sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

.: The Masked Singer: Marcelo Serrado é o jurado convidado de domingo

Chimarrão, Cuco, Preguiça e Trevo são as fantasias a se apresentarem no episódio. Foto: Globo/ Maurício Fidalgo


Neste domingo, dia 28, após "Temperatura Máxima’, vai ao ar o segundo episódio da quarta temporada de "The Masked Singer Brasil". O reality, que estreou nesta semana, recebe um convidado especial no time de jurados. A ator Marcelo Serrado se une a José Loreto, Paulo Vieira e Sabrina Sato para tentar desvendar quem são as personalidades fantasiadas que disputam por meio de espetáculos musicais de tirar o fôlego.

Na estreia, o programa apresentou quatro mascarados, e o Etzinho foi o escolhido para ser revelado. Louro Mané, companheiro de Ana Maria Braga no "Mais Você", estava por trás da fantasia. Neste domingo, outros quatro competidores se apresentam: Chimarrão, Cuco, Preguiça e Trevo.

Após as apresentações, a plateia vota para salvar duas fantasias da eliminação, e as duas menos votadas batalham novamente, mostrando um segundo musical. O júri, então, se reúne para deliberar quem dos dois fantasiados será salvo e quem será desmascarado. Contudo, reviravoltas poderão acontecer com o Masked Sino. Localizado ao lado dos jurados, pode ser acionado a qualquer momento, e a consequência é a anulação de uma revelação. Durante a temporada, o sino só pode ser tocado uma única vez por jurado, salvando um personagem que teria sua identidade revelada por decisão do grupo.

O "The Masked Singer Brasil" é uma coprodução TV Globo e Endemol Shine Brasil, baseado no formato sul-coreano criado pela Mun Hwa Broadcasting Corp, com supervisão artística de Adriano Ricco (TV Globo) e direção geral de Marcelo Amiky (Endemol Shine Brasil). O programa vai ao ar na TV Globo aos domingos, após o ‘Temperatura Máxima’, com reexibição na madrugada de segunda para terça-feira, à 00h30, no Multishow, seguida da entrevista de Kenya Sade com o eliminado da semana. 


.: Cinema: "A Paixão Segundo G.H." terá 1ª sessão no Festival de Rotterdam

Inspirado no livro homônimo de Clarice Lispector e protagonizado por Maria Fernanda Candido, filme estreia em Portugal em fevereiro

 

Com ingressos esgotados, "A Paixão Segundo G.H.", o mais recente filme de Luiz Fernando Carvalho, inicia sua trajetória internacional na 53ª edição do Festival de Rotterdam, na Holanda, neste sábado, dia 27 de janeiro. A atriz Maria Fernanda Candido, o cineasta e a roteirista Melina Dalboni participam da exibição na cidade, onde estarão também no debate “A Arte da Adaptação: Percurso Criativo Para Levar a Literatura ao Cinema”.

Após passar pelo Festival do Rio e Mostra de Cinema de São Paulo, a produção estreia em Portugal no dia 15 de fevereiro e tem data prevista de lançamento nos cinemas brasileiros no dia 28 de março. Baseado na obra homônima de Clarice Lispector, o longa-metragem com roteiro do diretor e de Melina Dalboni traz no elenco Maria Fernanda Candido e Samira Nancassa.

Sinopse: Rio de Janeiro, 1964. Após o fim de uma paixão, G.H., escultora da elite de Copacabana, decide arrumar seu apartamento, começando pelo quarto de serviço. No dia anterior, a empregada pediu demissão. No quarto, G.H. se depara com uma enorme barata que revela seu próprio horror diante do mundo, reflexo de uma sociedade repleta de preconceitos contra os seres que elege como subalternos. Diante do inseto, G.H. vive sua via-crúcis existencial. A experiência narra a perda de sua identidade e a faz questionar todas as convenções sociais que aprisionam o feminino até hoje. Baseado no romance de Clarice Lispector.


Ficha Técnica

Direção: LUIZ FERNANDO CARVALHO

Elenco: MARIA FERNANDA CANDIDO e SAMIRA NANCASSA

Roteiro: LUIZ FERNANDO CARVALHO e MELINA DALBONI

Empresa Produtora: PARIS ENTRETENIMENTO, LFC PRODUÇÕES e ACADEMIA DE FILMES

Produção: LUIZ FERNANDO CARVALHO, PAULO ROBERTO SCHMIDT, MARCIO FRACCAROLI e VERONICA STUMPF

Empresa Coprodutora: ELEONORA GRANATA e REPÚBLICA PUREZA FILMES

Direção de Arte: JOÃO IRÊNIO

Direção de Fotografia: PAULO MANCINI e MIQUEIAS LINO

Figurino: THANARA SCHÖNARDIE

Cenografia: MARIANA VILLAS-BÔAS

Assistente de direção: KITY FÉO


quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

.: Novas edições ressignificam legado literário de Graciliano Ramos


Após 70 anos do falecimento de Graciliano Ramos, as obras do renomado autor caem em domínio público em 2024. Para prestigiar as principais criações literárias do escritor, o selo Via Leitura, do Grupo Editorial Edipro, lança novas edições de "Angústia" e "Vidas Secas". Com projetos gráficos modernos, ambas as edições apresentam capas elaboradas pelo artista plástico Andrés Sandoval e introduções assinadas pela premiada escritora Micheliny Verunschk.

"Angústia", livro escrito pelo alagoano no período entre a demissão da Instrução Pública de Alagoas e a injusta prisão em 1936 - mesmo ano de publicação da obra - por vezes é comparado a "Crime e Castigo", de Dostoiévski. Nesta história, Graciliano mergulha no universo atormentado de Luís da Silva, um funcionário público à beira da insanidade, e explora a profunda angústia humana, a culpa e o isolamento social. “A narrativa se dá nos planos da memória, da fantasia e do presente próximo, tido por real, com base em um discurso interno em que livres associações, estados paranoicos e o ambiente crescentemente claustrofóbico da mente do narrador”, comenta Verunschk sobre o livro. Garanta o seu exemplar de "Angústia", escrito por Graciliano Ramos, neste link.

"Vidas Secas", originalmente publicado em 1938, foi o quarto e último romance do autor, reconhecido por alguns como o mais significativo trabalho dele. Esta obra regionalista transporta o leitor para o sertão nordestino e oferece uma visão da dura realidade enfrentada por uma família de migrantes. Fabiano, Sinhá Vitória e os filhos vivem uma jornada permeada por injustiças sociais e desumanização diante das adversidades.

