sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

.: Entrevista: Frejat, entre o som elétrico e o acústico


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Leo Aversa

Desenvolvendo carreira solo, Roberto Frejat decidiu realizar um projeto que visava trazer suas canções para arranjos mais acústicos, mas sem se afastar por completo do chamado som elétrico. Unindo forças com o filho Rafael e o músico Maurício Almeida, ele fundou o Frejat Trio Eletroiacústico, com o qual vem se apresentando pelo país. E esse registro ao vivo já pode ser conferido nas plataformas de streaming.. Em entrevista para o Resenhando.com, Frejat conta como foi que surgiu a ideia e fala sobre seus planos para o futuro, incluindo um novo CD autoral. “Era um desejo antigo criar novas texturas musicais”.


Resenhando.com - Por que decidiu apresentar um repertório mais intimista ao invés de uma banda completa?
Frejat -
Eu vejo este show como uma versão aumentada do meu show de voz e violão, que eu vinha fazendo antes da pandemia. O projeto Frejat Trio Eletroacústico surgiu de um desejo antigo que eu tinha de criar novas texturas musicais para algumas das minhas músicas. Então, ele tem composições desses meus 40 anos de carreira, mas foram o Rafael Frejat e o Maurício Almeida que criaram, em grande parte, essas novas possibilidades. A sonoridade é acústica, mas também elétrica, como o nome indica.


Resenhando.com - Com esse projeto do trio, você pretende apresentar algo autoral novo ou apenas recriar canções já existentes?
Frejat - O Frejat Teio já está na estrada com esse repertório, que levamos algum tempo preparando e ensaiando. Já fizemos em várias cidades, mas queremos continuar levando o show Eletroacústico para muitos lugares no formato atual, que tem tido excelente repercussão. Mas nada impede que o repertório ganhe novas canções, futuramente.


Resenhando - Fale sobre a experiência de tocar com o filho. Como tem sido a convivência?
Frejat - Nós desenvolvemos uma relação muito gostosa de tocar com muita concentração, mas com muita alegria, e isso transparece para o público, dá um clima muito gostoso pro show. Rafael é muito talentoso: ele tem uma visão, uma capacidade enorme de prestar atenção em todos os detalhes. O talento do Rafael é indiscutível e as pessoas que assistem ao show percebem tudo isso, explicitamente.


Resenhando.com - Como estão os planos para novas apresentações?
Frejat - O Frejat Trio tem se apresentado em vários teatros: a sonoridade do show foi pensada para esse tipo de local, não para grandes espaços, como acontece com o Frejat ao Vivo, que faço com a minha banda. Esse EP, que já está nas plataformas, traduz muito bem a sonoridade do show.


Resenhando - Você tem planos para lançar mais um CD solo no futuro?
Frejat - Acabei de estrear um novo projeto, que é o Frejat em Blues, no PRIO Blues & Jazz Festival, aqui no Rio. Fizemos apenas uma apresentação do show, que reúne blues de compositores brasileiros: de Luiz Melodia e Angela RoRo a Djavan, passando por parcerias minhas com Cazuza. O próximo passo é levar esse show para outras praças da forma como ele foi feito, com uma super banda, vocais, naipe de metais, etc....



"Segredos"

"Meus Bons Amigos"

"Todo Amor que Houver Nessa Vida"

.: Crítica "A Musa de Bonnard" é delicadeza sobre Bonnard e Marthe

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em dezembro de 2023


A relação do pintor Pierre Bonnard e sua amada, Marthe de Meligny permeada pela arte é o foco em "A Musa de Bonnard". Longa exibido no Cineflix Santos, durante no Festival Varilux de Cinema Francês que soma perfeitas 2h02 de duração, entrega excelente roteiro, edição envolvente, uma fotografia de encher os olhos e um elenco que dá show de interpretação, tendo a dobradinha de Cécile de France ("Ilusões Perdidas") como Marthe de Meligny e Vincent Macaigne ("O Renascimento") em cena.

