domingo, novembro 12, 2017
Autor de "As Crônicas de Gelo e Fogo", a série de livros que inspirou o aclamado seriado "Game Of Thrones", George R.R. Martin esteve em Sydney no Ópera House para dar algumas dicas a quem quer se aventurar pela escrita de fantasia, baseado em sua própria experiência. Adicionamos essas informações a algumas dicas tiradas da seção de perguntas frequentes do site oficial do escritor. Abaixo, seguem os 12 mandamentos do Rei dos escritores de Fantasia da atualidade.
1) Comece aos poucos:
Dada a realidade do mercado de ficção cientifica e fantasia atual, sugiro que qualquer aspirante a escritor comece com histórias curtas, contos. Hoje em dia, vejo muitos escritores novos tentando começar de cara com uma novela ou uma trilogia, ou até mesmo com uma série de nove livros.
2) Ler e escrever, sempre:
A coisa mais importante para qualquer aspirante a escritor, é ler. E não somente o tipo de coisa que você está tentando escrever, pode ser fantasia, ficção cientifica, quadrinhos, qualquer tipo de literatura. Você precisa ler de tudo. Leia a história, ficção histórica, biografias, leia novelas de mistério, fantasia, ficção cientifica, horror, os sucessos, literatura clássica, erótica, aventura, sátira.
3) Não há problema algum em pegar "emprestado" da História:
Embora minha história seja de fantasia, é fortemente baseada em história medieval real. "A Guerra das Rosas", que foi sobre os Yorks e os Lancaster ao invés dos Stark e dos Lannister, foi uma das maiores influências. Como diz um famoso ditado, roubar de uma só fonte é plágio, mas roubar de muitas fontes é pesquisa.
4) Não limite a sua imaginação:
Eu sabia desde o começo que queria uma história grande e complexa. Antes de "As Crônicas de Gelo e Fogo", trabalhei na televisão por dez anos e sempre me deparava com um script de uma cena comum que eu escrevia, mas me diziam: "George , isso é ótimo , mas é muito grande e caro, você precisa cortar algumas coisas. Você tem 126 personagens e só temos orçamento para seis".
5) Crie personagens "cinza":
Personagens cinza (nem bons, nem maus) sempre me interessaram mais e o mundo está cheio deles. Li um monte de História, e não encontrei nenhum personagem puramente heróico ou mau. Você pode escolher os exemplos mais extremos - Hitler era famoso por amar cães. Stalin, Mao, Genghis Khan, os grandes assassinos em massa da história, eram todos heroicos sob seus próprios olhos. Somos todos "cinza" e temos a capacidade de fazer coisas heróicas e coisas muito egoístas. Compreender isso é a chave para criar personagens que realmente têm alguma profundidade.
6) Violência deve ter consequências - então não poupe ninguém!:
Se você pretende escrever sobre guerra no estilo medieval, precisa mostrar isso - as espadas não são apenas para enfeite. Você deve apresentá-lo honestamente em toda a sua feiura e horror. Batalhas medievais eram excepcionalmente sangrentas, as pessoas basicamente acertavam umas as outras com pedaços grandes, muito afiadas de metal que arrancavam membros e deixavam lesões horríveis e devastadoras.
7) Faça pontos de vista críveis:
Em última análise, todos nós estamos sozinhos no universo - a única pessoa que cada um de nós realmente conhece profundamente somos nós mesmos. Obviamente, eu nunca fui um anão ou uma princesa, então quando estou escrevendo esses personagens, tenho que tentar e conseguir entrar em sua pele e ver como seria o mundo de sua posição. Nem sempre é fácil. Uma parte disso pode ser conseguido falando com pessoas reais. Eu me correspondia com um fã que era paraplégico quando eu estava escrevendo os dois primeiros livros. Ele me deu um monte de informações valiosas sobre como escrever sobre Bran e como seria estar nessa situação.
8) Escolha os seus personagens com ponto-de-vista de forma a ampliar a narrativa:
Minha história é essencialmente sobre um mundo em guerra. Ela começa muito pequena, com todo mundo no castelo de Winterfell, exceto Daenerys. É um foco muito apertado e, em seguida, conforme os personagens se separaram, cada personagem encontra mais pessoas e povos adicionais entram em foco. É como se você estivesse tentando fazer um romance da 2ª Guerra Mundial: você vai pegar apenas um soldado comum? Bem, isso só cobriria o cenário europeu , não o Pacífico.
9) Evite clichês de fantasia:
Eu amo fantasia e tenho lido durante toda a minha vida, mas eu também sou muito consciente de suas falhas. Uma das coisas que me deixa louco é a exteriorização do mal, onde o mal vem do "Senhor das Trevas" que está sentado em seu palácio escuro com seus asseclas sombrios onde todos se vestem de preto e são muito feios. Eu deliberadamente brinquei com isso.
10) Gerenciar muitos personagens requer habilidade - e sorte:
Eu às vezes me pergunto se será possível amarrar todos os fios soltos na minha saga. Tenho pesadelos quando eu penso sobre tudo se juntando nos últimos dois livros. Acredito que posso fazer isso, mas vamos ver quando eu chegar ao fim. Às vezes, esses personagens malditos têm uma mente própria e se recusam a fazer o que eu quero que eles façam. Nós vamos saber se tudo vai funcionar em uma década, mais ao menos!
11) Lembre-se: O inverno está chegando:
Valar Morghulis - Todos os homens devem morrer. A consciência de nossa própria mortalidade é algo que diz respeito mais a arte e a literatura. Mas isso não se traduz, necessariamente, em uma visão de mundo pessimista. Assim como no mundo real, meus personagens estão aqui apenas por um curto espaço de tempo. O importante é o amor, a paixão, a empatia, o riso, até mesmo rir na cara da morte, se for possível. Há trevas no mundo, mas não podemos dar lugar ao desespero. Um dos melhores temas de "O Senhor dos Anéis" é que o desespero é o crime supremo. O inverno está chegando, mas você pode acender as tochas e beber vinho e se reunir ao redor do fogo e continuar a lutar por um bom combate.