sábado, 19 de fevereiro de 2022

.: Crítica: "Licorice Pizza" é conturbada história de amor nos anos 70


Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em fevereiro de 2022


"Licorice Pizza", indicado ao Oscar 2022, inclusive na categoria de melhor filme, em cartaz no Cineflix, é a história de amor entre Gary e Alana, durante os anos 70, o que não cria expectativas do público em relação ao longa de 2h13m. Contudo, a evolução dos acontecimentos secundários faz com que se torça, tanto pelo sucesso na vida dos dois, tanto na parte profissional quanto na pessoal. 

Dirigido por Paul Thomas Anderson, "Licorice Pizza" é mais do que um drama juvenil. No longa, o menino Gary Valentine (Cooper Hoffman, filho de Philip Seymour Hoffman) tenta seguir na carreira da dramaturgia, área em que é ator mirim. Com pouca idade, mas aparência de um rapaz, o destino põe no caminho dele, aos 16 anos, Alana Kane (Alana Haim, vocalista da banda americana de pop rock Haim), garota perto dos 30, sem perspectivas na vida com a noção exata do quão presa está a San Fernando Valley, na Califórnia. 

Contudo, para Valentine, Alana será a esposa dele. Enquanto tenta ser um empresário de sucesso, o garoto alimenta tal paixão. Na verdade, quase tudo contribui para a aproximação dos dois, embora Alana resista a toda investida de Gary e tenha diversos namorados. Inicialmente, o menino torna-se um grande investidor, primeiramente, de colchões d´água. E, ao lado, tem Alana. 

Enquanto Gary mostra ter uma mente brilhante para os negócios, vemos o menor de idade ser apreendido por assassinato e testemunhamos a seca dos combustíveis nos Estados Unidos, o que faz o rapaz mudar de ramo, uma vez que o material dos colchões é proveniente do petróleo. Enquanto tenta manter um negócio, Gary incentiva Alana a seguir na carreira de atriz. Tanto é que ela se envolve com o egocêntrico ator William Holden (Sean Penn).

Contudo, uma sequência incrível em "Licorice Pizza" é garantida por Bradley Cooper como Jon Peters. Um ator afetadíssimo que é namorado da cantora Barbra Streisand, mas que consegue dar em cima de Alana e leva sua paga após humilhar e fazer os comerciantes de colchões de empregados além do serviço contratado. O filme de fotografia similar aos anos 70 é puro deleite. Imperdível!

Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link.

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


Filme: Licorice Pizza

Data de lançamento: 17 de fevereiro de 2022 (Brasil)

Diretor: Paul Thomas Anderson

Lançamento: 26 de novembro de 2021 (Estados Unidos)

.: "Através da Minha Janela", o fenômeno literário que inspirou filme da Netflix


Depois de alcançar mais de 300 milhões de acessos no Wattpad, "Através da Minha Janela" finalmente vai conquistar o coração dos leitores brasileiros. Publicado pela Intrínseca, o livro de Ariana Godoy é o primeiro volume da trilogia "Os Irmãos Hidalgo", que acompanha as intensas aventuras amorosas do trio Ares, Ártemis e Apolo.

Desde criança, a tímida Raquel é apaixonada pelo vizinho Ares Hidalgo, um garoto misterioso e lindo como um deus grego, e só restou a ela observar todos os passos do amado pela janela do seu quarto. Porém, agora com 18 anos e prestes a ir para a faculdade, a jovem decide que chegou a hora de conquistá-lo. Depois de um desentendimento envolvendo uma senha de wi-fi, Raquel e Ares se aproximam, e tem início um jogo de atração e obsessão entre os dois. Mas essa relação conturbada e ardente pode levá-la a caminhos tortuosos, e Raquel precisará decidir se o amor de Ares realmente vale a pena.

A edição traz cenas inéditas, mergulhando nos segredos mais profundos de Ares. O livro ganhou uma adaptação produzida pela Netflix, que estreou em 4 de fevereiro. Arrebatador e irresistível, o romance de Ares e Raquel vai arrancar suspiros dos leitores e convidá-los a uma reflexão: uma paixão é suficiente para construir uma grande história de amor? Você pode comprar o livro "Através da Minha Janela", de Ariana Godoy, neste link.


O que disseram sobre o livro
“A escritora venezuelana Ariana Godoy foi pioneira ao utilizar o Wattpad para alcançar o mercado editorial.” - El País

“Um romance ardente que lembra aqueles amores impossíveis e complicados que já vivemos.” - El Espectador

Sobre a autora
Ariana Godoy 
é um dos maiores fenômenos do Wattpad, com 1,8 milhão de seguidores e mais de 300 milhões de acessos à sua história mais famosa, "Através da Minha Janela". Primeiro volume da trilogia Os irmãos Hidalgo, o livro deu origem ao filme da Netflix de mesmo nome. Ariana também é autora de Mi amor de Wattpad, Heist e da antologia Imagina. Nascida na Venezuela, atualmente mora na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, onde pratica seu amor à escrita, lê e saboreia bons cafés.

Livro: "Através da Minha Janela"
Autora: Ariana Godoy
Tradução: Karoline Melo, Lorrane Fortunato e Tamara Sender
Páginas: 448
Editora: Intrínseca




.: Podcast Original Spotify "Mano a Mano" ganha segunda temporada


Segundo podcast mais escutado em 2021 terá novos episódios ainda neste semestre, grátis, só no Spotify. Foto: Colletivo (arte) e Pedro Dimitrow (foto)

O Spotify confirmou a segunda temporada de um dos podcasts de maior sucesso no ano passado. Apresentado pelo rapper Mano Brown, o Original Spotify "Mano a Mano", o segundo podcast mais escutado no Spotify no Brasil em 2021, terá novos episódios ainda neste semestre, grátis, só no Spotify.

Mano Brown, considerado um dos artistas mais relevantes da música brasileira, é o anfitrião de convidados diversos e controversos para um papo reto e sem filtro. Em episódios semanais, ele conversa com personalidades para ouvir e ser ouvido e ampliar a visão e o debate. Com o podcast Original Spotify "Mano a Mano", o MC reforça o poder da escuta, o valor do diálogo e a importância da conexão com perspectivas plurais.