“Não é por acaso que, com 'Vidas Secas', Graciliano Ramos fez nascer não só um novo modo de escrita do romance como também um dos grandes personagens da literatura: a cachorra Baleia. Dotada de sentimentos revolucionários, um coração pequenino e alma enorme, Baleia ensina que o caminho de um céu cheio de preás passa por uma literatura de alta voltagem, ousada em seus propósitos de expandir fronteiras”, reflete a prefaciadora. Estas obras clássicas de Graciliano Ramos permitem, também a partir das novas edições, que a geração contemporânea de leitores possa dar um novo significado às publicações atemporais do autor. Garanta o seu exemplar de "Vidas Secas", escrito por Graciliano Ramos, neste link.


Sobre o autor
Graciliano Ramos (1892-1953) tornou-se um dos mais renomados escritores brasileiros do século XX. Nascido em Alagoas, destacou-se por sua prosa seca e realista. Além de escritor, foi prefeito de Palmeira dos Índios e teve uma trajetória política marcada pelo engajamento social. Sua contribuição à literatura brasileira continua a influenciar gerações de novos escritores e a formar mais e mais leitores. Compre os livros de Graciliano Ramos neste link.

.: Comédia musical "O Vestido da Rainha" em curta temporada no Funarte


A comédia musical "O Vestido da Rainha" na Sala Renée Guimel estará em curta temporada nos dias 26, 27, 28 na Sala Renée Guimel do Complexo Cultural Funarte  SP. O espetáculo gira em torno de três costureiros que têm o objetivo de se tornarem modistas, mas vivem um período de decadência por não conseguirem trabalhos por serem homens exercendo funções femininas. Até que são contratados pela Rainha para produzir um vestido que será utilizado no maior evento da época.

O espetáculo produzido pela Cia Bambolina foi idealizado a partir de um Edital do Proac de Criação de Projeto Cultural LGBTQIAPN+, da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo. Os ingressos poderão ser adquiridos nas bilheterias do Complexo Cultural Funarte SP e do Teatro de Arena Eugênio Kusnet, com pagamento somente em dinheiro, a partir de uma hora antes do espetáculo, evento ou atividade. A meia entrada do ingresso segue regulação vigente e os assentos das salas não são marcados.


Serviço
Espetáculo "O Vestido da Rainha. Dias 26, 27 e 28 de janeiro, às 20h. Sala Renée Gumiel - Complexo Cultural Funarte. Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos/São Paulo. Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia-entrada). Aceita-se pagamento via pix. Venda de ingressos uma hora antes da sessão na bilheteria do teatro. Duração: 55 minutos. Classificação: 12 anos. Acessibilidade: rampas de acesso para as salas de espetáculos, galerias e banheiros acessíveis. Estacionamento: não possui. Acessibilidade: rampas de acesso para a sala de espetáculos e banheiro acessível. Estacionamento: não possui. http://funarte.gov.br.

.: Projeto "Fragmentos" recupera e disponibiliza capítulos de novelas


Em "Estúpido Cupido", que estreia no Globoplay pelo projeto Fragmentos, Maria Tereza (Françoise Forton) sonha morar na capital e ser eleita miss Brasil, mas entra em conflito com o namorado, João (Ricardo Blat), um jovem idealista que pretende seguir carreira jornalística. Foto: Globo/Divulgação.

O público brasileiro é genuinamente apaixonado por novela. Para além do entretenimento e lazer, a teledramaturgia brasileira contribui para destacar fatos históricos, promover e estimular o debate de temas relevantes da sociedade e refletir na tela toda pluralidade do Brasil por meio de grandes histórias. Reforçando o compromisso com a memória da cultura, da dramaturgia brasileira e a valorização do audiovisual nacional, o Globoplay estreia nesta segunda-feira, dia 22, o projeto "Fragmentos", que recupera e disponibiliza novelas das décadas de 1970 e 1980 que possuem de dois até 20 capítulos preservados no acervo.   

As primeiras obras do catálogo são "O Rebu" (1974), "Coração Alado" (1980), "Estúpido Cupido" (1976) e "Chega Mais" (1980), tramas que marcaram época na TV brasileira. Em "O Rebu", o milionário Conrad Mahler (Ziembinski) organiza uma festa para recepcionar a princesa italiana Olympia Boncomagni (Marília Branco) e a noite termina com um crime: um corpo é encontrado na piscina da mansão. Além de desconhecer a identidade do assassino e a razão do crime, o público também não sabia quem tinha sido assassinado. Entre os 24 convidados - todos suspeitos, assim como o próprio anfitrião –, estão Boneco (Lima Duarte), ladrão paulista que encontra o convite da festa durante um assalto e se faz passar por um industrial italiano para roubar o banqueiro; o milionário Braga (José Lewgoy) e sua esposa, Lídia (Arlete Salles); e Laio (Carlos Vereza), industrial autista casado com Maria Helena (Maria Cláudia).  

"Coração Alado" traz a história do artista plástico pernambucano Juca Pitanga (Tarcísio Meira), que deixa sua terra natal e vai para o Rio de Janeiro em busca de maior visibilidade na carreira. No Rio, ele se envolve com Catucha (Débora Duarte), filha do respeitável marchand Alberto Karany (Walmor Chagas), e Vivian (Vera Fischer), uma mulher simples e sofrida. Apesar do amor que sente por Vivian, Juca se casa com Catucha, pensando em sua projeção profissional. O casamento termina quando ele decide acompanhar o irmão Gabriel (Carlos Vereza) em seu exílio político no México - Gabriel é perseguido pela ditadura militar. Juca e Catucha se reencontram anos depois, após a decretação da Lei da Anistia no Brasil.  

A trama de "Estúpido Cupido" é ambientada na fictícia Albuquerque, no interior de São Paulo, no início da década de 60 - época marcada por mudanças de comportamento em boa parte do mundo. Lá, os jovens curtem os acordes do rock e do twist nas pistas de dança, seguem o modismo dos jeans e dos blusões de couro e se exibem em lambretas e motocicletas pelas ruas da cidade. Nesse contexto, a normalista Maria Tereza (Françoise Forton) sonha morar na capital e ser eleita miss Brasil, mas entra em conflito com o namorado, João (Ricardo Blat), um jovem idealista que pretende seguir carreira jornalística, e morre de ciúmes da amada.  

"Chega Mais" narra a história do casal Gelly (Sônia Braga) e Tom (Tony Ramos). Os dois vivem brigando, mas um não consegue viver sem o outro. Tom é sequestrado no dia de seu casamento, deixando a noiva Gelly esperando no altar. No entanto, o sequestro foi todo orquestrado pelo próprio noivo, interessado em receber o dinheiro do resgate, exigido à família da noiva. O que ele não sabia é que os pais da moça estavam falidos e viviam de aparências. 

Flavio Furtado, gerente de programação do Globoplay, explica que o projeto "Fragmentos" representa uma nova etapa da estratégia de publicação de novelas do acervo Globo. Confira a entrevista na íntegra abaixo.  