"A Musa de Bonnard" é um filme delicado que entrega amor, às vezes em excesso, não somente entre o casal de protagonistas -que chega a incluir terceiros e somar traição por uma das partes-, mas também pela arte da pintura que surge na observação de detalhes do cotidiano, estando num espaço bucólico ou na cidade. É encantador ouvir que o célebre Monet está chegando com a esposa para uma confraternização. 

Contudo, a produção distribuída pela California Filmes não deixa de retratar a vida boêmia do pintor e a influência que usufruía para viver de arte, por conta da descendência e das relações de amizades estabelecidas -cabendo aventuras amorosas com amigas. 

Nada sobra ou falta no longa dirigido por Martin Provost sobre o pintor da felicidade e da modelo, esposa e musa do artista. Não só nas reproduções das pinturas, mas as cenas exalam a claridade e a vida cercada pela natureza ou o tumulto da cidade na visão de Bonnard. Enquanto que Marthe de Meligny entrega a observação dos mínimos que a rodeia.

Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link. Compre seus ingressos no Cineflix Cinemas Santos aqui: vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm 

Filme: "A Musa de Bonnard" (Bonnard, Pierre et Marthe)
Diretor: Martin Provost
Gênero: romance, drama
Classificação: 14 anos
Ano de Produção: 2023
Idioma: Francês
Duração: 2h02
Distribuidora: California Filmes
Elenco: Cécile de France, Vincent Macaigne, Stacy Martin
Resumo: A vida do pintor francês Pierre Bonnard (1867-1947) e de sua esposa, Marthe de Méligny (1869-1942), ao longo de cinco décadas. O homem que seu país natal apelidou de “pintor da felicidade” não seria o pintor que todos conhecem sem a enigmática Marthe que sozinha ocupa quase um terço da sua obra…

Trailer de "A Musa de Bonnard"


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.: "O Mundo Depois de Nós", de Rumaan Alam, livro que inspirou filme da Netflix


Best-seller
do jornal The New York Times e finalista do National Book Award e do Orwell Prize, "O Mundo Depois de Nós", que chega às livrarias pela Intrínseca, é um suspense inteligente e provocativo sobre medos, desejos e tensões contemporâneos. Na obra, Rumaan Alam oferece uma narrativa ágil na qual os personagens vivenciam o que parece ser o fim do mundo como eles o conhecem sem terem real noção do que está acontecendo. A obra inspirou, traduzida no Brasil por Alberto Flaksman, inspirou o aguardado filme da Netflix estrelado por Julia Roberts, Mahershala Ali e Ethan Hawke.

Eleito livro do ano por veículos como The Washington Post, Time, Kirkus e The New Yorker, a obra - escrita antes da crise do coronavírus - parece antever o sentimento de pânico generalizado gerado pelo isolamento. Com um narrador onisciente, que contribui na construção da atmosfera e oferece informações graduais sobre os sinistros acontecimentos, e um humor refinado, toca em temas sensíveis, como desigualdade de classe, racismo e a nossa crescente dependência da tecnologia. 

O enredo tem início com a expectativa de uma típica família de classe média nova-iorquina de curtir uma semana de férias. Amanda e Clay alugam uma casa em um lugar remoto de Long Island e tudo que querem é um descanso da vida agitada que levam na cidade de Nova York. Eles anseiam por um tempo livre com os dois filhos adolescentes e por momentos de deleite na propriedade luxuosa. No entanto, uma batida na porta tarde da noite traz uma mudança inesperada. Eles se deparam com um casal em pânico, Ruth e G. H., que afirmam ser os proprietários. Esses estranhos alegam que um blecaute geral devastou a cidade e, sem outro lugar aonde ir, eles decidiram voltar para a casa de veraneio em busca de abrigo.