A primeira temporada do podcast estreou em 26 de agosto do ano passado. Em 16 episódios, Brown recebeu nomes como Glória Maria, Wagner Moura, Gloria Groove, Taís Araújo e Lázaro Ramos, Ludmilla, Vanderlei Luxemburgo, Fernando Holiday, Dráuzio Varella, entre outros. O episódio com a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o mais escutado no Spotify no Brasil em 2021.

.: "Paulicéia Desvairada": Casa 1 e elenco LGBT+ na poesia de Mário de Andrade

Site reúne 21 vídeos com artistas do Oficina e Prefácio Interessantíssimo em formato quadrinhos para marcar o centenário da Semana de 22

Para marcar centenário da Semana de Arte Moderna no calendário do Centro Cultural Casa 1, a ONG de acolhida LGBT+ convidou 21 artistas da Companhia Teatro Oficina Uzyna Uzona para fazerem leituras dramáticas do livro Paulicéia Desvairada, lançado por Mário de Andrade justamente no ano da Semana. Fazem parte do projeto artistas de todas as gerações da companhia, como Marcelo Drummond, Camila Mota, Letícia Coura, Joana Medeiros, Kael Studart, Lucas Andrade e Wallie Ruy. A trilha sonora dos vídeos é assinada por Amanda Ferraresi, da banda do Oficina.

O Prefácio Interessantíssimo, que antecipa os poemas, também foi interpretado por um artista LGBT+: o quadrinhista Ivo Puiupo, que ressignificou as páginas escritas por Mário para a linguagem em quadrinhos. O projeto também ganhou um site exclusivo e já está disponível para acesso.

A identidade visual, criada pelo artista Nolo, da Casa 1, faz uma releitura da capa da 1ª edição livro, que ficou conhecida pelo padrão geométrico de losangos coloridos. Para muitos, o lançamento dessa primeira edição é um marco do Modernismo brasileiro e, por isso, será relembrado pelos projetos que celebram o centenário da publicação.

Escritos ainda em 1920, os poemas retratam o clima vertiginoso da capital paulista no início daquela década. Segundo o próprio Mário de Andrade, a ideia do livro surgiu após a indignação de sua família ao vê-lo comprar uma escultura de Victor Brecheret que revelava a face de Jesus Cristo, com os cabelos trançados:

“A notícia correu num átimo, e a parentada que morava pegado invadiu a casa para ver. E pra brigar. Berravam, berravam. Aquilo até era pecado mortal!, estrilava a senhora minha tia velha, matriarca da família. Onde se viu Cristo de trancinha!, era feio, medonho! [...] Fiquei alucinado, palavra de honra. Minha vontade era matar. Jantei por dentro, num estado inimaginável de estraçalho. Depois subi para o meu quarto, era noitinha, na intenção de me arranjar, sair, espairecer um bocado, botar uma bomba no centro do mundo. Me lembro que cheguei à sacada, olhando sem ver o meu largo do Paissandu. Ruídos, luzes, falas abertas subindo dos choferes de aluguel. Eu estava aparentemente calmo, como que indestinado. Não sei o que me deu. Fui até a escrivaninha, abri um caderno, escrevi o título em que jamais pensara, Pauliceia desvairada.”


Mário LGBT+?
Para a Casa 1, este projeto foi criado para celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna e marcar a presença de artistas LGBT+ na história da arte brasileira. Isso porque, mesmo que não se fale muito sobre o assunto, existem indícios de que Mário de Andrade era uma pessoa LGBT+. Em sua correspondência e na memória de amigos próximos, está claro que o intelectual se interessava por outros homens.

Esta discussão, inclusive, pode ainda gerar novas interpretações e produções culturais, já que ainda pouco se fala sobre o assunto. Por se tratar de uma instituição que também busca preservar e revisitar a memória de pessoas LGBT+, a Casa 1 encara este projeto não como uma “saída de armário” póstuma para Mário de Andrade, mas sim uma maneira de redescobrir a obra do autor enquanto pessoa LGBT+.


Serviço
"Paulicéia Desvairada", novo projeto da Casa 1.
No site do projeto e nas redes sociais da ONG.

Sobre a Casa 1
A Casa 1 é uma organização localizada na região central da cidade de São Paulo e financiada coletivamente pela sociedade civil. Sua estrutura é orgânica e está em constante ampliação, sempre explorando as interseccionalidade do universo plural da diversidade.

O trabalho engloba três frentes de atuação: a república de acolhida para pessoas LGBTQIA+ expulsas de casa por suas orientações afetivas sexuais e identidades de gênero; o Galpão Casa 1, centro cultural com programação gratuita, inclusiva e de qualidade. Já o terceiro eixo é a Clínica Social Casa 1, que conta com atendimentos psicoterápicos, atendimentos médicos pontuais e terapias complementares, sempre com uma perspectivas humanizadas e com foco na promoção de saúde mental.

Ficha técnica
"Paulicéia Desvairada"
Criação e concepção:
Iran Giusti, Angelo Castro e Brenda Amaral.
Produção: Angelo Castro, Ledah Martins e Victor Rosa.
Artistas em cena: Angélica Taise, Brenda Amaral, Cafira Zoé, Camila Mota, Cynthia Monteiro, Débora Balarine, Jennifer Glass, Joana Medeiros, Kael Studart, Letícia Coura, Luana Della Cristi, Lucas Andrade, Marcelo Dummond, Mayara Baptista, Otto Barros, Selma Paiva, Tony Reis, Victor Rosa, Victória Pedrosa, Wallie Ruy.
Sonoplastia: Amanda Ferraresi
Quadrinhos do Prefácio Interessantíssimo: Ivo Puiupo
Captação das imagens: Angelo Castro.
Legendagem: Angelo Castro e Brenda Amaral.
Cenografia: Iran Giusti, Angelo Castro, Bruno Oliveira e Jamac - Jardim Miriam Arte Clube.
Identidade visual: Nolo.
Criação do site, redes sociais e assessoria de imprensa: Brenda Amaral.

