sábado, 6 de janeiro de 2024

.: Crítica: "Dogman" tem tudo para ser ridículo, mas é filmaço imperdível



Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em janeiro de 2024


Dirigido por Luc Besson ("O Quinto Elemento", "Leon - O Profissional"), o drama francês "Dogman", em cartaz no Cineflix Cinemas em Santos, apresenta uma trama envolvente que desperta curiosidade, a cada cena, sobre quem é Douglas Munrow (Landry Jones). Preso, estando transvestido de mulher em uma cadeira de rodas. Assim, no meio da noite, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, uma psiquiatra, mãe divorciada, é destinada a cuidar do caso atípico. 

Douglas teve uma infância conturbada com uma mãe que facilmente aceitava sem desrespeitada, um  irmão maquiavélico que fazia de tudo para vê-lo ser punido e um pai abusivo. Contudo, ao ver a mãe partir, tendo sido jogado numa jaula com os cães que o pai mantinha com a finalidade de participarem de rinhas, o garoto encontra nos animais o companheirismo que nunca teve a chance de descobrir em outro ser humano.

No entanto, é nesse mesmo refúgio que parte de seu destino é traçado ao defender a ninhada de uma cadela que cuidava em segredo. Com sagacidade, usa um cãozinho para alcançar a liberdade e também a salvação. Afinal, ele mantém a fé em Deus. Vale associar o próprio título do filme ao termo religioso dogma -o que é confirmado no desfecho do longa.

Diante da nova condição, o jovem Douglas aprende a lidar com os traumas dolorosos até chegar a fase adulta. Todavia, Doug e seus cães estão bem longe de uma mera fábula sobre o “melhor amigo do homem”. Os peludos são treinados para fazer o que ele não pode, uma vez que está em cadeiras de rodas, seja para cometer delitos ou até defende-lo diante do perigo. 

Gravado no idioma inglês, a produção estrelada por Caleb Landry Jones, ainda passeia pelo incrível e brilhante universo das drag queens -deixando mais um traço no perfil de Doug. Soma 1h54 de drama, ação e um toque de história policial de filmaço. 

"Dogman", tinha tudo para cair no ridículo, mas é tão bem executado, desde a atuação do protagonista até a edição final que impressiona e faz o público sair maravilhado da sala de cinema. Imperdível!!


Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link. Compre seus ingressos no Cineflix Cinemas Santos aqui: vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm 



"
Dogman"
Ingressos on-line neste linkGênero: ação, drama, suspense, thrillerClassificação: 16 anos. Duração: 1h54. Ano: 2024. Idioma original: inglês. Distribuidora: Diamond Films. Direção: Luc Besson. Roteiro: Luc Besson. Elenco: Caleb Landry Jones e Christopher Denham. Sinopse: drama francês situado em Nova Jersey, nos Estados Unidos, a produção conta a história de Douglas Munrow (Landry Jones), um homem que foi abusado pelo pai e encontrou no companheirismo dos cachorros um refúgio para lidar com os traumas dolorosos do passado. Mas Douglas e seus cães estão longe de uma mera história de “melhor amigo do homem”: ele treinou os animais para que o ajudem a cometer uma série de crimes e defendê-lo contra seus piores inimigos.

Trailer de "Dogman"

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.: "Triângulo das Águas" é o livro mais atípico de Caio Fernando Abreu



Nova edição de "Triângulo das Águas", livro que rendeu a Caio Fernando Abreu o primeiro Jabuti da carreira, em 1984, tem posfácio inédito de Manoela Sawitzki. Considerado por Caio Fernando Abreu o mais atípico de seus livros, "Triângulo das Águas" reúne três histórias curtas nascidas num rompante: "Foi preciso aceitar escrevê-lo meio às cegas, correndo todos os riscos".

Inseparáveis, as bases deste tripé - "Dodecaedro", "O Marinheiro" e "Pela Noite" - estão entre os melhores exemplos da emoção, da sensibilidade e, sobretudo, do anseio por mudança que moviam o autor, presentes em toda a sua obra. A capa é de Elisa von Randow.

Como define a escritora Manoela Sawitzki, que assina o posfácio desta edição, "a simbologia das águas em movimento, que lavam e carregam impurezas, células mortas, é explorada neste livro por Caio F. com uma capacidade de entrega rara, que frequentemente o esgotava, assim como parece tê-lo ajudado a fluir da noite escura à claridade que tanto buscava". Compre a nova edição de "Triângulo das Águas", de Caio Fernando Abreu, neste link.


Sobre o autor
Caio Fernando Abreu nasceu em Santiago do Boqueirão, no Rio Grande do Sul, em 1948. Sua obra ganhou forma em contos, peças, poemas, romances e em uma vasta produção epistolar. Do autor, a Companhia das Letras publicou "Contos Completos" (2018) e "Morangos Mofados" (2019). Morreu em Porto Alegre, em 1996.


.: Teatro: Suzy Rêgo, Cristiana Oliveira e Eduardo Martini estreiam "Cá Entre Nós"


O que uma amizade de mais de 30 anos pode guardar? Estreia dia 13 de janeiro, no Teatro União Cultural. Texto: Raphael Gama. Direção: Eduardo Martini. Na imagem, os atores Suzy Rêgo, Eduardo Martini e Cristiana Oliveira. Foto: Erik Almeida


O que uma amizade de mais de 30 anos pode guardar? Boas memórias? Momentos divertidos? Segredos? Ou fantasmas que varremos para debaixo do tapete do tempo? Em "Cá Entre Nós", estrelado por Suzy Rêgo, Cristiana Oliveira e Eduardo Martini, que também assina a direção, um grupo de amigos recebe a notícia de que Lola, aquela do grupo que fazia a faxina e se livrava dos fantasmas, deixa este plano. 

