domingo, 22 de agosto de 2021

.: "Ubirajara": Soraya Ravenle estreia show com direção Inez Viana


Cantorias nas janelas e pátio do próprio edifício para aplacar a solidão durante a pandemia, encontros com vizinhos com quem nunca havia conversado ao longo de quase 30 anos, e a descoberta do significado de Ubirajara, nome do seu edifício, inspiraram o novo trabalho de Soraya. Investindo cada vez mais na diluição das fronteiras entre corpo, voz e interpretação, a artista reconhece este trabalho como diferente de todos os que já fez.

Era ainda o primeiro semestre de 2020, início da pandemia, quando um planeta inteiro se resguardava em casa, perplexo, sem entender muito do que acontecia. Neste momento, artistas de todo o mundo ocupavam janelas e terraços com sua arte, cantando, dançando e tocando instrumentos na busca de trazer alento e diminuir a solidão de cada um isolado em seu quadrado. Assim fez Soraya Ravenle, ao cantar para os moradores do seu edifício, o Edifício Ubirajara - nome que deu origem ao show que começou a ser gestado em plena incerteza, e que agora chega aos palcos com direção de Inez Vianna.

Ubirajara vem do idioma indígena Tupi, formado pela junção dos elementos “übürai”, que significa “lança” e ”yara”, que quer dizer “senhor” - “senhor da lança” ou “senhor da vara”. “Ubirajara é o nome do prédio onde moro há 26 anos, onde criei minha filha. Somente durante a pandemia fui procurar saber o que significa esse nome. Somente durante a pandemia, cantei na janela e conversei com muitos vizinhos com quem não tinha trocado mais do que um bom dia, uma boa tarde, um boa noite. Bons encontros estão acontecendo na vizinhança. Novas redes de afetos… (…) Esse show nasce da cantoria na janela, que passou para a quadra do prédio e agora vai para os palcos, todos os possíveis… que nem sabemos quais serão…”, conta a artista.

Neste trabalho, que a própria Soraya reconhece como diferente de todos os que já fez, são difusos os limites entre corpo, voz e atuação – as três as expressões existem absolutamente interligadas. Numa fluidez cênica contínua, não vemos onde começa uma e termina a outra. “Para mim, 'Ubirajara' é um show libertador, onde as fronteiras do canto, da dança e da poesia, estão borradas, dialogando com esse nosso tempo atípico. São vários os estilos musicais que compõem o show, sobressaindo a canção brasileira, em toda sua potência e originalidade, agregando aos arranjos uma sonoridade peculiar”, explica a artista.

Soraya Ravenle está fisicamente só no palco, mas em boa companhia, como ela mesma define. Em cena, dialoga com artistas e amigos que contribuíram com as bases sonoras, formando uma costura colorida de sons. Suas presenças são ouvidas ao longo de todo o show: Edu Krieger no violão; Maria Clara Valle no violoncelo; Joana Queiroz no clarone; Pc Castilho e sua flauta; Diego Zangado no batuque; Julia Bernat e Stella Rabello no violão e vozes; Pedro Luis na faixa dançante tirada do Arco do Tempo (CD de Soraya com músicas de Paulo Cesar Pinheiro), além de cantos à capela.

A diretora, Inez Viana, celebra o encontro artístico tardio com a colega de anos: “Além da alegria de compartilhar com a Soraya essa criação, o nosso encontro artístico me traz uma emoção singular, pois apesar de nos conhecermos há quase 30 anos, a minha admiração por seu talento, por sua trajetória e por sua eterna busca pelo conhecimento, aumenta a cada dia desse novo mundo, que estamos todes tendo que aprender a escutar e a lidar”.


Soraya por Soraya
“Nessa idade em que me encontro, 58 x 365 dias, a sensação mais forte é de ter vivido muitas encarnações. A estudante de piano que fazia acrobacia, amava desenhar e também cantava no coral da escola e no grupo vocal judaico, fazia balé e teatro, enquanto trabalhava com bonecos e performava nas ruas com um grupo de teatro e dança. Que passou pela Cia de Atores e Bailarinos da Regina Miranda, fez vocal para Fernandinha Abreu e desembocou no teatro musical numa encarnação duradoura, de mais de 30 musicais. Nesses últimos 10 anos volta pra casa, um terreiro de pesquisa, estudos e liberdades. Ubirajara é dar asas ao desejo velho, muito velho, de provocar as conversas e interseções outras do corpo, voz e palavra, sabendo que as divisões são absolutamente ilusórias: voz é corpo que é palavra que é corpo que é voz que é...  Assim nasce Ubirajara”, que começou com janelanças no prédio onde moro há quase 30 anos”, lembra Soraya.


Equipe de criação
Intérprete e idealização:
Soraya Ravenle
Direção artística: Inez Viana
Iluminação: Ana Luiza De Simoni
Figurinos: Débora Crusy
Direção de arte: Vivi Schindhelm
Fotos: Rodrigo Menezes
Mixagem das bases: Nelsinho Freitas
Produção executiva: Carol Picolli
Direção de produção: Soraya Ravenle
Assessoria de imprensa: JSPontes Comunicação


Serviço
Dias 28 e 29 de agosto (sábado e domingo)
no Espaço Cultural Municipal Sergio Porto, às 19h. Rua Humaitá, 163 - Humaitá / RJ. Telefone: (21) 2535-3846. Ingressos para plateia presencial: R$ 40 e R$ 20 (meia). Vendas: www.sympla.com.br

Dias 9 e 16 de setembro (quintas-feiras) no Teatro PetraGold, às 19h. Rua Conde de Bernadote, 26 - Leblon / RJ. Telefone: (21) 2529-7700. Ingressos para transmissão ao vivo e online: a partir de R$ 20. Ingressos para plateia presencial: R$ 50 e R$25 (meia). Vendas: www.sympla.com.brDuração: 60 minutos / Classificação indicativa: livre 


.: Allegresse Dança & Arte terá curso de montagem “O Mágico de Oz”


Conforme anunciado a Allegresse Dança & Arte continua com foco em trazer montagens de musicais originais para o Brasil, gerando oportunidade e aprendizado para atores mirins, jovens e estudantes. A Escola Allegresse Morumbi trará ainda este ano workshops específicos para a montagem de “O Mágico de Oz”

A intenção é montar um elenco infantil a partir de seis anos e outro elenco jovem, com atores a partir de 13 anos, visando desenvolver a montagem para estudantes e atores amadores. “O Mágico de Oz” Youth Edition trará o texto original de Frank Baum, músicas de Arlen e Harburg e versões brasileiras de Claudio Botelho. 