.: "BBB 22": análise do mapa astral explica a expulsão de Maria


O "BBB 22" chegou em pleno Mercúrio retrógrado e, não por acaso, essa é uma edição que - para o bem e para o mal - tem contrariado as nossas expectativas. Porém, um plot twist pegou todos de surpresa: Maria foi expulsa. A astrologia explica essa reviravolta?

Maria é uma típica canceriana com Lua em Aquário e, durante o jogo, foi exatamente a sua Lua que se fez mais presente em suas ações e estratégias: criou alianças e fez amizades, mas não demonstrou o sentimentalismo esperado do signo de Câncer. Na 22ª edição do "Big Brother Brasil", ela foi uma jogadora analítica, desconfiada e nada boba. Prezou pela sua liberdade pessoal, foi questionada sobre os momentos em que preferia ficar sozinha e estava em paz consigo mesma, outras características fortes desse posicionamento.

No dia 19 de janeiro, o Sol entrou em Aquário, iluminando e potencializando a Lua de Maria, e foi exatamente a partir daí que ela passou a ficar mais impaciente e dar respostas cada vez mais afiadas, já que sua liberdade pessoal estava em jogo no "BBB 22". Na astrologia, a Lua rege nossos sentimentos, nossas respostas emocionais diante dos acontecimentos em nossas vidas. Quanto mais estivermos em um conflito, mais este posicionamento virá à tona com respostas espontâneas, muitas vezes impensadas. Afinal, ela fala sobre nossos instintos mais básicos e, ao estar em desconforto, pode despertar a reatividade. Maria, que preza tanto pelo seu espaço, começou a sentir mais intensamente o confinamento.

Somando-se a esta equação, não podemos deixar de abordar o Sol em Câncer, um posicionamento mais emocional e sensível. É o primeiro nível de Água do zodíaco, indicando extrema sensibilidade e flutuações de humor. Portanto, muitos nativos cancerianos podem absorver as palavras que ouvem e desenvolver mágoa profunda. A Lua em Aquário de Maria a ajuda a “barrar” a demonstração de tamanhas emoções, mas elas estão ali, borbulhando e prontas para eclodirem, visto que fazem parte da essência da sister.


Jogo da Discórdia em noite de Lua em Leão
Se no dia 7 de fevereiro vimos uma primeira atitude intensa de Maria ao dar a plaquinha a Arthur Aguiar, no dia 14 esse comportamento ganhou mais força e culminou com a participante acertando um balde em Natália durante a dinâmica em grupo. Com Vênus em Leão no Mapa Astral e a Lua em trânsito neste mesmo signo, é possível que os conflitos tenham sido ainda mais inflamados quando seu ego e brilho pessoal foram desafiados.


Mapa Astral de Natália Deodato indica persistência
Com Sol e Mercúrio em Capricórnio, um signo de persistência, Natália Deodato, que tem sofrido ataques diretos dentro do "BBB 22", não deve desistir tão fácil. Com dois posicionamentos fortes em um signo mais sério e sereno, Bad Nat, apelido que ganhou nas redes sociais, se mostrou segura e determinada ao longo de toda a dinâmica, mas a jovem ainda carrega muita sensibilidade com sua Lua e Marte em Peixes. Não deve ter sido fácil manter a postura diante de tantas acusações.


O poder do autoconhecimento
Ao longo da edição do dia 15, ao expôr todo o desenrolar da situação até a expulsão de Maria, vimos a sister destacar que já vem trabalhando esse tipo de comportamento dentro de si, mas o que poucos sabem é que a astrologia pode ser uma aliada neste momento.

Enquanto o Mapa Astral apresenta os desafios e potenciais de cada um, o Horóscopo Pessoal (personalizado de acordo com o mapa) indica as energias envolvidas em cada período, nos ajudando a refletir e nos prepararmos para o que está por vir, evitando ações mais impulsivas.

Enquanto Maria se recupera do baque da expulsão, seguimos espiando o jogo dentro da casa do "BBB 22", que deu uma agitada com a entrada dos novos participantes e com Marte em Capricórnio, que aos poucos tem levado os brothers a pensarem de forma cada vez mais estratégica. Do lado de cá, ainda vimos Natália crescer no jogo, alcançando 2 milhões de seguidores no Instagram na noite do paredão em que eliminou Bárbara. Será que veremos Bad Nat traçar estratégias para se defender dentro do jogo?


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

.: Crítica: "Case Comigo" é aquele filme gostosinho tipo "Sessão da Tarde"

Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em fevereiro de 2022


"Case Comigo" é o tipo de filme que consegue despertar a atenção do público e mantê-lo envolvido, do início ao fim de 1h 52m. Em cartaz na Rede de Cinemas Cineflix, tudo acontece na telona de modo extremamente agradável a ponto de não se notar o tempo passar, seja pela visual solar belíssimo em grande parte das cenas, tal qual uma boa e velha comédia-romântica ou por convencer a quem assiste, torcer fervorosamente para que a história de amor protagonizada por J-Lo evolua -e garanta um final feliz também. 

O longa com direção de Kat Coiro chega a lembrar o antigo "Glitter - O Brilho de uma Estrela", protagonizado pela rival de Jennifer Lopez, Mariah Carey. Contudo, a aproximação entre ambos fica restrita ao fato de a trilha sonora ser recheada por canções originais das respectivas cantoras. Em "Case Comigo", no caso, junto a voz latina de J-Lo se junta em algumas canções, o cantor Maluma, que inclusive interpreta um noivo salafrário, Bastian, ou melhor, Sebastian.


E não pense que nesse filme Maluma tem somente uma participação especial e ponto final. Bastian retorna por vezes -para atrapalhar. Na pele de um personagem agente, sempre colabora para que a trama evolua. E, afinal, qual é a história de "Case Comigo"?! As superestrelas do ramo musical Kat Valdez (Jennifer Lopez) e Bastian (Maluma) são parceiros além da profissão, tanto é que estão de casamento marcado e terão grande público e mais de milhões de pessoas de testemunhas em tal evento nas redes sociais.

