segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

.: Andréia Nhur apresenta duas sessões do espetáculo "Plasticus Dei" em SP


A obra relaciona religião e capitalismo através da dança, música e performance. Foto: Paola Bertolini


O espetáculo "Plasticus Dei", mais recente produção da artista sorocabana Andréia Nhur junto ao grupo Pró-Posição, e com a colaboração do coreógrafo moçambicano Horácio Macuacuá, faz curta temporada em São Paulo, no Sesc Consolação, dias 20 e 27 de fevereiro, terças-feiras, às 20h00. A entrada é gratuita.

"Plasticus Dei" mistura dança, música e performance em um trabalho que apresenta um corpo em colapso entre a repetição ritualística e o uso poético de objetos descartáveis de consumo, congregando sobreposição de cantos religiosos, respirações, ruídos, vocalizações, gestos, imagens, sons percussivos e fluxos exaustivos de movimento. 

Em diálogo com o solo "Mulher Sem Fim", criado por Andreia em 2017, o espetáculo é uma continuidade da investigação da artista, que agora centraliza a lógica da repetição do acúmulo e do movimento. O solo contou com colaboração do coreógrafo moçambicano Horácio Macuacuá, cujas lógicas trazidas pelas danças tradicionais de Moçambique e de sua pesquisa pessoal colaboraram com as ideias centrais da obra. 

"Ele trouxe provocações sobre a integração do corpo com o som, fazendo com que o movimento alterasse a voz e gerasse modificações na obra", conta Andréia. A artista-produtora Paola Bertolini também contribuiu com a obra, dividindo a direção com Andréia, além da peça contar com colaboração sonorocoreográfica da coreógrafa e musicista Janice Vieira. 

Em sua pesquisa, Andréia estabeleceu uma relação com cantos religiosos. "O repertório sonoro de 'Plasticus Dei' é inteiro religioso, sacro e ligado à uma ideia de espiritualidade e esses estados de rito têm a ver com as duas coisas - corpo e voz", conta. Na obra, estão presentes distorções vocais, drives, sons ingressivos e outras perspectivas sonoras que produzem uma fricção com as vozes trabalhadas na música litúrgica cristã, estabilizadas e mais "limpas". A ideia do plástico, que compõe o cenário e figurino, chega como uma reflexão sobre o excesso do consumo e do lugar do ritual como produto. 

"Plasticus Dei" também dialoga com as provocações do livro "O Desaparecimento dos Rituais: uma Topologia do Presente", do filósofo Byung-Chul Han (2021), que aborda o fim dos rituais como sintoma do atual momento do capitalismo. "Para Han, enquanto o ritual é repetitivo, permanente e compartilhado, o consumo é individual, exaustivo, seriado, apressado e extenuante", conta Andréia. O solo dá continuidade à pesquisa sonorocoreográfica desenvolvida por Andréia e o grupo Pró-Posição em obras anteriores e aprofunda os estudos realizados pela artista junto ao Instituto de Musicologia da Ghent University (Bélgica), entre 2020 e 2021.

Este solo é uma dança em looping ativada pela construção de um ambiente sonoro em tempo real. Um corpo em colapso, entre a repetição ritualística e o uso poético de objetos descartáveis de consumo, transita entre cantos religiosos, respirações, ruídos, distorções vocais, percussão, imagens e fluxos exaustivos de movimento.

O título, um trocadilho com a expressão latina "Agnus Dei", da missa cristã, sugere a adoração ao plástico. Hiperconsumo, ritual, repetição, religião e capitalismo são alguns dos fios que perpassam a obra, num jogo de acumulação de gestos, vocalizações, sacolas plásticas e um dispositivo de repetição sonora.


Ficha técnica
Espetáculo "Plasticus Dei"
Criação e performance: Andréia Nhur
Em colaboração com: Horácio Macuacuá (Moçambique/Espanha) e Paola Bertolini 
Colaboração sonorocoreográfica: Janice Vieira
Produção e fotos: Paola Bertolini 
Iluminação: Roberto Gill Camargo e Paola Bertolini
Operação de luz: Paola Bertolini ou Felipe Fly
Operação de som: Lucas Mercadante ou Jean Menezes
Arte gráfica: Flávio Queiróz 


Serviço
Espetáculo "Plasticus Dei"
Dias 20 e 27 de fevereiro, terças-feiras, às 20h00
Espaço Provisório (3º andar) do Sesc Consolação
R. Dr. Vila Nova, 245 - Vila Buarque/ São Paulo.
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 45 minutos
Capacidade: 40 lugares
Gratuito. Retirada de ingressos on-line em Central de Relacionamento Digital e App Credencial Sesc SP, às 12h, e, presencialmente, nas bilheterias das Unidades do Sesc, às 14h00, no dia de cada apresentação.

.: Tudo sobre "Tomás Nevinson", o último romance escrito por Javier Marías


"Tomás Nevinson"
é o último romance escrito por Javier Marías, aclamado autor de "Os Enamoramentos" e "Coração Tão Branco". O livro questiona o que esperar de alguém quando tudo é volátil e as pessoas mentem, mesmo quando estão convictas de dizer uma verdade imutável? Após um longo período dedicado ao serviço secreto, Tomás Nevinson acredita que seus dias de espionagem chegaram ao fim. O reencontro com Berta Isla, mulher por quem segue apaixonado apesar de uma ausência de anos, faz Nevinson se acomodar a uma vida pacata em Madri, onde não enfrenta grandes dificuldades, exceto ter de lidar com ocasionais fantasmas de seu passado.

Essa aposentadoria, contudo, é interrompida quando um destes espectros pede para vê-lo. Trata-se de seu ex-chefe Bertram Tupra, agente experiente e insondável, aparentemente desprovido de qualquer culpa. Ignorando os males que causou a seu antigo subordinado, Tupra convoca-o para uma nova missão: identificar e matar a pessoa responsável por um ataque terrorista perpetrado pelo ETA anos antes. A contragosto, Nevinson aceita a missão.

A obra dialoga não apenas com seu livro irmão "Berta Isla", mas também com outras obras consagradas como "Coração Tão Branco" e a trilogia "Seu Rosto Amanhã". Caracterizado pela presença de alguns dos temas mais caros ao autor (as fronteiras da identidade, o papel desempenhado pelos segredos e ocultamentos nas relações afetivas) e por seu estilo inconfundível, marcado por longas frases de estrutura intrincada, este livro é o testamento de um dos mais importantes autores de língua espanhola do último século. Compre o livro  "Tomás Nevinson", de Javier Marías, neste link.


Sobre o autor
Javier Marías
nasceu em Madri em 1951. Formado em letras e especializado em filologia, trabalhou como roteirista e tradutor antes de publicar seu primeiro livro, Los dominios del lobo, em 1971. Entre romances, ensaios e coletâneas de contos, escreveu mais de 30 livros. Dele, a Companhia das Letras publicou, entre outros, "Coração Tão Branco", "Os Enamoramentos", "Assim Começa o Mal", além da trilogia "Seu Rosto Amanhã". Morreu em Madri em 2022, em decorrência de uma pneumonia. Garanta o seu exemplar de  "Tomás Nevinson", escrito por Javier Marías, neste link.

