sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

.: Crítica musical: Caio mostra todo o seu balanço no CD "Passageiro"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Tinho Souza.

O cantor e compositor mineiro Caio está lançando o seu primeiro álbum autoral. Intitulado "Passageiro", o trabalho funciona como um passeio musicado pelas suas vivências familiares, espirituais e afetivas, além de ser um balanço sobre o que aprendeu ao longo de seus 33 anos de vida.

O ponto de partida para o disco foi o samba. Caio cresceu ouvindo esse ritmo em casa, nos churrascos de família. Seu pai tocava percussão como músico amador em pizzarias, num grupo de pagode de amigos. A produção do disco funde o samba com outros ritmos brasileiros, somando batidas eletrônicas numa simbiose de tradição e vanguarda. Os produtores do álbum (Douglas Moda e Nave) conseguiram captar muito bem essa atmosfera.

A voz forte e afinada de Caio é outro ponto forte. Ele consegue interpretar com maestria vários ritmos, mas é no samba que ele se sente mais à vontade, como se percebe na faixa título ("Passageiro") e em "Despachei Você". Duas canções que ajudam a entender o caminho escolhido por Caio para ilustrar a sua musicalidade.

Junto com Iza, Felipe Sassi e Nídia Aranha, Caio ganhou o Prêmio Multishow de 2023, na categoria “Melhor Capa”, pela direção criativa de “Afrodhit”. A escolha do nome "Passageiro" teve muito a ver com a visão do artista sobre esse trabalho. “Eu acredito que o álbum cumprirá o papel dele, acessará quem está predestinado a ouvi-lo e, fechado esse ciclo, tudo segue. A vida caminha. Meus objetivos mudam. Não quero estabelecer um ponto de vista fixo sobre chegar a algum lugar. Quero ecoar essa mensagem durante o tempo em que ela fizer sentido. Nós somos passageiros nesse plano terrestre. Tudo é. Por que esse trabalho não seria?”, assinala o cantor.

Recentemente Caio lançou o single "Sente o Tambor", cantado em dueto com Daniela Mercury. Trata-se de uma canção que mescla elementos de samba-reggae e pop. A produção do single também foi de Douglas Moda, apresentando uma batida bem dançante, partindo dos arranjos da primeira versão de 2019. O CD "Passageiro" e o single "Sente o Tambor" já estão disponíveis nas principais plataformas de streaming. E quem quiser conhecer mais sobre o trabalho do artista mineiro pode acessar seu canal no YouTube (@CaioOficial).


"Passageiro"

"Despachei Você"

"Sente o Tambor"

.: Teatro das Artes: Angela Dippe faz comédia "Da Puberdade à Menopausa"


Com um toque autobiográfico, monólogo escrito pela própria atriz mistura de stand-up comedy e palestra para falar sobre a montanha-russa de hormônios na vida de uma mulher. Foto: Heloísa Bortz. 

O solo "Da Puberdade à Menopausa", escrito e protagonizado pela atriz e comediante gaúcha Angela Dippe, volta a São Paulo para uma curta temporada no Teatro das Artes, no Shopping Eldorado, até o dia 2 de março, aos sábados, às 17h30. Com tintas autobiográficas e muito humor, o espetáculo compara a trajetória da mulher a uma “montanha-russa de hormônios”, em comparação com a vida dos homens, que segue em “movimento retilíneo e uniforme, sem atrito e sem aceleração”, segundo a própria atriz.

O espetáculo é uma mistura de stand-up comedy e palestra, com Angela apresentando ao público as diversas fases da vida de uma mulher, da puberdade à menopausa. Ao longo de seu relato, ela desenvolve temas como relacionamentos amorosos, padrão de beleza, cultura do patriarcado, machismo, sexo na maturidade e etarismo. A abordagem é pessoal, mas embasada em informações científicas e históricas que vão pontuando o texto, sempre com muita irreverência e quebrando temas que ainda hoje podem soar como tabus.

Atualmente com 62 anos, Angela garante que o texto se comunica com todas as faixas etárias. “Escrevi a peça em dez dias, mas reunindo ideias anotadas ao longo de anos. O título diz tudo, é da puberdade à menopausa. Todas as mulheres se identificam”, diz, reforçando que o público masculino também se diverte. “Homens se relacionam com mulheres, então as situações que aparecem na peça também dizem respeito a eles”, revela.

Sobre Angela Dippe
Atriz, comediante, bailarina e escritora, é gaúcha de São Borja. No teatro, já trabalhou com os diretores João Falcão, Cacá Rosset, Gabriel Villela e Mário Bortolotto, entre outros. Na televisão, é sempre lembrada pela personagem Penélope, do programa “Castelo Rá-Tim-Bum”, da TV Cultura, mas acumula participações em novelas e séries na TV aberta e no streaming.

Histórico do espetáculo
Estreou em outubro de 2022 no Teatro Eva Herz. Em 2023, participou do Festival de Monólogos do Teatro Paiol, Festival Porto Verão Alegre em Porto Alegre e em Canoas, Rio Grande do Sul. No mesmo Estado, apresentou no Samambaia Center, em Torres. Fez temporada no Teatro Cândido Mendes, no Rio de Janeiro; no Teatro Adélia lorenzoni, em Lençóis Paulistas; no Teatro Colinas, em São José dos Campos; e no Teatro J.Safra, em São Paulo.


Serviço
Solo "Da Puberdade à Menopausa".
Texto e interpretação: Angela Dippe.
Temporada: até dia 2 de março, aos sábados, às 17h30.
Teatro das Artes – Shopping Eldorado - Avenida Rebouças, 3970, loja 409 - Pinheiros / São Paulo.
Ingressos: Plateia - R$ 100,00 (inteira) e R$ 50,00 (meia-entrada) | Balcão - R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia-entrada).
Vendas on-line: em https://site.bileto.sympla.com.br/teatrodasartes/
Bilheteria: às terças e quartas-feiras, das 13h às 22h; de quinta a sábado, das 13h às 20h; e aos domingos, das 13h às 22h.
Informações: (11) 3034-0075.
Classificação: 14 anos.
Duração: 75 minutos.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

.: "Bob Marley: One Love" é história de superação com linda trilha sonora

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em fevereiro de 2024


"Bob Marley: One Love", cinebiografia do o cantor e compositor jamaicano Robert Nesta Marley, em cartaz na Cineflix Cinemas, resgata parte da história do grande nome do reggae e seguidor da religião judaico-cristã rastafári. A produção dirigida por Reinaldo Marcus Green (King Richard: Criando Campeãs) mescla o início da carreira de sucesso daquele que atendia pelo apelido de Skipper, com flashbacks da infância sofrida, sobrando espaço para dar orgulho de ser brasileiro, uma vez que logo nos primeiros minutos de filme cita o rei do futebol, Pelé -uma vez que Bob Marley era torcedor do Santos Futebol Clube. 