Com essa obra licenciada a Allegresse visa um posicionamento diferenciado e uma experiência cada vez mais profissional para seus alunos, essa será uma grande oportunidade em um curso de montagem. A escola reforça que em breve anunciará outros importantes espetáculos musicais, que já estão em negociação com as empresas responsáveis em Londres e EUA. Os workshops preparatórios e as audições irão ocorrer ainda neste semestre e o curso de montagem deve iniciar em janeiro de 2022, com temporada em teatro prevista para junho e julho do mesmo ano.

sábado, 21 de agosto de 2021

.: Crítica: "Free Guy" é "O Show de Truman" moderno que ri de si mesmo


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do Resenhando.

Ryan Reynolds sabe rir de si mesmo e esta característica reflete em "Free Guy: Assumindo o Controle", o filme mais bonitinho que você vai ver nos últimos tempos e uma espécie de "O Show de Truman" moderninho - a diferença entre um filme e outro é como os protagonistas lidam com as próprias descobertas.

Enquanto o Guy de Reynolds sabe rir de si mesmo e não envereda em momento nenhum para o drama, o Truman de Jim Carrey no longa-metragem lançado no inicinho da era dos realities parece querer estar de malas prontas parta uma novela mexicana. O filme toca em valores que ultrapassam a história de um cara que mora dentro de um jogo de videogame que vai ser cancelado - o jogo, não ele - e quer mais da vida. Ou melhor, quer "amar ou ser amado"Quer estrutura mais folhetinesca que esta? Pois lá vem... 

Paralelamente aos anseios do "mocinho que quer se apaixonar", há outra história dentro da que é contada no game - desta vez, na vida real do próprio filme. A criadora do jogo é enganada e defenestrada da empresa. Interpretada por Jodie Comer, ela precisa se infiltrar no jogo para recuperar todo o trabalho de criação e, até mesmo, a honra. É a trajetória de heroína perfeita em um arco dramático plausível que faz com o espectador torça pela personagem e pelos romances dela - no game, com o Guy, e fora dele, com outro programador, interpretado por Joe Kerry, ator-sensação de "Stranger Things". Há também o amigo gay, Lil Rel Howery, e uma versão bizarra do próprio Guy que rende os momentos mais engraçados.

A impressão é que o próprio Ryan Reynolds realmente se diverte, principalmente nos momentos em que sacaneia a si próprio e comete o autobullying e isso fica bem nítido quando incorpora elementos de heróis da Marvel. Só não entendi porque nem "Lanterna Verde" (o fracasso retumbante da carreira do ator - dizem que o filme nem é tão ruim assim...), nem "Deadpool" (personagem que o sacramentou ao posto de astro em Hollywood) foram citados, já que aparecem Hulk e Capitão América - e o próprio intérprete, Chris Evans, como ele mesmo.  

Bem colorido, alegre, leve e envolvente (até para quem não gosta de longas-metragens puramente fantasiosos, como este), "Free Guy: Assumindo o Controle" vai perdurar por um bom tempo e tem tudo para se tornar um clássico dos filmes da era moderna. O lance é ir ao cinema sem expectativas e sair considerando "Fre Guy" um filme acima da média. Além disso, tem "Fantasy", da Mariah Carrey, na trilha sonora... o que é sempre bom.  


Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link.




.: "Hamlet: 16 x 8" estreia no Teatro Sérgio Cardoso em temporada híbrida


Interpretado por Rogério Bandeira, espetáculo tem direção de Marco Antônio Rodrigues e foi concebido a partir de trechos da memória e da experiência relatada por Augusto Boal no livro “Hamlet e o Filho do Padeiro: Memórias Imaginadas”.  A temporada estreia dia 21 de agosto, sábado, às 18h, e as transmissões digitais são exibidas via plataforma Sympla Streaming. Foto de cena de Pio Figueiroa

O espetáculo "Hamlet: 16 x 8", interpretado por Rogério Bandeira, com direção de Marco Antônio Rodrigues, apresenta temporada presencial e digital no Teatro Sérgio Cardoso, equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerido pela Amigos da Arte. A obra cênica foi concebida a partir de trechos da memória e da experiência relatada por Augusto Boal no livro “Hamlet e o Filho do Padeiro: Memórias Imaginadas”.  A temporada estreia dia 21 de agosto, sábado, às 18h, e as transmissões digitais são exibidas via plataforma Sympla Streaming. 

No palco, o escritor e encenador é personagem e figura quase mítica. A cena vai peneirando os achados, os ditos e os quereres de Boal representando toda uma geração do teatro brasileiro refundada no Teatro de Arena. “Boal sempre sonhou, sem fazer o Hamlet no pequeno palco do Arena. Talvez porque duvidar dê sentido a um eterno caminho. Por isso, menos como homenagem, mais como procedimento, este artefato cênico na forma de monólogo dialogado assim se autobatiza”, diz Marco Antonio. 