.: Gustavo Tubarão revela em novo livro como se curou da depressão


Com mais de 18 milhões de seguidores nas redes sociais, o influenciador Gustavo Tubarão, que viveu por muito tempo com depressão, ansiedade e ataques de pânico, transformou a batalha com a saúde mental em livro para ajudar outras pessoas com os mesmos problemas. No lançamento "O Trem Tá Feio: como me Curei da Depressão", publicado pela Citadel Grupo Editorial, o mineiro compartilha um relato sincero sobre o próprio processo de cura por trás das câmeras. Com uma escrita leve e sem perder o bom-humor, Gustavo confidencia uma tentativa de suicídio e alerta sobre a importância do auxilio psicológico.

Por trás dos vídeos animados na roça, que arrancam boas risadas dos seguidores nas redes sociais, o criador de conteúdo e humorista mineiro, Gustavo Tubarão, travava uma batalha dolorosa com a própria saúde mental. Diagnosticado com depressão e Síndrome de Borderline, ele encontrou na criação de vídeos um refúgio para não desistir da própria vida e enfrentar as crises de ansiedade e ataques de pânico.

O objetivo é auxiliar mais pessoas a identificarem e buscarem ajuda profissional para tratar a depressão e outros problemas psicológicos. No livro, com uma escrita sincera e bem-humorada, Gustavo Tubarão compartilha as próprias experiências para alertar os leitores de que a saúde mental requer cuidado e atenção, antes que seja tarde demais.

"Eu já tentei suicídio, e minha família só soube quando contei isso na internet. Foi a pior sensação que já tive na vida. Mas tinha uma coisa naquele inferno que me tirava a risada, de que sempre gostei, que era fazer vídeos na internet [...] Antes de ser influencer, o meu sentimento era que eu não servia para nada, principalmente porque tudo o que eu pegava para fazer, logo desistia no meio do caminho. Mas, depois que descobri o que realmente fazia sentido na minha vida, não apenas comemorei 1 milhão de seguidores quando estourei no Instagram, como também vi o tanto que cresci e conquistei em todos os anos seguintes, porque eu nunca parei, nunca desisti", revela o autor nas páginas do livro "O Trem Tá Feio".

Para que cada um tenha o controle da própria vida e saiba que ansiedade e depressão não podem pará-lo, o humorista divide, nesta obra publicada pela Citadel Grupo Editorial, insights inspiradores com o leitor. São dicas de como identificar o que o motiva para seguir em frente; a não fugir das responsabilidades; de qual forma desenvolver a perseverança a fim de enfrentar o medo e emoções conflitantes e, até mesmo, saber dizer “não” para impor limites necessários.

Para além de relatos pessoais e dicas de como dar um passo de cada vez, dia após dia, Tubarão compartilha frases acolhedoras, salmos bíblicos e incentiva que as pessoas busquem por ajuda psicológica. Afinal, mesmo cercado por sentimentos negativos, o autor nunca desistiu: seu propósito é auxiliar o maior número possível de brasileiros que enfrentam a mesma doença a persistirem também, mesmo diante de momentos sombrios. Compre o livro "O Trem Tá Feio: como me Curei da Depressão", de Gustavo Tubarão, neste link.

Sobre o autor
Gustavo Tubarão
é um criador de conteúdo que teve sucesso mostrando nas redes sociais o seu dia a dia na roça, na cidade de Cana Verde, no interior de Minas Gerais. Hoje, ele é um símbolo da cultura mineira e faz questão de reforçar por meio dos vídeos, das tatuagens e da forma de se vestir o orgulho que tem da sua região. Além disso, Gustavo se tornou também uma referência quando o assunto é saúde mental, visto que nunca escondeu sua depressão e seus problemas psicológicos e faz questão de usar seu alcance para ajudar pessoas que o acompanham e passam por situações parecidas. Atualmente ele soma, ao todo, mais de 18 milhões de seguidores. Foto: Davi Cardoso. Garanta o seu exemplar de "O Trem Tá Feio: como me Curei da Depressão", escrito por Gustavo Tubarão, , neste link.

.: Pearl Jam anuncia novo álbum, “Dark Matter”, previsto para o dia 19 de abril


Arte da capa do álbum “Dark Matter”: pintura com luz por Alexandr Gnezdilov

O Pearl Jam vai lançar seu décimo segundo álbum de estúdio, “Dark Matter”, via Monkeywrench Records/Republic Records, em19 de abril de 2024, e começar em maio uma turnê mundial com 35 datas. A faixa-título do novo trabalho já está disponível. Produzido por Andrew Watt, ganhador de vários prêmios Grammy®, “Dark Matter” é o primeiro lançamento da banda desde o aclamadíssimo “Gigaton” (2020). A versão física do álbum está disponível em pré-venda na UMusic Store. Saiba mais em: umusicstore.com/pearl-jam.

Em 2023, os integrantes do Pearl Jam—Eddie Vedder [vocais], Jeff Ament [baixo], Stone Gossard [guitarra ritmo], Mike McCready [guitar principal] e Matt Cameron [bateria] —se recolheram nos Shangri-La Studios, em Malibu, onde simplesmente plugaram e saíram tocando, sob a batuta do produtor Andrew Watt. 

Os instrumentistas tocaram cara a cara, reunidos no mesmo espaço, para conseguir se comunicar sonoramente no mais alto nível. Composto e gravado numa explosão criativa, “Dark Matter” nasceu após apenas três semanas de trabalho.

Como resultado, “Dark Matter” canaliza o espírito coletivo de um grupo de irmãos e velhos parceiros criativos reunidos no mesmo espaço, tocando como se suas vidas dependessem disso. Todo o sangue, o suor, as lágrimas e a energia de uma carreira histórica foram renovados e despejados neste trabalho singular.

Os membros da banda apresentaram pessoalmente o disco em uma festa de audição no icônico Troubadour, em West Hollywood, durante a semana do Grammy®. Vedder disse: “Estou arrepiado, porque tenho boas lembranças. Ainda estamos procurando maneiras de nos comunicar. Estamos em um momento de nossas vidas em que podemos fazer isso ou não, mas ainda nos preocupamos em lançar algo que seja significativo e que, esperamos, seja nosso melhor trabalho. Sem exagero, acho que esse é o nosso melhor trabalho”.

Ament acrescentou: “É o que Ed disse sobre a gente se reunir no mesmo espaço a essa altura. Sentimos que estávamos prestes a fazer um disco realmente importante. Muito disso teve a ver com a atmosfera que Andrew criou. Ele tem um conhecimento enciclopédico de nossa história, não apenas enquanto banda e  sobre como escrevemos músicas, mas também como músicos. Ele conseguia identificar coisas que fazíamos em canções antigas a ponto de eu pensar: ‘De que diabos ele está falando?’ Sua empolgação era contagiante. Ele é uma força. Só quero agradecer por nos manter no caminho certo. Eu não poderia estar mais orgulhoso de nós como banda. Eu sou muito grato aos fãs, mas acima de tudo, aos meus brothers, essas pessoas com quem eu fiz música”.

A banda está celebrando as lojas de discos independentes com o lançamento de uma edição especial de “Dark Matter” em 20 de abril. Somente nas lojas participantes do Record Store Day. Mais informações e lista de lojas em  www.recordstoreday.com.

A embalagem do álbum “Dark Matter” contém arte de pintura de luz de Alexandr Gnezdilov. Pintura de luz, ou “light painting”, é uma forma artística de fotografia em que as imagens são criadas ajustando a exposição da câmera por um período prolongado e usando uma fonte de luz, como uma lanterna, para "pintar" no escuro. A arte da capa do álbum foi criada usando um grande caleidoscópio feito por ele mesmo. Cada letra visível na capa foi capturada individualmente e escrita à mão no ar com uma lanterna especialmente projetada para criar o efeito perolado. 