Em 1h47, o protagonista interpretado por Kingsley Ben-Adir ("Barbie", "Invasão Secreta") é marcado por seu amor pela música e pelo rastafári. Para contar a história de Marley, estão seus parceiros de carreira, assim como a esposa Rita (Lashana Lynch, de "A Mulher Rei", "As Marvels"), quem foi sua namorada desde muito jovem, sendo mãe da maioria dos filhos do cantor. 

O longa ainda retrata o câncer de Marley e a forma de lidar com a doença que acabou sendo fatal. "Bob Marley: One Love" é um filme agradável, seja por contar a história de superação de um homem simples que conseguiu vencer na vida ou pela trilha sonora empolgante. Vale a pena conferir nos cinemas!

Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link. Compre seus ingressos no Cineflix Cinemas Santos aqui: vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm 

"Bob Marley: One Love" ("Bob Marley, One Love"). Ingressos on-line neste linkGênero: biografia, drama, musicalClassificação: 16 anos. Duração: 1h47. Ano: 2024. Idioma original: inglês. Distribuidora: Paramount Pictures. Direção: Reinaldo Marcus Green. Roteiro: Reinaldo Marcus Green, Terence Winter, Zach Baylin, Frank E. Flowers. Elenco: Tosin Cole, Kingsley Ben-Adir, Lashana LynchSinopse: O jamaicano Bob Marley supera as adversidades para se tornar um dos o músicos mais famosos do mundo.

Trailer de "Bob Marley: One Love"

Leia+

.: "Belos Fracassados", romance de Leonard Cohen, primeira vez no Brasil


Escrito às vésperas da guinada do autor rumo à música pop, em que se consagraria como um dos maiores compositores e intérpretes da segunda metade do século XX, "Belos Fracassados", romance de Leonard Cohen (1934-2016) agora relançado pela editora Todavia, chega pela primeira vez no Brasil como uma das obras mais experimentais da década de 1960. Mais do que isso: irreverente, por vezes chocante e alternando humor, erudição e acidez, o livro é um desabusado conto sobre desejo sexual e o fascínio por uma santa virgem e indígena do século XVII. 

Obra inovadora de um dos grandes poetas do rock, este romance - que até então não tinha sido publicado no Brasil - fala de sexualidade, História e povos originários. Com capa de Felipe Braga, livro conta com tradução e posfácio escrito por Daniel de Mesquita Benevides.

Girando em torno de quatro personagens centrais — e intrinsecamente imperfeitos —, esta é a história franca e bem-humorada de um narrador sem nome, sua esposa Edith, seu amigo e mentor F., e Catherine Tekakwitha, uma mítica santa virgem do povo mohawk. As complexidades dessa relação a três aumentam em espiral com a morte de Edith e F., logo no início do romance, levando o narrador, devastado pelas perdas, a questionar a natureza do amor, da sexualidade e da espiritualidade, em uma série de flashbacks líricos e eróticos.

Tal como imaginado por Cohen, o inferno é um apartamento em Montréal, cidade no Canadá marcada pela cultura francesa, onde o narrador enlutado e atormentado pela luxúria reconstrói as relações com seus mortos. A memória confunde-se numa fantasia sexual blasfema — e a redenção assume a forma de uma iroquesa virgem tornada santa, morta há trezentos anos, mas que ainda tem o poder de salvar até o mais degradado dos seus pretendentes. Extraordinário e inimitável romance do cantor e compositor canadense, "Belos fracassados" ecoa a poesia sombria e o humor irônico de suas canções atemporais sobre perda, amor, sexo e religião. Engraçado, angustiante e comovente, este livro é uma tragédia erótica clássica, incandescente em sua prosa e estimulante por sua arrojada união entre sexualidade, memória e fé. Compre o livro "Belos Fracassados", de Leonard Cohen, neste link.

Sobre o autor
Leonard Cohen  nasceu em Montréal em 1934 e morreu em Los Angeles em 2016. Estreou na música em 1967, gravando canções incontornáveis do rock e da música popular ao longo das cinco décadas seguintes. Antes disso, publicou aclamados livros de poesia e dois romances, hoje considerados clássicos do pós-modernismo em língua inglesa. Garanta o seu exemplar de "Belos Fracassados", escrito por Leonard Cohen, neste link.


O que disseram sobre o livro
“Acho que foi a melhor coisa que eu fiz.” — Leonard Cohen

“Escrito maravilhosamente.” — The New York Times


Trecho de "Belos Fracassados"
Catherine Tekakwitha, quem é você? Você é (1656-1680)? Isso é suficiente? Você é a Virgem Iroquesa? Você é o Lírio das Margens do Rio Mohawk? Posso te amar do meu jeito? Sou um velho acadêmico, mais bonito hoje do que antes. É o que acontece com quem nunca tira a bunda da cadeira. Vim te buscar, Catherine Tekakwitha. Quero saber o que se passa aí debaixo do seu manto cor-de-rosa.

Tenho esse direito? Fiquei apaixonado quando te vi num santinho. Você estava no meio de bétulas, minha árvore favorita. Só Deus sabe até onde iam os laços de seus mocassins. Atrás de você tinha um rio, com certeza o Mohawk. Na frente, à esquerda, dois pássaros pareciam loucos para receber um carinho seu nos pescocinhos brancos, ou que os usasse numa parábola. Tenho algum direito de ir atrás de você com a mente empoeirada e impregnada do conteúdo inútil de cinco mil livros? Logo eu, que quase nunca vou ao campo. Você me daria uma aula sobre as folhas? Sabe alguma coisa sobre cogumelos alucinógenos? 

Lady Marilyn morreu há poucos anos. Posso dizer que, daqui a uns quatrocentos anos, algum velho acadêmico, talvez da minha linhagem, irá atrás dela do mesmo jeito que estou atrás de você? A essa altura você já deve conhecer bem o Paraíso. Por acaso parece um desses altares de plástico que brilham no escuro? Juro que não me importo se parecer. As estrelas são mesmo pequenas, no fim das contas? Será que um velho acadêmico ainda pode encontrar o amor em vez de ficar, todas as noites, batendo punheta na cama até dormir? 

Eu nem odeio mais os livros. Já esqueci quase tudo o que li e, francamente, nem eu nem o mundo perdemos muito com isso. Meu amigo F. costumava dizer, com seu jeito alucinado: Precisamos aprender a nos deter bravamente na superfície. Precisamos aprender a amar as aparências. F. morreu numa cela acolchoada, com o cérebro apodrecido de tanta perversão sexual. Seu rosto ficou preto, vi com meus próprios olhos; disseram também que sobrou pouco de seu pau. 