Explique um pouco sobre o conceito do projeto "Fragmentos". 
Flavio Furtado -
O projeto "Fragmentos" representa uma nova etapa da estratégia de publicação de novelas do acervo Globo. É o resultado de um longo e complexo trabalho de pesquisa e recuperação de mídias com parte de novelas dos anos 1970 e 1980 e se soma a dois outros projetos voltados para os fãs de novelas: “Resgate”, que reúne novelas, séries e minisséries do acervo na íntegra; e “Originalidade”, que atualiza as obras clássicas já disponíveis no catálogo com melhores resoluções, aspecto original e com todas aberturas e vinhetas. No "Fragmentos", vamos publicar novelas que possuem de dois até 20 capítulos preservados em nosso acervo.   


O que motivou o Globoplay a criar o projeto "Fragmentos"? Como surgiu a ideia?
Flavio Furtado -
Ao mergulhar na pesquisa para o projeto "Resgate", descobrimos obras preservadas integralmente, alguns títulos com a ausência de alguns capítulos, mas também encontramos novelas com pouquíssimo material disponível. E entendemos que podemos dar ao assinante do Globoplay, aos estudiosos, pesquisadores e amantes da novela brasileira a oportunidade de conhecer ou reviver obras que fazem parte da história da dramaturgia brasileira. Mesmo que incompletas, elas ainda existem em nosso acervo. E, por isso, queremos que estejam acessíveis no Globoplay. O resgate desse material significa recuperar parte da história do audiovisual brasileiro e da memória da nossa empresa.  


Quais as maiores dificuldades e desafios para tirar o projeto do papel?
Flavio Furtado -
Os desafios são enormes. Primeiro, é necessário entender o que de fato temos disponível para cada título. A maior parte está em fitas, que precisam ser digitalizadas, avaliadas e, em alguns casos, até restauradas. Também realizamos uma análise profunda do conteúdo para garantir a continuidade entre os blocos e capítulos. Tudo isso com poucas informações da exibição realizada na época. Hoje, nós usamos sistemas mais avançados de cadastro de informações e temos recursos que não existiam nos anos 1970 e 1980.  

Ao todos, quantos e quais são os títulos incompletos que farão parte do "Fragmentos"?
Flavio Furtado -
Vamos publicar 28 títulos das décadas de 1970 e 1980. Traremos fragmentos de obras de autores como Janete Clair, Bráulio Pedroso, Lauro César Muniz, Vicente Sesso, Benedito Ruy Barbosa, Mário Prada, Manoel Carlos e outros.  

Há um prazo para a conclusão da disponibilidade desses fragmentos na plataforma?
Flavio Furtado -
A nossa expectativa é publicar estes 28 títulos até o final de 2025. 

.: "Chora Agora" discute negritude, autoestima, racismo e violência


O Complexo Cultural Funarte SP recebe a exposição "Chora Agora". Organizada pelo coletivo Vilanismo, a mostra é formada por 12 artistas pretos, discutindo negritude, autoestima da juventude, racismo, violência, entre outros temas. De acordo com a produção da mostra, o coletivo Vilanismo se destaca como um lugar de encontro, afeto, criação e fruição de arte preta, onde a ideia é somar através da diversidade que é ser preto, além de buscar conhecimento através de diferentes perspectivas.  

“Na arte contemporânea brasileira, artistas pretos vêm se unindo, pensando cada vez mais de forma coletiva, efetiva e criando estratégias de sobrevivência e resistência em meio a um campo político historicamente embranquecido. Persistir fazendo arte e conscientizando através de poéticas, tendo na cultura espaços para que possamos nos abraçar, ouvir e dialogar com quem realmente precisa falar e se mostrar no mundão, possibilita crescimento mútuo, oportunidades de vida, esperança entre os nossos”, destaca a produção. 


Serviço
Exposição "Chora Agora". Até dia 12 de fevereiro. Segundas, quartas-feiras e sábados, das 11h às 19h. Complexo Cultural Funarte SP. Entrada gratuita. Classificação: dez anos. Acessibilidade: rampas de acesso para as salas de espetáculos, galerias e banheiros acessíveis. Estacionamento: não possui. Acessibilidade: rampas de acesso para a sala de espetáculos e banheiro acessível. Estacionamento: não possui. http://funarte.gov.br.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

.: Entrevista: Marianna Perna fala sobre a poética das projeções


“O Livro dos Espelhos”
, segundo livro-disco da performer, pesquisadora e poeta Marianna Perna, é um convite a uma reflexão profunda sobre o entrelace entre o Eu e o Outro na descoberta e entendimento da alteridade. Publicada pela editora Penalux, a obra faz parte do Selo Auroras, projeto dedicado apenas à literatura produzida por mulheres, e tem a quarta capa assinada por Dani Costa Russo, jornalista e escritora que faz a curadoria e a edição dos livros do selo. 

Com um time de peso envolvido na apresentação do projeto ao público, vale destacar que os paratextos foram escritos pela psicanalista e escritora Mariana Lancellotti (orelha), pela escritora e pedagoga Fernanda Pacheco (prefácio) e pelo músico e também escritor Juliano Gauche (posfácio). O livro-disco também conta também com fotos especiais tiradas por Subtil Jéssica e contribuições musicais do músico, produtor e engenheiro de som Eduardo Recife e pelo músico João Sobral.

Natural de Brasília, Marianna vive na capital paulista desde a infância e se faz ativa na cena paulistana como escritora e poeta desde 2015. Também é historiadora, mestre em filosofia, produtora cultural e pós-graduanda em Psicologia Transpessoal. Além disso, é fundadora da Casa Urânia, espaço multiartístico & terapêutico na Vila Pompeia, em São Paulo. Confira a entrevista completa com a autora. Compre “O Livro dos Espelhos”, de Marrianna Perna, neste link.

Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam?
Marianna Perna - Autodescoberta; alteridade e encontro; reflexão profunda e descontentamento; "quem sou eu, quem é você?" desde o subjetivo até o questionamento civilizatório; o poder de transformação que a poesia e a escrita têm; abandono da civilização falida; morte e renascimento.

Por que escolher esses temas?
Marianna Perna Não é que eu os tenha escolhido, foi tão somente a expressão do que estava me atravessando (e  me atravessa) enquanto ser criador e que por necessidade precisava e queria comunicar. O livro acaba sendo também um processo e um percurso para a elaboração e compreensão de tudo o que me move, atravessa, decantando as percepções e sensações, para compor esse espelho multifacetado e caleidoscópico que, no final, se mostra como (tudo) o que somos. Mas refletindo agora sobre essa pergunta, do "porquê", talvez o que tenha me levado à necessidade de escolher falar sobre isso, de expressar, seja uma inquietação frente os tempos que estamos vivendo, tanta morte produzida, tanta falta de escuta, de empatia, tanta dificuldade de aceitar o "radicalmente outro", tanto discurso de ódio, ignorância, tanta alienação, tanta guerra em tantos níveis. É uma provocação e uma angústia frente a esses modos de (não)viver - formas desagregadoras, que são produtoras de morte, de fragmentação do ser. Acho que vem de um engajamento radical de transformação dos valores, do mundo, através da arte e da poesia.