Eis que na história, também conhecemos o professor de matemática, Charlie Gilbert (Owen Wilson). E como a vida é uma caixinha de surpresas, Kat tira Bastian de cena, após descobrir uma traição do cantor com a secretária dela. Para não cancelar todo o evento, Kat aponta para Charlie que segura um cartaz com pedido de casamento e, ali, dois absolutos desconhecidos acabam se envolvendo.

O romance pra lá de improvável entre duas pessoas completamente desconhecidas e diferentes acontece, sempre tendo likes e seguidores para comprovar esse amor. Não há como deixar de embarcar nessa comédia-romântica moderna cheia de rostinhos que amamos amar. Filme imperdível!



Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link.

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


Filme: Case Comigo (Marry Me)

Data de lançamento: 10 de fevereiro de 2022 (Brasil)

Diretora: Kat Coiro

Música composta por: John Debney

Produção: Jennifer Lopez, Elaine Goldsmith-Thomas, Benny Medina, John Rogers

Roteiro: John Rogers, Harper Dill, Tami Sagher



.: Philip Roth: literatura e ofício em ensaios, entrevistas e discursos


Reunindo mais de 30 ensaios, entrevistas e discursos, "Por que Escrever?" traz aos leitores um Philip Roth raro e excepcional, deslocado dos artifícios do romance e mais próximo de si mesmo.

Philip Roth foi um dos mais notáveis escritores de língua inglesa do século XX. Dono de uma carreira literária incomparável, dedicada sobretudo à ficção, ele ainda nos legou uma extraordinária coleção de textos não ficcionais - muitos deles para responder a provocações de diferentes naturezas, agradecer o recebimento de algum prêmio ou chorar a morte de um amigo. O resultado dessa produção é uma série de declarações e comentários sobre seu trabalho e o dos escritores que admirava, seu processo criativo e a cultura americana.

Último volume da obra completa do autor publicado pela Library of America antes de sua morte em 2018, "Por que Escrever?" traz o indispensável de sua não ficção, reunida pela primeira vez em livro: estudos sobre a obra de Kafka e os judeus na literatura, palestras sobre os seus romances mais polêmicos e balanços de uma vida dedicada à escrita. Você pode comprar o livro "Por que Escrever?", de Philip Roth, neste link.


Sobre o autor

Philip Roth nasceu em Newark, Nova Jersey, em 19 de março de 1933. Segundo filho de Bess e Herman Roth, americanos de segunda geração, o autor cresceu em Weequahic, um bairro majoritariamente judaico, o qual ele revisitaria diversas vezes em sua escrita. Depois de se formar na Weequahic High School em 1950, estudou na Universidade Bucknell, Pensilvânia, e na Universidade de Chicago, onde recebeu uma bolsa de estudos para concluir seu mestrado em literatura inglesa.

Em 1959, Roth publicou "Adeus, Columbus", uma antologia de contos e uma novela, pela qual recebeu o National Book Award. Dez anos depois, o lançamento de "O Complexo de Portnoy", seu quarto romance, trouxe a Roth sucesso tanto de crítica quanto de vendas, consolidando seu nome entre os melhores jovens escritores dos Estados Unidos.

O romancista publicou 31 livros, incluindo os que acompanham o destino de Nathan Zuckerman e do narrador fictício Philip Roth, por meio dos quais ele explorou e deu voz às complexidades da experiência norte-americana nos séculos XX e XXI.

A contribuição de Roth para a literatura foi amplamente reconhecida ao longo de sua vida, tanto nos Estados Unidos quanto no exterior. Entre outras homenagens, o autor recebeu os prêmios Pulitzer e Man Booker International, foi duas vezes vencedor do National Book Critics Circle Award e do National Book Award, e foi presenteado com a National Medal of Arts e a National Humanities Medal pelos presidentes Clinton e Obama, respectivamente. Philip Roth morreu em 22 de maio de 2018, aos 85 anos, tendo se aposentado da escrita seis anos antes.


Livro: "Por que Escrever?"
Autor: Philip Roth
Tradução: Jorio Dauster
Número de páginas: 568
Lançamento: 4 de março de 2022

.: "Get Back": o último show dos Beatles, agora em disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Na esteira do documentário "Get Back", disponibilizado pelo streaming Disney+, foi lançado em disco o registro da mítica e última apresentação ao vivo dos Beatles. Trata-se do "Rooftop Concert", ocorrido em janeiro de 1969 no telhado do prédio da Apple Corps, empresa fundada pelo quarteto em Londres, na Inglaterra.

Mas os fãs e colecionadores da obra de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr não vão encontrar muitas novidades nesse lançamento. As canções são as mesmas incluídas no álbum "Let It Be".

O ponto interessante é que não há interferência de produtores, como ocorreu no caso do álbum "Let It Be", que contou com a edição de Phil Spector. As canções são mostradas como vieram ao mundo, em versões cruas e sem qualquer tipo de alteração. A única novidade é a versão instrumental curta de "God Save The Queen", que pouco acrescenta ao material apresentado.

O setlist é bem enxuto. Foram executadas "Get Back", "Dig a Pony", "Don´t Let Me Down", "I´ve Got a Feeling", e "One After 909", até a polícia inglesa chegar e pedir para parar o show por conta da confusão no trânsito que estava provocando nos arredores do prédio.

Até ali, apesar dos perrengues que ocorreram durante a elaboração das canções, os Beatles ainda demonstravam um certo entrosamento tocando, com a inclusão do excelente Billy Preston nos teclados. Havia uma vontade de mostrar as canções e ver como o público reagia. Afinal de contas, eles não se apresentavam ao vivo desde 1966, quando então passaram a gravar somente em estúdio.

Mais tarde, ainda em 1969, eles gravaram em estúdio o "Abbey Road" e depois se separaram em 1970. O álbum "Let It Be", lançado também em 1970, é feito justamente com esse material que eles produziram em janeiro de 1969. Foi o último lançado, mas o último gravado por eles em estúdio foi o "Abbey Road".