Os três amigos restantes decidem se encontrar e, sem saber, caem numa última armadilha deixada por Lola para que enfrentem esses fantasmas e reencontrem uma amizade que estava varrida debaixo de um tapete repleto de histórias. Um espetáculo que utiliza do humor e de referências sociais pungentes como crises de idade, cobranças, a pressão estética, masculina e enraizada em adultos que encontram, no diálogo e no amor, o caminho da cura.

Ficha técnica
Espetáculo "Cá Entre Nós". Texto: Raphael Gama. Direção: Eduardo Martini. Elenco: Suzy Rêgo, Cristiana Oliveira e Eduardo Martini. Trilha sonora: Jonatan Harold. Luz: Cesar Pivetti. Ambientação cênica e figurino: Eduardo Martini. Gênero: comédia Duração: 60 minutos. Recomendação: 12 anos.


Serviço
Espetáculo "Cá Entre Nós". Temporada: sábados, às 21h, domingos, às 18h. Ingressos: R$ 100,00 (inteira) | R$ 50,00 (meia-entrada). Bilheteria: abre 1h30 antes do espetáculo. Ingressos on-line: https://bileto.sympla.com.br. Teatro União Cultural - 269 lugares. Rua Mario Amaral, 209 - Paraiso. Estação Metrô Brigadeiro. Telefone: (11) 3885-2242.

.: Com Bianca Bin no elenco, a comédia "O Nome do Bebê" chega ao Teatro Faap


O espetáculo é uma adaptação para a realidade brasileira da bem-sucedida peça de Matthieu Delaporte e Alexandre de la Patellière. A trama foi montada em vários países e adaptada para o cinema em 2012. A temporada acontece entre janeiro e março de 2024. Foto: Ronaldo Gutierrez


Permeando uma história que discute a dificuldade de escuta em nossas relações mais íntimas, a comédia "O Nome do Bebê", da dupla francesa Matthieu Delaporte e Alexandre de la Patellière, chega ao Teatro Faap, para temporada de 12 de janeiro a 3 de março de 2024, com sessões sempre sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h.

A direção é de Elias Andreato e o texto foi traduzido pela atriz Clara Carvalho, que buscou aproximá-lo ainda mais da realidade brasileira, valorizando ironias e sarcasmos. Montada em vários países e adaptada para o cinema em 2012, a versão brasileira tem o elenco formado por Bianca Bin, Cesar Baccan,  Eduardo Pelizzari, Lilian Regina e Marcelo Ullmann.

Na peça, Vincente e Anna vão jantar na casa da irmã dele para comunicar a ela, ao cunhado e a um amigo de infância o nome escolhido para seu primeiro filho. O pai de primeira viagem faz uma brincadeira infeliz e diz que o bebê se chamará Adolfo; nome cuja sonoridade se assemelha ao maior ditador da História. A partir dessa situação absurda, as personagens dão início a uma discussão crescente, que evoca uma série de memórias e ressentimentos profundamente escondidos, revelando seus preconceitos e contradições.

“Nosso olhar, percorre a crueldade e o fascínio que essas relações, tão conhecidas do nosso cotidiano, nos remetem às lembranças pueris e medonhas que guardamos para sempre. É impossível não nos identificarmos com os personagens, e com a situação criada pelos autores de forma tão realista e explosiva”, comenta o diretor Elias Andreato.

A peça revela que, para chegarmos às relações verdadeiras em nossas vidas, precisamos estar desarmados para aceitar e ouvir. A falta de escuta, tão comum nos dias de hoje, é o primeiro passo para a não-aceitação dos outros. E, sem aceitação, não há solução de conflitos. Os personagens descobrem que a única maneira de se entenderem, inclusive nas relações de amizade, é se abrirem para o diferente e deixarem de lado suas aparentes incompatibilidades.

“Quando o teatro provoca e nos inquieta, propondo um jogo teatral absolutamente verdadeiro, é porque ele está vivo, podendo ser violento e muito divertido. O homem é o único animal que ri diante do inferno que são os outros. Humor não se explica, mas a crueldade sempre nos incomoda. A nossa comédia certamente deixará o espectador feliz, mas ele terá que rir de si mesmo”, acrescenta o diretor sobre a encenação.


Sinopse de "O Nome do Bebê"
Vicente e a esposa, que esperam o primeiro filho, são convidados pela irmã dele e o seu cunhado para um jantar. Quando o pai de primeira viagem revela o nome de seu filho, conflitos são levantados, levando a revelações que mudarão as relações entre todos. Uma comédia contundente.