O que motivou a escrita do livro?
Marianna Perna O conceito do livro se iniciou a partir de uma residência artística de dança e performance que realizei em 2018 no CRD (Centro de Referência da Dança no centro de SP, importante local de ocupação e reflexão sobre arte e dança), com a artista Sylvia Aragão. Era uma residência para mulheres, e ficamos alguns meses juntas investigando questões ligadas ao feminino, para criar uma performance a partir de um trabalho que ela já fazia com intervenções na rua. O mote eram espelhos; era um trabalho de reflexão com auto imagem a partir desse objeto.


Como foi o processo de escrita?
Marianna Perna Todos os poemas da "Série dos Espelhos", primeiro capítulo do livro, composto por 13 poemas curtos, foram escritos literalmente olhando para o espelho e me movendo numa sala de ensaio, refletindo sobre o corpo e a existência. Não editei nem modifiquei nada, os poemas estão exatamente como brotaram naquele dia/dias. Escrevi mais outras coisas também que não entraram no livro. E algumas das coisas que escrevi à época tornaram-se "partituras" de movimentos e narrativas que inspiraram e conduziram a história que estávamos contando e investigando juntas. Foi um processo rico e inspirador. Depois de finda a experiência, fiquei revisando esses escritos e foi quando veio a intuição de que meu segundo livro seria “O Livro dos Espelhos”, era o mote tanto de refletir como de reflexão, e a partir daí comecei a reunir outros escritos que já tinha e que gostaria de publicar em um próximo livro. Fui organizando tudo em capítulos e momentos, para criar uma linha narrativa. Daí embarquei numa profunda pesquisa pessoal com o objeto espelho, investigando como ele aparecia na obra de outros poetas, como era retratado. Como o espelho é denso simbolicamente, fui me atentando de camadas que passaram despercebidas anteriormente. Foi, então, uma investigação poética que nasceu pela via do objeto físico, da observação de si, inspirando escritas, textos, a partir da minha subjetividade e que continuou depois pela pesquisa literária, observando o outro, as outras, como isso aparecia em outros lugares/pessoas. A residência findou em dezembro de 2018, então toda a primeira parte de 2019 foi dedicada a continuação do processo; no segundo semestre de 2019 já estava submetendo o livro ao Proac, já tinha ele montado, com as epígrafes, os capítulos e quase todos os textos que estão hoje nele. Quando do processo do segundo Proac a que submeti, dentro da reflexão sobre o período que estávamos vivendo, de pandemia, me incomodou que fossem poemas todos pré-pandêmicos, e por isso atualizei, inserindo alguns escritos daquele momento, de a partir de 2020, e escrevendo, por último, um Post-Scriptum que me arrepiou bastante, que costurou todo o processo e me fez entender o porquê de lançar aquilo, naquele momento. Fez muito sentido. Foi bom esperar, veio na hora certa. Vejo “O Livro dos Espelhos” também como uma grande crítica-provocação à política de morte que vivenciamos desde o macro ao micro, no nosso cotidiano automatizado bem como nas estruturas econômicas e políticas, nessa frieza e desumanização, na brutalização da vida. Coisas que se intensificaram e escancararam na pandemia, mas que estão presentes no mundo há tanto tempo bem como no Brasil, e talvez piorando desde 2018 ou mesmo um pouco antes, desde o golpe…


Que livros influenciaram diretamente a obra?
Marianna Perna Durante o período em que escrevi esses poemas lembro que lia e relia, para variar, (risos) Hilda Hilst, Orides Fontela e Antonin Artaud. Eu também começava a ter mais contato com a obra de Herberto Helder. Após aprontar todo o livro, montado em capítulos meio que "temáticos", fui elegendo pequenas epígrafes, para criar um diálogo direto com autoras/autores, porque minha reflexão passava também pela constatação que somos continuidade e continuação do que veio antes, recriações, e que isso também pode ser libertador. Penso que só é aprisionador para o ego, que quer ser tão original e criador, inventor da roda. Eu gosto de dialogar e ser só mais uma dentro do coro dos descontentes, somar minha voz à de tantos e tantas outras que já falavam e sentiam tudo isso. E acredito que cada ser, mesmo nisso, é também único, por mais parecidas que possam ser a obra ou a criação, não existem dois seres humanos iguais. Então para esse momento fui relendo mais autoras e autores que aprecio, a maior parte na extensa relação acima, e também nesse momento me chegou a leitura de Filosofia do zen budismo, de Byung Chul-Han. Sou uma devoradora de seus livros já desde 2016, minha meta é ler todos seus títulos rs, e esse livro caiu como uma luva, por ser uma crítica à sociedade ocidental a partir da filosofia, comparando visões/autores ocidentais com a oriental, mais especificamente do zen-budismo. Em dado momento ele usa literalmente a figura do espelho para tecer essa crítica à nossa sociedade narcísica e não aberta à alteridade, ao radicalmente diferente, porque isso é apavorante. Essa foi uma chave, com essa leitura compreendi o meu próprio processo intuitivo com esses poemas e porquê veio como veio, compreendi até porquê veio o título do livro todo assim que nasceram os primeiros poemas, sabia que se chamaria “O Livro dos Espelhos”.

Quais são as suas principais referências como autora?
Marianna Perna Tenho muitas! E não posso deixar de citar várias como "principais", tanto literárias como filosóficas, porque realmente me interesso pela escrita e pela ideia de muitas pessoas, tudo isso me compõe, é inescapável.  Hilda Hilst, Orides Fontela, Walt Whitman, García Lorca, Alejandra Pizarnik, Sylvia Plath, Antonin Artaud, Allen Ginsberg, Fernando Pessoa, Drummond, Borges, Jim Morrison, Patti Smith, Adrienne Rich, Alfonsina Storni, Audre Lorde, Clarice Lispector, Rita Lee, Leminski, Rimbaud, Bob Dylan, Herberto Helder, Walter Benjamin, Byung-Chul Han, Michel Foucault, Alejandro Jodorowsky, Nietzsche, Jung, Ailton Krenak, Franz Kafka, Silvia Federici…


