domingo, outubro 15, 2017
O Sesc Santos apresenta musical em homenagem
aos 90 anos de Ariano Suassuna. Com canções inéditas de Chico César, Beto Lemos e Alfredo Del Penho, encenação de Luiz Carlos Vasconcelos e
texto de Bráulio Tavares, "Suassuna – O Auto do Reino do Sol" traz no elenco a companhia Barca dos Corações
Partidos.
Dias 19 e 20 de outubro, o Sesc Santos recebe em seu Teatro o espetáculo musical "Suassuna – O Auto do
Reino do Sol", uma homenagem da cia. Barca dos Corações Partidos a Ariano Suassuna, que completaria 90
anos, em 2017. As apresentações serão na quinta-feira, dia 19 de outubro, às 21h, e sexta-feira, dia 20, às 19h.
"Suassuna – O Auto do Reino do Sol" traz na essência uma série de características de seu homenageado.
Ariano Suassuna (1927- 2014) defendeu incansavelmente a brasilidade e a valorização da cultura nacional,
ao mesclar a arte popular e o universo erudito em todas as suas obras.
Idealizadora deste tributo ao escritor paraibano, a produtora Andrea Alves, da Sarau Agência, lançou o
desafio para a Cia. Barca dos Corações Partidos e convidou três ilustres conterrâneos de Ariano para criar
algo totalmente inédito, inspirado em seu legado e desenvolvido em um processo coletivo.
Desta forma,
nasceu o musical, que chega a Santos nos dias 19 e 20 de outubro, no Teatro do Sesc Santos, com canções de Chico César, Beto Lemos e Alfredo Del Penho, encenação de Luís Carlos Vasconcelos e texto de Bráulio
Tavares.
Em 2007, a Sarau Agência realizou uma grande programação para festejar os 80 anos de Ariano e, desde
então, foi criado um vínculo do escritor com Andrea, responsável por todas as montagens da "Barca dos
Corações Partidos" e por uma série de projetos que celebraram a arte brasileira nos últimos 25 anos.
"Há
algum tempo, Ariano me falou: ‘Não venha comemorar meus 85 anos, eu não vou morrer, quero que você
festeje os meus 90!’. Naquele momento me senti condecorada e com uma grande missão pela frente", conta
a produtora.
A ideia inicial surgiu em conversas de Andrea com Ariano, que se confessava um palhaço frustrado e que
elegeu o palhaço de "O Auto da Compadecida" como um dos seus personagens prediletos. "Assim, surgiu a
ideia de uma grande homenagem ao palhaço de Ariano e pensei na reunião da 'Barca dos Corações Partidos' com o que eu chamo de 'trio paraibano'. Assim foi sendo criada esta peça inédita, com músicas e texto
originais, mas totalmente inspirada no legado de Ariano’, resume.
A escolha de Ariano Suassuna foi também coerente com toda a trajetória da Barca dos Corações Partidos,
fiel defensora de um repertório nacional e de um teatro que privilegia o intercâmbio de linguagens.
Recentemente, o grupo arrebatou os principais prêmios da temporada (Prêmio APTR de Melhor Espetáculo,
Música e Produção; Prêmio Shell de Direção para Duda Maia; Prêmio Cesgranrio de Direção, Direção Musical
e Espetáculo; Prêmio Botequim Cultural de Melhor Espetáculo Musical, Direção, Autor, Ator (coletivo de
atores), Me) com ‘Auê’ (2016), espetáculo construído apenas com músicas originais dos membros do grupo,
responsáveis por utilizar no palco elementos de teatro, música, dança e performance.
O grupo se formou no processo de "Gonzagão – A Lenda" (2012), celebração de outro ícone nordestino, Luiz
Gonzaga, e logo em seguida reviveu um clássico de Chico Buarque ("Ópera do Malandro", 2014), ambos com
direção de João Falcão. Chico César, Braulio Tavares e Luís Carlos Vasconcelos assistiram aos três trabalhos
e aceitaram na mesma hora o convite para se unir nesta nova empreitada.