Sem sinal de TV, de internet ou rede de telefone, não há como checar a veracidade das informações. Amanda e Clay devem confiar nesse casal - e vice-versa? O que aconteceu em Nova Iorque? A casa de férias, isolada da civilização, é um local realmente seguro para ambas as famílias? E mais importante: eles estão a salvo uns dos outros?

Recomendado por Barack Obama, "O Mundo Depois de Nós" é um suspense psicológico original, narrado com maestria e uma voz envolvente, que traz o leitor para dentro da trama. Com uma visão perspicaz e provocativa, Rumaan Alam levanta questionamentos sobre raça, a obsessão da classe média por dinheiro e conforto, a ideia que fazemos de nós mesmos e a verdadeira conduta moral e ética diante da própria sobrevivência. Compre o livro "O Mundo Depois de Nós", de Rumaan Alam, neste link.


O que disseram sobre o livro
“Simplesmente de tirar o fôlego… Um livro extraordinário, ao mesmo tempo inteligente, envolvente e alucinante.” - The Observer

“O livro de uma era.” - The Independent


Sobre o autor
Rumaan Alam já publicou em veículos como The New Yorker, The New York Review of Books, Bookforum, The New York Times, New York Magazine e The New Republic. Também é autor de Rich and Pretty e That Kind of Mother. Com "O Mundo Depois de Nós", foi finalista do National Book Award e do Orwell Prize. Estudou em Oberlin College e mora no Brooklyn, Nova Iorque. Foto: David A. Land. Garanta o seu exemplar de "O Mundo Depois de Nós", escrito por Rumaan Alam, neste link.

.: Livro "Os Grandes Casos do Disque Denúncia" reúne casos emblemáticos


Experiente na cobertura da segurança pública no estado do Rio de Janeiro, Mauro Ventura acompanhou de perto o nascimento do Disque Denúncia, que desde sua criação, em 1995, recebeu quase 3 milhões de denúncias, que resultaram na prisão de mais de 20 mil bandidos e na apreensão de cerca de 42 mil armas e munições, além de 33 toneladas de entorpecentes. Após três anos de pesquisa minuciosa, o jornalista reúne as ocorrências mais emblemáticas dos 28 anos da política de segurança mais longeva do Rio em "Os Grandes Casos do Disque Denúncia", que chega às livrarias em novembro pelo selo História Real, da Intrínseca.

A obra foi concebida junto com Zeca Borges, amigo de Mauro Ventura e coordenador do serviço desde o início das operações até sua morte, em dezembro de 2021. “Orientado por Zeca, eu estava tranquilo. Ele não só conhecia as histórias de cabeça e tinha todos os contatos necessários como era um grande contador de casos. Lidava com os assuntos mais fúnebres e com o que havia de pior no ser humano, mas nunca se deixava contaminar”, revela Ventura.

Com pleno acesso ao banco de dados e à equipe do Disque Denúncia, Ventura não apenas reconstitui os crimes como também a experiência de quem os vivenciou de perto: atendentes do DD, parentes das vítimas, policiais envolvidos nas investigações e promotores públicos. “Eu sentia falta de um mergulho jornalístico mais profundo nos bastidores do serviço. Uma investigação que mostrasse o modus operandi de um trabalho marcado pelo sigilo, já que o anonimato não envolve somente os denunciantes - os próprios funcionários, por questões de segurança, escondem-se atrás de codinomes”, revela o autor, um dos “jornalistas-clientes” - profissionais da imprensa que recebiam informações em primeira mão.

O livro-reportagem é um relato dramático não só dos crimes e do impacto na vida das vítimas e suas famílias, mas também do cotidiano dos profissionais que trabalham no Disque Denúncia. A tensão, os lances heroicos, as vitórias e derrotas, além da dedicação da equipe do serviço ganham vida na narrativa de Mauro Ventura. Os bastidores de alguns dos casos mais representativos são revelados para o grande público: a maior apreensão de cocaína da história do Rio, a morte bárbara de uma criança de seis anos, uma chacina de inocentes por policiais corruptos, sequestros midiáticos, tentativas de fuga de prisão cinematográficas. Crimes solucionados graças ao DD - e à população, que aprendeu a confiar no serviço que jamais comprometeu o anonimato de um denunciante.

