Um espetáculo da Rockefeller Studios em parceria com Disney Theatrical Group Ministério da Cultura e Bradesco Seguros apresentam no Brasil o espetáculo "Ursinho Pooh: o Novo Musical". Com puppets em tamanho real e toda a turma do Ursinho Pooh reunida, o espetáculo estreia dia fica em cartaz até 24 de novembro no Teatro VillaLobos, em São Paulo. Escrito e dirigido por Jonathan Rockefeller, o espetáculo traz Arthur Berges como Pooh, Enrico Verta como Tigrão, Bel Nobre como Leitão/Guru, Gui Leal como Ió/Coelho/Corujão, Carla Vazquez como Can e os pequenos Rodrigo Thomaz, Nico Takaki e Mateus Vicente se revezando no papel de Christoper Robin, além dos swings Luana Bichiqui e José Diaz.
As apresentações acontecem exclusivamente aos sábados e domingos, com sessões às 11h00, 14h00 e 17h00. Ingressos podem ser adquiridos pelo site www.sympla.com.br, além da bilheteria do Teatro VillaLobos ou no totem do Shopping VillaLobos. A realização é da Dínamo Realizações Artísticas, IMM e EGG Entretenimento, junto da Rockefeller Studios em parceria com Disney Theatrical Group.
Em uma nova história do Bosque dos Cem Acres, contada com impressionantes marionetes em tamanho real através dos olhos dos personagens que todos conhecemos e amamos, esta adaptação para o palco apresenta a música clássica ganhadora do Grammy dos irmãos Sherman com músicas adicionais deA.A. Milne. Jonathan Rockefeller escreve e dirige "Ursinho Pooh: o Novo Musical". No Brasil, o espetáculo é apresentado pelo Ministério da Cultura e Bradesco Seguros e é uma produção da Dínamo Realizações Artísticas, IMM e EGG Entretenimento, da empresária Stephanie Mayorkis.
O musical traz uma nova leitura de personagens já amados, com uma estética encantadora e uma mensagem central poderosa sobre amizade e lealdade. Embora haja familiaridade com as versões do desenho da Disney, o espetáculo se destaca por suas próprias escolhas, tanto no desenvolvimento dos personagens quanto na execução visual e musical.
Um dos aspectos mais notáveis é a caracterização dos personagens, que foge em vários momentos das versões mais conhecidas. Leitão, interpretado por Bel Nobre, mantém seu caráter medroso e ansioso, mas de uma maneira que não o paralisa. Ele se permite aproveitar as aventuras – como ao esquiar – e até se impõe em momentos de necessidade, como quando consegue interromper uma discussão entre Tigrão e Coelho. Essa evolução faz com que Leitão se veja mais importante, ainda que seja fisicamente frágil, um contraste com o personagem do desenho da Disney, mais focado em sua timidez e insegurança paralisante.
Ió, vivido por Gui Leal, também passa por uma transformação interessante. Conhecido por sua melancolia característica, o burro nesta versão é mais cômico e menos introspectivo, chegando a brincar com sua própria existência ao se autointitular "um burro que traz alegria". Essa abordagem gera um contraste agradável, já que Ió frequentemente é um símbolo de tristeza resignada, e aqui vemos um toque de leveza em sua personalidade.
Já Tigrão, interpretado por Enrico Verta, se mantém fiel à versão da Disney. Ele é hiperativo, leal e carismático, dominando o palco nas músicas mais animadas e divertidas, ocupando uma posição de destaque no musical. Sua capacidade de conter sua energia em nome da amizade mostra um desenvolvimento emocional que, embora sutil, é tocante. O público se contagia facilmente com sua presença e alegria, sendo um dos pontos altos do espetáculo.
O Ursinho Pooh, vivido por Arthur Berges, traz um dos retratos mais fiéis ao desenho da Disney. Ele mantém sua ingenuidade característica, como quando acredita que o inverno é uma pessoa. Essa simplicidade reflete a essência do pensamento infantil e reforça sua ternura. O reencontro emocionante entre Pooh e Christopher Robin, no final do espetáculo, é o clímax emocional, evocando lágrimas entre os adultos, ao relembrar a pureza das amizades de infância.