Os ecos vão ganhando materialidade - tempos, geografias e subjetividades são presenças que invadem o imaginário contemporâneo, brasilidades sublinhadas. “Boal é nossa inspiração. Estão em cena através da figura do Rogério Bandeira, inspirações vindas da “teoria” e da “prática” dele, Augusto. A teoria no caso é a memória Hamlet e o filho do Padeiro, que passeia com graça e talento pela vida e obra do Boal em depoimento pessoal e coloquial, sua autobiografia. A prática é o dito e feito no show Opinião: a esfera privada, familiar e hamletiana do ator em tensão dialética com a atuação pública. Boal e Bandeira são intérpretes e personagens”, reitera Marco Antônio. 

“Meu contato com o livro, após participar com a Cia. do Latão de seu lançamento pela editora Cosac Naify, fez com que eu mergulhasse por outras vias na literatura de Augusto Boal, que não a pedagógica ou dramatúrgica. Dessa vez, me deliciei com a forma distanciada e poética em que o autor aborda sua vida: família, palcos, professores, ditadura, exílio, medos, mas principalmente, o experimento revolucionário em sua passagem pelo Teatro de Arena”, declara Bandeira.

Um capítulo em especial chamou a atenção do ator, pela ousadia e virada conceitual na trajetória artística de Boal, quando o Arena parte em excursão para o nordeste, como diz o autor:  (...) Na infatigável busca do povo autêntico: ali, sim estaria o Brasil verdadeiro”.

“No interior de Pernambuco, Boal com sua pesquisa de campo, entra em ua igreja e se impressiona com a homilia de seu líder, cujo o apelido era Padre Batalha, que se unia a um quadro político efervescente. A figura do padre, impressiona por sua sabedoria observadora, solidária e religiosa. Existe nela a contradição do amor indignado, empático, porém ríspido em seus diálogos e até violento, nada ingênuo. Uma personagem sedutora com amplo material para pesquisa de qualquer ator”, completa Rogério.


Notas sobre os reencontros e a montagem
Por Rogério Bandeira

Coincidências permeiam esse encontro. Marco Antonio Rodrigues na década de 80 foi ator do "Bando", uma das principais referências do teatro de grupo paulistano, liderado pelo dramaturgo Plínio Marcos, muito próximo a minha família: amigo - irmão de meu pai, que era advogado criminalista e liberou alguns de seus textos durante a ditadura militar. Minha mãe também assinou alguns figurinos do "Bando". Marco Antonio Rodrigues, parceiro fiel de Plínio Marcos, tornou-se um dos principais e mais combativos diretores do teatro brasileiro.

Mais de uma década depois, em 1995 fui aprovado por Marco Antonio Rodrigues no teste para a produção de um espetáculo com livre adaptação de Reinaldo Maia, inspirada na obra de Thèophile Gautier “Le Capitaine Fracasse”, que na década de 90, cinemas no mundo todo lotaram pelo sucesso retumbante que o filme "A Viagem do Capitão Tornado", de Ettore Scola, causou. A obra fala sobre as dificuldades e superações de uma trupe ambulante, pelas estradas de terra da França, no século 17, desejosa por se apresentar na capital Paris.

Nosso espetáculo não teve o mesmo sucesso retumbante do diretor italiano, mas o público que assistiu comenta até hoje sobre a contundência poética e inspiradora de quatro atrizes e cinco atores em cima de uma carroça. Levava o nome de: "Verás que Tudo É Mentira", e inspirou a formação de outros grupos teatrais paulistanos.

 A partir deste trabalho, nossa ligação solidificou-se e em 1997, junto com outros parceiros e parceiras, fundamos a Cia. Folias D’Arte. Ainda hoje, formadora e importante referência como grupo teatral de São Paulo.

Pouco tempo após a fundação do Folias, me afastei para novos rumos e possibilidades, sem perder o cordão umbilical com toda a experiência adquirida, principalmente quanto a importância da coletividade na arte. Marco Antonio continuou por anos como a principal liderança da companhia, inovando e combatendo artística e politicamente o cenário teatral, sem nunca perder o sentido democrático. Seguimos cada qual seu rumo, mantendo o olhar na mesma direção, através do sonho coletivo e, como ele mesmo diz, re-existência.

Marco Antonio Rodrigues se afasta da Cia. Folias D’Arte, e continua semeando sua indignação artística, poética, formando elencos com atores e atrizes brilhantes; gente coletiva. Entre outros experimentos em palcos e áudio visuais, também continuei buscando aprimorar o conhecimento, sempre junto a grupos formadores:  por 4 anos no CPT (Centro de Pesquisa Teatral), coordenada diretamente por Antunes Filho e entre idas e vindas fiquei 12 anos trabalhando no núcleo central da Cia. do Latão liderada por outro parceiro sensível, potente e amigo em comum, Sérgio de Carvalho.

Assim como Augusto Boal, eu e Marco Antonio Rodrigues nos exilamos, mas para dentro de nós. Durante o exílio, cada um ao seu tempo conhece Cecília Boal, mulher rara, agregadora, guerreira, sonhadora e determinada, qualidades que vão nos reaproximando, até o trio se unir para a realização desse trabalho: Hamlet: 16x8

Faço uma primeira adaptação e converso com Cecília Boal sobre possível montagem. Ela imediatamente cede os direitos autorais. Então convido Marco Antonio Rodrigues para a direção. Após muitos anos, nos juntamos novamente, assim como Padre Batalha, sozinhos em nossos questionamentos, porém saudosos, amorosos e indignados. Mas o capítulo adaptado sobre o padre, não convence o diretor. Ele quer mais.

Marco Antonio Rodrigues inicia outra dramaturgia, cola com parte da minha adaptação para em sala de ensaio deixar espaço para trocas, histórias, pensamentos. Assim, juntos readaptamos o texto. A inspiração central, parte pela constatação da capacidade que a geração do Arena, tinha em somar ideias e coletivamente transforma-las em ação. Como quando o teatro sai da literatura e sobe ao palco. 