Conforme Ventura percebeu, o DD é visto pela sociedade como um canal de desabafo que pode receber qualquer tipo de assunto, de má prestação de serviço a denúncias de crimes, de protestos por conta de solicitações não resolvidas a confidências sobre depressão, de reclamações de barulho a contravenções em geral. Há uma fidelidade a ele. É como se fosse a última chance de dar certo. Nas palavras do atual coordenador, Renato Almeida, o Disque Denúncia é o “fio de esperança para o cidadão”. Compre o livro "Os Grandes Casos do Disque Denúncia", de Mauro Ventura, neste link.

Sobre o autor
Mauro Ventura começou a carreira como jornalista em 1985. Trabalhou como repórter, repórter especial, editor e colunista em veículos como Isto É, Jornal do Brasil e O Globo, onde assinou, de 2007 a 2018, a coluna “Dois Cafés e a Conta”. Com a reportagem “Tribunal do Tráfico”, venceu os prêmios Esso e Embratel. É autor do livro "O Espetáculo Mais Triste da Terra - O Incêndio do Gran Circo Norte-Americano", vencedor do prêmio Jabuti, e da coletânea de crônicas "PorVentura", além de coautor de "Diário de Uma Angústia - A Força da Escrita na Superação da Doença". É editor do site Testemunha Ocular, do Instituto Moreira Salles, dedicado à difusão e preservação do fotojornalismo brasileiro. Foto: Vantoen Pereira Jr. Garanta o seu exemplar de "Os Grandes Casos do Disque Denúncia", escrito por Mauro Ventura, neste link.

.: Sesc Belenzinho recebe Douglas Mam para show do álbum "Cine Solidão"


O disco é uma homenagem à sétima arte, onde Mam evidencia a tênue fronteira entre a vida real e a ficção, ao interligar suas memórias a obras emblemáticas do cinema. A apresentação tem como convidados especiais a cantora paraense Lívia Mendes e o  cantor e bandolinista sul-mato-grossense Jonavo. Foto: Visconde


"Cine Solidão", segundo disco autoral do cantor e compositor Douglas Mam, será apresentado, pela primeira vez em São Paulo, no teatro do Sesc Belenzinho, nesta sábado, dia 16 de dezembro, às 21h. Mam retorna ao palco da unidade quatro anos após lançar, no mesmo local, seu primeiro álbum, Fahrenheit – trabalho que trazia uma interlocução entre a música e a literatura. Agora, em "Cine Solidão", Mam apresenta um diálogo entre a música e o cinema, conectando suas canções a filmes icônicos que traduzem emoções e sentimentos vivenciados pelo artista. 

Na apresentação, o artista conduz o público a vivenciar a ambiência criada no disco. Para isso, entremeia as canções com samplers de citações de filmes icônicos como “São Paulo  Sociedade Anônima”, “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, “O Bandido da Luz Vermelha”, “Que Horas Ela Volta?”, nas vozes de artistas da cena paulistana que participaram do disco. São eles: Tatá Aeroplano, Mário Bortolotto, Mauro Schames, Daniel Perroni Ratto, Keila Ribeiro e Paulo César de Carvalho.  

No show, Mam ainda recebe as participações especiais da paraense Lívia Mendes (voz) e o sul-mato-grossense Jonavo (bandolim e voz), dois artistas que transitam entre o folk e o pop e que representam a música brasileira atual feita por representantes de outros estados fora do eixo Rio-São Paulo. Por fim, Mam reserva algumas surpresas de sua autoria como bônus no show. 