Christopher Robin, interpretado pelo ator mirim Rodrigo Thomaz, é o único personagem "real", sem ser fantoche, e sua presença gera forte empatia com as crianças da plateia. Ele não apenas representa a criança que guia os animais, mas também reforça o valor da amizade de uma forma tocante e universal, especialmente em sua fala final, que toca os corações de adultos e crianças. A escolha de colocar uma criança real no palco aumenta a conexão emocional e traz um frescor ao espetáculo.
A cenografia do musical é outro ponto forte, proporcionando uma atmosfera tranquila e em harmonia com o dinamismo das canções e dos personagens. O uso das luzes para simbolizar as estações do ano é um detalhe visualmente encantador, com transições simples, mas eficazes – como o crescimento das flores, a queda da neve e o vento do outono – que capturam a atenção de todos. A natureza orgânica desses efeitos mantém a narrativa fluida e mágica.
Musicalmente, as canções são bem divididas, alternando entre momentos mais calmos, como em “Se a Neve Cai”, e músicas mais alegres, com destaque para as de Tigrão, que animam o público. Essa variedade de tons mantém o equilíbrio entre a serenidade e o entusiasmo, algo que se diferencia da constante agitação dos desenhos mais modernos.
Outro aspecto que merece elogio é a direção de Alessandra Dimitriou, que conseguiu renovar o clássico de uma forma equilibrada, sem cair na armadilha dos excessos visuais ou narrativos dos desenhos atuais. O musical não traz antagonistas ou conflitos grandiosos, focando-se em temas simples, como ajudar Pooh a conseguir mel e tirá-lo de uma árvore. Esse ritmo mais suave é uma mudança bem-vinda para quem busca uma experiência mais contemplativa e emocional, longe das batalhas e desafios que dominam a programação infantil contemporânea.
Com um elenco talentoso e uma produção visualmente encantadora, "Ursinho Pooh – O Novo Musical" é uma excelente escolha para famílias, especialmente aquelas com crianças pequenas. No entanto, são os adultos que provavelmente sairão mais emocionados do teatro, impactados pela mensagem atemporal de amizade e pelo resgate da simplicidade e inocência da infância.
"Ursinho Pooh – O Novo Musical" renova o clássico de forma graciosa, trazendo uma leitura diferente, mas profundamente fiel ao espírito dos personagens. Sem a presença de antagonistas, a peça oferece um espetáculo leve e emotivo, focado na beleza das pequenas coisas e nos laços de amizade. Um programa imperdível para crianças e, especialmente, para os adultos que desejam reviver a magia de Pooh e seus amigos.
Serviço Espetáculo "Ursinho Pooh: o Novo Musical" Temporada até dia 24 de novembro de 2024. Local: Teatro VillaLobos – Shopping VillaLobos. Endereço: av. Drª Ruth Cardoso, 4777 - Jardim Universidade Pinheiros / São Paulo. Classificação etária: livre, menores de 12 anos acompanhados dos pais ou responsáveis legais. Crianças até 12 meses não pagam, ficarão no colo do responsável. Duração: 70 minutos. Dias e horas: sábados e domingos às 11h00, 14h00 e 17h00.
"Verão", lançado pela editora e-galáxia, é o primeiro romance da piauiense Veronica Botelho, uma autora de literatura que nasceu nos intervalos da escrita de suas teses acadêmicas, sempre exigindo muita leitura e comparações de pontos de vista antes de ganhar forma na tela do computador. Cidadã do mundo e mãe de meninas de dois, 11 e 14 anos, Veronica pegou o diploma de psicologia na Itália e, no momento, faz mestrado em Neurociência da Saúde Mental em Londres, além de vir se especializando em Neurociência Cultural, um braço super novo da Neurociência.