"Além de ser um espetáculo que homenageia os 90 anos de Ariano Suassuna, quero falar do meu fascínio
com essa trupe. Sempre trabalho com meus atores, com o meu grupo. Sempre tive receio de pegar um
trabalho de outra companhia, mas tudo se dissipou em nosso primeiro encontro. É fascinante observar todas
as possibilidades que estes atores tem como músicos, cantores, atores e palhaços", diz Luís Carlos, fundador
do celebrado grupo Piollin e diretor de montagens emblemáticas, como "Vau da Sarapalha", em repertório
desde a estreia, em 1992.
O texto e as canções do musical foram produzidos ao longo do processo de ensaios, que começou ainda no
ano passado, quando o elenco fez uma série de oficinas circenses e também excursionou pelo Nordeste
brasileiro no que foi chamado de Circuito Ariano Suassuna. Guiados por Dantas Suassuna, filho de
homenageado, a trupe esteve em Casa Forte (Recife), conheceu a famosa Pedra do Ingá e visitou a fazenda de Taperoá (Paraíba).
Entre muitas palestras e oficinas, o grupo se preparou para o intenso processo criativo,
em que se reuniram por oito horas diárias e apenas uma folga semanal nos últimos quatro meses.
Neste período, Braulio Tavares idealizou a história central da montagem, centrada em uma trupe de circoteatro
e nos acontecimentos de uma noite de apresentação do grupo. O picadeiro de um circo é o cenário
perfeito para aparecerem personagens de Ariano, como João Grilo e Chicó ("O Auto da Compadecida") e
outros conhecidos tipos da Literatura Clássica, além de servir como pano de fundo para as histórias dos
integrantes da companhia fictícia.
O projeto sempre quis falar de Ariano sem, no entanto, apresentar um espetáculo biográfico ou mesmo uma
adaptação de suas obras. "Quando entrei na história, já estava decidido que não seria um espetáculo
Armorial e que teríamos a liberdade de subverter, de trazer o Ariano de outras formas. A criação foi toda
impregnada de Ariano, de seus personagens e de seu universo", relata Luís Carlos Vasconcelos, que trouxe
toda a sua imensa bagagem como palhaço para o processo. "É uma homenagem ao Ariano palhaço. O público
é guiado por uma espécie de Palhaço Mestre de Cerimônias, como era habitual em seu teatro", diz.
A parte musical seguiu pelo mesmo caminho. Os textos poéticos e as letras das músicas usam as formas
tradicionais de poesia popular que foram cultivadas por Ariano, como a sextilha, a décima, o martelo e o
galope.
Chico César, Beto Lemos e Alfredo Del Penho, mostravam as melodias e algumas letras surgiam de
improviso, outras cabiam exatamente em alguns trechos do texto. A maioria das letras ficou a cargo de
Bráulio Tavares, mas também tem canções de outros integrantes da companhia, como Adrén Alves e Renato
Luciano. "Contaminação foi a palavra que define todo este projeto. As melodias foram contaminadas pelas
letras e vice-versa. Criamos algo novo, mas totalmente contaminado por Ariano", analisa Chico, a quem o
escritor chegou a dedicar um livro de poesias.
O espetáculo está indicado em várias categorias do prêmio CESGRANRIO, inclusive Melhor Espetáculo.
Ficha Técnica
"Suassuna – O Auto do Reino do Sol", Uma Encenação de Luiz Carlos Vasconcelos
Texto: Bráulio Tavares
Música: Chico César, Beto Lemos e Alfredo Del Penho
Idealização e Direção de Produção: Andrea Alves
Com a Cia. Barca dos Corações Partidos (Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Beto Lemos, Fábio Enriquez,
Eduardo Rios, Renato Luciano e Ricca Barros).
Atriz convidada: Rebeca Jamir
Artistas convidados: Chris Mourão e Pedro Aune
Cenografia: Sérgio Marimba
Iluminação: Renato Machado
Figurinos: Kika Lopes e Heloisa Stockler
Serviço:
Dia 19, quinta-feira, às 21h | Dia 20, sexta-feira, às 19h.
Local: Teatro Sesc Santos ( 750 lugares )
Duração: 120 minutos
Não recomendado para menores de 12 anos
Vendas
Site: desde o dia 10 de Outubro. Bilheteria: desde o dia 11 de outubro. Valores R$ 20 (inteira) R$ 10 ( meia ) R$ 6 (Credencial plena)