Uma enfermeira me contou que ficou parecendo a parte de dentro de um verme. À sua saúde, F., amigo louco e leal! Me pergunto se será lembrado no futuro. E se quer saber, Catherine Tekakwitha, sou tão humano que sofro de prisão de ventre, meu prêmio por uma vida sedentária. Entende por que meu coração está nessas bétulas? Entende agora por que um velho acadêmico que nunca ganhou muito dinheiro quer entrar no seu postal Technicolor?

.: Últimas apresentações de "Homens no Divã" no Teatro Arthur Azevedo


O encontro inesperado dos três homens no consultório de psicanálise da Dra. Maczka (voz em off de Gabriela) é o ponto de partida para mudanças mais que necessárias na vida do bombeiro Renatão (Guilherme Chelucci); do ginecologista Cadú (Gustavo Merighi e de Fred (Darson Ribeiro), gerente executivo da Enel. Foto: Moises Pazianotto


Clássico do repertório do ator, produtor e diretor Darson Ribeiro, que monta o espetáculo há uma década, a comédia "Homens no Divã" está em cartaz no Teatro Municipal Arthur Azevedo. As últimas apresentações acontecem da próxima sexta-feira, dia 16 de fevereiro, até domingo, dia 18, com preços populares, entre outras novidades, como o ator Gustavo Merighi no elenco. O espetáculo gira em torno do encontro inesperado de três homens na antessala de psicanálise da Dra. Maczka (voz em off de Marília Gabriela) é o ponto de partida para mudanças mais que necessárias na vida do bombeiro Renatão (Guilherme Chelucci); do ginecologista Cadú (Gustavo Merighi), e de Fred (Darson Ribeiro), gerente executivo da Enel.

Correndo o risco de perder os homens amados, as respectivas companheiras exigem que os três recebam suporte terapêutico. Assim, os marmanjos se conhecem em um consultório freudiano e a amizade - no começo desconfiada pelo inusitado do encontro - vai se fortalecendo a cada momento, entre conversas e situações pertinentes ao "homem-comum". É assim que eles passam a se autoanalisar numa espécie de complemento à terapia. Enquanto vão progredindo, inconscientemente “elaboram” seus problemas.

O texto instiga, usando o estereótipo para apontar falhas masculinas, e é recheado de situações engraçadas do cotidiano masculino, que Darson Ribeiro vem mantendo atualizado nesses nove anos (título criado por ele), mantendo também a fidelidade do público que já ultrapassou 250 mil pessoas em mais de 350 sessões.

“Concebi uma direção ágil, a partir das idiossincrasias masculinas, para brincar com assuntos difíceis à primeira vista (e até hoje tabus), como traição, machismo e narcisismo, quando falados em público. A brincadeira com os fetiches femininos é justamente para que o público absorva de cara tais assuntos que são raramente expostos e quase nunca discutidos e que, aqui, vêm numa forma lúdica e de fácil acesso”, afirma Darson Ribeiro, que além de atuar, dirige o espetáculo. “A partir de pequenos solilóquios com a psicanalista (de quem só se ouve a voz) e o tête-à-tête, os três acabam instituindo um divã próprio, inconsciente e espontâneo, desconstruindo personalidades ultrapassadas, e por isso, agradam não só as mulheres, mas, o público masculino”.

Darson Ribeiro vive o executivo Frederico Freitas Fernandes, que enfrenta a decepção da traição num casamento de 18 anos. Perturbado e deslocado na nova condição de solteiro-solitário-traído, busca a identidade perdida descoberta pela manipulação da esposa Marjorie. Os amigos passam a ter papel decisivo em sua metamorfose, da mudança radical no se vestir a lugares inimagináveis – onde as situações inusitadas e engraçadas vêm à tona. Guilherme Chelucci é o bombeiro sedutor Renato Paes de Barros Seabra, rústico e machista. Foi parar no divã achando que era um truque para convencer a amada de que “amor é amor e sexo é sexo”.  Gustavo Merighi é o ginecologista Carlos Eduardo Carrara Travertino, cujo alto grau de narcisismo o impede de perceber o mundo feminino à sua volta, principalmente da mulher que ama. A conversa entre os três o faz entrar em contato com sentimentos e emoções jamais explorados.

A produção bem cuidada resulta dos desenhos criados por Darson Ribeiro para cenário e figurinos, como a inspiração na trompa de falópios para o divã - vermelho, concebido de forma elegante e instigante na intenção de situar os três homenzarrões dentro do órgão sexual feminino. Persianas de madeira foram construídas especialmente para a cenografia pela Hunter Douglas/Casa Mineira sob um gigante tapete "revolution" vermelho By Kamy. O “divã” rompe as quatro paredes e as mudanças de luz ajudam a criar os vários ambientes – academia, balada, sauna, apartamento e consultório. O ritmo dinâmico da direção concebeu mais de uma dezena de trocas de roupa em 1h30 de ação.


Ficha técnica
Espetáculo: "Homens no Divã". Texto: Miriam Palma (título original "Desesperados"). Idealização e Direção geral Darson Ribeiro.  Elenco Guilherme Chelucci, Gustavo Merighi e Darson Ribeiro. Voz da psicanalista - Marília Gabriela | Voz da secretária - Cecilia Arienti | Cenografia, trilha, luz e figurino - Darson Ribeiro. Assessoria de Imprensa – Arteplural/ Fernanda Teixeira, Macida Joachim, Maurício Barreira. Camarim e Assistência Geral - Bianca Arcanjo e Marco Alvarenga | Fotos - Moisés Pazianotto | Coordenação e Montagem de Palco - Rodrigo Souza | Operação de Luz e de Som - Henrique Polli | Tapetes By Kamy e Persianas Hunter Douglas/Casa Mineira especialmente confeccionados. Realização: DR Produções Teatro-D.


Serviço
Espetáculo: "Homens no Divã". Temporada até este domingo, dia 18 de fevereiro. Sexta-feira e sábado, às 21h00, e domingo, às 19h00. Duração: 90 minutos. Gênero: comédia. Indicação etária: 12 anos. Local: Teatro Municipal Arthur Azevedo.  Av. Paes de Barros, 955, Mooca. Telefone: (11) 2604-5558. Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia).

.: "Zona de Interesse", indicado ao Oscar 2024, estreia na Cineflix Cinemas


"Zona de Interesse", longa-metragem britânico dirigido pelo cineasta Jonathan Glazer, indicado ao Oscar 2024, inclusive na categoria "Melhor Filme", estreia hoje na Cineflix Cinemas. Em 1h45, o drama histórico adaptado do romance homônimo escrito pelo autor Martin Amis, no ano de 2014, tem como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial. 