O lançamento será na sexta-feira, dia 1º de março, às 19h00, na Janela Livraria. Haverá um bate papo entre a autora e duas convidadas: Maria Carolina Casati, à frente do projeto Encruzilinhas, focado na pesquisa sobre a importância da história oral para a construção da sociedade, e Tamlyn Ghannam, criadora do perfil de entrevistas LiteraTamy. A artista Aline Bispo foi escolhida para assinar a capa de "Verão". Bispo ficou conhecida no meio editorial pela criação da capa emblemática de "Torto Arado", de Itamar Vieira Jr. e um dos livros responsáveis pelo recente boom da literatura brasileira.
A literatura entrou na vida da autora pela porta do divertimento. "Sempre quis escrever ficção, mas achava impossível. Então, continuei produzindo textos acadêmicos. De vez em quando, o meu companheiro falava que eu deveria investir na ficção para relaxar um pouco. Até que resolvi tentar. Uma amiga me apresentou à dona da e-galáxia. Ela leu os originais e quis publicar o 'Verão', que faz parte da série As Estações", explica Veronica, adiantando que "Inverno" já está nas mãos da sua editora, Sandra Espilotro.
Transitando entre o passado e o presente, a história se desenrola por 21 anos - entre os verões de 1998 e 2021. Rebecca, a protagonista, experimentou o racismo na pele e pouco sabe de sua origem. Ao atingir a maioridade, decide ir atrás dos fatos jamais esclarecidos pelos tios que ficaram com a sua guarda. Quais serão os motivos da ausência da mãe e a verdade sobre a morte do pai? Essa jornada de busca e esperança ocupa o centro da trama.
E não é só nos ponteiros que "Verão" convida os leitores a viajar, mas também no espaço: de Toscana ao nosso Nordeste, da Cataluña à Serra Fluminense. Assim como a personagem, Veronica Botelhoestá sempre com, ao menos, um bilhete emitido. Isso porque ela mora parte do ano na Espanha e o restante no Brasil, numa casa da família em Miguel Pereira.
"Os personagens foram se construindo de fragmentos de conversas que escutei pelos tantos lugares onde passei. Colocar esse drama psicológico no papel foi muito gostoso. Comecei no verão, mas a escrita mesmo se deu no inverno europeu - ou seja, no verão daí", conta Veronica, da Cataluña. "A narrativa vai e volta para dar a dimensão de vida real. E as estações são como emoções, mesmo quando a gente rejeita uma, ela apresenta nuances que nos agradam", pondera. Compre o livro "Verão", de Veronica Botelho, neste link.
Serviço Lançamento do romance "Verão", de Verônica Botelho, no Rio de Janeiro. Dia 1º de março, às 19h00, na Janela Livraria - Rua Maria Angélica, 171 / loja B, no Jardim Botânico. Entrada gratuita. O livro custa R$ 44,90. Haveerá bate-papo de Veronica Botelho com Maria Carolina Casati e Tamlyn Ghannam.
Incentivar a leitura na infância pode trazer inúmeros benefícios para as crianças. Além disso, segundo um relatório feito pelo IPL (Instituto Pró-Livro), o público infantil entre cinco e dez anos é o que mais consome livros no Brasil, lendo diariamente ou quase todos os dias por vontade própria. Dentro desse contexto, introduzir a leitura de clássicos no dia a dia da criança pode trazer benefícios como o aumento do conhecimento em vocabulário e senso crítico. No entanto, é preciso saber como colocar essas obras no dia a dia do público infantil de forma que seja prazeroso e compreensível para eles.
“A literatura também é porta de entrada para o aprendizado e amadurecimento dos pequenos, assim como forma de passar tempo de qualidade com os pais ou responsáveis”, comenta Fábio Pedro-Cyrino, diretor editorial da Editora Landmark - especializada em livros clássicos e bilíngues. Nesse cenário, Oscar Wilde (1854-1900)foi um autor inglês que publicou com foco no público infantil nos seus dois livros de contos: “A Casa das Romãs” e “O Príncipe Feliz e Outros Contos”. O autor aborda principalmente um dos seus temas preferidos: os seres humanos, suas duplicidades e a ideia de que nem tudo é o que parece ser.
