Espetáculo com grande repercussão de crítica e público está em cartaz no Pequeno Ato. Foto: Victor Otsuka
Criada no intenso ano de 2016 quando as manifestações tomavam as ruas, a falta de escuta, o discurso de ódio e os riscos da polarização política ganhavam força, o espetáculo 11 Selvagens está em cartaz no Teatro Pequeno Ato. Sessões às sextas e sábados, às 21h, 1º de outubro.
A montagem imersiva de Pedro Granato, coloca atores e público lado-a-lado em cenas que explodem em impulsos de violência. Desde que estreou em 2017, o Brasil vem aumentando a temperatura e a violência de seus embates. Nas últimas temporadas, a peça e os debates que se seguiam após a apresentação, serviram de válvula de escape para as enormes tensões políticas dos últimos anos. Agora, a montagem retorna em um ambiente mais hostil estimulado pelas campanhas eleitorais.
Sobre a importância de fazer o espetáculo em pleno período eleitoral Pedro Granato comenta: “A peça fala muito da intensa e violenta polarização, do crescimento do extremismo, da violência corroendo nossas relações e de como esse momento de ascensão autoritária no Brasil foi tomando conta da sociedade. Nossas temporadas foram muito marcantes, pois foram em períodos de intenso debate político. A peça ficou praticamente um ano em cartaz em 2017 e então passamos pelo Teatro de Arena na época da prisão do Lula, fizemos uma temporada entre o primeiro e o segundo turno das eleições presidenciais em 2018, circulamos pelo interior do estado em pleno país polarizado. Tivemos sempre uma resposta muito forte do público, que é atravessado pelo momento histórico. É muito simbólico estar em cartaz antes do segundo turno das eleições presidenciais. Nossa última temporada foi interrompida pela pandemia e vai ser nossa volta ao Pequeno Ato agora que todos estão mais seguros.”
Da violência à sensualidade, do absurdo ao trivial, são onze quadros interligados como uma camada de sociabilidade que pode rapidamente ser rompida em nossos dias. As cenas se desenrolam como se a plateia estivesse na mesma situação dos atores. Algumas geram reações, em outras o espectador é cúmplice e voyer. Cada quadro é levado ao paroxismo e quando parece não haver mais para onde ir, a música toma o ambiente e os atores extravasam em coreografias.
O trabalho é hiper-realista, com o público imerso, como em um close detalhado de cada cena. Sua estrutura fragmentada com quebras musicais é inspirada nos quadros brechtianos em que cada um faz sentido isolado, mas sua conexão permite diferentes interpretações. A quebra musical dá agilidade à narrativa e permite uma explosão estética para além da verossimilhança. Histórias em que a plateia se identifica, músicas contemporâneas, tudo está equalizado para dialogar profundamente com a geração atual.
O espetáculo foi vencedor do Edital Proac Circulação 2019, considerado Melhor Espetáculo do Ano de 2017 pelo crítico Bruno Cavalcanti, do Observatório do Teatro; recebeu 4 estrelas, figurando entre os 10 Melhores de 2017 por Dirceu Alves Jr, na Veja São Paulo e teve sua dramaturgia publicada em 2019 pela Editora Giostri. Pedro Granato foi indicado ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem 2017 pelo texto original.
Rompendo fronteiras
O diretor Pedro Granato e o Pequeno Ato investigam o teatro imersivo e a formação de novos públicos desde 2014 quando estreou o espetáculo Fortes Batidas - Prêmio APCA de Melhor Espetáculo em Espaço não Convencional, Prêmio Especial por Experimentação de Linguagem no Prêmio São Paulo e Prêmio Zé Renato para circulação. Com 11 Selvagens, figurou nas listas de melhores espetáculos do ano de 2017.
Em 2019, em absoluta sintonia com o momento político do país, o Núcleo estreou Distopia Brasil, indicado ao Prêmio Aplauso Brasil nas categorias Melhor Arquitetura Cênica e Melhor Figurino. Foi contemplado pelo Prêmio Cleyde Yaconis realizando 20 apresentações em espaços públicos de são Paulo, tendo os ingressos esgotados em menos de 5 minutos, e 8 apresentações em CEUs.
Em 2021, inovou ao colocar o espectador em cena virtualmente assumindo o papel de investigador de um crime e conduzindo o desfecho da trama em Caso Cabaré Privê - vencedor do prêmio APCA na categoria jovem e Prêmio WeDo! nas categorias Performance, Direção, Júri Popular e Interatividade. Em 2022, o público conduzia os personagens como avatares em Descontrole Público.
Sinopse: 11 Selvagens reúne onze situações onde as pessoas perdem o controle. Da violência à sensualidade, do absurdo ao trivial, são cenas do cotidiano que explodem em impulsos descontrolados. Como uma camada de sociabilidade pode rapidamente ser rompida em nossos dias?
Ficha técnica:
Direção e Dramaturgia: Pedro Granato. Elenco: Anna Galli, Beatriz Silveira, Bianca Lopresti, Bruno Lourenço, Fhelipe Chrisostomo, Felipe Aidar, Gabriel Gualtieri, Helena Fraga, Isabella Melo, Jonatan Justolin, Laura La Padula, Mariana Beda, Mau Machado, Rafael Carvalho e Thiago Albanese. Iluminação e assistência de direção: Gabriel Tavares. Coreografia: Inês Bushatsky. Técnico de Luz: Ariel Rodrigues. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. Produção: Contorno Produções. Direção de produção: Jessica Rodrigues. Produção Executiva: Carolina Henriques. Realização: Pequeno Ato.
Serviço:
11 Selvagens
De 9 de setembro a 1º de outubro - sextas e sábados, às 21h.
Ingressos: R$40 e R$20.
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Duração: 70 minutos.
Capacidade: 40 lugares.
Classificação indicativa: 16 anos.
Endereço: Pequeno Ato – Rua Doutor Teodoro Baima, 78 – Vila Buarque
Telefone: 11 99642-8350.
Bilheteria aberta com uma hora de antecedência. Aceita cartões. Não tem acessibilidade. Estacionamento vizinho.