A trama apresenta Rudolf Höss (Christian Friedel), o comandante de Auschwitz, e a esposa Hedwig (Sandra Hüller), que desfrutam de uma vida aparentemente comum e bucólica, em uma casa com jardim. No entanto, por trás da fachada de tranquilidade, a família feliz vive, na verdade, ao lado do campo de concentração de Auschwitz. 

O enredo se desenrola em meio aos gritos abafados de desespero, de um genocídio em curso, do qual, eles também são diretamente responsáveis. O longa ficcional, premiado em Cannes e indicado ao Oscar em cinco categorias, mescla drama, guerra e história, assim como o horror do nazismo, a partir de uma perspectiva singular e perturbadora.

"Zona de Interesse" ("The Zone of Interest"). Ingressos on-line neste linkGênero: drama, guerra, crimeClassificação: 14 anos. Duração: 1h45. Ano: 2024. Idioma original: inglês, alemão e polonês. Distribuidora: Diamond Films. Direção: Jonathan Glazer. Roteiro: Jonathan Glazer. Elenco: Christian Friedel, Sandra Hüller, Lilli FalkSinopse: Um complexo caso de amor entre um oficial nazista e a esposa de um comandante do campo de concentração de Auschwitz. Tudo se torna ainda mais complicado quando ele começa a suspeitar da infidelidade de sua esposa.

Assista na Cineflix
Filmes de sucesso como “Zona de Interesse” são exibidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.

Sala 3 (legendado) - De 15 de fevereiro a 22 de fevereiro:  16h40 - 21h00

Trailer de "Zona de Interesse"

.: Sesc Santos celebra festas populares com programação especial de Festejo


Espetáculo "O Diário de Duas Bicicletas". Foto: Geovana Fraga

No mês que é comemorado o carnaval, o Sesc Santos apresenta Festejo, uma programação que reúne espetáculos musicais, dança, vivências, oficinas e contação de histórias que trazem elementos das diversas festas populares da cultura brasileira. É uma verdadeira celebração ao encanto de festejar. Confira a programação abaixo.


"Acessórios de Folias"
A cada domingo de fevereiro, o público pode aprender a produzir um tipo diferente de acessório inspirado nas festas carnavalescas brasileiras na vivência "Acessórios de Folias", com Matheus Lípari, TeuKiwi e Mayara Andrade. Domingo, 18 de fevereiro: "Cavalo Marinho de Fitas". Domingo, 25 de fevereiro: "Máscaras de Fofão na Folia do Maranhão". Domingos, 12h às 16h. Espaço de Tecnologias e Artes. Todas as idades. Grátis. Senhas 30 minutos antes.



Solte a imaginação!
Na oficina "Colando Ideias" serão produzidos stickers em formato de ímãs que poderão ser aplicados em qualquer superfície. Com  educadores do espaço de tecnologias e artes. De 15 a 29 de fevereiro. Quintas, das 14h00 às 16h00. Espaço de Tecnologias e Artes. A partir de 10 anos. Grátis. Senhas 30 minutos antes. Foto: Jason Swaby.


"Estandartes de Mim Mesmo"
O estandarte carnavalesco é inspiração para a oficina "Estandartes de Mim Mesmo", com educadores do Espaço de Tecnologias e Artes. Nesta atividade, os participantes poderão narrar sua história e forjar seu próprio estandarte, e ao final, um desfile pelo Sesc. Sábado, dia 17 de fevereiro, das 14h00 às 16h00. Espaço de Tecnologias e Artes. Grátis. Senhas 30 minutois antes. A partir de 10 anos.

Construa seu próprio xequerê!
De 20 a 23 de fevereiro, de terça a sexta, das 19h00 às 21h00, acontece a oficina "Construção de Agbê", com Kaike Sena e Anne Alonso. O instrumento xequerê, também conhecido como agbê, é um instrumento musical de percussão criado na África e consiste em uma cabaça seca cortada em uma das extremidades e envolta por uma rede de contas. Espaço de Tecnologias e Artes. R$12,00 (credencial plena). R$20,00 (meia). R$40,00 (inteira). Inscrições on-line até dia 20 de fevereiro. A partir de 14 anos.


"Alegorias em Macramê"
A artista visual, têxtil e educadora Maria Gabrielle traz a técnica do macramê, com design criado pela própria artista, em duas oficinas: "Alegorias em Macramê - Acessório de Ombro". Dias 23 e 24 de fevereiro. Sexta (turma 1) e Sábado (turma 2), das 11h00 às 14h00. Espaço de Tecnologias e Artes. R$ 6,00 (credencial plena). R$ 10,00 (meia). R$ 20,00 (inteira). Inscrições on-line até dia 24 de fevereiro. A partir de 16 anos. E a oficina "Alegorias em Macramê - Maxi Colar". Dias 23 e 24 de fevereiro, sexta (turma 1) e sábado (turma 2), das 15h00 às 18h00. Espaço de Tecnologias e Artes. R$ 6,00 (credencial plena). R$ 10,00 (meia). R$ 20,00 (inteira). Inscrições on-line de 13 a 24 de fevereiro. A partir de 16 anos.


"Miniaturas de Bumba Meu Boi"
Na oficina "Miniaturas de Bumba Meu Boi", com mestre Valdeck de Garanhuns e Regina Drozina, as crianças aprenderão a confeccionar miniaturas de bumba meu boi, despertando o gosto e o interesse pelo conhecimento desse extraordinário folguedo nacional, o bumba meu boi do Maranhão e de Pernambuco, marcado por sua autenticidade e beleza plástica. Sábado, dia 24 de fevereiro, das 11h00 às 13h00, e das 15h00 às 17h00. Sala 3. Grátis. Inscrições 30 minutos antes. A partir de cinco anos. Foto: Regina Drozina.



Contações de histórias
A cada sábado de fevereiro, a Cia Terezinha apresenta uma história diferente.

"Cordel de Feira"
Uma proposta que integra as linguagens de contação de histórias, música e literatura de cordel, vai contar e cantar, a Festa do Boi! Sábado, dia 17 de fevereiro, às 17h00. Auditório. Grátis. Livre – Autoclassificação. Ingressos uma hora antes.

"O Arraial do Pavão e Outras Histórias"
Num ambiente recheado de forrós e chitas, a Cia. Terezinha traz releituras da conhecida história "O Pavão do Abre e Fecha", escrito por Ana Maria Machado, bem como "Couro de Piolho", um conto recolhido por Luís da Câmara Cascudo. Sábado, dia 24 de fevereiro, às 17h. Comedoria. Grátis. Livre - Autoclassificação.