Como é o seu processo criativo?
Marianna Perna A escrita poética para mim gera um estado misto de razão e intuição, de saber exatamente o que está acontecendo e não fazer ideia nenhuma do que é aquilo. Sinto quase algo físico no meu corpo, de que algo quer “sair”, me dá uma espécie de coceira para escrever, algo bem peculiar, difícil de colocar em palavras a sensação. Então começo a escrever, no ímpeto daquilo se expressar, buscando as palavras, como se eu soubesse o que é sem saber - um estado distorcido e diferente de consciência. Às vezes quase chego a desistir pois parece que não faço ideia do que seja o que quero escrever, não faz sentido, parece que vou ficar esperando aquilo tomar forma mas de repente vem, e sai exatamente algo que eu sentia que tinha que escrever mas não conhecia ainda, aquilo acaba de nascer mas já me é muito familiar; aquelas palavras, ou imagens criadas, me surpreendem, me causam um profundo espanto. Como se reconhecer em um antigo empoeirado espelho. Você passa alguns minutos ali tentando enxergar o que tem do outro lado, é difícil de entender aquelas formas, mas de repente as imagens adquirem sentido e você percebe que é você ali, você se reconhece de um jeito distorcido - e bonito. Para mim, a escrita é muito esse processo de estranhamento - do mundo, de tudo e de si próprio - e ao mesmo tempo re-conhecimento  - se reconhecer um outro, distante, atemporal, e também tão próximo, tão ali, tão acessível. Já tão antigo. Um estado além da dualidade cotidiana, em que estamos sempre oscilando entre passado e futuro, certo ou errado, presença ou ausência. A escrita me traz para um estado além de tudo isso, não por negar esses estados, mas porque os aceita e por isso pode olhar para eles de fora, como se fosse além da fronteira do comum e olhasse para tudo de um jeito mais amplo, ao mesmo tempo acolhedor e sábio. Pra mim é algo muito louco e maravilhoso conseguir atingir um estado de unicidade com algo, que faz com que palavras brotem como um produto intrínseco da experiência. Não uma representação ou racionalização da experiência, mas sendo a própria dimensão da experiência codificada em palavras. Sabendo, claro, que a experiência viva está muito além das palavras, mas a poesia é uma tentativa de aproximação, de registro e apreensão disso que é muito maior, que é a vida.

Como você definiria seu estilo de escrita?
Marianna Perna Penso que definir é (se) limitar. Minha verve de escrita é poética e de busca por liberdade, pela livre expressão do pensar e sentir e vejo isso como o mais importante - esse espaço de respiro e não-definições que a poesia nos permite, de radical sinceridade e acolhimento também. Mas enquanto um ser humano de muitas formas definido pelo espaço-tempo em que vive e por suas experiências de vida, acredito que minha escrita se faz pela confluência do que vivenciei e vivencio, por tudo que já li, em todos os campos, não apenas da poesia… acho que tudo alimenta o que criamos, e também sinto que minha poesia é composta, inescapavelmente, de um olhar radicalmente crítico para a realidade, desgostoso, descrente do mundo, que vem de minha formação como historiadora (com um pé na filosofia) e que, por mais que não me identifique como uma historiadora acadêmica, acredito que ser historiadora e mesmo filósofa (e agora estudante de psicologia) não é necessariamente uma profissão pela qual você é remunerada, senão um certo modo de olhar para o mundo; são óticas, e isso segue te acompanhando na vida, vai mudando de jeito e expressão, claro, não é algo engessado, congelado, mas te acompanha, é uma vocação também.

Como a música se relaciona com seu processo criativo de escrita? 
Marianna Perna A música sempre esteve presente comigo como a primeira linguagem artística por que me interessei, bem nova, e que foi a porta de entrada, inclusive, para a poesia…comecei a ler poesia através de letras de músicas e de compositores que citavam poetas e assim passei a ir atrás de descobrir a poesia em si e me tornar leitura. As conexões entre essas formas são muito evidentes, a poesia antiga sempre foi expressada pela oralidade e através de música, acompanhamento musical e em sua própria construção: as rimas e a métrica são signos do ritmo, o que denota sua musicalidade inata, sua marca de origem…E isso sempre me atraiu muito, não apenas a palavra poética em si - ela também - mas também sua capacidade de se expandir em outras linguagens que hoje percebemos como distintas, mas que no fundo estão mais próximas do que desconfiamos. E meu processo com a poesia sempre tem sido, além da dedicação ao ofício poético, digamos assim, da palavra, da manufatura do verso, também o desvelar do estado poético que denuncia tudo em conexão - todas as formas como portais para um estado ampliado de contemplação poética. Acho que é isso que me interessa de fato, e a música é um desses caminhos, mas há muitos outros, que tenho explorado também, e o faço por uma necessidade, quase, não como uma determinação exterior, mas como algo natural que se revela a partir da palavra poética - brotam imagens, sensações, ritmo, musicalidade, referências, lembranças. Algo bastante da ordem do sinestésico.


Como surge a ideia de um livro-disco?
Marianna Perna A dedicação a este objeto livro-disco, que agora é meu segundo lançado, é o resultado dessa vontade de registrar essa poesia não apenas em palavra impressa no livro, mas em som vivo, musicalidade inata, estado poético contemplativo que pode inspirar a apreciação poética para algo bem além da leitura no papel, engajando vários sentidos sensoriais da/do leitora/leitora ao mesmo tempo. 

Você escreve desde quando? 
Marianna Perna Eu me considero uma escritora de poesia desde 2013, apesar de ter alguns escritos poéticos que remontam a 2010/2011, e mesmo de antes, da adolescência, porém acredito que foi neste ano de 2013 que "entendi" que "era poeta" - entendi o que isso significava (para mim, antes de tudo) e que exigiria um comprometimento de vida. Também foi o ano que me formei bacharel em História, então de certa forma me "libertei" de algo que me incomodava, que foi um certo lugar limitante (para mim) da escrita, desde 2008, quando entrei na faculdade, e vinha aprendendo essa narrativa objetiva, técnica e acadêmica, a escrita historiográfica. E não é que não goste, aprecie ou compreenda seu lugar e valor, mas em meu ímpeto expansivo na escrita, não encontrava lugar para expressar outras possibilidades de meu ser, e foi na poesia que o encontrei.

Como começou a escrever?
Marianna Perna Primeiro lendo vários poetas, e depois me arriscando em versos. Como escrevi em um outro texto: "Vejo a base cognitiva do ofício do historiador e do escritor como basicamente a mesma: leitura, interpretação e escrita. Porém, a diferença abissal entre elas é o lugar (ou proporção) da imaginação e da liberdade." E me lembro na adolescência de gostar de escrever contos, tinha muita imaginação e gostava de escrever coisas em prosa, no final do ensino fundamental e no ensino médio adorava ler, adorava as aulas de redação, gramática e literatura, me dava gosto escrever e percorrer todo esse universo. Escolhi cursar História porque o "conteúdo" da escrita - o olhar pro mundo atual e entender de onde vem, entender os processos, de onde as "coisas vêm" foi o que mais me chamou, mas também vejo como um ímpeto de escrita - escrever a história (as histórias) trata-se, também, de um ofício da palavra.