Ficha técnica
Espetáculo "O Nome do Bebê". 
Texto: Matthieu Delaporte e Alexandre de la Patellière. Tradução: Clara Carvalho. Direção: Elias Andreato. Assistente de Direção e Stand In: Mariana Loureiro. Elenco: Bianca Bin – Elizabete - Babú /Cesar Baccan – Pierre / Eduardo Pelizzari – Vicente / Lilian Regina – Anna / Marcelo Ullmann – Claude / Desenho de luz: Wagner Pinto. Figurino: Anne Cerutti. Assistente de Figurino: Luiza Spolti. Cenografia: Rebeca Oliveira. Cenotécnico: Evas Carreteiro. Equipe Cenotécnica: Alexandre Zimbarde, Roberio Araujo Barbosa, Sergio Sasso e Sergio Murilo. Assistente de Objetos: Mikaella Rodrigues. Trilha Sonora: Elias Andreato. Operador de luz: Guilherme Orro. Operador de Som: Eder Sousa. Fotos: Ronaldo Gutierrez e Karina Martins. Programador Visual: Rafael Oliveira. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Assistente de Produção: Rebeca Oliveira. Relações Públicas: Cynthia Rabinovitz. Coordenação de Comercialização para Grupos: Selene Marinho. Produtor Executivo: Marcelo Ullmann. Diretor de Produção: Cesar Baccan. Técnica de Palco: Lúcia Rosa. Produção: Baccan Produções e Kavaná Produções.


Serviço
Espetáculo "O Nome do Bebê".
Teatro Faap. Rua Alagoas, 903 - Higienópolis/São Paulo. De 12 de janeiro a 3 de março. Sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h. Ingressos: R$ 80 às sextas e sábados e R$ 100 aos domingos. Vendas: https://teatrofaap.showare.com.br/Default.aspx?EVENTID=182&trk_eventId=182. Classificação: 12 anos. Duração: 90 minutos

.: Prestes a estrear, "Meninas Malvadas: o Musical" ganha trailer inédito


A poucos dias da estreia no Brasil, “Meninas Malvadas” ganhou um novo trailer. A prévia mostra mais detalhes sobre o longa estrelado por Reneé Rapp, Angourie Rice e Christopher Briney. Adaptado do musical de sucesso da Broadway, o enredo conta sobre a chegada de Cady Heron (Angourie Rice) ao topo da cadeia social do grupo das garotas populares chamado de “As Patricinhas”, liderado por Regina George (Reneé Rapp) e suas amigas Gretchen (Bebe Wood) e Karen (Avantika). 

Entretanto, quando Cady comete o erro de se apaixonar pelo ex-namorado de Regina, Aaron Samuels (Christopher Briney), ela se torna a sua principal inimiga. Conforme Cady planeja destruir o grupo das Patricinhas com a ajuda de seus amigos Janis (Auli’i Cravalho) e Damian (Jaquel Spivey), ela tenta se equilibrar entre manter sua essência e enfrentar a selva mais perigosa de todas: o ensino médio. 

Alguns rostos conhecidos do público voltam para essa versão, como Tina Fey, que interpreta a professora Norbury e também assina o roteiro do longa, e Tim Meadows, no papel do diretor Duvall. Entre os novos atores, além do elenco principal, estão Jon Hamm, Jenna Fischer, Busy Philipps e Ashley Park. Distribuído nos cinemas pela Paramount Pictures, o filme é produzido pela Broadway Video e Little Stranger. As músicas são assinadas por Jeff Richmond com letras de Nell Benjamin. Com direção de Samantha Jayne e Arturo Perez Jr., “Meninas Malvadas” estreia em 10 de janeiro somente nos cinemas.


Assista no Cineflix
Filmes de sucesso como "Meninas Malvadas" são exibidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.

Trailer de "Meninas Malvadas"


.: "A Vida das Bonecas Vivas", de Dan Nakagawa, tem apresentação gratuita


Inspirado nas Living Dolls, o espetáculo de dança-teatro traz leitura contemporânea do butô e kabuki, tendo Helena Ignez como atriz convidada.


O espetáculo de dança-teatro "A Vida das Bonecas Vivas", concebido e dirigido por Dan Nakagawa, faz única apresentação no Teatro do Sesc Campinas, no dia 12 de janeiro, sexta-feira, às 20h00. Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados a partir das 18h00. A ficha técnica traz Helena Ignez como atriz convidada (participação gravada em vídeo), Bogdan Szyberde na provocação cênica, Lucas Vanatt como dramaturgista e Anderson Gouvea na coreografia e no elenco ao lado de Alef Barros, Gui Tsuji, Henrique Hadachi e Vivian Valente.

Em um lugar atemporal, o enredo fala de pessoas que precisam existir de forma oculta. Borrando as fronteiras entre dança, teatro e performance, Dan Nakagawa traz para o espetáculo a mesma desconstrução do olhar normatizante em relação à sexualidade, gênero, expressão artística e, principalmente, ao modo a expandir e discutir as novas formas de existência que estão além dos padrões estabelecidos. 

Com estética recheada de referências do butô, do kabuki e da dança contemporânea, "A Vida das Bonecas Vivas" parte do movimento das Living Dolls para tratar de existências humanas à margem de uma sociedade que cerceia a diversidade e a subjetividade. A encenação surge como uma resposta-celebração para uma existência possível no mundo patriarcal e embranquecido.

"A Vida das Bonecas Vivas" é inspirado na comunidade global Living Dolls, na qual homens se vestem com máscaras, roupas de silicone e seios protéticos a fim de se transformarem em bonecas vivas. Surgido nos anos 80, atualmente o movimento tem mais adeptos na Alemanha, Reino Unido e EUA. A montagem investiga questões existenciais, de identidade, filosóficas e artísticas na construção psíquica da personalidade em busca de um duplo como forma de transcender a própria existência. E, pelas sutilezas, tensões cênicas e subjetivas, revela a maneira como a instauração dessa nova persona afeta a identidade e, por consequência, a dança do corpo transformado.