O que disseram sobre o álbum
“‘Gigaton’ surpreendeu muitos fãs e criticos por ser tão hard rock. O novo (‘Dark Matter’) é ainda mais pesado.” - Associated Press

“(Dark Matter)… sob medida para cantar junto com os punhos pra cima.” – “SPIN”


Lista de faixas de “Dark Matter”

1. "Scared of Fear"

2. "React, Respond"

3. "Wreckage"

4. "Dark Matter"

5. "Won’t Tell"

6. "Upper Hand"

7. "Waiting for Stevie"

8. "Running"

9. "Something Special"

10. "Got to Give"

11. "Setting Sun"

domingo, 18 de fevereiro de 2024

.: "Contra Fogo", de Pablo Casella, um romance profundo sobre crise climática


Lançado pela editora Todavia, o livro "Contra Fogo" marca a estreia do analista ambiental Pablo Casella. Com uma linguagem marcada pela oralidade, é um romance profundo sobre o tema urgente da crise climática, com uma prosa bela e original. E de tão natural e cheio de cores locais, parece ter brotado direto do chão da Chapada Diamantina. A capa é assinada por Elisa v. Randow. 

“Fica esperto, contra o fogo não pode ter afobação”, aconselha Deja, o “frente” de um grupo de brigadistas voluntários, para um adolescente em seu primeiro combate contra o dragão, como alguns chamam os incêndios de grandes proporções — muitos causados por ações criminosas — que devoram a fauna, a flora e os rios da Chapada Diamantina, na Bahia.

O grupo liderado por Deja é formado por gente como ele — moradores da região que arriscam a própria vida para deter o avanço descontrolado das chamas. Antes mesmo que as instâncias governamentais adotassem as políticas públicas necessárias, esses brigadistas se lançam a apartar a briga do fogo contra a terra com técnicas criadas instintivamente e sem equipamentos adequados. Sobretudo nos tempos de seca, se enfiam nas matas por dias e dias, sem descanso.

Cunga, Zia, Trote, Jotão, Adobim, Firóso e Abner, mais o cachorro Mutuca, são alguns dos voluntários chefiados por Deja. Cada qual expande ao seu modo esse universo peculiar, mas é a visão do líder, narrador em primeira pessoa, que torna tudo complexo e vivo. Sua linguagem, concisa e marcada pela oralidade, reflete o homem que é: brusco, simples, mas muito sensível à vastidão e aos detalhes de seu mundo — um mundo em que a palavra falada é soberana.

Embrenhado nas serras por longos períodos, Deja padece a aflição de equilibrar sua meta desmedida de combater incêndios com os compromissos cotidianos e familiares, buscando na natureza a mediação entre a realidade prática e uma metafísica de certos fantasmas do passado que só tomam forma na dança das labaredas. Compre o livro "Contra Fogo", de Pablo Casella, neste link.


O que disseram sobre o livro
“Há décadas brigadistas voluntários combatem incêndios na Chapada Diamantina e em outras regiões brasileiras, mas seu empenho continuado é pouco conhecido, mesmo em tempos de emergência climática. Construído com linguajar local perfeitamente calibrado e um profundo conhecimento do tema e do cenário, o romance 'Contra Fogo' mobiliza todos os poderes da prosa de ficção para nos engolfar nesse universo. A narrativa destrói e fecunda, repele e atrai, como o dragão de fogo que insiste em pousar nas serras inóspitas. No centro estão vidas comuns em sua instável busca de afeto e sentido, cativantes e sombrias na mesma medida, ardendo em continuidade com o ambiente em que vivem. Pablo Casella é um talento que estreia na literatura nacional como um ‘vento parido pelo sol’, para usar uma imagem retirada deste livro notável.” – Daniel Galera, escritor.

Sobre o autor
Pablo L. C. Casella nasceu em Guaratinguetá, em São Paulo, em 1978. Formado pela USP - Universidade de São Paulo, atua como analista ambiental no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio, onde, de 2002 a 2022, fez parte da equipe gestora do Parque Nacional da Chapada Diamantina, na Bahia. "Contra Fogo" é o romance de estreia. Garanta o seu exemplar de "Contra Fogo", escrito por Pablo Casella, neste link.


Trecho do livro
Percebi quando Bel afastou a canga que fechava o vão de entrada do quarto, mó dum vento maneiro que triscou minhas costa. Pela demora dos passo, imaginei que tivesse parada me espiando de longe. Mais certo que pensava na nossa conversa de antes.

Dormiu? — pricurei sem precisão, já sabia a resposta.

Principiou uma caminhada de pisada leve, rumando pro meu lado. A cabeça balangava devagar, mesmo que respondendo: “Sim, que bobagem perguntar”. Não entendi aquela marcha dengosa. Mais cedo naquele dia a gente teve um trupelo brabo. Continuei ajeitando minhas roupa na cadeira. As mãos dela seguraram meus ombro e com os dedão ela dava uns apertos na carne da pá. Isso costumava ser o sinal dela pra apaziguar as peleja de casal.

Desceu as mão como se cada dedo fosse a perna dum bichinho caminhando pesado, fundando os pé na minha pele até triscar no vazio do lombo. Torceu meu tronco e me deixou de frente pr’ela. Pelo jeito das venta não era briga. Segurei a cintura dela.

A ponta de uma bota empurrou o calcanhar da outra e o pé ficou nu.

Não tava brava?

Fico, depois. — Ela se achegou pra perto do meu peito. A perna dela contornou a minha e com o dedão do pé ela empurrou minha outra bota pro chão.

Rumei minha mão por dentro da bata, os dedo grosso lixaram a pele das costa dela até os cabelo do cangote. Uns carocinho de arrupio brotaram no braço dela junto com os ombro que arribaram encolhendo o pescoço. Ela dobrou a cabeça pra baixo e deu uma risada com o nariz quando reparou na corda que amarrava minha calça.

— Esse nó vai dar trabalho — ela brincou.

Com a outra mão tirei minha faca da bainha e ofereci, brincando de volta. As boca ainda riam quando a gente se beijou, um puxava o outro até as barriga se amassar, a bata dela se embolava já passando dos peito até que uma zuada de motor a diesel parou na frente de casa.

— ‘Umbora, Deja! — Jotão gritou da rua.

Não duvidei o que significava aquilo. Pela careta, Bel torceu pra não ser o que ela sabia que era. Puxei a mão de dentro da bata e dei um passo de lado pra rumar até a porta, mas a mão aberta e firme de Bel, virada pra minha cara, lembrou que eu tava em dívida e achei melhor concordar. Naquela manhã ela tinha pirado comigo porque eu cancelei uma guiada pra representar a brigada numa reunião importante.

No caminho pra porta ela ajeitou a bata, os cabelo e a raiva. Dava pra ouvir outras voz gritando e batendo as mão na lataria do carro, do jeito mesmo que os guerreiro faz quando farejam fumaça de incêndio.

— Já falei pra não fumar aqui dentro, xibungo! — Conheci Abner pela voz, fingindo que tava bravo.

— Virge Santa, peraí... — Pela fala mansa, era Cunga tragando com saudade o final do último baseado.

— Tá rolando. Vamo! — insistiu uma voz avexada, qu’eu não identifiquei de quem era.