Quais são os seus projetos atuais de escrita?
Marianna Perna De escrita no momento não tenho nenhum, estou bem focada neste livro ainda. Focada em divulgar, circular com ele, e agora com a parte musical chegando nas plataformas musicais! A trilha completa do disco é longa, tem 68 minutos, por isso para as plataformas musicais, junto ao Selo Lyra Noise (da produtora e poeta Cris Rangel), dividi em 3 EPS, misturando um pouco a ordem das faixas originais, para propor um caminho de escuta poética que funcione como obra musical e que também possa ser uma forma das pessoas chegarem no livro. Sinto que funciona bem como apreciação musical e estou feliz de disponibilizar essa trilha também nas plataformas para as pessoas poderem conhecer. Então diria que um dos projetos agora de 2023 é focar nesses fonogramas, para divulgar mais o "fato musical", do livro, enfocar a proposta dupla e híbrida de música & poesia, de spoken word, divulgar e mostrar isso também, mostrar que há uma trilha e que inclusive toco nela (piano e sintetizadores) e recito os poemas, e que as pessoas podem até ouvir isso na internet antes de adquirirem o livro!

Garanta o seu exemplar de “O Livro dos Espelhos”, escrito por Marrianna Perna, neste link.

.: Crítica musical: Nasi lança o álbum "Rocksoulblues"


Por André Barcinski

Imagine que o Ira! nunca tivesse existido.

Imagine sua vida sem discos como “Mudança de Comportamento”, “Psicoacústica”, “Vivendo e Não Aprendendo”, e sem a banda que, para muitos – eu me incluo no grupo – é a melhor e mais instigante entre as grandes do BRock dos anos 80, e a única que entra em sua quinta década de existência lançando discos desafiadores, como ficou provado pelo excelente LP homônimo, lançado em 2020, em plena pandemia.

Mesmo nesse cenário, sem o Ira!, Marcos Valadão, o Nasi, seria um dos nomes mais importantes e talentosos do pop-rock brasileiro dos últimos 40 anos. Um artista com um trabalho eclético e de altíssima qualidade, que nos anos 80 já enxergava a força e importância do hip hop paulistano, produzindo a influente coletânea “Hip Hop Cultura de Rua”, que revelou nomes como Thaíde e DJ Hum, MC Jack e Código 13.

Off-Ira!, Nasi deixou sua marca no pós-punk brasileiro com o grupo Voluntários da Pátria, montou o grupo Nasi e os Irmãos do Blues, que lançou três LPs de celebração à música de raiz norte-americana, especialmente dos gênios Muddy Waters e Howlin’ Wolf, e recentemente voltou aos tempos de mod com um explosivo disco gravado com a banda Spoilers. Como se não bastasse, tem uma longa carreira solo, que chega agora ao nono disco, “Rocksoulblues”.

“Rocksoulblues” traz oito faixas, a maioria composta ou interpretada por artistas que Nasi sempre admirou, como Zé Rodrix, Tim Maia, Erasmo Carlos, Jerry Lee Lewis e Martinho da Vila, gravadas em versões surpreendentes e diferentes das originais. 

O disco abre com “Blues do Gato Preto”, do próprio Nasi, um bluesão malemolente, cantado com a voz rascante e áspera de Nasi e com um clima de big band, animado pelos saxofones de Sax Gordon e pelos teclados de Johnny Boy, colaborador habitual de Nasi em sua carreira solo. 

Depois, Nasi transforma “Devolve Meus LPs”, de Zé Rodrix, num jump blues que parece ter saído de um clube enfumaçado de Kansas City ou Chicago, e tira do chapéu uma versão blues do clássico do Ira!, “Dias de Luta”, com o guitarrista Igor Prado conjurando Stevie Ray Vaughan e Albert King.

As surpresas continuam com a versão matadora de “Eu Não Te Quero Santa”, composta por Vitor Martins, Sérgio Fayne e Saulo Nunes e gravada originalmente pelo Tremendão em seu clássico LP “Carlos, Erasmo” (1971). É a primeira de três faixas gravadas no disco pela excelente banda liderada por Marcelo Sussekind e que tem Sergio Melo (bateria), Sergio Morel (guitarra) e Sergio Villarim (teclados), além do próprio Sussekind no baixo.

Em seguida vem “Não Vá Me Machucar”, adaptação – com letra de Nasi - de “Rollin’ and Tumblin’”, clássico blues norte-americano gravado em diferentes versões por vários bluesmen dos anos 1920 e mais conhecido pela versão eternizada por Robert Johnson em 1936, com o título de “If I Had Possession Over Judgment Day”. Aqui, a canção ganha uma roupagem moderna e dançante, com as participações do produtor Apollo Nove e os “scratches” de DJ Hum. É a conexão blues-hip hop-eletrônico.

E quem mais, senão Nasi, poderia transformar um Country Western em  o samba “O Caveira”, famoso na voz de Martinho da Vila? A nova versão ganha companhia luxuosa da cantora Nanda Moura, que divide os vocais com Nasi nesse dueto divertido.  O cantor depois solta a voz e presta tributo a um de seus grandes ídolos, Tim Maia, na suingada “O Que Você Quer Apostar?”, abrilhantada por um solo de guitarra memorável de Sergio Morel.

“Rocksoulblues” encerra com “Rosa Selvagem”, versão de “Ramblin’ Rose”, originalmente um country-blues gravado em 1962 por Jerry Lee Lewis e transformado, em 1969, num míssil proto-punk pela banda MC5 em seu LP de estreia, o clássico “Kick out the Jams”. A versão de Nasi emula o MC5 e é o encerramento perfeito para um disco tão festivo.

“Rocksoulblues” não é um simples “disco de covers”, daqueles em que o artista se limita a regravar músicas que gosta. É um LP de intérprete, em que Nasi transforma e dá a sua cara a músicas que o influenciaram. É um disco eclético e surpreendente. Um disco com a cara do Nasi.

Ouça o álbum neste link.


.: Autoramas anuncia nova formação e faz show de 25 anos no Sesc Belenzinho


A banda apresenta o membro original Gabriel Thomaz na guitarra e vocal, Jairo Fajer no baixo, e os novos integrantes Igor Sciallis na bateria e Luma Lummee nos teclados, percussão e vocais. Foto: Roguan


A renomada banda de rock Autoramas está pronta para incendiar o palco do Sesc Belenzinho no dia 27 de janeiro, marcando seu 25º ano de trajetória musical. Com a formação renovada, a banda apresenta o membro original Gabriel Thomaz na guitarra e vocal, Jairo Fajer no baixo, além dos novos integrantes Igor Sciallis na bateria e Luma Lummee nos teclados, percussão e vocais.