"Cine Solidão": um disco em três atos
O álbum foi concebido em meio ao distanciamento social imposto pelo contexto pandêmico, quando Mam experienciou reviravoltas e marcos pessoais importantes. O momento de ruptura, descobertas e recomeços, levou o artista a percorrer toda sua produção musical autoral, enquanto, paralelamente, revisitou filmes do cinema nacional e internacional, que o tocavam ou despertavam memórias. Tal processo o levou a identificar pontos de conexão entre suas músicas e o cinema, arte pela qual tem profunda reverência. 

Em um segundo momento, sentindo a necessidade de compartilhar esse processo criativo, convidou Lucas Gonçalves, Victor José, João Rocchetti e Rodrigo Cambará, para realizar a co-produção musical do álbum. Juntos com Mam testaram sonoridades, misturando estilos sonoros como o rock, o folk e o MPB. O resultado foi um disco em 3 atos, com nuances autobiográficas: nascimento, vida e morte - que alterna momentos de solidão, melancolia, esperança, exaustão, acolhimento e solitude. 

Douglas Mam ainda propôs um eco de vozes para ressoar os sentimentos experimentados pelo artista ao ter contato com cada obra cinematográfica abordada no disco. Assim, convidou artistas de diferentes linguagens artísticas (música, teatro, cinema e literatura) para declamar citações de trechos de filmes clássicos, que de algum modo traduziam partes da biografia do artista. O resultado foi um álbum dividido em três atos, que simboliza a trajetória recorrente às biografias humanas: infância, maturidade e a velhice.

O primeiro bloco de canções - "Monte Olimpo", "Amalgamar de Rosas" e "Trem de Papel" - tem um tom alusivo à infância e adolescência. “O tom às vezes onírico, outras lúdico, traz referências arquetípicas. É o material que molda e forma o ser humano: as primeiras experiências e descobertas, o olhar e atitude inocente, a imaginação, o primeiro amor, o novo, o espanto... O pano de fundo é bucólico e nostálgico. O passado em tons de sépia, como em uma fotografia antiga”. Explica, Douglas Mam. 

"Holerite", "Mão com Mão" e "Ventríloquo" compõem o segundo ato, para tratar de temas da vida adulta, como o trabalho, os relacionamentos amorosos, as rupturas, as escolhas, a reconstrução e o recomeço. Os impasses da maturidade também ficam explícitos, como é o caso da música "Ventríloquo", que apresenta dois momentos antagônicos: a citação do filme "O Curioso Caso de Benjamin Button" - “Você pode ficar revoltado com destino, pode xingar os deuses! Mas quando chegar hora, você tem que aceitar" - e o verso criado por Mam: “Se apaixone pelo destino.” 

No terceiro e último ato, o disco remete à velhice e aos movimentos que, normalmente, são inerentes a esse momento. A revisão da vida vivida, a consciência da finitude, o legado, a solidão e a busca pela solitude aparecem nas canções Tivemos um Talvez, Cine Solidão e É algo. Essa última traz uma citação pinçada por Mam do filme "O Bandido da Luz Vermelha" e que remonta seu próprio entendimento sobre a vida: “Sozinho a Gente Não Vale Nada”. 


Douglas Mam
O cantor, compositor, arranjador e poeta paulistano, lançou, em 2019, Fahrenheit, seu primeiro disco solo, que convergia literatura e poesia para sua obra musical e teve produção musical de Juliano Gauche. Antes disso, o músico, compositor, arranjador e poeta passou por diversas bandas da capital, como "Os Babilaques", "Dondoka Junkie", "Os Pilotos", entre outras. Ainda em 2019 criou o festival "Era Uma Vez no Oeste". 

Além de idealizador, atuou como curador e diretor de produção do evento, que tinha o objetivo de celebrar aqueles que pavimentaram o folk nacional e, ao mesmo tempo, ser uma lente de aumento para a cena independente do estilo – mais de 30 artistas se apresentaram em suas 9 edições. Entre 2020 e 2022, com o advento da pandemia, Mam passou por um período introspectivo onde revisitou composições de seus 20 anos como músico. Esse processo culminou em seu segundo disco "Cine Solidão", que homenageia o cinema e será lançado em 2023. 