Essas duas obras de Wilde foram lançadas pela Landmark em capa dura e edições bilíngues, trazendo aos leitores os contos e as ilustrações originais publicados em 1891, com análises e parábolas morais para todas as idades. Quando o escritor publicou seus contos, alguns críticos julgaram que “A Casa das Romãs” era muito complexo para as crianças, mas Wilde discordava. Veja quatro dos contos clássicos que podem ser interessantes para ler com as crianças. Compre o livro “O Príncipe Feliz e Outros Contos”, de Oscar Wilde, neste link.
"O Pescador e a Sua Alma" Neste conto, um jovem pescador encontra uma sereia e deseja casar-se com ela, mas não pode, pois para viver debaixo d'água não pode ter alma. Explorando o universo fantástico, Wilde versa sobre o amor e as suas relações antagônicas com a propriedade, o conhecimento e até mesmo as sensações. É um dos contos mais instigantes do autor e que trabalha com um simbolismo que envolve o leitor do começo ao fim.
"O Príncipe Feliz" A obra trata da estátua do Príncipe Feliz, a qual é deslumbrante, laminada a ouro, com olhos de safira, rubis na espada, erguida pela cidade, no ponto mais alto. Quando vivo, ele era alheio ao mundo exterior e à miséria que este continha. E, agora, contempla a pobreza do povo. Um Andorinho chega como um hóspede ocasional e, comovido pelas lágrimas do Príncipe, cede aos seus pedidos: distribuir aos mais necessitados tudo o que ainda tinha de valor.
"O Gigante Egoísta" No conto, quando um Gigante se recusa a liberar o acesso ao seu jardim às crianças, um terrível inverno se abate sobre o local: a geada se recusa a ir embora e a primavera se nega a escalar as paredes do jardim. No entanto, o Gigante acaba por ser transformado pelo sentimento de um menino especial. Wilde apresenta lições morais e de cortesia, com um surpreendente final..
"O Foguete Extraordinário" A história mostra a discussão entre fogos de artifício durante a comemoração do casamento dos jovens príncipes. O debate entre as personagens serve de pano de fundo para evidenciar os efeitos do individualismo e da competitividade. Dessa forma, o conto, de modo sutil, demonstra aos leitores, de maneira didática, a necessidade de convivência e coletividade. Garanta o seu exemplar de “O Príncipe Feliz e Outros Contos”, escrito por Oscar Wilde, neste link.
Com Isabella Lemos e Iuri Saraiva no elenco, o espetáculo trata das lembranças de dois irmãos que vivem em permanente decomposição emocional em uma realidade permeada por conflitos, abusos, violência e tormentos. Foto: Ronaldo Gutierrez
A premiada atriz e diretora Clara Carvalho (vencedora dos prêmios APCA, Aplauso Brasil e Shell) dirige a peça inédita "Escombros" (do original "Debris"), o primeiro texto do autor inglês contemporâneo Dennis Kelly. O espetáculo traz no elenco Isabella Lemose Iuri Saraiva (vencedor do prêmio APCA 2019 pela atuação em "Jardim de Inverno") está em cartaz no Espaço Cênico do Sesc Pompeia, onde segue em cartaz até 21 de julho, com sessões de terça a sexta, às 20h30.
Considerada pelo próprio autor a sua obra mais autobiográfica, "Escombros" é uma peça de um ato, na qual os irmãos Michael e Michelle narram versões da história de suas vidas, fantasiando o passado e procurando um sentido para sua infância pobre e conturbada.