Este espetáculo histórico trará uma combinação irresistível de músicas inéditas e algumas pérolas nunca antes executadas ao vivo. A energia contagiante e a experiência única do Autoramas prometem uma noite memorável para os fãs e entusiastas do rock. E marca o lançamento da segunda música do EP ao vivo que foi preparado para apresentar a nova fase da banda, Autodestruição música que vem com potência jamais atingida antes. No dia 2 de fevereiro, sai todo EP, pela Ditto Music Brasil.

Prepare-se para uma jornada musical emocionante enquanto a banda celebra suas conquistas ao longo de duas décadas e meia. Os ingressos já estão à venda no site e bilheterias do Sesc SP, não perca a oportunidade de fazer parte deste marco na história do rock brasileiro com o Autoramas no Sesc Belenzinho.


Serviço
Autoramas no Sesc Belenzinho – Comedoria. Sábado, dia 27 de janeiro, às 20h30, na Comedoria - Sesc Belenzinho. Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho / São Paulo. Ingressos: R$15,00 (credencial plena), R$25,00 (meia entrada) e R$50,00 (inteira). *Venda presencial a partir do dia 17/01, às 17h. Limite de 2 ingressos por pessoa. Outras informações: https://www.sescsp.org.br/programacao/autoramas-6/

.: "Assassinos da Lua das Flores": confira os depoimentos dos indicados ao Oscar


A Apple conquistou o recorde de 13 indicações ao Oscar, incluindo dez indicações para  "Assassinos da Lua das Flores" (“Killers of the Flower Moon”) de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Figurino, Melhor Design de Produção, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Canção Original, Melhor Montagem e Melhor Fotografia. Confira depoimentos dos indicados por "Assassinos da Lua das Flores" e a crítica - "Assassinos da Lua das Flores" transborda na telona e vai levar Oscar - neste link. 

Também o épico “Napoleão” (“Napoleon”), da Apple Original Films, dirigido por Ridley Scott, recebe indicações ao Oscar de Melhor Figurino, Melhor Design de Produção e Melhores Efeitos Visuais. Confira a crítica: "Napoleão" de Ridley Scott é romance baseado em fatos históricos, neste link. 

Martin Scorsese - Indicado na categoria de Melhor Diretor
“É profundamente gratificante receber este reconhecimento da Academia, para mim e para muitos dos meus colaboradores em 'Assassinos da Lua das Flores'. Foi uma experiência notável fazer este filme, trabalhar em conjunto com a comunidade Osage para contar a história de uma verdadeira tragédia americana, escondida nas sombras da cultura oficial por tempo demais. Eu só queria que Robbie Robertson tivesse vivido para ver o seu trabalho reconhecido – os nossos muitos anos de amizade e a crescente consciência de Robbie sobre a sua própria herança de povos nativos desempenharam um papel crucial no meu desejo de colocar este filme na tela"

Lily Gladstone - Indicada na categoria de Melhor Atriz
"Estou profundamente grata à Academia por esta honra incomparável. Tem sido uma grande benção ser uma atriz ativa, e, contar uma história como 'Assassinos da Lua das Flores', está além do que eu poderia ter esperado. Compartilho e devo este momento ao incomparável Martin Scorsese, que honrou as vozes e desejos da nação Osage com tanta coragem, e aos meus graciosos e lendários companheiros de cena Robert De Niro, Jesse Plemmons, Tantoo Cardinal e especialmente Leonardo DiCaprio. Seu imenso e excepcional talento e coração tornaram isso possível. Sou para sempre uma amiga orgulhosa e grata. Também quero agradecer ao restante do elenco e da equipe incríveis com quem tive a sorte de trabalhar, incluindo muitos Osages e indígenas talentosos, incluindo artistas, defensores, ativistas, líderes e contadores de histórias . A excelência indígena moldou este magnífico filme, tanto na frente quanto atrás das câmeras, em todos os níveis de produção. É ainda mais agradável compartilhar esta honra com o lendário músico Robbie Robertson, das Seis Nações Cayuga e Mohawk, o compositor Osage Scott George, Marty, Bob, Thelma Schoonmaker, Jacqueline West, Rodrigo Prieto, Jack Fisk e todos os que trabalharam para concretizar esta história difícil e necessária numa escala tão magistral. Parabéns de coração a Annette, Sandra, Carey e Emma – vocês são todos surpreendentes e me inspiram infinitamente… Luto para acreditar que estou em sua companhia. Para cada um desses seres humanos, eu digo Iitaamiiksistsikomiit. Espero que todos vocês aproveitem este lindo dia". 

Robert De Niro - Indicado na categoria de Melhor Ator Coadjuvante 
“Foi um privilégio e uma alegria trabalhar com Martin Scorsese, Leonardo DiCaprio, Lily Gladstone e todo o elenco e equipe de 'Assassinos da Lua das Flores'. Também foi uma missão para nós. Comprometemo-nos a representar de forma honesta e sensível a história e o espírito do povo Osage. Ao chefe Geoffrey Standing Bear e a toda a nação Osage, obrigado por nos confiar sua história”.

Rodrigo Prieto - Indicado na categoria de Melhor Fotografia
"Gostaria de agradecer ao Departamento de Fotografia da Academia por este reconhecimento incrível. Estou grato a Martin Scorsese por confiar em mim para ajudar a contar esta importante história. Obrigado à Apple Films por seu apoio inabalável e aos Osage, que gentilmente compartilharam sua cultura e história conosco. Compartilho esta indicação com minha excelente câmera, equipamentos e equipe".

Muitas primeiras vezes e outras curiosidades

  • Martin Scorsese faz história como o diretor vivo mais indicado de todos os tempos, com 10 indicações no total de Melhor Diretor.
  • Lily Gladstone faz história como a primeira atriz de ascendência nativa norte-americana a ser indicada para Melhor Atriz.
  • Robbie Robertson (1943- 2023) faz história como o primeiro indígena a ser indicado para trilha sonora original.
  • Scott George faz história como o primeiro nativo norte-americano a ser indicado para uma Canção Original.
  • Robert de Niro, indicado para Melhor Ator Coadjuvante, recebe a 8ª indicação como ator (quatro dessas indicações são de filmes dirigidos por Martin Scorsese).
  • Montagem- Esta é a nona indicação de Thelma Schoonmaker ao Oscar e a oitava por um filme de Scorsese.
  • Design de figurino- Esta é a quinta indicação de Jacqueline West ao Oscar.
  • Fotografia-  Esta é a quarta indicação de Rodrigo Prieto ao Oscar e a terceira por um filme de Scorsese.
  • Design de produção- Esta é a terceira indicação de Jack Fisk ao Oscar.