Dessa forma nosso silencioso exílio tornou-se ação! Aos poucos, com pouquíssima verba, contatamos parcerias conquistadas em nossas trajetórias, que solidariamente compram a briga e unem-se a nós, para colaborar com o projeto. Hamlet 16x8, revela e questiona em cena, solidões que ganham companhia e amparo, mesmo em tempos de exílio, como força motriz para qualquer possível sonho coletivo. 


Boal, encenador
Em 1964, dezembro, o primeiro grande ato artístico-cultural realizado como forma de reação a ditadura recém-instalada foi o show “Opinião”, criação de Augusto Boal com Nara Leão, João do Valle e Zé Kéti. O acontecimento é significativo sob vários aspectos: reúne antropofagicamente, o popular e o erudito, é dramático e épico (“Nosso show verdade era diálogo: João lia a carta que escreveu ao pai, ao fugir de casa, menino; lia para Nara, lágrimas rolando, lágrimas que vestiam suas palavras. Nara respondia com ternura, olho no olho, carinhosa: 'Carcará, pega, mata e come'. – Augusto Boal), é caseiro e doméstico (foi ensaiado na casa de Nara), é manifesto e show, é morro e Zona Sul do Rio de Janeiro, é o Brasil transcultural: preto e branco. 

Em 2018, o ano que não foi parido, o ato artístico-cultural da classe artística é um manifesto burocrático pela manutenção do Ministério da Cultura no governo conservador recém “eleito”. Sensível retrocesso. Boal e o Teatro de Arena, Zé Celso e o Oficina, Amir Haddad e o Tuca do Rio de Janeiro, Silnei Siqueira e o TUCA de São Paulo. Essa geração de encenadores, cada um deles no seu quintal, faz a diferença. 

Voltando um pouquinho no tempo: “[...] embora os escritores de 1922 não manifestassem a princípio nenhum caráter revolucionário no sentido político, e não pusessem em dúvida os fundamentos da ordem vigente, a sua atitude, analisada em profundidade, representa um esforço para retirar à literatura o caráter de classe, transformando-a em bem comum para todos. [...] Mergulharam no folclore, na herança africana e ameríndia, na arte popular, no caboclo, no proletário. Um veemente desrecalque [...]". Essa fala aí em cima é do Antonio Candido

De certa forma, essa malta de encenadores e coletivos oriundos da metade do século passado, dá sequência ao povo de 22, com radical verticalidade. E com uma sensível diferença: eles trazem pra cena o sentido revolucionário. O teatro é o carrefour das artes. Por ali passa tudo, literatura, música, poesia, artes visuais e o diabo a quatro. Justamente por isso, teatro extrapola o tablado, junta gentes de todos os tipos, ganha ruas, praças, mexe com costumes e viveres, vira movimento. 

Boal tem absoluta consciência e visão disso. Por cada lugar que passa vai ajuntando gente, fazendo movimento, guerrilha cultural, disputa de pensamento. O Arena já é uma federação de artistas, de indivíduos singulares, a Feira de Opinião que cria em 68 junta artes de todas as áreas para responder o que é que cada um pensava do Brasil à época. 

Dá para imaginar a casa do Boal no exílio, ou as casas, porque a família que a essa altura era em número de quatro: Cecília, Fabian, Julian, Augusto, trocava de pais mais que de sapato. A casa mais parecia um quartel de exilados, militantes, agregados. Quartel é palavra imprecisa, aquilo mais parecia um terreiro encantado, lugar de folguedo onde se brinca e se canta. Lugar de festejo.

Boal não encena exclusivamente espetáculos: encena movimentos mundão afora, dentro ou fora do país. Inventa espetáculos perenes em cartaz hoje e sempre: Teatro do Oprimido, Teatro Jornal, Teatro Fórum, Teatro Legislativo. Boal encena a diversidade, o inconformismo, a utopia: Boal ensaia a revolução. 

Boal tem um trunfo poderoso: Cecilia, atriz, psicanalista, personagem perenizada nos Caros Amigos do Chico Buarque. Cecilia está por trás e a frente do Arco Iris dos Desejos do encenador. Hoje e sempre. Cecilia segue, fazendo movimento, animando a massa, juntando tudo daqui e dali. 

Tudo somado, aportamos aqui em 2021. Na linha, na senda, na estrada e no caminho dos Machado de Assis que nos deram grandeza, tino e precisão, cabe aqui nessa hora algum pensamento: a cultura brasileira na perspectiva artística tem lugar de ponta por conta do trabalho e da arte dessas gerações. De uma forma muito especial contaminou de um jeito determinante os viveres dessa terra. O Brasil era até 64 uma sociedade em formação: 64 aborta o corpo social. 

Isto permanece até hoje, com ênfase nesta disformidade que se reatualiza a partir de 2013 numa violência explicitada pelas desigualdades de todas as ordens desde a má distribuição de renda, passando pelas reiterações dos problemas congênitos oriundos da escravidão, do patriarcalismo, da hegemonia do mercado e da indústria cultural como forma de alienação dos conceitos de nação e de povo. À guerra cultural instalada, o conservadorismo tenta se impor aos costumes. Em luta com as formas libertárias e humanistas consolidadas nos últimos anos. Ambiciosa e modestamente esse universo em disputa é o que tentamos pôr em cena nesse "Hamlet: 16 x8". 

Serviço
"Hamlet: 16 x 8"
Local:
Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno (Rua Rui Barbosa, 153 - Bela Vista). Teatro Sérgio Cardoso Digital - Transmissão pela Sympla Streaming. Temporada: de 21 de agosto a 12 de setembro, sábados e domingos, às 18h. Ingressos: R$ 20 (inteira) – R$ 10 (meia entrada). Compras pelo site https://site.bileto.sympla.com.br/teatrosergiocardoso/. Atenção à diferenciação entre os ingressos para a temporada presencial e a digital. A sala de transmissão digital abre com 15 minutos de antecedência. É recomendável acessá-la antes do horário de início da apresentação. Duração: 90 minutos. Classificação indicativa: 14 anos.