Pelo abrir da porta deu pra sentir a brutice de Bel.

— Tem criança dormindo, porra! — Ela sussurrou um grito. Chega imaginei as mão dela, nervosa, agitando no ar, mandando falar baixo. — E aí, Jotão, tu tá bem? — cumprimentou nosso compadre, com a voz mais calma. A amizade com Jotão não deixava ela ralhar com ele.

Depois é aquela marofa — Abner ainda dava bronca, talvez em Cunga, que devia mesmo tá fumando no carro. — Boa noite, Bel. Foi mal a zuada!

Cadê Anori, Bel? — Jotão pricurou pelo afilhado.

Se vocês não acordaram ele... tá dormindo.

— É foda, a galera não respeita. — Ouvi a zuada da porta do carro abrindo e a voz de Jotão foi aumentando. — Pessoal, fica quieto aí, vai — trovejou com o vozerão corpulento que nem ele. — E Deja, Bel?

— Tá não, Jotão.

Fiquei confuso. Ou indignado. Bel tava mesmo mentindo assim, na caradura? Mentiu pro amigo, prum compadre, tangida no medo d’eu perder o trabalho que já tava agendado pra manhã seguinte?

— Teve que resolver um negócio na casa de Betânia — ela reforçou a mentira, colocando minha irmã no meio!

Fazia uns dia que eu não pegava um serviço e, nas conta dela, umas semanas que a despensa da casa era abastecida só pelo bisaque dela. No quarto, fiquei de pé, agoniado, feito galinha dos pé queimado andando dum lado pro outro. Não tava certo ficar escondido ali. E depois da mentira de Bel, também não era boa ideia aparecer. ideia aparecer.

De cima da caminhonete um dos brigadista deve ter me enxergado através do vidro da janela do quarto, mó de que ele gritou: “Olha lá”, e em seguida veio a gritaria e o meu vexame. Rumei a gandola por riba do ombro, saí descalço mesmo com os coturno na mão. Bel soltou um bufo raivoso quando percebeu que eu tinha chegado perto da porta e esticou os braço pro chão, um sestro que ela costumava fazer nas vez que ficava contrariada.

.: "Bom Dia, Eternidade" reflete sobre o envelhecimento dos corpos negros


Com dramaturgia de Jhonny Salaberg e direção de Luiz Fernando Marques Lubi, a peça estreia 20 de janeiro no Sesc Consolação; em cena, uma banda de quatro músicos 60+ que contracena com o elenco de O Bonde, mesclando histórias de suas vidas e ficções de um futuro outro. Foto: Júlio César Almeida 


O premiado O Bonde apresenta o espetáculo "Bom Dia, Eternidade" no Teatro Anchieta do Sesc Consolação, até dia 25 de fevereiro, às sextas e aos sábados, às 20h00, e, aos domingos, às 18h00. Haverá sessão dia 22 de fevereiro, às 15h00. Com a proposta de aquilombar-se, O Bonde reúne artistas periféricos - Ailton Barros, Filipe Celestino, Jhonny Salaberg e Marina Esteves - que têm investigado, nos últimos trabalhos, as experiências de quase morte do corpo negro. Mais especificamente, a ideia é refletir sobre as heranças do período escravocrata. 

Em "Bom Dia, Eternidade", quatro irmãos idosos que sofreram um despejo quando crianças recebem a restituição do terreno após quase 60 anos e se encontram para decidir o que fazer. O tempo se embaralha em um jogo de cortinas e um mosaico de histórias reais e ficcionais é costurado no quintal da antiga casa acompanhado de um bom café e de um velho samba. Em cena, uma banda de quatro músicos, cada qual com mais de sessenta anos, em um jogo friccional com as narrativas dos atores/atriz d`O Bonde. Um espetáculo que descortina a realidade do passado olhando para o presente.

O espetáculo é a última parte da Trilogia da Morte, iniciada com a peça infantil "Quando Eu Morrer Vou Contar Tudo a Deus", com dramaturgia de Maria Shu e direção de Ícaro Rodrigues; em seguida veio "Desfazenda - Me Enterrem Fora Desse Lugar", com texto de Lucas Moura e direção de Roberta Estrela D’Alva, premiada como Melhor Espetáculo Virtual pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e indicada a Melhor Dramaturgia pelo prêmio Shell, em 2020. 


A encenação
"Bom dia, Eternidade", com dramaturgia de Jhonny Salaberg e direção de Luiz Fernando Marques Lubi, está focada na velhice. Na trama, quatro irmãos idosos que sofreram um despejo na infância recebem a restituição do terreno após quase 60 anos. Resta a eles se encontrar para decidir o que fazer. “Estamos construindo uma grande utopia, em que os negros envelhecem de forma saudável e digna”, comenta o ator Filipe Celestino.  

Aos poucos, conforme interagem com objetos afetivos, os personagens se descortinam para o público. Histórias reais e ficcionais se misturam e o tempo se embaralha em meio às lembranças. Toda a ação acontece no quintal da antiga moradia da família. “O cenário evoca essa atmosfera carinhosa, remetendo a uma casa de vó. Cores como bege e verde estão bastante presentes”, afirma Lubi, que também assina a cenografia e o figurino.    

Para deixar a plateia ainda mais imersa nesse universo das memórias, ainda são projetados vídeos com depoimentos dos integrantes da banda, naquela mistura de real e ficcional que é a marca registrada d’O Bonde. Tradicionalmente, O Bonde se dedica a estudar o poder das palavras e das narratividades. No infantil Quando eu morrer vou contar tudo a Deus, a pesquisa se deu com os griôs. Em "Desfazenda", a poesia falada e as batalhas de rimas foram as duas grandes referências para o espetáculo. Agora, os artistas exploram as potencialidades das histórias que são contadas por gerações e as músicas antigas que dão o tom de toda a narrativa.

A importância da música
Canções de Fernando Alabê, Djavan, Tim Maia, Jorge Aragão, Roberto Mendes Barbosa, Luiz Alfredo Xavier, Jorge Ben Jor, Lupicínio Rodrigues e Johnny Alf norteiam a narrativa. “Nossa banda é formada por Cacau Batera (bateria e voz), Luiz Alfredo Xavier (violão, contrabaixo e voz), Maria Inês (voz) e Roberto Mendes Barbosa (piano e voz), todos com mais de 60 anos e com uma trajetória incrível na área. Quisemos também que eles pudessem compartilhar as suas vivências, sem ninguém falando por eles”, conta Celestino.     

Partindo desse princípio, o coletivo fincou os pés no presente e revisitou as histórias das famílias e das migrações, além dos contos, dos causos, das teses, das lutas e tudo o que constitui a sociabilidade de um corpo negro e velho. Os músicos se transformam em personagens e os atores Ailton Barros, Filipe Celestino, Jhonny Salaberg e Marina Esteves são os duplos deles, em um jogo cênico carregado de simbolismo. A direção musical é assinada por Fernando Alabê.

“Dentro do que foi trazido pelo elenco, pela direção, na dramaturgia e nas encenações, a musicalidade apontou como resgate de cancioneiro e gêneros musicais difundidos entre os anos 1950 e 1980 mais elementos da cultura afrodiaspórica, que intrínsecos aos arranjos se mostram como contornos dos sonhos de antes e de quando se puderem realizar pelos baluartes que compõem a banda e espelham o futuro dos personagens”, explica Fernando Alabê, diretor musical do espetáculo. “Nesse caminho, Iroko (orixá da ancestralidade, das forças e manifestações da natureza) inicia o caminho com seu ritmo e chegança, a ‘hamuya’, transformado em funk para anunciar esse tempo que se molda à história dos quatro irmãos”, completa o percussionista, compositor e educador.