Ouvindo eles ao vivo nesse "Rooftop Concert", tenho a impressão que a banda caminhava para a elaboração de um tipo de som mais pesado. As canções tinham riffs fortes ("Get Back" e "I´ve Got a Feeling" são bons exemplos). E a coisa se repetiu em várias faixas do "Abbey Road". Esse CD "Get Back (The Rooftop Concert)" vai agradar os fãs e também aqueles que passaram a descobrir o quarteto vendo o documentário produzido e editado por Peter Jackson.


"Don´t Let Me Down"

"Get Back"


"I´ve Got a Feeling"


.: Entrevista: Naiara Azevedo quebra o silêncio sobre o "BBB"


"Se eu já tinha os dois olhos abertos, agora eles estão arregalados", afirma a cantora sertaneja após deixar a casa mais vigiada do Brasil. Foto: Globo/João Cotta

A missão mais importante de Naiara Azevedo ao entrar no "Big Brother Brasil" era ser reconhecida para além de sua profissão. As três semanas que passou no programa foram como uma “montanha-russa”: alegria, medo, rejeição e acolhimento fizeram parte da trajetória da terceira eliminada da 22ª temporada. Boas doses de memes também fizeram parte da passagem de “Nanacita” – como o público carinhosamente a apelidou. 

Ao deixar o reality show na semana passada, com 57,77% dos votos, em uma berlinda contra Arthur Aguiar e Douglas Silva, a cantora constata que agora se sente querida por ser a Naiara de Fátima, que tanto falou na casa: “Em poucas horas aqui fora eu me senti tão amada, tão vista de verdade, não como artista, mas como eu sou. É como se eu tivesse deletado a artista. Estou vivendo apenas eu, estou me sentindo bem quista por ser quem eu sou, sem filtros...”, declara. Na entrevista a seguir, Naiara Azevedo detalha como foi a convivência com os brothers e sisters no "BBB 22", abre sua estratégia de jogo e comenta sobre as amizades que fez no reality.


Como foi participar do "BBB 22"? 
Naiara Azevedo - 
Foi uma viagem muito louca, uma montanha-russa e um presente muito grande. Nenhuma terapia no mundo faria eu me conhecer tanto como no "BBB". Não existe nada que pudesse fazer eu me entender e viver o que eu vivi comigo mesma lá dentro. Depois de tanta solidão, de alguns momentos de tristeza, de dúvida, de incerteza e de tudo o que eu vivi, em poucas horas aqui fora eu me senti tão amada, tão vista de verdade, não como artista, mas como eu sou. É como se eu tivesse deletado a artista. Estou vivendo apenas eu, estou me sentindo bem quista por ser quem eu sou, sem filtros, sem ninguém me passando uma pauta do que eu devo ou não falar. As pessoas agora já me conhecem.
 

Você chegou a apontar que alguns participantes ficaram com pé atrás com você na primeira vez que tiveram contato. Imaginava que seu comportamento poderia chamar a atenção ou incomodar alguém na casa?
Naiara Azevedo - 
Não, porque a gente não se enxerga. É mais fácil falar sobre o outro. Eu sei que eu sou uma pessoa de personalidade muito forte, sou expressiva, falo com as mãos, com o rosto, com o corpo. E algumas pessoas gostam muito; outras não gostam; e há quem fique assustado. Nem Jesus agradou a todos, então quem sou eu para agradar com esse jeitão meu?


No penúltimo jogo da discórdia, você foi apontada como uma das participantes que mais tinha medo de se comprometer na competição. Como você enxerga essa percepção dos brothers
Naiara Azevedo - 
Era o meu jogo. Para que eu vou contar para as pessoas? Não assinei nenhuma cláusula afirmando que eu deveria contar para eles em quem eu iria votar, o que eu iria fazer e o que eu estava pensando (risos). Eu não entendia por que eles ficavam me cobrando esse posicionamento. Eu faço o que eu quiser, falo o que eu quiser, voto em quem eu quiser.
 

Sentiu diferença entre os dois paredões que enfrentou? 
Naiara Azevedo - 
Senti. Nesse último eu senti paz. O Tadeu falou que não tinha como sentir paz estando no paredão, mas tem sim, porque eu senti (risos). Eu estava ótima, não fiquei preocupada com nada. Eu não fui por votação da casa nem por indicação de líder; eu simplesmente tirei um papel em que estava escrito “paredão”. E eu sou muito assim: acredito nas coisas que estão predestinadas a mim. Eu tenho muita fé e a minha crença me diz que as coisas que são para ser minhas serão. O que é do homem o bicho não come. Se aconteceu foi porque tinha que acontecer. Eu quis pegar aquele papel; ninguém me obrigou. Os números da prova Bate e Volta eu escolhi porque quis, também. Eu me coloquei naquela situação. O que ia adiantar eu ficar chorando por estar no paredão, igual da outra vez? Eu levei tudo da forma mais leve possível agora. Chorar não ia adiantar, meu pai e minha mãe não iriam lá me buscar; ninguém iria me socorrer (risos). A votação iria acontecer do mesmo jeito, eu iria encontrar o Tadeu e estava tudo certo. O que eu tinha para fazer eu tinha feito.
 

O que te fez mudar de ideia e permanecer no jogo, após ter ameaçado deixar o reality?
Naiara Azevedo - 
Um monte de coisas foram acumulando no meu psicológico. E, por eu ter pensado em desistir, quando fui para o paredão com dois pipocas com quem eu havia conversado bastante e entendido o tamanho do sonho deles, por alguns minutos eu não me senti digna de dividir votos com eles. Não estou dizendo de forma pretensiosa que eu poderia estar melhor do que eles porque nunca se sabe. Eu não sabia o que estava acontecendo, principalmente diante da minha situação naquele momento. Eu não sabia o que as pessoas estavam pensando a meu respeito. Mas eu não me senti digna de dividir aquele sonho com eles porque, se eu pensei em desistir e aquilo nunca havia passado pela cabeça deles, seria egoísmo da minha parte disputar o paredão com eles - pelo simples fato de dividir votos. Conversando com as pessoas, elas me diziam que eu era tão digna quanto qualquer um que estava lá, que o sonho de um não era maior que o do outro. Eles foram me dando injeções de ânimo, me falando coisas positivas, me abrindo os olhos, e aí eu fui voltando para mim. Fui lembrando da minha história, de quem eu sou e do trajeto que percorri para chegar até lá. E pensei: "se eu fui selecionada para estar no 'BBB' é porque, sim, eu mereço estar aqui". Na madrugada do paredão, eu tive uma conversa com o Tiago e perguntei se era errado eu dizer que queria ficar, que eu queria tentar. E ele disse que não era errado. A partir dali eu comecei a dizer que de fato queria ficar. Eu nunca desisti de nada na minha vida, sempre lutei por tudo o que eu quis e acreditei. Eu sempre bati o pé e fui atrás dos meus sonhos. Por que agora seria diferente, se ainda estava em tempo? 