A encenação ocorre em um ambiente que imprime a ideia de sonho. Os atores-bailarinos-performers são envolvidos por atmosferas lúdicas nas quais a cor branca sugere o infinito. O figurino remete à vestimenta plastificada da cultura living dolls, trazendo uma mobilidade contida para os corpos e, ao mesmo tempo, conferindo-lhes uma estética ora lírica, ora grotesca e ora bufônica. A trilha sonora também é criação de Nakagawa para o diálogo direto com as coreografias.

O encenador afirma que o espetáculo faz uma incursão nesse universo, partindo da pesquisa dos movimentos e das gestualidades desses homens em seus trajes de borracha, como uma “segunda pele”, fisicamente restritivos, mas libertadores ao possibilitar uma nova persona. O diretor conta que buscou elementos em sua ancestralidade oriental para construir a estética das cenas. “Fui buscar caminhos na expressão e intensidade do butô, no qual o ‘estado’ de dança passa pela necessidade da morte para o renascimento, e visitei o kabuki, com sua dramaticidade fluida em canto, dança e expressiva maquiagem, para chegar com liberdade a um conceito mais pop, mais contemporâneo, nesse híbrido de dança e teatro, onde movimentos e sons geram os estados físicos no performer”, afirma Dan, e explica ainda que o texto é coreografado, que a palavra é resultado do estado físico desses performers em cena.

Segundo o diretor, as personagens de A Vida das Bonecas Vivas vão ao encontro de sua sombra, de seu duplo, tendo por base conceitos da psicanálise como o "estranho-familiar", de Sigmund Freud, o "nosso outro no espelho", de Jacques Lacan, o ‘retornar a si pela experiência do outro’, de Antonin Artaud. Ele conta que usou também como referência os trabalhos do dramaturgo e coreógrafo grego Dimitris Papaioannou, da companhia de dança Cena 11 e do performer e coreógrafo japonês Hiroaki Umeda para trazer à tona perspectivas de um renascimento identitário que transponha os limites do engessamento social e dos papéis desempenhados diariamente.

"A Vida das Bonecas Vivas" teve sua pré-estreia em apresentação remota pelo YouTube, em novembro de 2020, devido às restrições impostas pela pandemia, permanecendo on-line por três meses, até março de 2021. Em 2023, a montagem circulou por unidades do Sesi São Paulo, passando pelas unidades de Ribeirão Preto, São José dos Campos e Campinas.

Esta apresentação no Sesc Campinas inicia circulação do espetáculo por cidades paulistas, viabilizada pelo Edital nº 02/2023 – Teatro / Circulação de Espetáculo do ProAC - Programa de Ação Cultural, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.


Ficha técnica
Espetáculo "A Vida das Bonecas Vivas". Direção e dramaturgia: Dan Nakagawa. Provocação cênica: Bogdan Szyber. Dramaturgismo e assistência de direção: Lucas Vanatt. Atriz convidada (vídeo-gravação): Helena Ignez. Elenco - atores bailarinos e atriz bailarina: Alef Barros, Anderson Gouvea, Gui Tsuji, Henrique Hadachi e Vivian Valente. Trilha sonora: Dan Nakagawa. Coreografia e preparação corporal: Anderson Gouvea. Figurino: Alex Leandro de Souza. Cenografia, maquiagem, visagismo e contrarregragem: Rafaela dos Santos Gimenez. Direção de produção: Adriana Belic. Assistência de direção produção: Mili Slikta. Produção executiva: Arthur Maia. Núcleo Artístico: Sambecktt Arte.Cultura. Fotografia: Dani Sandrini. Social media: Platea Comunicação. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Gestão de produção e agenciamento: Belic Arte Cultura.


Serviço
Espetáculo "A Vida das Bonecas Vivas". Dias 12 de janeiro de 2024 - Sexta, às 20h. Ingressos: Grátis – Retirar na Loja Sesc a partir de 2hs antes do espetáculo. Duração: 80 min. Classificação: 16 anos. Gênero: Dança-teatro. Local: Teatro (374 lugares). Acessibilidade: Sim. Sesc Campinas. Rua Dom José I, 270 - Bonfim / Campinas. Telefone: (19) 3737-1500 | sescsp.org.br

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

.: Crítica: "Wish: O Poder dos Desejos" resgata essência encantadora da Disney

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em janeiro de 2024


Para celebrar os 100 anos da famosa Disney, a animação "Wish: O Poder dos Desejos" chega para resgatar a essência encantadora dos estúdios que impactaram -e continuam impactando- a infância de tantas e tantas pessoas ao redor do mundo. A produção dirigida por Chris Buck e Fawn Veerasunthorn, apresenta a história da jovem Asha (Luci Salutes, voz da Fada Azul de "Pinóquio", 2022), habitante do Reino Mágico de Rosas que mora com a mãe, Sakina (Letícia Soares, voz de Tyesha Hillman em "Ms. Marvel") e o avô, Sabino (Carlos Campanile, voz de Odin em "What If...?") que completa 100 anos justamente no dia escolhido pelo Rei Magnífico (Raphael Rossatto, voz de Peter Quill/Senhor das Estrelas, em "Guardiões da Galáxia") para, diante do povo, escolher e realizar um desejo que guarda num salão especial do castelo.