.: Orquestra Ouro Preto recebe Fernanda Takai abrindo série


Orquestra Ouro Preto SulAmérica Sessions apresenta concertos virtuais com grandes nomes da música brasileira. A cada mês, uma apresentação inédita celebrará a importância da música para a Saúde Integral – estreia está marcada para este domingo, dia 22 de agosto, com Fernanda Takai.


A Orquestra Ouro Preto, de Minas Gerais, promoverá apresentações memoráveis até dezembro, reunindo boa música e informação. A primeira convidada do projeto Orquestra Ouro Preto SulAmérica Sessions, que tem patrocínio da SulAmérica por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura,  é a cantora e compositora Fernanda Takai, escalada para a estreia no dia 22 de agosto, às 18h30, com repertório especial que reúne clássicos de Tom Jobim.

A série de encontros, com cinco apresentações inéditas junto a grandes nomes da música brasileira, faz parte do Circuito SulAmérica de Música e Movimento. Até dezembro, uma vez por mês passarão pelas sessões virtuais artistas como Diogo Nogueira (setembro), Ana Carolina (outubro), Alceu Valença (novembro) e Lulu Santos (dezembro).

“A SulAmérica tem muito orgulho de fomentar a arte e a cultura no país por meio de projetos maravilhosos como a Orquestra Ouro Preto”, afirma Simone Cesena, diretora de marketing da SulAmérica. “Este apoio está totalmente alinhado com a nossa visão de Saúde Integral, que incentiva as pessoas a viverem melhor por meio do equilíbrio entre saúde física, emocional e financeira. A música leva cuidado e bem-estar às pessoas, o que tem sido importante neste momento de pandemia”.

A primeira apresentação da série, dia 22 de agosto, um domingo, terá Fernanda Takai em um encontro batizado de "O Tom da Takai". Gravado em meio às montanhas, no Estúdio Sonastério em Nova Lima (MG), o concerto revive clássicos do maestro Tom Jobim, promovendo o  encontro da bossa nova com a música orquestrada em temas  temas como “Estrada do Sol”, “Chega de Saudade”, “Corcovado”, além de canções menos conhecidas do compositor, como “Olha pro Céu”, “Aula de Matemática” e “Ai Quem me Dera”.

Maestro da Orquestra Ouro Preto, Rodrigo Toffolo vai conduzir bate-papos descontraídos e informativos com os artistas convidados. Algumas edições contarão ainda com a participação dos alunos da Academia Orquestra Ouro Preto, projeto socioeducacional patrocinado pela SulAmérica. Todos os concertos serão transmitidos pelo canal 500 da Claro TV (Canal Like), pelo canal da Orquestra no YouTube e ainda na programação da rádio e do app SulAmérica Paradiso.


Sobre a Orquestra Ouro Preto
Uma das mais prestigiadas formações orquestrais do país, a Orquestra Ouro Preto completa 21 anos de atividades e se reafirma como uma orquestra de vanguarda. Sob a regência e direção artística do Maestro Rodrigo Toffolo, o grupo se dedica à formação de diferentes públicos, com uma extensa programação nas principais salas de concerto e espaços diversos no Brasil e no mundo. Sob os signos da excelência e versatilidade atua também em projetos sociais e educacionais que vão muito além da música, como o Núcleo de Apoio a Bandas e a Academia Orquestra Ouro Preto. Premiado nacionalmente, o grupo tem 12 trabalhos registrados em CD, sete DVDs.

Criada em 2019, a Academia Orquestra Ouro Preto é um projeto socioeducacional patrocinado pela SulAmérica que propõe o desenvolvimento técnico de músicos que já possuam conhecimento em seu instrumento, para emergir na prática da música em conjunto. Atualmente conta com 42 bolsistas, com idades entre 18 e 28 anos. Os alunos têm em comum a paixão pela música e enxergam nela um futuro promissor como porta de entrada para a transformação de realidades sociais por meio da cultura.


Sobre a SulAmérica
A SulAmérica é uma companhia de 125 anos que se dedica a entregar Saúde Integral para seus mais de 7 milhões de clientes por meio de produtos e serviços de Saúde, Odonto, Vida, Previdência e Investimentos. A companhia tem como missão melhorar a vida das pessoas, oferecendo apoio, segurança e autonomia em cada momento e decisão de saúde física, emocional e financeira. Para isso, conta com mais de 4 mil colaboradores engajados e comprometidos, além de uma rede de distribuição com milhares de corretores de seguros em todo o Brasil.


Sobre a Musickeria
Há mais de 10 anos, a Musickeria coleciona cases de sucesso, conectando marcas, consumidores e influenciadores. Direção artística, curadoria, planejamento e execução de alavancagem editorial, plataformas digitais e experiências de branded content, são algumas de suas áreas de atuação.  (www.musickeria.com.br)

.: "O Coronel que Raptava Infâncias", de Matheus de Moura, é um soco


Em primeiro livro da carreira, jornalista reconstitui com profundidade o chocante caso do coronel Pedro Chavarry Duarte, condenado por estupro de vulnerável.


Em setembro de 2016, o coronel reformado da Polícia Militar Pedro Chavarry Duarte foi flagrado por dois policiais militares dentro de um carro no estacionamento de um posto de gasolina, em Ramos, na Zona Norte do Rio, ao lado de uma criança de dois anos, nua, que aparentava estar grogue. Replicada em todos os portais de internet e nos telejornais do país, esta história intrigante provocou indignação no estudante de jornalismo Matheus de Moura. Ele passou a acompanhar atentamente o noticiário até que, em 2018, decidiu se mudar de Santa Catarina para o Rio de Janeiro e sair em busca de detalhes não descobertos, fontes não ouvidas e territórios não visitados.