Cozinhar para os outros brothers era apenas carinho ou também pode ser considerada uma estratégia sua no jogo?
Naiara Azevedo - 
Nunca. Já jurei por tudo e digo que nunca foi estratégia. Estratégia para mim era ficar calada, me fazer de sonsa, de louca: “não sei, não estou vendo”. Mas na verdade eu via tudo.

Quais as diferenças entre a Naiara que entrou no "BBB" e a que sai agora do reality?
Naiara Azevedo - 
Se eu já tinha os dois olhos abertos, agora eles estão arregalados. A diferença de quem entrou para quem saiu é a certeza de que eu posso confiar na minha intuição. Eu me sentia culpada, me sentia mal por pensar que aquelas pessoas podiam estar sendo falsas comigo. Elas me abraçavam, me beijavam, falavam coisas boas, mas eu sentia a energia, via as risadinhas e os olhares, ouvia os sussurros. Eu entrava numa confusão mental muito grande: “Será que eu estou pensando mal das pessoas que me tratam tão bem?”. Isso foi me dando uma neura. Mas agora eu saio me sentindo orgulhosa por não ter desrespeitado a educação que meus pais me deram, por ter conseguido ser eu mesma e não ter sido rejeitada por isso. Sim, eu posso ser amada por quem de fato eu sou.


De que momentos você mais vai sentir falta no "BBB"?
Naiara Azevedo - 
Eu vou sentir falta dos momentos com a Lina, com a Jessi e com a Natália. 


O Tiago Abravanel já era seu amigo aqui fora. Como foi encontrá-lo no confinamento?
Naiara Azevedo - 
Foi maravilhoso, foi emocionante quando eu o encontrei. Mas eu aprendi a respeitar. Se eu já tinha maturidade para lidar com as minhas amizades, hoje eu tenho mais ainda. Eu sempre fui de respeitar, de dar espaço e não cobrar nada. Eu nunca cobrei absolutamente nada dele lá dentro. Expectativa gera frustração. Se eu já não tinha expectativa com ninguém, hoje tenho menos ainda. E está tudo bem.


Muitas vezes você afirmou que se sentia sozinha na casa. Algum tempo depois, formou um quarteto com Jessilane, Natália e Linn. Acredita que essa união se deu em função das circunstâncias do jogo ou por afinidade?
Naiara Azevedo - 
Eu me conecto com a energia delas, tem muito a ver comigo, de onde eu vim, da minha criação. Eu me peguei pensando: "por que eu gosto tanto dessas pessoas? Elas são tão diferentes de mim". Mas, não, elas são muito iguais. A gente se conecta na nossa essência, não nas características. A gente não tem que conviver nos mesmos ambientes ou vir dos mesmos lugares para se conectar; é o que está dentro da gente. A simplicidade que eu encontrei nelas se conecta com a que existe dentro de mim.

 
Você protagonizou alguns momentos engraçados na casa que viraram memes aqui fora. Já chegou a ver algum deles?
Naiara Azevedo - 
Eu ia subir no queijo! (risos) Tinha que ter subido para ficar melhor - faltou esse plus


Quem tem mais chances de levar o prêmio?
Naiara Azevedo - 
Eu ainda não consegui assistir nada, mas pelo que conversei com algumas pessoas, pode estar entre Arthur e Lina.


E para quem fica a sua torcida?
Naiara Azevedo - 
Eu estava torcendo pelo Vyni. Comentei até no "Bate-papo BBB" que eu vi algo muito especial naquele menino, tanto é que eu deixei com ele um moletom que era muito especial para mim. Eu me conecto muito com ele e amo! Mas olhando agora com a perspectiva aqui de fora, acho que seria muito lindo a Lina ganhar. Não que a Jessi não seja, mas seria lindo demais ver a Lina ganhar.

 
As faixas do seu DVD estão sendo lançadas no momento. Isso já era pensado para o período do "BBB"? Que outros planos você pretende tocar daqui para frente?
Naiara Azevedo - 
Sobre o DVD, ainda não assisti, não sei, não vi. Só me contaram que lançaram cinco faixas. Esse projeto já está sendo programado desde agosto do ano passado e eu só confirmei minha participação no "BBB" depois disso. Então, com "BBB" ou sem "BBB" o projeto já seria lançado agora. Eu sempre falo que tudo acontece no tempo de Deus. Aconteceu porque estava no itinerário da minha vida. Os meus planos para os próximos dias são assistir a todos os meus memes, ver tudo o que falaram mal de mim, porque eu preciso alimentar esse ranço (risos). A escorpiana que habita em mim está vivíssima. Se eu pegasse elas falando mal de mim na minha cara, não ia dar certo...(risos)


.: Pantanal: a fazenda de José Leôncio, bastidores com Renato Góes


Renato Góes comenta os bastidores das gravações no Pantanal e fala sobre seu personagem. Foto: Rede Globo
 


Não é fácil para José Leôncio (Renato Góes) seguir em frente após o desaparecimento de seu pai, Joventino (Irandhir Santos). Durante meses o peão roda rios, florestas, pastos e baías à procura de qualquer vestígio que indique seu paradeiro. A busca segue sem sucesso. Neste período, é a presença dos companheiros Quim (Chico Teixeira) e Tião (Fábio Neppo) que lhe dá esteio. Sem contar com a chegada de uma velha amiga, Filó (Letícia Salles). Uma morena de currutela, ou prostituta, com quem Zé se relacionou no passado e que chega grávida em sua fazenda pedindo abrigo e trabalho. Ao nascer Tadeu (Lucas Oliveira dos Santos), Filó pede que Zé o batize e logo o menino cresce e passa a chamá-lo de padrinho para cima e para baixo, buscando preencher o vazio no peito de Zé após o sumiço de Joventino.