Contudo, a jovem de 17 anos que está prestes a se tornar assistente do rei descobre certa manobra feita por ele em relação aos desejos que mantém confinados por magia, o que, inclusive, tira a chance de tornar real o desejo de seu avô. Indignada, Asha desperta uma estrelinha mágica misteriosa que, meio atrapalhada, desfia completamente um macacão de dormir na cor vermelha, numa floresta que remete aos clássicos, "Cinderella", "Branca de Neve" e "A Bela Adormecida" e, por vezes, estampa árvores de galhos torcidos como "Tarzan" ou outros mais finos, pendurados, que lembram a vovó Willow, de "Pocahontas".

Extremamente forte, a estrela faz os animais da floresta falarem e terem ideias, assim como o bode Valentino (Marcelo Adnet, voz de Mauricinho em "O Grande Mauricinho"), parceiro de aventuras de Asha. Enquanto tenta enfrentar a decisão do ser superior, o rei, a jovem solta a voz em canções que complementam o desenrolar da trama que é recheada de referências a cenas e personagens das mais de 60 animações produzidas pela Disney. 

A forma de Ariel e Bela pegarem nos cabelos soltos, se repete com Asha, assim como o balançar dos fios das madeixas ao vento que remetem ao da Pocahontas. Até a aparência dos personagens pode ser apontada. Dois amigos de Asha, Simon e Dario, lembrar Christoff e Hans de "Frozen", inclusive o avô de Asha carrega uma semelhança grande com o Miguel de "Viva: A Vida é Uma Festa", mas na terceira idade. Há ainda uma amiga da mocinha que lembra a Abby de "Red: Crescer é Uma Fera", assim como a amiga Hal tem similaridade com a mãe de Ethan em "Mundo Estranho". Até quando Asha lembra dela com o pai numa árvore, ali está o perfil, ao longe, do senhor Incrível, de "Os Incríveis".

Muitos dos passos de dança de Asha, num número musical, são iguais ao de Esmeralda em "O Corcunda de Notre Dame""Wish: O Poder dos Desejos" garante também breves cenas, num dos musicais que em muito se parece com "À Vontade (Seja a Nossa Convidada)", de "A Bela e a Fera", além inserir rapidamente, em outro momento, uma rosa trancada num vidro. Até os vestidos na cor rosa de "A Bela Adormecida" e de "Cinderella", aparecem. Para não chamar a atenção do rei e seus homens, Asha até coloca uma capa azul igual a da fada madrinha de "Cinderella". Acredite há muito, muito mais a ser apontado ao longo de 1h32 de duração.

"Wish: O Poder dos Desejos" é poderoso, não por somente entregar um recapitula das produções criadas ao longo de 100 anos -aos adultos é divertido identificar cada cena, traços de personagens ou atitudes vistos anteriormente-, mas por deixar claro que desejar é uma liberdade de todos, uma vez que tudo está conectado! Até o próprio Peter Pan para uma pontinha diante da fonte do Reino Mágico de Rosas, com a localização que também remete a do reino de "A Nova Onda Imperador".

Como não sentir um arrepio ao ouvir o instrumental do tema da Disney, "When You Wish Upon a Star", da animação "Pinóquio" (1940) e "Cinderella" fazendo parte da trilha sonora da produção centenária? É pura emoção! Vale destacar que durante os créditos, personagens Disney são contornados pela magia da estrela, assim como há uma pequena cena pós-créditos com o avô de AshaA mensagem que celebra o centenário da Disney é emocionante e cativante. "Wish: O Poder dos Desejos" é uma linda animação imperdível, para ser revista!

Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link. Compre seus ingressos no Cineflix Cinemas Santos aqui: vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm 


"Wish: o Poder dos Desejos" ("Wish"). Ingressos on-line neste linkGênero: animaçãoClassificação: livre. Duração: 1h32. Ano: 2024. Idioma original: inglês. Distribuidora: Walt Disney Studios. Direção: Chris Buck e Fawn Veerasunthorn. Roteiro: Jennifer Lee, Allison Moore e Chris Buck. Elenco brasileiro: Luci Salutes (Asha), Raphael Rossatto (Rei Magnifico), Marcelo Adnet (Valentino), Shallana Costa (Rainha Amaya), Carlos Campanile (Sabino), Letícia Soares (Sakina), Maíra Paris (Dahlia) e Vagner Fagundes (Simon)Sinopse: no reino mágico de Rosas, Asha faz um desejo tão poderoso que é atendido por uma força cósmica: uma pequena esfera de energia ilimitada chamada Star. Juntas, Asha e Star enfrentam um inimigo formidável: o governante de Rosas, Rei Magnifico. Elas fazem de tudo pra salvar a comunidade e provar que muitas coisas maravilhosas podem acontecer.

Trailer de "Wish: o Poder dos Desejos"

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.: "Portas Ao Vivo": Marisa e um Monte de hits ao vivo


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Leo Aversa.

Ao sair em turnê para divulgar seu mais recente álbum de estúdio, Marisa Monte pôde vivenciar o calor humano que as plateias dos shows proporcionavam, depois de um período de hiato forçado em função da pandemia. E foi pensando nisso que ela acabou decidindo registrar essas apresentações em um disco intitulado "Portas Ao Vivo", para que os fãs pudessem ter uma amostra de seu momento atual e de sua ótima performance ao vivo.

Foram 150 shows em 80 cidades para mais de 500 mil pessoas, passando pela Europa, Estados Unidos e América Latina, além da imensidão do Brasil.  O show do CD foi gravado no Rio de Janeiro, na Arena Jockey, em outubro de 2022.