Espetáculos para crianças


Circo

Espetáculo "Fuzuás!", do grupo Teatro da Mafalda, com direção de Cibele Mateus. "Fuzuás" é uma festa com dança, poesia, bonecos, malabarismo e brincadeiras realizada por mulheres, que celebra a diversidade de negritudes e vertentes de humor, regada de musicalidade brasileira. Domingo, dia 18 de fevereiro, às 17h30. Teatro. Livre - Autoclassificação. Ingressos: R$ 10,00 (credencial plena). R$ 15,00 (meia). R$ 30,00 (inteira). Grátis para crianças até 12 anos. Foto: Luca Meola.


Teatro
Espetáculo "Encantos, Cores e Alegria no Carnaval de Pernambuco".
Teatro de Mamulengo do Mestre Valdeck de Garanhuns. Na comunidade rural de Simão e Marieta está sendo preparada uma festa. A comunidade fica em Bezerros, terra dos papangus. Simão e Marieta chamam toda a comunidade para ajudar a realizar uma bela festa com os cantos e danças e brincadeiras que caracterizam as inúmeras manifestações populares da Região Metropolitana e Zona da Mata pelo agreste e pelo sertão. Domingo, dia 25 de fevereiro, às 15h30 e às 17h30. Auditório. Livre - Autoclassificação. Ingressos: R$ 10,00 (credencial plena), R$ 15,00 (meia) e R$ 30,00 (inteira). Grátis para crianças até 12 anos. Foto: João Augusto Figueiredo.


Serviço
Sesc Santos
Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida - Santos.
Telefone: (13) 3278-9800
Site do Sesc SP: https://www.sescsp.org.br/unidades/santos/
Instagram e Facebook: @sescsantos. YouTube:/sescemsantos


Venda de ingressos
As vendas de ingressos para os shows e espetáculos da semana seguinte (segunda a domingo) começa na semana anterior às atividades, em dois lotes: on-line pelo aplicativo Credencial Sesc SP e portal do Sesc São Paulo: às terças-feiras, a partir das 17h00. Presencialmente, nas bilheterias das unidades: às quartas-feiras, a partir das 17h


Bilheteria Sesc Santos - Funcionamento
Terça a sexta, das 9h às 21h30 | Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h30.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

.: Fernando Pinheiro analisa 3 escritores em "O Mago, o Santo, a Esfinge"


Por Luís Augusto Fischer.

Um mago, um santo e uma esfinge entram num bar. Os três são escritores. Mas, alto lá, vistos bem de perto é muito fácil diferenciá-los, porque ostentam distinções importantes. Considere que o mago se chama Paulo Coelho; o santo é Manuel Bandeira; a esfinge atende pelo nome de Clarice Lispector. São muitos os contrastes que qualquer leitor encontrará entre eles, mesmo num bar escuro. Sem esse tom de piada, e com os sentidos analíticos em riste, Fernando Pinheiro traz no livro "O Mago, o Santo, a Esfinge", lançado pela editora Todavia, esses três escritores para o centro do palco, diante do leitor brasileiro, que os conhece, nem que seja pela fama genérica. A capa é de Ana Heloisa Santiago.

O primeiro é figura inevitável no horizonte brasileiro e ocidental na geração atual, e os outros dois gozam de prestígio literário enorme, seja pela fama escolar (Bandeira), seja pela leitura de seus textos, na íntegra ou em drops, nas redes (Clarice). Tendo por referência, entre outros, Pierre Bourdieu e Erving Goffman, e uma forte tradição local de sociologia da cultura, Pinheiro examina não apenas a obra publicada dos três, mas também seus depoimentos, suas memórias e sua trajetória concreta sobre o chão. Seu foco é indagar como se construiu, em cada uma das trajetórias, a figura de escritor(a), e como cada um(a) lidou com a imagem pública que lhe tocou viver.

Trata-se de três casos bastante diversos, que não se conectam nem por geração, nem por um mesmo gênero textual dominante, nem mesmo na relação que cada um estabeleceu com sua imagem pública, resultante tanto de sua deliberada ação quanto das expectativas e demandas em torno de si. Mas aqui eles se vizinham, porque, para além dessas diferenças, os três representam casos notáveis de relação entre o plano das convicções, expresso em textos e entrevistas, e o fundo social em que repousa o valor atribuído à literatura, ao autor, aos livros.

Como um desconfiado profissional, Fernando Pinheiro ilumina os objetos que estuda medindo-os sempre contra certa convenção naturalizada, que atribui alto valor à “leitura literária”, desinteressada, ausente de qualquer dimensão pragmática — leitura que por sinal em nossos dias tem perdido força e espaço para o que se poderá chamar de “leitura identitária”. Também essa mudança difusa e lenta faz valer muito este estudo, para conhecer a chegada do Mago, do Santo e da Esfinge ao balcão do bar das letras. Compre o livro "O Mago, o Santo, a Esfinge", de Fernando Pinheiro, neste link.

O que disseram sobre o livro
“Os ensaios de Fernando Pinheiro miram recessos do trabalho de figuras-chave da história literária nativa. A análise em combustão derruba clichês, escarnece do proselitismo pedante, escrutina subentendidos, a modelar respiros incômodos de interpretação. Paulo Coelho, o autor dito ‘menor’, faz jus a coordenadas contextuais propícias a matizar um retrato contingente e amigável. Os consagrados Manuel Bandeira e Clarice Lispector recuperam feições e escaninhos expressivos na  contramão de vereditos no limiar da apologia. Eis o sumo da empreitada: uma incursão de fôlego apta a esquadrinhar as vulgatas ao cânon.” – Sergio Miceli


Sobre o autor
Fernando Antonio Pinheiro Filho é professor livre-docente de sociologia na Usp (Universidade de São Paulo). É autor de "Lasar Segall: arte em Sociedade" (Cosac Naify, 2008). Garanta o seu exemplar de "O Mago, o Santo, a Esfinge", escrito por Fernando Pinheiro, neste link.


Trecho do livro

Temos assim nessa ponta do arco o escritor colado ao que escreve, e com reservas a tudo que ultrapassa essa relação, o que inclui a indiferença à sua figura pública, que não chega sequer a constituir-se plenamente — Kafka representaria um tipo ideal no sentido de Weber se retivermos apenas esses traços centrais, deixando em suspenso as ambiguidades exploradas na interpretação de sua postura empírica como escritor. Passando agora à outra ponta do arco, habitada por uma postura de escritor antípoda desta (também no plano típico-ideal), os depoimentos citados parecem autoexplicativos, dada sua crueza em revelar artifícios na construção da imagem (simbólica e física) do escritor pondo inteiramente de lado seu trabalho propriamente literário; no entanto, há alguns aspectos que precisam ser um pouco mais desenvolvidos.