Movido por um incansável faro jornalístico e inspirado em "A Sangue Frio", clássico de Truman Capote que inaugurou o gênero chamado jornalismo literário, Matheus analisou minuciosamente os registros e reuniu mais de vinte e cinco horas de entrevistas para fazer um mergulho inédito no caso e na trajetória do personagem que ficou conhecido como o “coronel pedófilo”. O resultado do árduo processo de apuração deu origem a seu trabalho de fim de curso de jornalismo e foi o ponto de partida para o livro "O Coronel que Raptava Infâncias", que marca a estreia de Matheus como autor e chega às lojas, pela editora Intrínseca, em agosto de 2021. 

Sem obedecer a uma cronologia linear, a narrativa percorre o sombrio passado de Chavarry, desde as origens bascas da sua família, passando por sua experiência como coroinha, um desempenho escolar pífio, até a sua escalada profissional, marcada por ações que, em tese, eram pautadas por bandeiras de assistência social.

O foco da plataforma de atuação do coronel eram crianças – muito pequenas, na primeira infância −, em geral oriundas de famílias em condições de extrema pobreza. Munido de credenciais que o tornavam figura de reputação inquestionável – branco, rico, benquisto dentro da corporação militar −, Chavarry encontrava suas vítimas em comunidades carentes do Rio de Janeiro, lugares onde o poder público não tem interesse, ou recursos, para atuar. Mulheres com filhos pequenos, às vezes recém-nascidos, o viam como um milagre: ele oferecia emprego, assistência financeira e, acima de tudo, cuidava de suas crianças em uma suposta creche.

Jamais se descobriu, no entanto, o endereço dessa instituição. Quando Chavarry colocava as crianças em seus carros de luxo alugados, custeados com dinheiro público, as mães não sabiam para onde elas eram levadas ou o que acontecia durante as muitas horas de ausência. Até a noite em que uma atendente de lanchonete, moradora da comunidade Uga-Uga, se deparou com a insólita cena no estacionamento do posto de gasolina, em setembro de 2016, o que resultou na denúncia à polícia.

Para entender em profundidade os atos perpetrados por Pedro Chavarry Duarte e a extensão dos danos causados por sua conduta a inúmeras famílias inocentes, Matheus mergulha na geografia física e psicossocial do Rio de Janeiro com sensibilidade e coragem. O coronel que raptava infâncias oferece um raio-X indispensável do caso que chocou o país, reiterando a urgência de manter vivos na memória coletiva mesmo os momentos mais repugnantes de nossa história.

Sobre  o autor
Formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o jornalista e escritor Matheus de Moura é colaborador de veículos como The Intercept Brasil, UOL e Ponte Jornalismo, versando sobre temas como crime organizado, segurança pública e direitos humanos. Atualmente, é mestrando em sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O coronel que raptava infâncias é seu primeiro livro. Foto: Leo Aversa.

Você pode comprar "O Coronel que Raptava Infâncias", escrito por Matheus de Moura , publicado pela editora Intrínseca, neste link.

Ficha técnica
Livro: "O Coronel que Raptava Infâncias" | Autor: Matheus de Moura |  Editora: Intrínseca | Páginas: 268 | Link do livro na Amazon: https://amzn.to/3z6IteY

.: "Ojunifé": Majur anuncia versão ao vivo de aclamado disco de estreia


Do idioma iorubá, "Ojunifé" significa "olhos do amor". O primeiro álbum de Majur versa exatamente sobre isso: o olhar amoroso que ela desenvolveu por si mesma, em nome da própria felicidade. Foto: Guilherme Nabhan

Cantora revelação, Majur lança nesta quarta-feira, 18, a primeira parte de "Ojunifé Ao Vivo", registro ao vivo de seu disco de estreia. O projeto reunirá vídeos de performances ao vivo de todas as faixas do álbum. "É uma experiência sensorial e um registro documental da minha história, voz e talento. E, como eu sou uma artista visual, quis trazer a sensação de viver o álbum", ela comenta.

Chegam ao canal de YouTube da cantora essa semana os vídeos das primeiras quatro faixas da tracklist: "Agô", "Flua", "Ogunté" e "Enciéndeme", todas com produção musical de Ubunto, produção criativa de Bruno Pimentel, direção musical da própria Majur e looks assinados pela Von Trapp, marca que já trabalhou com Sabrina Sato e Camila Coutinho.

Do idioma iorubá, "Ojunifé" significa "olhos do amor". O primeiro álbum de Majur versa exatamente sobre isso: o olhar amoroso que ela desenvolveu por si mesma, em nome da própria felicidade. Foi lançado no dia 12 de maio de 2021, fruto de dois anos de trabalho de sua intérprete, que também assina todas as composições. Participam do disco as cantoras Liniker e Luedji Luna. Majur caiu no gosto do grande público após emprestar seus poderosos vocais para "AmarElo", faixa do rapper Emicida, que conta também com a participação de Pabllo Vittar e foi lançada em 2019.


.: Exposição no Beco do Batman traz Amazônia para São Paulo


Mais de 19 mil pessoas já viram a mostra da ZIV Gallery sobre a Amazônia.

Um pouco da Amazônia pode ser vista em São Paulo, na ZIV Gallery, galeria de arte localizada no Beco do Batman. De graffitis a instalações, a galeria reuniu obras de mais de 30 artistas para montar a exposição “Amazônia, Seu Povo, Sua Flora e Fauna”. “Escolhemos a exposição sobre a Amazônia para inaugurar a galeria e trazer um pouco da cultura amazônica para quem visita o Beco do Batman”, explica o galerista Helder Kanamaru, da ZIV Gallery.

A mostra conta ainda com um mural de mais de 35 metros quadrados, pintado por 16 artistas. “Nosso painel interno traz desde pinturas sobre os povos originários, passando pela maraca do povo Baniwa, o boto-cor-de-rosa, a arara vermelha, o peixe amazônico tucunaré até a representação do guaraná nativo, entre diversas referências amazônicas transformadas em arte”, descreve Kanamaru.