A excelente banda de apoio contou com Dadi Carvalho (baixo, guitarra e piano), Davi Moraes (guitarra), Pupillo (bateria), Pretinho da Serrinha (percussão e vocais), Chico Brown (teclados e guitarra), Antonio Neves (trombone e arranjo de metais), Eduardo Santanna (trompete e flugelhorn) e Oswaldo Lessa (sax e flauta).

A adição dos metais na banda deu um colorido interessante para as canções, mesmo nas mais conhecidas de seu repertório, como "Maria de Verdade", "Na Estrada" e "Ainda Lembro". De uma certa forma, os arranjos ficaram mais encorpados, preenchendo os espaços vazios. Da produção mais recente, Marisa canta "Portas", 'Quanto Tempo" e "A Língua dos Animais". Tem ainda a participação especial de Jorge Drexler que canta com Marisa a balada "Vento Sardo".

Marisa também resgata algumas canções conhecidas como "Doce Vampiro" (em homenagem a Rita Lee), "A Lua e Eu" (de Cassiano), "Lamento Sertanejo" (de Gilberto Gil e Dominguinhos, cantada em dueto com Waldonys), "A Vida de Viajante" (de Gonzaguinha, que gravou originalmente com seu pai, Luiz Gonzaga) e "Felicidade" (de Lupicínio Rodrigues).

Olhando com atenção a sua discografia, percebemos que Marisa Monte nem precisava lançar novo álbum ao vivo. Mas podemos dizer que esse CD "Portas ao Vivo" corresponderá aos anseios dos fãs, especialmente aqueles que não conseguiram estar presentes nos shows. Vale muito a pena a audição.

 "Portas"

"Maria de Verdade"

"Doce Vampiro"

.: 60 anos: obra de Carlos Drummond de Andrade volta em edição especial


Lançado originalmente em 1962, "Lição de Coisas" escrito por Carlos Drummond de Andrade retorna ao catálogo da editora José Olympio em edição de colecionador, em capa dura, com projeto gráfico renovado, nova fixação de texto e conteúdo extra. A publicação traz também quatro poemas e reprodução fac-símile de uma dedicatória do poeta itabirano para a mulher, Dolores, e outra para a filha, Maria Julieta, e sua família, além de uma crônica, que passaram a figurar na segunda edição da obra, de 1965. A capa da Casa Rex é uma releitura da assinada por Teresa Nicolao para a primeira edição.

Se o gosto de Drummond pela experimentação já se notava em poemas como “No Meio do Caminho”, de Alguma poesia, seu livro de estreia, neste Lição de coisas esse fazer se intensifica. A partir de provocações colocadas pelo concretismo, o poeta itabirano aqui se abre para explorar de maneira mais intensa forma e conteúdo – em especial, o conteúdo visual e sonoro –, “sem entretanto aderir a qualquer receita poética vigente”, como mineiramente se sublinha na nota da primeira edição.

As nove partes que compõem o livro – “Origem”, “Memória”, “Ato”, “Lavra”, “Companhia”, “Cidade”, “Ser”, “Mundo” e “Palavra” – representam os fundamentos da poética drummondiana: a terra, a família, as lembranças, os afetos, as amizades, as admirações, a consciência dos problemas do homem e dos perigos do mundo. Os poemas que aqui se encontram são dos mais conhecidos de Drummond: “O Padre, a Moça”, levado para o cinema pelo diretor Joaquim Pedro de Andrade, e “Para Sempre”, belo canto de louvor às mães que circula nas redes sociais sempre que se quer homenageá-las.

Esta nova edição reúne também em fac-símile uma dedicatória do poeta para a mulher, Dolores, e outra para a filha, Maria Julieta, e sua família; a reprodução da crônica “Livros Novos”, que Drummond publicou no jornal Correio da Manhã; e quatro poemas (“A Música Barata”, “Cerâmica”, “Descoberta” e “Intimação”), constantes, como inéditos, na Antologia poética do autor, publicada em 1962, e incluídos no "Lição de Coisas" a partir da segunda edição, lançada em 1965. Compre o livro "Lição de Coisas", de Carlos Drummond de Andrade, neste link. 


Sobre o autor
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 1902. Poeta, contista e cronista, foi autor, entre outros, de "Alguma Poesia", "Brejo das Almas", "Sentimento do Mundo", "Claro Enigma", "Fazendeiro do Ar" e "Fala, Amendoeira". É considerado um dos maiores nomes da poesia em língua portuguesa do século XX. Morreu no Rio de Janeiro, em 1987, aos 84 anos. Garanta o seu exemplar de "Lição de Coisas", escrito por Carlos Drummond de Andrade, neste link.

.: Biografia celebra os últimos anos de vida da escritora Virgínia Woolf


Em contraste com biografias convencionais que se debruçam sobre a vida pessoal do biografado, Herbert Marder escolheu uma perspectiva distinta para explorar a história de Virginia Woolf: tomou nota dos registros mais íntimos. Diários, cartas e a bibliografia woolfodiana serviram como base para "A Medida da Vida", que traz uma visão detalhada sobre os últimos dez anos vividos pela escritora.

O cerne da obra - agora em nova edição lançada pela Tordesilhas - explora a resistência literária de Woolf, as relações interpessoais complexas e os eventos políticos e históricos que a cercavam. Com uma narrativa perspicaz e fluída, o professor emérito de inglês na Universidade de Illinois ainda delineia a consciência de perigo pessoal que permeou as ações e percepções de Woolf nos anos que antecederam à Segunda Guerra Mundial.