“Quando decidimos falar sobre envelhecimento, lemos muitos livros e assistimos a muitos filmes com essa temática. O que mais nos chamou a atenção foi o longa ‘Bom dia, Eternidade’ (2010), de Rogério de Moura. Criamos uma relação afetiva com essa produção, mas dela só pegamos emprestado o nome. Nossa dramaturgia não se assemelha com o que é contado na obra audiovisual”, detalha Lubi. 

Dentro deste resgate, estão canções como "Eu e a Brisa", de Johnny Alf, "Tenha fé", dos Originais do Samba, "Exemplo”, de Lupicínio Rodrigues, além de homenagem a Henricão, cantor, compositor, ator, primeiro Rei Momo Negro do Carnaval de São Paulo, fundador da Escola de Samba Vai-Vai, autor de gigantescos sucessos como "Está Chegando a Hora”, conhecida no mundo inteiro pelos estádios de futebol.


A dramaturgia
Segundo Jhonny Salaberg, este foi o primeiro trabalho com dramaturgia colaborativa d’O Bonde. “Foi um longo processo, um relicário cheio de detalhes e, a cada ponta, um mergulho. Foi preciso recortar o universo que se apresentava e propor caminhos que desse conta de tanta pesquisa. O jogo entre ficção e realidade, passado e presente, processual e documental brilhou em nossos olhos”, diz o dramaturgo.  

O texto é fragmentado e cabe ao público juntar as peças. “Além dos relatos pessoais, nos debruçamos sobre notícias de jornal, referências audiovisuais e dinâmicas processuais para montar esse quebra-cabeças; e ficcionalizamos em cima de todo esse material reunido. Até porque nossa intenção é coletivizar os sujeitos do espetáculo, não estamos falando somente dessas personagens ou das oito pessoas em cena, estamos ressoando e representando muitas outras, riscando uma denúncia ampla: o não envelhecimento digno da população negra no Brasil”, acrescenta.


O Bonde
Desde 2017, O Bonde é o que nós somos. Nominalmente reverenciados a ajuntamentos negros e periféricos com o objetivo de aquilombar-se, somos também as nossas próprias singularidades em movimento conjunto, podendo nos constituir como um núcleo, um grupo, um coletivo ou um Bonde. Somos artistas negros e periféricos, formados em diferentes períodos na Escola Livre de Teatro de Santo André. Temos como pesquisa de linguagem a palavra e a narratividade como ferramenta de acesso, denúncia e ampliação de discussões afrodiaspóricas e seus desdobramentos. A abordagem épica da palavra como distanciamento dramático e aproximação narrativa é eixo fundante dos nossos pensamentos, desejos e mergulhos na étnica-criação-racial em São Paulo.


Os músicos, por Fernando Alabê, diretor musical
Cacau Batera é um grande instrumentista e intérprete dos mais exímios. Desfilou sua arte do ritmo apoiando artistas como Jerry Adriani, Tim Maia, Johnny Alf e Jamelão. Seu dom expande a arte do cantar ao modo dos "crooners" de antigamente e sua voz tem a excelência e a elegância dos grandes cantores da música popular brasileira.

Luiz Alfredo Xavier é parceiro de Zé Ketti e Jamelão, assim como de tantos outros aos quais emprestou seu conhecimento teórico musical, escrevendo as partituras das letras que lhe chegavam, e assim ajustando a harmonização delas. Revisor da Editora Ricordi, responsável pelo aprendizado musical de muitas gerações ao longo de mais de sessenta anos de música como cantor, compositor, violonista e contrabaixista, sendo, deste modo, integrante da primeira banda que acompanhava os Originais do Samba, quando o grupo ainda se chamava "Os Sete Crioulos da Batucada".

Maria Inês é uma cantora por resistência, pois foi impedida pela família de exercer seu sonho de cantar, como fazia em programas de calouros aos 15 anos.  Abandonando a carreira artística e se dedicando à arte e ser cabeleireira por cinquenta anos, ao se aposentar, ingressou no Coral da USP, onde ficou por dez anos, todavia se ausentando deste por mais dez anos, retornando aos palcos agora para a peça "Bom Dia, Eternidade".

Roberto Mendes Barbosa é maestro, regente de coral, cantor e compositor. Formado pelo Mozarteum, se dedica a corais e liras pela cidade de São Paulo, bem como atua como músico de cena para teatro, deste modo firmando sua participação no elenco musical de "Bom Dia, Eternidade".


Ficha técnica
Espetáculo "Bom Dia, Eternidade".
Idealização: O Bonde.
Elenco: Ailton Barros (Carlos), Filipe Celestino (Everaldo), Jhonny Salaberg (Renato) e Marina Esteves (Mercedes).
Músicos em cena: Cacau Batera (bateria e voz), Luiz Alfredo Xavier (violão, contrabaixo e voz), Maria Inês (voz) e Roberto Mendes Barbosa (piano e voz).
Dramaturgia: Jhonny Salaberg.
Direção: Luiz Fernando Marques Lubi.
Diretora assistente: Gabi Costa.
Direção Musical: Fernando Alabê.
Videografia e operação: Gabriela Miranda.
Desenho de luz: Matheus Brant.
Cenografia e figurino: Luiz Fernando Marques Lubi.
Acompanhamento em dramaturgia: Aiê Antônio.
Música original: “Preta Nina” - Fernando Alabê, Luiz Alfredo Xavier e Roberto Mendes Barbosa.
Técnico de som: Hugo Bispo.
Técnica de videografia: Clara Caramez.
Captação de vídeo: Fernando Solidade.
Costura cenário: Edivaldo Zanotti.
Cenotecnia e contrarregragem: Helen Lucinda.
Fotos: Júlio Cesar Almeida.
Assessoria de imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques.
Social media (criação de conteúdo): Erica Ribeiro.
Produção: Jack Santos – Corpo Rastreado.
Agradecimentos: Casa DuNavô, Coletivo Tem Sentimento, Família Barros, Família Celestino, Família Esteves, Família Martins, Família Salaberg, Guilherme Diniz, Grupo XIX de Teatro, Ilu Inã, Mercedes Gonzales Martins (in memoriam), Oficina Cultural Oswald de Andrade, Otávia Cecília (in memoriam), Teatro de Contêiner, Rogério de Moura e Willem Dias. 


Serviço
Espetáculo "Bom Dia, Eternidade".
Até dia 25 de fevereiro de 2024, às sextas-feiras, e aos sábados, às 20h00, e, aos domingos, às 18h00.
Sessão dia 22 de fevereiro, quinta-feira, às 15h00.
Teatro Anchieta – Sesc Consolação – R. Dr. Vila Nova, 245 - Vila Buarque / São Paulo.
Ingresso: R$ 50,00 (inteira), R$ 25,00 (meia-entrada) e R$ 15,00 (credencial plena).
Compre por este link https://centralrelacionamento.sescsp.org.br e no app Credencial Sesc SP e a partir do dia 10 de janeiro na bilheteria das unidades.
Duração: 120 minutos.
Classificação etária indicativa: 14 anos.