Os visitantes podem levar um pedacinho da Amazônia em forma de arte para casa, seja adquirindo os quadros da exposição, seja por fotos do painel, hit do lugar, com seus quase nove metros de altura, responsável por integrar a galeria ao bar/café com visão panorâmica para os murais do Beco do Batman, no piso superior. Desde 13 de maio, quando a galeria começou a funcionar, até o mês de agosto, já passaram 19.350 pessoas pela exposição.


Graffiti homenageia cacique do povo Kokama
A mais nova ação da ZIV Gallery para falar da Amazônia, como parte das atividades da exposição, é o graffiti em homenagem à cacique Bia, líder do povo Kokama e defensora dos povos originários amazônicos. O mural, pintado pela artista plástica Chermie Ferreira, fica na rua Gonçalo Afonso, a poucos metros do ponto mais central do Beco do Batman, bem em frente à galeria.

Chermie é natural de Manaus, onde começou a grafitar aos 16 anos, para incentivar as meninas das comunidades e ribeirinhas a ingressar na arte. Mais tarde, a artista descobriu suas origens Kokama e desde então dedica-se a representar, em seus trabalhos, mulheres, comunidades indígenas e ribeirinhas e trabalhadores do Norte do país.

"As cores fortes e os contornos precisos dos desenhos de Chermie trazem muito da fauna e flora amazônica, sem falar do destaque dado às mulheres e crianças em suas obras", detalha Kanamaru. A exposição sobre a Amazônia está na ZIV Gallery, de terça a domingo, na rua Gonçalo Afonso, 119, Beco do Batman, Vila Madalena, São Paulo.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

.: "A Menina que Matou os Pais" e "O Menino que Matou Meus Pais" estreiam


O Amazon Prime Video anuncia a estreia exclusiva dos filmes "A Menina que Matou os Pais" e "O Menino que Matou Meus Pais" no dia 24 de setembro, em mais de 240 países e territórios. Filmes contam as versões de Suzane von Richthofen e Daniel Cravinhos, casal que se declarou culpado pelo assassinato dos pais de Suzane.

Cada longa tem aproximadamente 80 minutos de duração e conta um ponto de vista diferente da história do casal de namorados Suzane von Richthofen e Daniel Cravinhos. Os roteiros têm como base informações contidas nos autos do processo que terminou com a condenação dos dois pela morte dos pais de Suzane.

Em 2002, Suzane e Daniel chocaram o Brasil quando se declararam culpados pelo brutal assassinato de Manfred e Marisia von Richthofen. Ao longo dos filmes são apresentados o caso e possíveis motivos do casal para cometer essa atrocidade. Um drama de crime real sobre um dos casos de assassinato mais brutais do país. Lançados simultaneamente, os dois filmes mostram os pontos de vista de cada um: "A Menina que Matou os Pais" é inspirado no depoimento de Daniel, e "O Menino que Matou Meus Pais" baseia-se no de Suzane.

Com direção de Mauricio Eça, roteiros de Ilana Casoy e Raphael Montes, os filmes são estrelados por Carla Diaz, Leonardo Bittencourt, Allan Souza Lima, Kauan Ceglio, Leonardo Medeiros, Vera Zimmermann, Augusto Madeira, Debora Duboc, Marcelo Várzea, Fernanda Viacava, Gabi Lopes e Taiguara Nazareth. A produção é da Santa Rita Filmes em coprodução com a Galeria Distribuidora e o Grupo Telefilms. O produtor executivo é o Marcelo Braga, que também assina a produção dos filmes junto com Gabriel Gurman, Ricardo Constianovsky, Silvia Cruz e Tomas Darcyl.

Os longas se juntam a milhares de programas de TV e filmes no catálogo do Prime Video, incluindo produções Originais Amazon brasileiras como "Dom", "Manhãs de Setembro", "5X Comédia", "Soltos em Floripa" e "Tudo ou Nada: Seleção Brasileira', e uma série de produções Originais Amazon premiadas, como "Um Príncipe em Nova York 2", "Sem Remorso", de Tom Clancy, "The Boys", "Modern Love" e "The Marvelous Mrs. Maisel", todos disponíveis no Prime Video sem custo extra para os membros Prime.

.: História real de irmãos Naves, presos injustamente, inspira espetáculo online


"O Caso dos Irmãos Naves" ganha montagem teatral do Ínteros Coletivo de Atores. Na cidade de Araguari (Minas Gerais) de 1937, dois irmãos - Joaquim e Sebastião Naves - são acusados da suposta morte do primo Benedito. Condenados, sem provas, a 25 anos de prisão, sofrem uma série de abusos e torturas. O caso dos irmãos Naves entrou para história como  um dos maiores erros do judiciário brasileiro. A montagem teatral reflete  sobre os recorrentes casos de injustiça e autoritarismo na sociedade. Temporada é online e gratuita. Foto: Lucas Benoit

A partir desse caso, considerado um dos maiores erros do judiciário brasileiro, o Ínteros Coletivo de Atores traça um paralelo entre a aplicação incorreta da justiça e os seus reflexos na vida de parentes e pessoas ligadas à família, no espetáculo "Os Naves". A peça estreia em temporada on-line, de 20 a 29 de agosto, com transmissão gratuita, de sexta a domingo, pelo YouTube/interoscoletivo. O processo, conhecido como "O Caso dos Irmãos Naves", foi adaptado para o cinema por Jean-Claude Bernardet e Luís Sérgio Person em 1967, com Raul Cortez interpretando Sebastião Naves; Juca de Oliveira vivendo o irmão Joaquim; e John Herbert na pele do advogado de defesa.