Quanto ao desfecho da vida de Virginia, o biógrafo não insiste em encontrar explicação racional sobre o suicídio, e ressalta a importância do relacionamento da autora com a médica e prima Octavia Wilberforce. A segurança de sua ligação com Leonard (marido de Virgínia) voltou então a confortá-la: "Se não fosse pela divina bondade de L., quantas vezes eu deveria estar pensando na morte’, declarou ela, e deu consigo a repetir sobriamente: ‘Isso é que é felicidade’. Ela mesma tinha dito: ‘Se não sofresse tanto, não poderia ser feliz’." ("A Medida da Vida", p. 81)

Marder oferece uma perspectiva diferenciada sobre a trajetória de Woolf ao destacar a participação dela no cenário político, na luta contra a discriminação de gênero e convívio com o influente Círculo de Bloomsbury, constituído por intelectuais como T.S. Eliot, Roger Fry e Maynard Keynes, que se reuniam na residência da dama literária inglesa.

Com fotos, adendos e índice remissivo, A medida da vida oferece a oportunidade de compreender Virginia Woolf sob a ótica da própria autora. De maneira afetuosa, o livro apresenta o retrato de uma mulher atormentada por crises de depressão e pela frágil saúde mental, cujo brilhantismo literário permaneceu inabalável. Compre o livro "A Medida da Vida", de Herbert Marder, neste link.


Sobre o autor
Herbert Marder
é professor emérito de inglês na Universidade de Illinois. Nasceu em Viena e se mudou para os Estados Unidos durante a infância, fugindo do Holocausto, crescendo em Nova Iorque. Seu interesse por Virginia Woolf remete não apenas a estudos dedicados à escritora, mas também ao grupo de Bloomsbury, do qual ela fez parte, tendo publicado Feminism and Art: A Study of Virginia Woolf. Garanta o seu exemplar de "A Medida da Vida", escrito por Herbert Marder, neste link.

.: "Eletric Delta": Duca Belintani em novo álbum no Sesc Belenzinho


Guitarrista apresenta novo álbum "Eletric Delta" com participação de Otávio Rocha do Blues Etílicos. Foto: Jota Erre
 

O Teatro do Sesc Belenzinho recebe o guitarrista Duca Belintani neste domingo, dia 7 de janeiro, com ingressos de R$ 15,00 (credencial Sesc) a R$ 50,00 (inteira).  O músico apresenta o novo álbum "Eletric Delta" inspirado na viagem que fez ao Delta do Mississippi onde bebeu na fonte todos os sons da região. Para este show Duca apresenta músicas deste novo álbum como "Just an Old Man", "Whos Been Walking"  e  "Seven Dolars" além de outras de seus discos anteriores como: "Louisiana Blues" e "I'm Going Down in Mississippi".  

Guitarrista, professor e produtor, Belintani atua no mercado musical há mais de 35 anos. Nos anos 80 foi guitarrista da Banda Controle Remoto, com a qual lançou dois discos. Foi músico de apoio do cantor Kid Vinil por seis anos. E lançou seu trabalho CD solo "MPBlues" pela gravadora Eldorado, em 2000. Seis anos depois gravou "Conduzir", trabalho de blues fusion instrumental, e, em 2009, lançou "Cuíca", novo trabalho instrumental. Participou dos principais festivais de blues e da música instrumental brasileira. 

Foi colunista das revistas Acústico, Guitar Players, Cover Guitarra, Guitar Load e Free Guitar. É também autor da biografia Kid Vinil – Um Herói do Brasil lançada em 2015. No show é acompanhado de Benigno Sobral no baixo e Vinas Peixoto na bateria, e também conta com a participação especial de Otávio Rocha guitarrista da banda Blues Etílicos.


Serviço
Show Duca Belintani no Sesc Belenzinho. Domingo, dia 7 de janeiro de 2024, às 18h.  
Local: Teatro (374 lugares). Valores: R$ 50,00 (inteira); R$ 25,00 (meia-entrada), R$ 15,00 (credencial Sesc). Ingressos à venda no portal sescsp.org.br e nas bilheterias das unidades Sesc.  
Classificação: 12 anos. Duração: 90 minutos.  
 
Sesc Belenzinho 
Rua Padre Adelino, 1000 - Belenzinho / São Paulo. Telefone: (11) 2076-9700. sescsp.org.br/Belenzinho.

Estacionamento  
De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h.  Valores: credenciados plenos do Sesc: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional.  Transporte Público. Metro Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m).

.: "Feitiço de Soma", do coletivo de teatro Rainha Kong, estreia dia 10 no TUSP


A  dramaturgia da peça, escrita e publicada a partir da execução  de um projeto contemplado no edital ProAC nº 20/2019, busca analisar as  recepções da soropositividade em corpos brasileiros. O texto foi criado em processo com o dramaturgo Tiago Viudes, a  antropóloga Pisci Bruja e a atriz e sonoplasta Nãovenhasemrosto. Foto: Pedro Jorge Afrop


Estruturada como uma espécie de palestra em que eventos históricos relevantes vão se sobrepondo a experimentações musicais, "Feitiço de Soma", peça inédita da coletiva Rainha Kong estreia no TUSP Maria Antonia dia 10 de janeiro de 2024, com temporada até 4 de fevereiro. O projeto também prevê a realização de um ciclo de três debates públicos com datas, locais e participantes a definir. As conversas tem parceria da Coletiva Loka de Efavirenz, bem como com outres  pesquisadores e artistas que abordam o tema HIV/AIDS em seus trabalhos, com  a mediação de Pisci Bruja - membra da Coletiva Loka de Efavirenz.