“Embelezar” escritores e escritoras como assumida estratégia de marketing editorial representa o epítome de um processo de midiatização que tem uma longa história, que não cabe retraçar aqui, até chegar à interferência no corpo do artista para adequá-lo a certa figura pública previamente calculada. No exemplo quase caricatural de Meg Cabot, ostensivamente louvado pela diretora de marketing de sua editora, destaca-se a fusão entre a escritora e a heroína de seu romance devida à destreza de sua encenação, que potencializa a proximidade simbólica com seu público leitor. 

A unidade assim urdida, no entanto, difere radicalmente do caso de Kafka, cingindo-se à adesão da escritora à imagem de si que ela representa (aqui no sentido cênico) como emblema do que escreve, facilitando a identificação projetiva dos leitores e abrindo caminho para a vendagem do livro, que seguramente deve harmonizar-se, como objeto material, aos marcos postos por esse emblema (em seu projeto gráfico, paratextos de capas e orelha etc.). Esse procedimento ameaça inclusive tomar a frente daquilo a que se refere — como se ao texto bastasse não quebrar a unidade da figuração. 

O depoimento de Olivier Gay indica uma variante dessa postura que inclui alguma crítica irônica na identificação entre a figura de autor desenhada institucionalmente (também nesse caso pela casa de edição) e o produto de seu métier. Ao expor os procedimentos a que se submete para aceder a uma figura de seriedade “de autor”, cria um distanciamento que é parte mesmo dessa figura, adicionando rebeldia retórica e índole transgressiva (olheiras como o “cerne de uma vida dissoluta”) como tempero especialmente apropriados a um escritor de romances policiais — insubmissão tornada modalidade de submissão institucional.

Entre os dois casos típicos assim construídos é possível localizar na história social da literatura um sem-número de casos empíricos de escritores, conforme a distância entre o autor que está no texto e sua existência diante dos outros, como encarnação de uma figura de literato para além do texto dirigida ao público — seus leitores, ou o conjunto dos que têm acesso à sua imagem pública — ou mesmo como um duplo autoconstituído, que pode inclusive se imiscuir na criação. 

De modo mais amplo, o que se sugere então é uma diferença entre texto e obra, considerando que o autor maneja, com maior ou menor controle, consciência e êxito, essa figuração pública e a modula de acordo com o que pretende com o texto — de modo que a obra seria a somatória do escrito com o que ficou encriptado na representação de autor oferecida ao público, que se interpõe entre o escrito e o lido. 

Em Kafka a figuração pública está virtualmente ausente, sobrando o texto como representação imediata do autor — ou quase isso, se lembrarmos a postura (ou impostura, descontada a carga moral do termo) representada pela autodepreciação e hesitação em publicar. No simétrico oposto o texto está presente, mas sob ameaça de ver-se englobado pela encenação de si produzida por seu autor; ou, como nos casos extremos que serviram de exemplo, a partir de uma estratégia editorial de caráter comercial a que adere. 

Não surpreende que o reconhecimento literário e o pertencimento aos cânones nacionais ou mesmo mundiais levam os escritores a uma postura mais próxima do “modo Kafka”, ao passo que o sucesso apenas ou predominantemente comercial, aliado ao fracasso crítico, tenderia a aproximá-los do polo marcado pelo “embelezamento”; no entanto, haverá sempre algo de “embelezamento”, como metáfora para a adequação figurativa, nos escritores mais “puros” (mais afeitos às proezas estritamente literárias) e vice-versa, isto é, a procura por renome literário lastreado no texto entre aqueles cuja performance fora das linhas desse texto lhes proporcionou um tipo mais instável, e contestável, de renome.

.: Peça teatral "Elas são de Matar" estreia nesta quinta-feira no Teatro Nair Bello


Comédia inédita do autor Dan Rosseto e contemplada no Prêmio Prio do Humor - A seleção 2023 estreia em fevereiro na capital paulista em curtíssima temporada. Foto: Erika Almeida


Estreia no dia 15 de fevereiro no Teatro Nair Bello o espetáculo "Elas São de Matar" a nova comédia do premiado autor Dan Rosseto. O projeto foi selecionado na edição 2023 do Prêmio Prio do Humor para montagens de espetáculos inéditos. O elenco é composto por Angela Figueiredo, Andrea Santanna, Lidi Lisboa, Miriam Palma e Wellington Gomes.

A peça conta a história de quatro amigas (Agnes, Carmen, Rosie e Glória) que se encontram sempre às sextas-feiras para conversar, beber, falar dos homens e jogar bingo; trocando objetos que não gostam mais. Neste encontro, elas são surpreendidas por Agnes que revela ter matado o amante, enrolado o corpo no tapete e escondido no lavabo. Sabendo do trágico incidente, as amigas têm 30 minutos para se livrar do "cadáver", tempo contado para o marido de Agnes retornar do aeroporto para casa após uma viagem a trabalho. Enquanto tentam se desfazer do amante da amiga, elas protagonizam cenas cheias de reviravoltas, até descobrirem que Pablo não morreu! Uma comédia que trata de valores como: amizade, etarismo e superação. 

O espetáculo se passa na sala do apartamento, no último andar de um prédio de classe média serve como o confessionário, ao mesmo tempo que também se revela como uma prisão (como sair com um corpo sem ser vista?) O público assume o olhar acerca da cena: o da intimidade proporcionada pelas histórias reveladas pelas quatro mulheres num curto espaço de tempo.

O autor e diretor Dan Rosseto se inspirou para criar a história de “Elas são de Matar” no universo do cineasta espanhol Pedro Almodóvar, principalmente no filme "Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos" e nas obras do autor e ator Miguel Falabella como no filme “A Partilha”. Durante a peça diversos efeitos sonoros entrarão na trama impulsionando as sensações das personagens, permitindo ao público sentir as mesmas emoções: sustos, alívios, medos, excitações.


Ficha técnica
Espetáculo "Elas São de Matar".
Texto e direção: Dan Rosseto.
Direção de produção: Fabio Camara.
Assistente de direção: Viviane Figueiredo.
Elenco: Angela Figueiredo, Andrea Santanna, Lidi Lisboa, Miriam Palma e Wellington Gomes.
Iluminador: Beto Martins.
Cenários e figurinos: Dan Rosseto, Fabio Camara e Viviane Figueiredo.
Visagismo: Louise Helène.
Costureira: Lili Santa Rosa.
Assistente de produção: Guilherme Conde.
Operador de luz: Beto Martins.
Operador de som: Jackson Oliveira.
Preparador vocal: Gilberto Chaves.
Designer gráfico e social mídia: Stephano Matolla.
Fotos e vídeos: Erik Almeida.
Assessoria de imprensa: Fabio Camara.
Realização: Applauzo Produções e Lugibi Produções.