.: "Aqui Tem Vida Demais!" faz crianças e adultos refletirem sobre morte


Com texto de Bruno Canabarro e direção de Rodolfo Amorim, o espetáculo de estreia da companhia teatral CASCA cria espaço de troca a partir das experiências de perda, luto, consciência sobre a morte e do medo da finitude da vida. 
Foto: Jonatas Marques


O tabu de falar sobre a morte com crianças é deixado de lado na peça "Aqui Tem Vida Demais!", com dramaturgia de Bruno Canabarro e direção de Rodolfo Amorim. O espetáculo, que fez uma temporada de sucesso no Sesc Ipiranga em 2023, ganha novas apresentações no Sesc Bom Retiro aos domingos, dias 18 e 25 de fevereiro e 3 de março, às 19h00.

A ideia de montar a peça surgiu em 2019, quando os idealizadores Bruna Betito e Bruno Canabarro, que dão aulas para crianças há muitos anos, conversavam sobre seus estudantes e suas surpreendentes histórias. O projeto nasce justamente de um desses casos: um dos alunos de Bruna mandou para ela um áudio falando sobre um infeliz incidente que o fez matar “sem querer” um peixinho ao jogá-lo na privada.

Depois de se divertirem com essa narrativa tragicômica, eles se concentraram em organizar diversos materiais literários e audiovisuais que pudessem ajudar na construção da dramaturgia. Um ano depois, o mundo foi afetado por uma pandemia e o Brasil, sufocado por tantas mortes. Assim, o projeto tomou outros rumos com a impossibilidade de ser montado naquele contexto.

O elenco, além de Betito e Canabarro, conta com a participação de Paula Spinelli. Em cena, ainda estão Gabi Queiroz e Demian Pinto / Clara Kok (stand-in), que interpretam as canções originais da peça ao vivo. "Aqui Tem Vida Demais!" é um espetáculo para todas as idades, todas as infâncias, todas as pessoas vivas que sabem que a morte existe e pode estar por perto. Também permite que se criem espaços de trocas, diálogos, imaginação e fantasias a partir da perda, do luto, da consciência sobre a morte, do medo… sentimentos naturais quando tratamos da finitude da vida.

A trama conta a história dos irmãos Maria e Mário, crianças que precisam lidar com a morte sozinhas, longe de casa. Na tentativa de compreender o porquê se morre, o que acontece quando se morre e por que há tanta morte pela vida, as crianças acabam por ter que encarar a Morte de frente, cara a cara, em diversas faces, até conseguirem elaborar o luto, a perda e a descoberta do fim.

Num jogo entre o seguir-em-frente e o olhar-para-trás, as duas crianças embarcam numa ousada tarefa de buscar pistas que revelem o que é isso de algo ou alguém, puf, desaparecer. Sem partir das questões religiosas que estão coladas socialmente à ideia de morte, o espetáculo propõe que os espectadores criem suas próprias ideias sobre o que é morrer, para onde vai quem morre e as infinitas possibilidades de ressignificação que podemos criar sobre a Terra.

Contudo, "Aqui Tem Vida Demais!" não vai em busca da Morte para desvendá-la ou enfrentá-la, ao contrário, apresenta caminhos para que nos concentremos na vida, no encontro com a novidade e a gravidade que é viver, enxergando que há vida, sim, mesmo no escuro. O espetáculo ganhou o prêmio DeusAteu de Melhor Direção, em 2023.


Ficha técnica
Espetáculo "Aqui Tem Vida Demais!".
Dramaturgia: Bruno Canabarro.
Direção: Rodolfo Amorim.
Elenco: Bruna Betito, Bruno Canabarro e Paula Spinelli.
Música ao vivo: Gabi Queiroz e Demian Pinto / Clara Kok (stand-in).
Música original: Gabi Queiroz e Demian Pinto (música) / Bruno Canabarro (letra).
Cenário: Rodolfo Amorim.
Figurinos, adereços e bordados no cenário: Felipe Cruz.
Flores de tricô: Rodrigo Carvalho e Frida Braustein Taranto.
Iluminação e operação de luz: Daniel Gonzalez.
Identidade visual e animações: Fernanda Zotovici.
Vídeo mapping: Vic Von Poser.
Preparação de elenco: Antônio Januzelli.
Consultoria em psicanálise: Rafael Costa.
Contrarregragem e cenotécnica: Lucas Asseituno.
Bonecos: Edson Gon.
Objetos cênicos: Zé Valdir.
Direção de produção: Andréa Marques.
Produção executiva: Fani Feldman.
Assistente de produção: Bruna Betito.
Fotografia: Camila Rivereto.
Idealização: Bruna Betito e Bruno Canabarro.
Realização:  Sesc SP.


Serviço
Espetáculo "Aqui Tem Vida Demais!".
Temporada: 4 de fevereiro a 3 de março, aos domingos, 12h (não haverá sessão no dia 11 de fevereiro).
Sesc Bom Retiro – Alameda Nothmann, 185, Campos Elíseos / São Paulo.
Ingressos: R$30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 10 (credencial plena). Crianças até 12 anos não pagam.
Venda online em sescsp.org.br.
Classificação: livre.
Duração: 60 minutos.
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.

.: Patty Pantaleão, 1ᵃ artista indoor de bolhas de sabão no Brasil, em show


Após o sucesso de público no último ano com o espetáculo "Entre Bolhas e Borboletas", a primeira artista indoor de bolhas de sabão no Brasil, Patty Pantaleão, oficializou uma temporada de apresentações no Teatro Arthur Azevedo em fevereiro. As apresentações, realizadas todos os fins de semana do mês, na sessão das 16h00, terão ingressos a partir de R$12,50.

O público presente terá acesso a um espetáculo para toda a família, oferecendo muita leveza, efeitos de mágica, cores, luzes, música e poesia, sem deixar de destacar as grandes bolhas de sabão. Sem dúvida, é um resgate à memória afetiva independente da idade. "Esta nova temporada é uma forma de retribuir toda a aceitação que tivemos do público da cidade de São Paulo no último ano; ao todo, foram mais de 3.000 pessoas impactadas de alguma forma pela nossa mensagem. O que posso adiantar é que cada sessão será única e com uma emoção que só quem estará lá será capaz de sentir", encerra a artista.


Serviço
Espetáculo "Entre Bolhas e Borboletas".
Teatro Arthur Azevedo.
Até dia 25 de fevereiro, às 16h00.
Sábados e domingos.
Ingressos neste link.

sábado, 17 de fevereiro de 2024

.: Grátis: Museu da Língua Portuguesa lança catálogo da exposição "Nhe’ẽ Porã"


Publicação foi distribuída em primeira mão na abertura da itinerância da mostra no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém do Pará. Versão do material também pode ser baixada em pdf.


O Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, lançou o catálogo da exposição "Nhe’ẽ Porã: memória e Transformação". A publicação impressa sobre a mostra foi distribuída em primeira mão no Museu Paraense Emílio Goeldi, onde uma versão itinerante da exposição ficará em cartaz até 28 de julho. O material, em formato PDF, também pode ser encontrado e baixado gratuitamente neste link

A exposição itinerante "Nhe’ẽ Porã: memória e Transformação" conta com articulação e patrocínio máster do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura - Lei Rouanet.  Além de imagens de obras de artistas como Tamikuã Txihi, Glicéria Tupinambá, Denilson Baniwa e Paula Desana, e de mapas produzidos exclusivamente para o projeto, o catálogo contém textos da curadora da exposição, a artista indígena e mestre em Direitos Humanos Daiara Tukano, e também nas línguas tupi-antigo, xavante, yanomami, dahseaye e mbya.   