As dez indicações de “Assassinos da Lua das Flores”

  • Melhor Filme
  • Melhor Diretor - Martin Scorsese
  • Melhor Atriz - Lily Gladstone
  • Melhor Ator Coadjuvante - Robert de Niro
  • Melhor Design de Figurino -  Jacqueline West
  • Melhor Design de Produção - Jack Fisk e Adam Willis
  • Melhor Trilha Sonora - Robbie Robertson 
  • Melhor Canção Original - "Wahzhazhe (A Song For My People)"- Scott George
  • Melhor Montagem - Thelma Schoonmaker
  • Melhor Fotografia - Rodrigo Prieto

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.:Biblioteca Nacional lança série sobre o Programa Memória do Mundo


Na imagem, Dom Pedro II. Primeira temporada da série “Memória do Mundo da Biblioteca Nacional” terá sete episódios


A Fundação Biblioteca Nacional (FBN) - entidade vinculada ao Ministério da Cultura - lançou no canal no YouTube (@fundacaobibliotecanacional), a série de vídeos “Memória do Mundo da Biblioteca Nacional”. A série busca apresentar, de forma descontraída, as coleções da FBN tituladas no Programa Memória do Mundo, da Unesco, que reconhece documentos, arquivos e bibliotecas considerados de grande valor para a história da humanidade. A primeira temporada terá sete episódios, de 5 a 18 minutos de duração, e que serão lançados mensalmente até julho.

A cada episódio, a coordenadora de Acervo Especial da FBN, Mônica Carneiro, recebe uma servidora da instituição para falar sobre as coleções. A primeira convidada será a bibliotecária Kesiah Viana, no episódio “Coleção do Imperador: Fotografia brasileira e estrangeira do século XIX”. A coleção foi a primeira da FBN a ser nominada no Programa Memória do Mundo, em 2003, e reúne parte do registro fotográfico feito por Dom Pedro II no Brasil, com mais de 21 mil fotografias.

“A série é voltada para o público geral, não é somente para acadêmicos: queremos que as pessoas entendam de forma mais descontraída o que é nosso acervo”, afirma Mônica Carneiro. “Entre nossas obrigações, enquanto responsáveis pelos acervos nominados como Memória do Mundo, estão a preservação, disponibilização de acesso e divulgação. Ao lançarmos esta série, pretendemos contribuir, ainda, para que outras instituições também busquem estes títulos junto à Unesco, porque é sempre importante que se valorize e divulgue o patrimônio nacional”, completa.

A realização da série é da Coordenadoria de Promoção e Difusão Cultural/CCD, da FBN. Produção, montagem e direção: Alberto Teixeira, Renato Moulin e Rodrigo Giolito. Confira a lista com todos os episódios da primeira temporada:


Cronograma das publicações
● 22 de janeiro, às 17h: Coleção do Imperador: Fotografia brasileira e estrangeira do século XIX (com Kesiah Viana);
● 26 de fevereiro, às 17h: Coleção Alexandre Rodrigues Ferreira (com Ana Lúcia Merege);
● 25 de março, às 17h: Matrizes de Gravura da Casa Literária do Arco do Cego (com Juliana Uenojo);
● 22 de abril, às 17h: Carta Real de Abertura dos Portos ao Comércio com as Nações Amigas (com Ana Lúcia Merege);
● 20 de maio, às 17h: Arquivo Arthur Ramos (com Luciane Medeiros);
● 24 de junho, às 17h: Arquivo Lima Barreto (com Maria Fernanda Nogueira);
● 22 de julho, às 17h: Cartas Andradinas (com Ana Lúcia Merege).

Programa Memória do Mundo
Criado pela Unesco em 1992, o Programa Memória do Mundo (Memory of the World - MoW) reconhece documentos, arquivos e bibliotecas considerados de grande valor para a história da humanidade, que são inseridos no Registro Internacional de Patrimônio Documental, a partir da aprovação, por comitê de especialistas, da candidatura encaminhada pela instituição detentora do acervo. O objetivo do Programa é promover a identificação e proteção de acervos arquivísticos e estimular a preservação e a ampla difusão e acesso desses acervos, contribuindo para despertar a consciência coletiva para o patrimônio documental da humanidade.

Em 2003, com a nominação da coleção de fotos do Dom Pedro II, da FBN, foi desenvolvido um comitê regional para cuidar do reconhecimento para a América Latina e Caribe (MoW Lac), além de outro nacional para a indicação de fundos documentais do Brasil (Mow Brasil). A maioria dos acervos nominados da FBN foram nominados nessas categorias. Transmissão: www.youtube.com/@fundacaobibliotecanacional.

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

.: Crítica: "Segredos de Um Escândalo" intriga com suspense sobre pedofilia

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em janeiro de 2024


O trabalho de uma atriz para encarnar uma personalidade real levado até as últimas consequências. Eis "Segredos de Um Escândalo", longa dirigido por Todd Haynes ("Longe do Paraíso"), em que Julianne Moore ("Querido Evan Hansen") interpreta Gracie Atherton-Yoo, esposa do jovem Joe Yoo (Charles Melton), protagonistas de um relacionamento polêmico que estampou tabloides e gerou comoção entre os americanos anos atrás. Contudo, agora a vida do casal Yoo ganha uma nova versão cinematográfica tendo a atriz de sucesso Elizabeth Berry (Natalie Portman, "O Cisne Negro") na pele da mulher que se envolveu com um menor de idade.

Assim, Elizabeth Berry passa a viver com a família, por alguns dias. Já na chegada, traz uma surpresa nas mãos, uma caixa enviada via Correios e de conteúdo um tanto que asqueroso. Tentando entender a relação atual de Gracie e Joe, Elizabeth faz o serviço completo conhecendo também os filhos do primeiro casamento de Gracie, além do marido, vítima de traição tendo como cenário um pet shop. 

O longa em cartaz no Cineflix Cinemas de Santos trabalha com maestria a dúvida por meio de muito suspense, do início ao fim. A dobradinha de Natalie Portman e Julianne Moore na telona é um espetáculo, soturnas e imprevisíveis, ambas brilham. A trama sobre pedofilia, choca e envolve o público lançando provocações que geram curiosidade a respeito do desfecho dos três personagens que fazem a engrenagem do enredo acontecer. No entanto, tudo não passa de um estudo de personagem. Vale a pena conferir a produção nos cinemas!

Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link. Compre seus ingressos no Cineflix Cinemas Santos aqui: vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm 


"Segredos de Um Escândalo" ("May December"). Ingressos on-line neste linkGênero: romance, comédiaClassificação: 16 anos. Duração: 1h53. Ano: 2024. Idioma original: inglês. Distribuidora: Diamond Films. Direção: Todd Haynes. Roteiro: Samy Burch. Elenco: Natalie Portman (Elizabeth Berry), Julianne Moore (Gracie Atherton-Yoo), Charles Melton (Joe Yoo), Cory Michael Smith (Georgie)Sinopse: Vinte anos após seu romance midiático virar assunto da nação, um casal é colocado sob pressão quando uma atriz viaja até seu lar para se preparar para um filme sobre o passado deles.


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