Serviço
Espetáculo "Elas São de Matar".
Teatro Nair Bello – Shopping Frei Caneca 3º piso (Rua Frei Caneca, 569 – Consolação), 201 lugares. Com acessibilidade para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.
De 15 de fevereiro até 3 de março. Quinta-feira, às 21h00, sexta-feira, às 21h00, sábado, às 19h00 e 21h00, e domingo, às 17h00 e 19h00.
Ingressos: R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia) quintas, às 21h00, sextas, às 21h00, sábados, às 21h00, e domingos, às 19h00. R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia) sábados, às 19h00, e domingos, às 17h00.
Vendas: https://bileto.sympla.com.br/event/90711.
Outras informações: 11 3472-2414 e @elassaodematar.
Duração: 75 minutos.
Classificação: 12 anos.

.: Espetáculo no Sesc Bom Retiro coloca em cena a força política do ato de amar


Com apenas duas apresentações, dias 16 e 17 de fevereiro, às 20h00, a Cia Circo no Ato destaca, com acrobacias, contorcionismo e trapézio, a aventura do amor LGBTQIAPN+ no Brasil. Com números circenses e dramaturgia inspirada em obra LGBTQIAPN+, espetáculo aborda gênero e sexualidade no espaço urbano Foto: divulgação


Nos dias 16 e 17 de fevereiro, sexta e sábado, às 20h, o Sesc Bom Retiro recebe o espetáculo "Praticantes do Amor Cujo Nome Não se Ousava Dizer", da companhia carioca Circo no Ato. Com números corporais próprios da linguagem circense, como trapézio, contorção e acrobacia solo, o espetáculo, com roteiro e direção de Natássia Vello e três atores acróbatas – Camila Krishna, Carol Costa e Rafael Garrido –, exalta a alegria e a força de viver o amor, mesmo em situações adversas, de opressão e fragilidade.

A dramaturgia do espetáculo é inspirada no livro “Novas Fronteiras das Histórias LGBTI+ no Brasil”, com organização de Paulo Souto Maior e Renan Quinalha, publicado pela editora Elefante em 2023. O livro aborda vivências LGBTQIAPN+ em situações de vulnerabilidade. Inspirados pela obra, estão em cena personagens que atravessam a história do Brasil, desde a época colonial à atualidade e que enfrentam, em seu percurso, a opressão e a violência lgbtfóbica. “Minha dramaturgia pensa sobre as fronteiras de gênero, as fronteiras de poder, de território, centro e periferia. Também abordamos conflitos sociais e raciais, já que é impossível falar de gênero e patriarcado sem passar pelas questões raciais”, ressalta a diretora Natássia Vello.

Recorrendo a projeções e contando com uma estrutura de ferro piramidal, os artistas se alternam em cenas que evidenciam a opressão, a liberdade sexual e a resistência aos poderes hegemônicos. No palco, unindo a linguagem da expressão corporal do circo com o discurso pautado pelas demandas sociais, é apresentada uma outra possibilidade de convivência em toda sua pluralidade e diversidade e que, atravessada por dores, medos, amores e também desejos reencontram a possibilidade de ressignificar e exercer toda a sua intensidade. “As fragilidades, dependendo de seus contextos e de como são vivenciadas, também podem virar potência”, afirma a diretora.

Serviço
Espetáculo "Praticantes do Amor Cujo Nome Não se Ousava Dizer".
Com Cia Circo no Ato
Dias 16 e 17 de fevereiro de 2024.
Sexta e sábado, às 20h00.
Valores R$ 12,00 (Credencial Plena), R$ 20,00 (Meia) e R$ 40,00 (Inteira).
Local: teatro (291 lugares). 14 anos.
Ingressos à venda pelo Portal Sesc (sescsp.org.br), e presencialmente nas unidades.

Estacionamento do Sesc Bom Retiro (vagas limitadas)
O estacionamento do Sesc oferece espaço para pessoas com necessidades especiais e bicicletário. A capacidade do estacionamento é limitada. Os valores são cobrados igualmente para carros e motos. Entrada: Alameda Cleveland, 529.       

Valores: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional (credencial plena). R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional (outros). Valores para o público de espetáculos à noite R$ 7,50 (Credencial Plena). R$ 15 (pelo período). Horários: terça a sexta: 9h00 às 20h00. Sábado: 10h00 às 20h00. Domingo: 10h00 às 18h00. Em dias de espetáculos o estacionamento funciona até o término da apresentação.       

Transporte gratuito
O Sesc Bom Retiro oferece transporte gratuito partindo da estação da Luz. O embarque e desembarque ocorre na saída CPTM/José Paulino/Praça da Luz. Horários: Ida > Sexta e sábado, 17h30 às 19h50.  Volta > Ao término do espetáculo de volta à Estação Luz.       

Sesc Bom Retiro
Alameda Nothmann, 185. CEP 01216-000. Campos Elíseos, São Paulo – SP. Telefone: (11) 3332-3600.

.: Samba: Paula Sanches e o Regional se apresentam no Sesc Belenzinho


Cantora paulistana apresenta repertório de seu primeiro álbum individual, lançado em dezembro de 2022. Fotos:  Aurelio Oliosi e Mery Esposi

Com mais de 20 anos de carreira e pesquisa na cena do samba paulistano, a cantora Paula Sanches apresenta ao público de São Paulo, no palco do Sesc Belenzinho, o espetáculo "A Hora e a Vez do Samba de Paula Sanches". A apresentação, que terá o repertório baseado em seu disco de estreia, de mesmo nome, será realizada no próximo sábado, dia 17 de fevereiro, às 21h00, e contará com a participação especial de Marcos Sacramento, considerado um dos grandes intérpretes de samba das últimas décadas.

"A Hora e a Vez do Samba de Paula Sanches" é um tributo às vertentes do samba que marcam a identidade e a trajetória artística da intérprete paulistana: samba de breque, samba-choro, samba sincopado e outros "telecotecos". Nesta apresentação, Paulinha estará ao lado de seu conjunto regional, formado por: Carlos Moura (violão 7), Gustavo Cândido (cavaquinho), Maik Oliveira (bandolim), Cleber Silveira (acordeon), Pedro Pita (pandeiro), Cacá Sorriso (surdo e percussão geral) e Conrado Bruno (trombone).