Ficha técnica do show 
"Cine Solidão". Douglas Mam (voz e violão). João Rocchetti (teclados). Victor José (guitarra). Klaus Sena (baixo). Guib Silva (bateria). Ivan Marcio (gaita). Participações especiais: Jonavo(bandolim e voz) e Lívia Mendes (voz). 

Serviço
Show “Cine Solidão”, de Douglas Mam (Participações especiais Lívia Mendes e Jonavo). Dia 16 de dezembro de 2023. Sábado, às 21h. Local: Teatro (374 lugares). Ingressos: R$ 50,00 (inteira); 25,00 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública com comprovante) e R$ 15,00 (credencial plena do Sesc - trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes. Ingressos disponíveis pelo portal Sesc SP (www.sescsp.org.br) a partir de 05 de dezembro, às 17h e nas bilheterias das unidades do Sesc a partir de 06 de julho, às 17h.  Recomendação etária: 12 anos. Duração: 90 minutos. Sesc Belenzinho. Rua Padre Adelino, 1000. Belenzinho / São Paulo. Telefone: (11) 2076-9700. www.sescsp.org.br/belenzinhoEstacionamento. De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h. Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional. Transporte Público. Metro Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m). 

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

.: Crítica: "O Sequestro do Voo 375" é filmaço brasileiro imperdível

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em dezembro de 2023


"O Sequestro do Voo 375" é o tipo de filme nacional, de muita qualidade, que nos enche de orgulho do cinema brasileiro. Ágil e surpreendente -mesmo contando uma história verídica-, a produção dirigida por Marcus Baldini, coloca o público sentadinho e totalmente agarrado nas poltronas dos cinemas, do início ao fim, e, a cada cena de pura apreensão, permite, no máximo, o roer das unhas. 

O thriller apresenta o caso de 29 de setembro de 1988, quando o passageiro maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição (Jorge Paz), de 28 anos, no voo 375, que partiu do Aeroporto Internacional de Porto Velho, em Rondônia, com destino ao Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, sequestra a aeronave da extinta VASP para matar o Presidente da República da época, José Sarney, no Palácio do Planalto.

Revoltado com a situação financeira por conta da inflação e ter perdido o emprego, sem poder mandar dinheiro para a mãe e a filha no Maranhão, num ato terrorista, Nonato portando uma arma, sequestra 98 passageiros e sete tripulantes. Ensandecido, ele que trabalhava de pedreiro e foi tratorista, coloca todos a bordo em risco, alimentando a possibilidade de abate do Boeing pela Força Aérea Brasileira. 

É inegável a qualidade da produção que entrega uma narrativa sem defeitos que constrói uma crescente  apreensão com a sonoplastia no ponto, principalmente tendo o apoio da personagem de Roberta Gualda, Luzia, enquanto que há em grande parte do longa, a dobradinha espetacular dos atores Jorge Paz ("Marighella") e Danilo Grangheia ("O Roubo da Taça"), interpretando Nonato e Murilo, respectivamente, transparecendo todo o nervosismo diante do caso chocante que resulta com morte. 

A estrutura do longa com roteiro de Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque é simplesmente impecável,  entregando tensão desesperadora para quem está diante da telona assistindo a toda encenação. Com uma trilha sonora, incluindo Cazuza, além de menções aos Titãs, por exemplo, "O Sequestro do Voo 375" só deixa a desejar no quesito efeitos especiais, principalmente na cena da falha numa turbina ou no pouso, quando há fricção entre a pista e os pneus. No entanto, nem isso tira o brilho do filmaço.

Em "O Sequestro do Voo 375" ainda estão Juliana Alves ("A Comédia Divina"), como Claudia, que é capaz de tirar lágrimas do público perto do desfecho. Gabriel Godoy ("Tire 5 Cartas") que consegue mostrar a versatilidade de um verdadeiro camaleão como o delegado Rodrigues. Diego Montez entrega carisma com o personagem Rafael. Enquanto que há firmeza de um autêntico militar, no Brigadeiro Bastos, de Adriano Garib, além de César Mello, Wagner Santisteban, Johnnas Oliva, Claudio Jaborandy e Arianne Botelho. 

