Todo mês de agosto, Ana Magdalena Bach pega uma barca para uma ilha caribenha a fim de colocar um ramo de gladíolos no túmulo de sua mãe. Todos os anos, ela se hospeda em um hotel e, antes de dormir, desce para comer algo no bar. Para não ter erro, ela pede sempre o mesmo sanduíche de presunto e queijo e depois sobe para seus aposentos. Até que, certa vez, um homem a convida para uma bebida. 

E, depois do primeiro gole de seu gim com gelo e soda, sentindo-se atrevida, alegre, capaz de tudo ― inclusive de se despir de suas amarras conjugais, esquecendo momentaneamente marido e filhos ―, ela cede aos avanços do desconhecido e o leva para seu quarto.Essa noite específica faz com que Ana Magdalena ― e sua vida ― mude para sempre. E, depois dessa experiência, ela passa a ansiar por cada mês de agosto, quando não apenas visita o túmulo de sua mãe como também tem a chance de escolher um amante diferente todos os anos. 

Escrito no estilo fascinante e inconfundível de um dos maiores ícones da literatura latino-americana, "Em Agosto nos Vemos" pinta o retrato de uma mulher que descobre seus desejos e se aprofunda em seus medos. Uma preciosidade que vai encantar fãs do saudoso Gabo, assim como novos leitores desse grande escritor. Compre o livro "Em Agosto nos Vemos", de Gabriel García Márquez, neste link.


Sobre o autor
Gabriel García Márquez
nasceu em 6 de março de 1927 na aldeia de Aracataca, nas imediações de Barranquilla, Colômbia. Autor de alguns dos maiores romances do século XX e mestre do realismo mágico latino-americano, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1982. Entre suas principais obras estão "Cem Anos de Solidão", "O Amor nos Tempos do Cólera", "Crônica de Uma Morte Anunciada", "Doze Contos Peregrinos", "Ninguém Escreve ao Coronel" e "Memória de Minhas Putas Tristes". O escritor morreu em 17 de abril de 2014 na Cidade do México. Garanta o seu exemplar de "Em Agosto nos Vemos", escrito por Gabriel García Márquez, neste link.

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