Serviço
Paula Sanches e o Regional no show "A Hora e a Vez do Samba de Paula Sanches"
Dia 17 de fevereiro de 2024. Sábado, 21h
Local: Teatro (374 lugares)
Valores: R$ 50 (inteira); R$ 25 (Meia entrada), R$ 15 (Credencial Sesc)
Ingressos à venda no portal sescsp.org.br e nas bilheterias das unidades Sesc
Classificação: 12 anos
Duração: 90 minutos 
 

Sesc Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000.
Belenzinho – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 2076-9700
Sescsp.org.br/Belenzinho 


Estacionamento
De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h.
Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional. 
Transporte Público
Metro Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m)

.: Últimas apresentações de "O Banquete no Éden" no Teatro Arthur Azevedo


O Grupo Trapo se debruça sobre histórias que estão no cerne da formação humana e na construção de paradigmas para questionar significados, seja do amor, da desobediência, do sexo, da liberdade ou da morte. Foto: Marina Bisco


Com trajetória marcada por trabalhos que refletem sobre o comportamento humano e estética pautada pelo teatro de investigação corporal, o Grupo Trapo está em cartaz com o espetáculo "O Banquete no Éden" no Teatro Arthur Azevedo, às 20 horas. O espetáculo segue com as últimas apresentações até 18 de fevereiro, de sexta a domingo.

Dirigido e concebido por Muriel Vitória, o espetáculo traz à cena o mito do "Jardim do Éden" para refletir sobre o que somos e sobre a forma como nos relacionamos nos dias atuais. O Grupo Trapo se debruça sobre histórias que estão no cerne da formação humana e na construção de paradigmas para questionar significados, seja do amor, da desobediência, do sexo, da liberdade ou da morte.

Para desenvolver o enredo de "O Banquete no Éden" o grupo fez intensa pesquisa de linguagens que passa pelo happening, pelo teatro performático, pelas artes plásticas, pelo audiovisual e pela técnica de investigação corporal. O espetáculo questiona a maneira como as tradições, os mitos e as histórias atravessam gerações, sendo capazes de influenciar e gerar padrões de comportamento que garantam a "evolução" da humanidade.

Segundo Muriel Vitória, as histórias acerca de Adão e Eva, do fruto proibido, de Caim e Abel, da Serpente, de Deus e da criação do mundo ocupam um lugar de privilégio não só nas religiões, mas também nas artes plásticas, na filosofia e no inconsciente coletivo. “Alguma coisa na estrutura da história que nos é transmitida se agarra ao pensamento e se torna, quase literalmente, inesquecível”, comenta.

O diretor explica que "O Banquete no Éden" nada tem de "O Banquete", de Platão“É muito mais Rodrigueano”, ele diz. “Embora, em comum, o espetáculo basicamente se constitua acerca de diálogos sobre amor”, completa. Mas a encenação concebida e dirigida por Muriel Vitória diz muito sobre um evento de refeição solene, festiva, onde se bebe os melhores vinhos e estouram as melhores garrafas de champanhe, onde os convidados performam cenas exageradas de puro drama, choram suas angústias, riem de suas desgraças, apaixonam-se de maneira desenfreada, comem, regurgitam e afirmam a plenos pulmões suas verdades existenciais. “Tudo isso no Éden, o nome dado ao Jardim de Deus. O nosso ‘banquete’ diz muito de personagens fascinantes, que povoam o imaginário coletivo com um estranho e perene poder: a capacidade humana de contar histórias”, explica Muriel.

Incorporando elementos da arte contemporânea ao teatro, como a performance e a dança, "O Banquete no Éden" oferece espaço à improvisação, gerando um conjunto simultâneo de informações que mantêm a atenção do público em todos os momentos. Em dois atos, sem enredo linear, todas as personagens permanecem em cena. O primeiro ato traz o mito em situações que remetem à contemporaneidade, mostrando como ele reverbera no caminhar da civilização. No segundo, os mitos do Éden experienciam a convivência, o nascimento dos sentimentos e dos conflitos. É perceptível uma interconexão entre os ambientes principais representados, sugerindo que a natureza humana não alterou sua complexidade conflituosa, independentemente do tempo histórico. E atesta que, dos primórdios da humanidade até a contemporaneidade, os conflitos humanos permanecem essencialmente os mesmos.

O diretor argumenta que “nesse sentido, há sempre a possibilidade de superação dos pecados, inerentes à natureza humana, pela necessidade de libertação de tudo aquilo que nos aprisiona e, sobretudo, pela solidariedade, independentemente do tempo/espaço”. E finaliza dizendo que “o espectador de O Banquete no Éden precisa também ter a mente libertária ou, pelo menos, tolerante para que possa sentir as dores inerentes à condição humana e ainda, essencialmente, usufruir dos prazeres que tal condição pode proporcionar a todos nós”.

"O Banquete no Éden" foi concebido pelo Grupo Trapo em 2019, quando realizou algumas apresentações em sua sede, além de participar do Festival Satyrianas. Esta temporada marca a estreia oficial do espetáculo, remontado por Muriel Vitória e com novo elenco em cena. O espetáculo reflete sobre o que o mito do "Jardim do Éden" teria a nos dizer sobre o que somos e a forma como nos relacionamos nos dias atuais. O Grupo Trapo debruça-se sobre histórias que estão no íntimo da nossa formação e da construção de paradigmas para questionar significados: do amor, da desobediência, do sexo, da liberdade e da morte.


Ficha técnica
Espetáculo "O Banquete no Éden".
Direção e concepção: Muriel Vitória.
Intérpretes: Gui Vieira (Caim), Lis Santos (Lilith), Marília Luiz (Sara), Pedro Gonçalves (Adão), Suellen Santos (Eva), Well Nascimento (Umbra) e Zé Carlos de Oliveira (Abel).
Direção de produção: Diego Brito.
Iluminação: Jotappe Silva.
Cenografia: Heron Medeiros.
Fotografia: Marina Bisco.
Social media: Lis Nunes.
Vídeo: Isabela Fausferr.
Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação.
Produção artística: Diego Brito e Edi Costa.

Serviço
Espetáculo: O Banquete no Éden".
Últimas apresentações até dia 18 de fevereiro - Sexta e sábado, às 20h00, e domingo, às 18h00.
Duração: 60 minutos.
Gênero: Drama / Performance.
Classificação indicativa: 18 anos (nudez explícita, violência, linguagem inapropriada).
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada).
Venda online: Sympla.com.br (link no Instagram - @grupotrapo).
Bilheteria: uma hora antes das sessões.
Teatro Arthur Azevedo. Avenida Paes de Barros, 955 - Mooca / São Paulo.
Telefone: (11) 2604-5558. Na rede: @teatroarthurazevedosp.
Local: Sala Multiuso (capacidade: 60 lugares). Acessibilidade: Sim.
Estacionamento com vagas limitadas.

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