Todo o elenco do filme é simplesmente estupendo, uma vez que nitidamente dão um show de atuação e completa harmonia, fisgando o público automaticamente. A produção distribuída pela Star Distribution Brasil ainda oferece a informação surpresa de que entre os itens encontrados no QG de Osama Bin Laden, quando foi morto em 2011, havia recortes jornalísticos sobre caso brasileiro. Relacionando então, o caso brasileiro, com os dezenove terroristas que sequestraram quatro aviões comerciais de passageiros em 11 de setembro de 2001. "O Sequestro do Voo 375" é um filmaço brasileiro imperdível!

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"O Sequestro do Voo 375" (nacionalIngressos on-line neste link
Gênero: drama, ficção
Classificação: 14 anos
Duração: 1h40
Ano: 2023
Idioma: português
Distribuidora: Star Distribution Brasil
Direção: Marcus Baldini
Roteiro: Lusa Silvestre, Mikael de Albuquerque
Elenco: Jorge Paz, Danilo Grangheia, Roberta Gualda, Cesar Melo
Sinopse: Em 1988, o trabalhador Nonato se rebela contra o presidente e as dificuldades de um país em crise e orquestra o sequestro de um voo comercial para um atentado ao Palácio do Planalto. Murilo, o piloto do avião, se vê responsável pela vida de mais de 100 pessoas a bordo e, mesmo com toda a tensão criada pelo sequestrador, executa a manobra mais impressionante de sua carreira, mudando a história da aviação. Baseado em uma história real.


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.: Crítica: "Um Amor de Domingo" reflete sobre o quanto a vida é cíclica

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em dezembro de 2023


A produção italiana "Um Amor de Domingo" (La quattordicesima domenica del tempo ordinario), dirigida por Pupi Avati ("Casa Com Janelas", "O Senhor Diabo") é um drama que começa como um recorte da vida de dois amigos, Marzio e Samuele. Contudo, a chegada de Sandra na história dá ritmo para que tudo passe a acontecer de modo crescente para o desfecho surpreendente. Ainda mais que para o protagonista Marzio (Gabriele Lavia), tudo na vida começou em um lugar especial em Bolonha, entre Via Saragoça e Viale Audinet, onde, logos após a guerra, um cara chamado Romoli tinha uma barraca de sorvete. Era um lugar onde qualquer coisa que você sonhava, se tornava realidade. 

Em meio a despedidas e reencontros nos anos 70, "Um Amor de Domingo" é formado pelas saudades do trio Marzio, Samuele e Sandra. Uma vez que as escolhas tomadas os colocaram em caminhos distintos, após 35 anos, seja para a dupla musical ou entre o casal Marzio e Sandra ou Samuele e Sandra. Assim, pode-se dizer que "Um Amor de Domingo" é um filme sobre o quanto a vida consegue ser cíclica e, fatalmente, inserir o passado no presente, de certa maneira.

"Um Amor de Domingo" faz parte do Festival de Cinema Italiano no Brasil 2023 e pôde ser assistido gratuitamente, até 9 de dezembro, no site festivalcinemaitaliano.com. Vale a pena conferir esse lindo drama!