Quem quiser saber mais sobre a exposição, outra dica é conhecer a versão on-line da mostra que esteve em São Paulo entre outubro de 2022 e abril de 2023, atraindo mais de 189 mil visitantes. O acesso ocorre por meio da exposição virtual https://nheepora.mlp.org.br.

 "Nhe’ẽ Porã: memória e Transformação" propõe um mergulho na história, memória e realidade atual das línguas dos povos indígenas do Brasil, através de objetos etnográficos, arqueológicos, instalações audiovisuais e obras de arte. A exposição busca mostrar outros pontos de vista sobre os territórios materiais e imateriais, histórias, memórias e identidades desses povos, trazendo à tona suas trajetórias de luta e resistência, assim como os cantos e encantos de suas culturas. Daiara Tukano assina a curadoria, e a antropóloga Majoí Gongora é a cocuradora.  

Patrocinadores e parceiros
A mostra itinerante  "Nhe’ẽ Porã: memória e Transformação" conta com articulação e patrocínio máster do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet e é correalizada pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. O projeto tem cooperação da UNESCO no contexto da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) e parceria do Instituto Socioambiental, Museu de Arqueologia e Etnologia da USP e Museu do Índio da FUNAI. A realização é do Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, do Ministério da Cultura e do Governo Federal.  

Serviço
Catálogo da exposição "Nhe’ẽ Porã: memória e Transformação"
Disponível e baixado gratuitamente neste link

Exposição itinerante "Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação" – Belém (PA) 
Museu Paraense Emílio Goeldi - Centro de Exposições Eduardo Galvão.  
Av. Magalhães Barata, 376 - São Braz - Belém (PA).  
Até dia 28 de julho de 2024.
De quarta a domingo, inclusive feriados.  
Até maio - das 9h às 14h, com bilheteria até 13h.  
Depois de junho – 9h às 16h, com bilheteria até 15h.  
R$ 3,00 (inteira) e R$ 1,50 (meia) e gratuidades garantidas por Lei.

.: “Jardim Vertical”: Grupo Pandora de Teatro estreia temporada neste sábado


O espetáculo retrata a realidade de uma família que opta por se isolar do mundo exterior em seu  seguro apartamento, trazendo à tona aspectos significativos da sociedade contemporânea, suas ilusões e falsas ideias de segurança. Peça teatral reflete sobre as relações familiares na contemporaneidade e a falsa ideia de segurança. Foto: Lucas Vitorino


Nos dias 17, 18, 19, 24, 25 e 26 de fevereiro de 2024, aos sábados e domingos, às 18h00, e segundas-feiras, às 17h00, com entrada gratuita, o Grupo Pandora de Teatro apresenta o espetáculo “Jardim Vertical”, no Teatro de Contêiner Mungunzá, que fica na Rua dos Gusmões, 43 - Santa Ifigênia, em São Paulo. “Jardim Vertical” é uma fábula contemporânea que conta as histórias e as relações de uma família que vive isolada do mundo externo. 

De  forma cômica e satírica, o espetáculo transita pelo dia-a-dia dessa família que se relaciona de maneira superficial, deixando de lado a naturalidade para se adequar a um contexto que, aparentemente, é a garantia da segurança.

Um paraíso artificial que revela o autoritarismo presente em seu convívio, trazendo para a cena aspectos significativos da nossa sociedade, como o conceito de família, as ambições patriarcais, bem como os sonhos e desejos de mudança. Em um seguro apartamento, no quadragésimo sétimo andar de um edifício, em um contexto de compensação e artificialidade, será preciso abrir espaço no cotidiano para que os sonhos aconteçam. 

Com texto e direção de Lucas Vitorino, o espetáculo explora o universo nonsense, trazendo o olhar para a essência da personalidade autoritária no contexto brasileiro, imerso em um universo irreal, distópico e absurdo.  O processo de criação é resultado da pesquisa contínua do Grupo Pandora de Teatro em investigar os vestígios do teatro do absurdo e suas poéticas no contexto latino americano. As ações fazem parte do projeto "Pandora 20 Anos – Firmeza Permanente" realizado com apoio da 41° Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo - Secretaria Municipal de Cultura, com o qual o grupo celebra 20 anos de trajetória. 


Sobre o Grupo Pandora de Teatro
Em 2024, o Grupo Pandora de Teatro comemora 20 anos de pesquisa contínua no bairro de Perus - SP. Com intensa produção artística, o coletivo aborda em suas criações temáticas pertinentes à história do Bairro de Perus e do Brasil, suas injustiças sociais e suas problemáticas, através de uma invenção poética que exalta a força da teatralidade.

O grupo comemora também os oito anos da Ocupação Artística Canhoba, um espaço público ocioso, que estava abandonado há seis anos sem cumprir qualquer função social, e que foi transformado em um importante polo cultural, aberto ao público, visando o fazer artístico como um ato social e político dentro do bairro de Perus. 


Ficha técnica
Espetáculo "Jardim Vertical".
Criação: Grupo Pandora de Teatro | Texto e Direção: Lucas Vitorino | Elenco: Caroline Alves, Cristian Montini, Rodolfo Vetore e Wellington Candido | Iluminação: Elves Ferreira | Sonoplastia: Rodolfo Vetore | Cenografia: Thalita Duarte | Cenotecnia: Marina Lima, Morsantap Revest e SN7 Cenografia |Figurinos: Thais Kaori | Customização de figurino: Anna Belinello, Marina Veneta e Cristian Montini | Operação de vídeo: Lucas Vitorino | Preparação corporal: Rodolfo Vetore | Preparação vocal: Caroline Alves | Produção: Thalita Duarte | Design gráfico: Levy Vitorino | Assessoria de Imprensa: Luciana Gandelini | Colaboração: Filipe Dias e Diego Meshi 


Serviço
Espetáculo “Jardim Vertical”
Duração: 80 minutos.
Classificação indicativa: 12  anos
Grátis
Capacidade: 99 lugares
Dias 17, 18, 19, 24, 25 e 26 de fevereiro de 2024 - Horário: sábado e domingo às 18h e segundas-feiras às 17h
Teatro de Contêiner Mungunzá - Endereço: R. dos Gusmões, 43 - Santa Ifigênia, São Paulo - SP, 01212-000 

Teaser de "Jardim Vertical"


.: Em SP, Mauricio Stycer lança "Gilberto Braga, o Balzac da Globo" em bate-papo


Após o sucesso do lançamento no Rio de Janeiro, a Livraria da Vila Fradique recebe o jornalista e escritor Mauricio Stycer para sessão de autógrafos do livro "Gilberto Braga, o Balzac da Globo" e bate-papo com o dramaturgo Alcides Nogueira na próxima terça-feira, 20 de fevereiro. O evento terá início às 18h30. Na obra, Mauricio e Artur Xexéo, falecido em 2021, retratam a trajetória de um dos maiores novelistas da história da televisão brasileira. 

As histórias contadas por Xexéo e Stycer sobre a infância e a juventude de Gilberto Braga, que se dividiu entre a Tijuca e a Zona Sul do Rio de Janeiro, explicam o porquê de o autor ter se tornado um retratista tão prolífico das classes média e alta. Muitas narrativas presentes nas novelas de Gilberto foram baseadas nas vivências dele, que nunca abandonou o olhar crítico porém sensível. 