Anos antes, quando os Leôncio chegaram ao Pantanal e Joventino quer domar os bois no feitiço, aposentando o laço, quase todos os peões que os acompanhavam há muito tempo pelas tantas comitivas país adentro, os abandonam, pois não acreditam que eles podem ter sucesso naquela empreitada.

Pois tem. E quem fica para ver consegue desfrutar da abonança. Basicamente, Quim e Tião, esses dois peões atrapalhados, mas fiéis e leais à família que garante a eles morada e uma vida digna por tanto tempo. Quim não consegue se furtar de pontuar os seus comentários quase sempre impertinentes. Tem a língua maior que a boca e o olho maior do que a barriga, e por isso é constantemente reprimido por todos ao seu redor, inclusive e principalmente por Tião, seu amigo inseparável. Tião, por sua vez, é filho da liberdade como todo peão. Por isso se adaptou tão bem à vida pantaneira, de lonjuras sem fim e horizontes distantes, onde tudo é possível e nada é necessário. Dono de um humor peculiar, Tião é para os patrões muito mais do que um mero criado. Como todos os que seguem a toada do velho Joventino – e, em seguida, a de José Leôncio –, Tião é um homem de confiança. Preza por isso, bem como pela imprevisibilidade da vida de peão; de partir em comitiva, de sair em bagualhadas e viver entre as modas cantadas e os casos contados. Tião e Quim se tornam mais que bons amigos, se tornam irmãos, e têm, um com o outro, a liberdade de sentir o que sentem e dizer o que pensam. E por isso, porque são tão puros, brindam a todos, seja quem seja, com as suas pérolas.

Quando Filó se une aos três na fazenda, fortalece ainda mais o ciclo de proteção e afeto de José Leôncio. Ela é muito mais que uma empregada. Filó é a alma e o coração daquela casa. Uma mulher religiosa, apegada à sua fé. Após ser expulsa de casa pela mãe aos 12 anos, encontra abrigo em uma currutela, local onde conhece José Leôncio meses antes de procurar por ele na fazenda. Recebe dele emprego, carinho, abrigo e, acima de tudo, proteção. Vira fera para proteger seu Zé contra tudo e contra todos, disposta a trair até mesmo os seus sentimentos pelo bem do patrão.

Com tanto amor ao seu redor, de Quim, Tião, Filó e Tadeu, pode-se dizer que José Leôncio é um homem de sorte. Mas nem sempre ele se sente assim. Após o desaparecimento de Joventino, Zé carrega essa dor em ferida aberta a vida inteira e tem dificuldade em reconhecer a riqueza que tem em sua volta. Confira a entrevista com o ator Renato Góes! 


Você já conhecia o Pantanal? Poderia nos contar sobre essa viagem? O que mais te chamou atenção até aqui?

Um mês antes de começarem as gravações, fui passar 15 dias no Pantanal, liguei para alguns amigos e expliquei que eu gostaria de conhecer a região, fui com eles, passamos juntos essas duas semanas. Dentro desse período, fui para a casa do Almir (Sater) passar três dias e o restante foi nas redondezas de Aquidauana, no Bosque Belo, a meia hora de Aquidauana. Foi um impacto muito grande. É uma quantidade de bichos... Eu queria perder isso, queria que meu personagem não tivesse um deslumbramento de quem está vendo isso tudo pela primeira vez. Meu personagem está acostumado com biomas diferentes. Eu precisava quebrar isso. Esses 15 dias foram fundamentais. Desde o dia que cheguei, procurei ver como era o dia a dia dos peões, a lida, o manejo. Eu tenho alguma conexão com isso por ter frequentado muito o agreste pernambucano. Entendia a lida, gostava disso, mas cada lugar é um lugar. O Pantanal tem suas peculiaridades, principalmente as nomenclaturas das coisas, a guaiaca, o alforde, a bainha, tudo que você usa que é legal você tratar com respeito e falar os nomes certos, para ter essa identificação. As pessoas locais que estiverem vendo vão saber que fizemos o dever de casa. O Almir tem um espírito que eu queria buscar muito para esse pantaneiro, essa expressão calma, serena, sábia, com a visão longe, de quem enxerga muito as coisas. Ele só de olhar sabe quais são todas as árvores, por que estão secas, por que um animal está ali, fazendo o que está fazendo. Eu estava buscando isso.

 

Como foi sua rotina de gravação no Pantanal?

O início das gravações com o Irandhir (Santos) foi muito bom. O Irandhir é um cara que admiro muito, ele sempre foi uma inspiração para mim. Eu fui para o Rio de Janeiro numa época em que ele estava aparecendo com filmes, numa primeira leva de filmes que chamou não só a minha atenção, como do público como um todo. E isso facilitou minha vida ao Rio. Pernambucano, né? Tem aí Irandhir, Hermila Guedes, a cena do cinema pernambucano estava muito forte. E Irandhir era um dos personagens principais desse momento. Eu sempre tive vontade de contracenar com ele porque fizemos 'Velho Chico' e 'Dois Irmãos', mas não contracenamos. Eu brinco que a gente se deu bem nessa escalação, porque o avô é pernambucano, que é o Irandhir, o pai é pernambucano, que sou eu, e o filho também, que é o Jesuíta (Barbosa), outro ator que também admiro muito. Começar aqui no Pantanal com o Irandhir foi muito especial, você consegue beber muito de uma fonte muito rica num espaço muito curto de tempo. Ele te inspira e te leva de uma forma muito mágica. Eu já tinha começado a gravar, então trouxe o que pesquisei, somei ao que o Pantanal me trouxe, e me deixei levar pela energia que o Irandhir irradia também.