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm 


"Um Amor de Domingo(La quattordicesima domenica del tempo ordinario)
Gênero: drama
Classificação: 16 anos
Duração: 1h38
Ano: 2023
Idioma: italiano

Direção: Pupi Avati
Roteiro: Gabriele Salvatores
Elenco: Gabriele Lavia, Edwige Fenech, Massimo Lopez, Lodo Guenzi, Camilla Ciraolo
Sinopse: Drama que se passa em Bolonha, nos anos 70. Marzio, Samuele e Sandra são jovens cheios de sonhos e formam a banda musical "I Leggenda". Enquanto buscam o sucesso, eles enfrentam desafios pessoais e uma reviravolta inesperada em suas vidas. Acabam produzindo apenas uma única música: “La Quattordicesima Domenica del Tempo Ordinario”. Trinta e cinco anos depois, eles se reencontram e precisam lidar com as consequências de suas escolhas passadas. O filme é uma história de amizade, sonhos e nostalgia, permeado pela música e pelos altos e baixos da vida. Uma síntese do cinema de Avati, permeado por música, melancolia e com o toque irônico que o caracteriza.


Trailer de "Um Amor de Domingo"


.: "Aquaman 2: O Reino Perdido" estreia no Cineflix Cinemas. Não perca!

A unidade Cineflix Cinemas, localizada no Miramar Shopping, bairro Gonzaga, em Santos, o Cineflix Santos, estreia na quarta-feira, dia 20 de dezembro, a sequência do herói das águas, "Aquaman 2: O Reino Perdido". No longa distribuído pela Warner Bros. Pictures Brasil, Aquaman enfrentará o agora mais temível do que nunca, Arraia Negra, que detém o poder do mítico Tridente Negro e sua ancestral força malévola. Contudo, para derrotá-lo, Aquaman recorrerá a seu irmão Orm, o ex-Rei da Atlântida, para forjar uma aliança improvável. Juntos, eles vão ter que deixar de lado suas diferenças para proteger seu reino, salvar a família de Aquaman e o mundo da irreversível destruição. 

De volta a seus personagens originais, Jason Momoa interpreta Aquaman/Arthur Curry, que agora divide seu tempo entre seus deveres como o Rei de Atlântida e como pai; Patrick Wilson é Orm, meio-irmão e inimigo de Aquaman, prestes a assumir um novo papel como aliado relutante do irmão; Amber Heard é Mera, rainha da Atlântida e mãe do herdeiro do trono; Yahya Abdul-Mateen II é Arraia Negra, mais determinado do que nunca a vingar a morte de seu pai, destruindo Aquaman, sua família e Atlântida; e Nicole Kidman como Atlanna, líder feroz e mãe com o coração de uma guerreira. 

Dolph Lundgren e Randall Park também voltam aos seus papeis de Rei Nereus e Dr. Stephen Shin, respectivamente.  Dirigido por James Wan, Aquaman 2: O Reino Perdido tem produção de Peter Safran, Wan e Rob Cowan. Os produtores executivos são Galen Vaisman e Walter Hamada.  O roteiro foi escrito por David Leslie Johnson-McGoldrick, a partir do argumento de James Wan & David Leslie Johnson-McGoldrick e Jason Momoa & Thomas Pa'a Sibbett, baseado nos personagens de “Aquaman”, da DC, criado por Paul Norris e Mort Weisinger. Aproveite e compre os ingressos antecipados aqui: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.

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"Aquaman 2: O Reino Perdido" ("Aquaman 2"Ingressos on-line neste linkGênero: ação, fantasiaClassificação: 12 anos. Duração: 2h04. Ano: 2023. Idioma: inglês. Distribuidora: Warner Bros. Pictures Brasil. Direção: James Wan. Roteiro: David Leslie Johnson. Elenco: Jason Momoa (Aquaman), Patrick Wilson (Mestre do Oceano), Amber Heard (Mera), Yahya Abdul-Mateen II (Manta Negra), Nicole Kidman (Atlanna), Indya Moore (Karshon), Willem Dafoe (Nuidis Vulko)Sinopse: Assim que um antigo poder é libertado, Aquaman deve forjar um perigoso acordo com um aliado improvável para proteger Atlântida e o mundo de uma devastação irreversível.

Sala 4 (dublado) - Em cartaz 20 de dezembro15h40
Sala 4 (legendado) - Em cartaz 20 de dezembro18h20 - 21h00

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