Desde o início da epidemia de HIV/AIDS no Brasil, na década de 1980, a estigmatização sobre os corpos que convivem com o vírus é impactada diretamente pela ideia de que apenas pessoas pertencentes às comunidades LGBTQIAP+ e/ou pessoas racializadas como não-brancas possam contrair o  vírus - ideia midiaticamente estruturada naquela década, mas que encontra ecos até hoje.  É daí que parte Feitiço de Soma, obra criada em 2020 por Aleph Antialeph. "A peça compreende a história particular de alguém que recebeu o diagnóstico da soropositividade, mas ainda é sujeito da história dentro desse fluxo que se iniciou antes e que se prolonga para muito depois", conta Aleph.

Na peça, há uma subversão da ideia tradicional da palestra, fazendo com que uma fala por vezes verborrágica vá dando espaço a um feitiço que conclama todas as pessoas para a questão do HIV, muitas vezes colocada como um problema pessoal e carregada de estigmas, como a da sujeira e da depravação.


Sinopse
Duas performers se encontram num palco iluminado, recortado por um símbolo de “+”. Aleph Antialeph e Nãovenhasemrosto reúnem-se para uma palestra, na qual refletem sobre suas próprias trajetórias relacionadas ao HIV, retomando a história do vírus e da epidemia de AIDS - fatos históricos como a Operação Tarântula, deflagrada nos anos 80 no Brasil ou a suposta descoberta de G.D., comissário de bordo canadense intitulado como “Paciente Zero”, supostamente tendo trazido o vírus para a América do Norte. Um avião cai no espaço. A racionalidade da palestra é engolida pelo Feitiço de Soma. As duas palestrantes, agora agentes deste feitiço, performam magias para curar-se do vírus infectando todes.

A livre associação do HIV/AIDS com pessoas dissidentes da norma (sexual, de  gênero, classe e raça), em sua maioria bixas, pessoas trans e/ou racializadas como pretas, além de tentar construir um processo higienista que marca tais corpos enquanto “sujos”, corrobora também para um projeto de extermínio e criminalização deste recorte populacional. 

A situação se torna ainda mais complexa quando se percebe que as várias manifestações midiáticas que tem como objetivo combater os estereótipos do HIV/Aids acabam por ocultar a sorologia destes corpos que - mesmo permitida por lei -, ainda revela o medo social desse compartilhamento, um processo de invisibilização fomentado por anos de violência que repercutem ainda hoje.  

Não enquadrar o debate sobre HIV/AIDS enquanto um tópico de saúde pública, mas sim com a premissa de se tratar de uma doença que se difunde apenas dentro de uma população já marginalizada, reflete nas formas com que corpos soropositivos são assimilados socialmente.

Na obra, o feitiço busca criar uma espécie de contaminação, como se numa dinâmica que faça o problema deixar de ser encarado de modo individual e seja visto como algo coletivo. "Existem indícios do feitiço desde o começo da peça, como uma carta de tarô gigante do Mago no centro do palco", conta Aleph, reforçando que a obra vai aos poucos expondo elementos e signos que compõem a magia. Ao longo do trabalho, a DJ e produtora musical Nãovenhasemrosto, que está ao lado de Aleph no papel de uma interlocutora, traz elementos sonoros executados ao vivo na cena por Venus Garland (baterista) e Helena Menezes (baixista). 

A sonoplastia da obra existe desde uma mix-tape preparada por Nãovenhasemrosto ainda em 2020 e que contaminou a forma com que Aleph estava escrevendo a dramaturgia da peça. "Essa mix-tape é uma provocação não-bibliográfica ou textual que até foi publicada junto com o livro", diz Aleph.

A cena é composta ainda por danças executadas por Nata da Sociedade e oito TVs espalhadas no espaço que projetam gravações ao vivo, exibidas ao público em uma estética de VHS, além de sugerirem ações ao público por meio de uma função de teleprompter, já que a plateia é nomeada como a personagem Assistente durante a peça. 


Ficha técnica 
Espetáculo "Feitiço de Soma". 
Atuação: Nãovenhasemrosto e Aleph Antialeph. Dramaturgia: Aleph Antialeph. Direção e encenação: Vitinho Rodrigues e Jaoa de Mello. Preparação corporal: Helena Agalenéa. Iluminação: Felipe Tchaça. Sonoplastia: Nãovenhasemrosto. Figurino: Nilo Mendes Cavalcanti. Cenografia: Victor Paula. Assistente de cenografia: Rey Silva. Contrarregra: Nata da Sociedade. Baterista: Venus Garland. Baixista: Helena Menezes. Designer gráfico (identidade visual): Samuel Alves de Jesus. Fotografia (identidade visual): Pedro Jorge Afrop. Registro fotográfico e fílmico da peça: Noah Mancini. Vídeo streaming:  Vinicius Feitoza. Mediação dos debates públicos: Pisci Bruja. Assessoria de imprensa: Márcia Marques (Canal Aberto). Produção: Corpo Rastreado - Gabs Ambròzia.

Serviço
Espetáculo "Feitiço de Soma". 
TUSP Maria Antonia. Rua Maria Antônia, 294 - Vila Buarque/São Paulo. De 10 de janeiro a 4 de fevereiro de 2024. Quarta a sábado, 20h; domingo, 19h. Ingressos gratuitos. Classificação indicativa: 14 anos. Duração: 70 minutos.

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