A obra remonta aos primeiros anos da carreira de Gilberto, quando foi professor da Aliança Francesa e crítico de teatro de O Globo. As páginas também relatam como teve início o trabalho do dramaturgo na televisão, após um convite de Daniel Filho, além das dificuldades que enfrentou ao longo de sua jornada profissional. 

O livro é, ainda, um tributo às novelas de Gilberto por parte dos autores, que dão ao leitor a chance de relembrar tramas e conhecer muitas curiosidades sobre as produções. A biografia conta com depoimentos de artistas que puderam trabalhar ao lado do mestre, conhecido pelo pioneirismo na TV ao tratar de temas considerados tabus, como racismo e sexualidade. Compre o livro "Gilberto Braga, o Balzac da Globo", de Artur Xexéo e Mauricio Stycer, neste link.


Sobre o livro:
“Balzac da Globo”
 é como Artur Xexéo e Mauricio Stycer se referem a Gilberto Braga, que era assim chamado por causa das temáticas abordadas pelo dramaturgo em suas novelas, que incluíam dinheiro, ambição e vingança. A mente fértil de Gilberto para criar histórias tem raízes nos acontecimentos de sua própria vida - que daria, por si só, uma novela, como a dupla de jornalistas nos apresenta na biografia, lançada em janeiro pela Intrínseca.  

“Muitas qualidades foram atribuídas a Anos dourados, mas o que ficou para Malu Mader, ‘além do forte traço feminista’, foi ‘o elogio à bondade dos personagens’, segundo ela, algo incomum na obra de Gilberto. A atriz tem razão ao observar que o novelista é mais festejado como um grande criador de vilãs e vilões. Marcos e Lurdinha, apesar de bons, eram cativantes e interessantes. ‘Me orgulha ter feito uma personagem por onde ele expressou tão bem a transformação pelo amor.’ Malu conta que, assim como Lurdinha, ela própria foi se transformando ao longo da história. Durante as gravações da minissérie, decidiu sair da casa dos pais e morar sozinha. ‘Anos dourados me mostrou a dimensão mais profunda e mágica da profissão.’”

Além de homenagear o dramaturgo, a biografia celebra o trabalho de Artur Xexéo, falecido em 2021, aos 69 anos. A voz do jornalista é amplificada por Mauricio Stycer, que recebeu a missão de finalizar o manuscrito. Garanta o seu exemplar de "Gilberto Braga, o Balzac da Globo", escrito por Artur Xexéo e Mauricio Stycer, neste link.

Foto: Paulo Severo

Mauricio Stycer nasceu no Rio de Janeiro em 1961. É jornalista especializado em televisão e atualmente é colunista da Folha de S.Paulo. Publicou os livros "História do Lance!" (Alameda, 2009), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), "Topa Tudo por Dinheiro" (Todavia, 2018) e "O Homem do Sapato Branco" (Todavia, 2023).

Artur Xexéo passou pelas redações de Veja, IstoÉ, Jornal do Brasil e O Globo. Escreveu as biografias de Janete Clair, Hebe Camargo e sua autobiografia sobre as coberturas das Copas do Mundo das quais participou. Foi comentarista de cultura da GloboNews no programa Estúdio i e da rádio CBN no programa Liberdade de expressão. 

.: Últimas apresentações da comédia "Ubu Rei" no Teatro Commune, em SP


Em fevereiro, a comédia absurda Ubu Rei, de Alfred Jarry. Após o sucesso na Mooca, Ubu Rei segue para o Teatro Commune.

Dias 17 e 24 de fevereiro, às 20h00, a tragicomédia absurda "Ubu Rei" será apresentada no Teatro Commune, em Higienópolis. O texto é baseado na obra de Alfred Jarry, com direção de Armando Liguori Júnior, tradução e concepção de Augusto Marin. No elenco, Esther Góes, Augusto Marin, Fabricio Garelli, Natalia Albuk, Armando Liguori, Paulo Dantas, Juliano Dip, Samara Montalvão e Ricardo Sequeira. A ação passa-se na Polônia, ou seja, em lugar nenhum, como o próprio Jarry afirmou na apresentação da peça. Ingressos a partir de R$ 30,00.

Ubu é um personagem monstruoso, despótico, corrupto e sem escrúpulos e homem da confiança do Rei. Manipulado pela esposa, assassina o Rei Venceslau e usurpa o trono polonês. Em seguida mata os nobres, juízes e os financistas e trai seus próprios apoiadores. Qualquer semelhança com "Macbeth", de Shakespeare, não é mera coincidência. Exercendo o poder de forma brutal e sanguinária ao longo de uma sucessão de episódios essencialmente absurdos, a sua política vai-se revelando catastrófica. Ubu na ânsia de dominar o mundo, vai à guerra e perde para os Russos e os Poloneses. 

Mais atual do que nunca, o texto mostra como a ganância e a vaidade exacerbada são capazes de motivar a tomada do poder. Ao chegar ao trono, Ubu se torna um tirano sanguinário, mas ingênuo e despreparado, o que leva a plateia ao riso. Essa é uma das principais características do trabalho de Alfred Jarry: encenar uma farsa que conduz à gargalhada diante da estupidez humana ao supor uma superioridade diante dos demais.

Ubu não é uma figura composta nos moldes tradicionais, mas uma espécie de síntese animada de rapacidade, crueldade, estupidez, glutonaria, covardia e vulgaridade. Com se o dramaturgo depurasse e, em seguida, ampliasse os perfis humanos mais perversos com uma lente paródica, para devolver ao espectador seu duplo monstruoso. É uma tragicomédia absurda, que já circulou por diversas cidades do interior de São Paulo e do Brasil tendo sido visto por mais de 70 mil pessoas.


Ficha técnica
Espetáculo "Ubu Rei".
Direção geral: Armando Liguori Júnior.
Tradução e concepção: Augusto Marin.
Elenco: Esther Góes, Augusto Marin, Fabricio Garelli, Natalia Albuk, Armando Liguori, Paulo Dantas, Juliano Dip, Samara Montalvão e Ricardo Sequeira.
Fotografia: Luiz Aureo, Bianca Vasconcelos, Francielle Arantes e Claudiones Frateschi.
Diretor de produção: Luciane Ortiz e Augusto Marin.
Direção musical: Sérvulo Augusto.
Diretor de Movimentos - Doria Gark.
Cenários: Paulo Dantas.
Figurinos: Aline Barbosa.
Adereços: Nani Catta Preta.
Design e operação de Luz: Andre Lemes.
Operação de som: Anderval Areias.
Programação visual e designer: Rony Costa.
Assessoria de imprensa: Miriam Bemelmans.
Realização: Commune.


Serviço
Espetáculo "Ubu Rei".
Dias 17 e 24 de fevereiro de 2024.
Horário: Sábados, às 20h00.
Teatro Commune. Rua da Consolação, 1218, Consolação / São Paulo.
Telefone: (11) 97665 2205.
Próximo ao Metrô Higienópolis-Mackenzie.
Capacidade: 99 lugares + 1 Cadeirante.
Duração: 80 minutos.
Classificação indicativa: 12 anos.
Ingressos a partir de R$ 30,00.
Gênero: comédia.
Sympla: https://www.sympla.com.br/ubu-rei__2309500.
Sampa: https://www.sampaingressos.com.br/ubu+rei+no+teatro+mommune+teatro+commune.

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