 

Como foi gravar no Pantanal? Alguma dificuldade encontrada? Ficar tanto tempo no que chamamos de Brasil profundo é uma experiência e tanto, não acha? Já havia vivido algo parecido?

Eu vivi um outro Pantanal, peguei 12 graus lá. No dia mais quentinho desse período estava 18, 19 graus. Inclusive, toda hora meus amigos de lá e o Almir (Sater) me diziam que eu ia encontrar outro Pantanal. Eu vi uma onça pela primeira vez e ela estava tomando banho no rio em que eu estava. É o momento que elas vão sair mesmo. No calor elas vão procurar uma água para se banhar, então imagino que seja mais fácil de ver. Assim como deve ser com outros bichos. Eu realmente vi dois pantanais diferentes em um curto espaço de tempo. Em algum momento alguém comentou, olha que papagaio folgado, fica derrubando nossas mangas. Aí eu falei: é sério? Tu constrói o negócio no meio da floresta das meninas, ela está aqui pegando uma manguinha pro filho, e tu está reclamando? Folgado é tu (risos).

 

E a rotina de gravação, como foi?

Para mim não foi tranquila porque eu gravava todos os dias, gravei bastante coisa mesmo. O meu corpo cansava, mas acordava zerado, novo, porque foi muito bom de fazer. Sabe quando você malha pela manhã e está mais disposto para o dia? Eu me sentia assim. Um dia era sempre melhor que o outro. Nos momentos de folga eu só descansei. Lá a gente tem o privilégio de fazer diversas locações. Levamos boi de uma fazenda para outra. Então estávamos realmente vivendo as coisas. Domingo eu tirava para de fato me reconectar com o que eu queria. No dia a dia eu vivia o personagem, e no domingo eu voltava para entender o que eu queria para a semana, dentro do quarto, quieto. 

 

Você tinha cerca de quatro anos quando 'Pantanal' foi exibida pela primeira vez. Tem lembranças dessa época? 'Pantanal' marcou sua vida de alguma forma? Talvez com alguém da sua família que era fã, ou algo assim?

Sim, não da primeira, mas de quando reprisou. Essa reprise eu lembro bastante. A primeira eu lembro de ouvir a música, lembro dos comentários das pessoas. Tenho bastante lembrança desde quando tinha dois anos, então quando exibiu a reprise eu lembro bastante. Sobre Zé Leôncio, o nome eu lembrava, mas não lembrava do personagem em si. Na época, eu lembro de ficar muito marcado com o Velho do Rio, com Juma, Jove e o Tadeu. Foram os personagens que mais me marcaram. Mas o Zé Leôncio lembro principalmente do Paulo Gorgulho, eu não entendia bem essa coisa de primeira e segunda fase.

 

Como foi receber o convite para dar vida a Zé Leôncio?

Fiquei muito empolgado e passei um tempo na apreensão de dar certo. Tinha uma questão de agenda de trabalho, junto com mudanças de datas devido à pandemia. Mas foi um presente realmente porque eu gosto muito do personagem herói quando ele tem traços anti-herói. Quando ele consegue não ser mocinho, nem vilão, mas transcender isso tudo. Esse é o tipo do personagem que me motiva, me empolga, que me dá prazer mesmo.

 

Como foi a construção do personagem? Poderia contar sobre a preparação e os workshops que fez?

Minha base foi principalmente o texto. Gosto muito da criação do Benedito (Ruy Barbosa) e das palavras do texto do Bruno (Luperi). Eu costumo fazer o contrário, viver o dia a dia do personagem. Para fazer o Marcelo D2 eu fui trabalhar no camelô, criei uma banda, tudo por minha conta. Para fazer um médico em ‘Os Dias Eram Assim’ eu fui entender o trabalho dos Médicos Sem Fronteira... Mas nesse eu quis ficar mais no que o texto de fato tinha como tempo, como forma de falar. Eu achava que seria mais interessante se eu levasse ele para o texto da fábula, da criação, do que trazer para a realidade, que seria mais um empréstimo meu. Fui deixando o texto me levar, me conquistar. Assim como as parcerias em cena. Uma das coisas mais importantes nesse trabalho foi ter começado a gravar com o Orã Figueiredo, minha primeira semana inteira foi com ele. E ele me passou muita segurança, foi muito parceiro, fizemos uma dupla boa, a gente se encaixava. E ele me deixou muito à vontade para eu ir testando e tentando e trazendo o Zé Leôncio que eu acreditava, mas que fui construindo com cada experiência dele. Assim como o que eu quis trazer foram referências do texto, muita leitura, julgar o que era aquela história e quem era o Zé Leôncio, mas fechar, construir, deixei para a cena, e o Orã foi importante nesse sentido. Fui construindo como uma massinha. Tivemos o trabalho com a preparadora Andrea Cavalcante, até hoje ela está em cena, tem ajudado muito desde o começo. Todas as nuances, as escolhas, ela me questiona sempre. A gente teve um workshop sobre filosofia, amor, o Pantanal enquanto relação interpessoal, que foi fundamental para entender e construir o psiquê desses personagens. Eu já sabia montar. A Globo sempre tem esse cuidado da gente fazer aulas antes, mas eu já tinha essa familiaridade, ando a cavalo desde moleque. Eu já sabia laçar, e quando começou nossa preparação, peguei um dia só para relembrar. 

 

Quem é esse Zé Leôncio jovem? Como você acha que ele se difere do Zé Leôncio da segunda fase?

É um cara muito reto, muito honesto, mas que tem uma justiça muito peculiar. Tem um senso de justiça dentro das coisas que ele acredita. É um homem real, com falhas, mas ele tem uma honestidade e retidão que é muito admirável. Você tem outras coisas da fantasia, da fábula, do herói, mas o que mais me atrai no Zé Leôncio são os defeitos dele, de não fugir deles, de encará-los. Entender como traços que dizem quem é esse cara.

Foto: João Miguel Júnior

 


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