As falhas no sistema judiciário e os inúmeros casos de inocentes que são presos sem julgamento ou com base em provas inconsistentes alimentam uma máquina de prisões injustas. Partindo de um caso real acontecido na cidade mineira de Araguari, em 1937, o Ínteros Coletivo de Atores recupera a história dedois irmãos que foram acusados da suposta morte do primo, no espetáculo "Os Naves", que estreia em temporada online, de 20 a 29 de agosto, com transmissão gratuita, de sexta a domingo, com sessões às 19h e às 21h, pelo YouTube/interoscoletivo.

O espetáculo é baseado no processo de condenação de Joaquim e Sebastião Naves, considerado um dos maiores erros do judiciário brasileiro. O grupo pretende traçar um paralelo entre a aplicação incorreta histórica e atual da justiça brasileira, retratando a violência sofrida pelos irmãos e os seus reflexos na vida de parentes e pessoas ligadas à família ou que viviam na mesma cidade. A Justiça, de fato, é justa? Para quem?

“Trazer para cena esse tipo de temática na nossa sociedade onde vemos de forma recorrente casos de injustiça e autoritarismo é algo muito importante para possibilidade de reflexão. O teatro é uma plataforma que pode inspirar mudanças e trazer um campo fértil de olhar para nossa própria história e assim poder transformá-la”, conta o ator e produtor Chrystian Roque. A montagem parte do crime supostamente cometido pelos irmãos traçando uma narrativa ficcional que envolve uma pequena cidade onde pouco a pouco as personagens vão sendo apresentadas enquanto esperam e comentam o resultado do julgamento.

“Vivemos um tempo de constante julgamento público que muitas vezes é feito e conduzido de forma extremamente superficial onde tudo é levado a uma ‘espetacularização’ da violência e da impunidade. Esse trabalho tem por objetivo explicitar como esse tipo de dinâmica acaba apenas por alimentar o autoritarismo, ignorância e a injustiça”, ressalta Chrystian Roque.


Adaptação da montagem
O Ínteros Coletivo foi formado a partir de uma oficina em um projeto apoiado pela Lei de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo, em 2018. A história do Caso dos Irmãos Naves chegou até os artistas, que quiseram dar continuidade ao coletivo mesmo após o fim do período da oficina. A intenção da trupe era apresentar a peça em praças e locais públicos da cidade, mas com a pandemia da Covid-19, foi necessária uma adaptação para o formato audiovisual, abrindo possibilidades para experimentações e abordagens diferentes da história. 

Como meio de testar essa nova forma de fazer teatral, o grupo lançou em suas redes sociais a ação #EMCASA, para apresentar algumas cenas ao público, gravadas apenas com o uso de celulares e com os recursos cênicos disponíveis em suas próprias casas. A boa receptividade encorajou os artistas para uma adaptação do projeto para o audiovisual. 

“Na ambientação para o formato digital escolhemos a Casa Urânia, em São Paulo, como cenário para as gravações. Nela pudemos explorar não só o salão principal, mas também as áreas externas, quintal, escadas, sacada, jardim, até mesmo a cozinha, trazendo um realismo para a cena”, fala Chrystian Roque. O figurino é elaborado com peças recicladas pelos atores, customização e o reaproveitamento de materiais. A proposta, a princípio, surgiu por necessidade e hoje se apresenta como um traço estético do trabalho do grupo, além de tratar de um conceito com viés sustentável.


Os irmãos Naves
Em 1937, na cidade de Araguari, interior de Minas Gerais, um jovem comerciante, Benedito Pereira Caetano, desaparece misteriosamente. As suspeitas recaem sobre os primos e sócios de Benedito, os irmãos Joaquim e Sebastião Naves. A polícia local investigou o provável crime, mas não conseguiu pistas sobre o paradeiro do desaparecido. 

Um tenente da Força Pública do governo – então o Estado Novo de Getúlio Vargas - é designado para investigar o caso e prende os irmãos mesmo sem provas. Sob tortura e abusos eles acabam confessando o crime e são condenados a 25 anos de prisão. Porém, em 1952 Benedito aparece vivo. Só então, 12 anos após as acusações, é, enfim, reconhecida a inocência dos irmãos.

O processo, conhecido a partir daí como "O Caso dos Irmãos Naves", transforma-se em filme e livro. O livro foi escrito pelo advogado dos rapazes, João Alamy Filho, e traz as principais peças dos autos. O filme (1967), baseado na obra de Alamy Filho e adaptado para o cinema por Jean-Claude Bernardet e Luís Sérgio Person, traz Raul Cortez interpretando Sebastião; Juca de Oliveira vivendo o irmão Joaquim; e John Herbert na pele do advogado João Alamy Filho.


Ficha técnica:
Espetáculo "Os Naves"
Direção Artística:
Ínteros Coletivo de Atores | Elenco: Aline Loureiro, Ana Paula Desenzi, Ariadne Lima, Barbara Rodrigues, Chrystian Roque, Guigo Ribeiro, Guto Mendonça, Meyre Nascimento, Nicole D’Fiori, Rafael Caldas, Rodrigo Cristalino, Rômulo Martins e Stefania Robustelli | Direção de fotografia, cinematografia, edição e cor: Lucas Benoit | Composição musical: Chrystian Roque, Guigo Ribeiro, Meyre Nascimento e Rodrigo Cristalino | Desenho de som: Lucas Benoit | Direção de arte: Barbara Rodrigues | Cenografia: Chrystian Roque e Lucas Benoit | Locação de filmagem: Casa Urânia | Fotos e logo: Lucas Benoit | Designer gráfico: Wanny Freitas |  Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. Produção geral: Barbara Rodrigues e Chrystian Roque. Produção executiva: Morgana Sales | Realização: Ínteros Coletivo de Atores.


Serviço:
Espetáculo "Os Naves"
De 20 a 29 de agosto - Sexta-feira a domingo, às 19h e às 21h | Duração: 60 minutos | Ingressos: grátis | Classificação etária: 14 anos | Transmissão: YouTube/interoscoletivo.

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial
Tecnologia do Blogger.