O espetáculo começa com o monólogo de Michael sobre a memória de voltar para casa no dia do seu aniversário de 16 anos, abrir a porta do apartamento e encontrar seu pai, um alcoólatra convertido ao catolicismo e fanático por Jesus, crucificado no meio da sala de visitas. Já Michelle é obcecada pela morte da mãe e cria versões contraditórias sobre a forma como ela teria morrido e sobre como ela, Michelle, teria nascido.
A trama intercala essas narrativas dos irmãos, mostrando a luta desesperada pela sobrevivência em um universo em que o abuso sexual, a pobreza, a violência e a dor estão constantemente presentes. Dennis Kelly cria um mundo onde as mães morrem antes de dar à luz, onde bebês nascem do lixo e, famintos, mamam sangue nos mamilos dos homens.
Com uma escrita precisa, fragmentada e de um humor sombrio, a peça aborda temas indigestos, em uma narrativa vertiginosa. “A linguagem da peça é exuberante e encantadora na sua crueza. O que temos são sempre versões do que aconteceu. Michael nos conta, por exemplo, como encontrou no lixo o bebê Debris. Em algumas cenas os irmãos contracenam, encenando situações de abuso que viveram. A linguagem do autor é bruta, mas muito sofisticada, engraçada e extremamente poética”, diz Clara Carvalho.
É o segundo texto de Dennis Kelly que Clara dirige. “Eu já tinha dirigido uma peça chamada 'Órfãos', em 2012, uma montagem que ganhou o Festival da Cultura Inglesa e depois fez uma temporada com patrocínio da Vivo. Foi a atriz Isabella Lemos que me apresentou a ele. O autor é uma das vozes mais interessantes do teatro inglês contemporâneo”, conta Clara.
“Esta peça volta ao tema da orfandade. Mais uma vez os protagonistas são dois irmãos que tiveram uma infância de abandono, mas sobreviveram. Acho que a sensação de perplexidade e abandono social de dois jovens frutos de uma família disfuncional recriando as próprias vidas é muito tocante. Minha preocupação é fazer com que o texto brilhe na boca e no corpo dos atores; é mostrar a riqueza que emerge daquelas duas criaturas tão maltratadas, sem perder a centelha da graça e da fantasia”, acrescenta a diretora. “Numa outra camada, essa mãe tão maltratada de que a peça fala, talvez seja também nosso planeta Terra, que já não consegue se proteger de uma humanidade compulsivamente destrutiva”.
A montagem conta com cenografia de Eric Lenate, figurinos de Marichilene Artisevskis, trilha de Ricardo Severo e iluminação de Nicolas Caratori. "A atmosfera de Kelly neste texto tem ressonância com a obra de Samuel Beckett, em que os seres humanos foram abandonados em um mundo regido por um Deus indiferente. A encenação conversa com a realidade cinzenta e detonada dos quadros do pintor alemão Anselm Kieffer, com os azulejos cortados de Adriana Varejão, com a cultura pop e a TV", diz Clara.
Sobre o autor Dennis Kelly Dennis Kelly é um dramaturgo britânico internacionalmente reconhecido. Entre suas peças, estão "Escombros", de 2003; "Osama, o Herói", de 2004, vencedor do prêmio Meyer Witworth de 2006; "Após o Fim", de 2005; "Amor e Dinheiro", de 2006; "Cuidando do Bebê", também de 2006, vencedor do Prêmio John Whiting em 2007; DNA, de 2007; "Órfãos", de 2009, vencedor do Prêmio Fringe First and Herald Angel de 2009; e "O Choro de Deus".
Em 2009, Dennis foi eleito o melhor autor estrangeiro pelo Theatre Heute, na Alemanha. Seus trabalhos para o rádio incluem A Colônia, para a BBC, em 2004, que lhe rendeu o Prêmio Prix Europa de melhor drama europeu para rádio e 12 Ações, também para a BBC, em 2005. Dennis foi co-autor da premiada série de comédia Pulling. Escreveu também o musical "Matilda", que lhe rendeu o prêmio Tony em 2013 de melhor texto para musical.
Sobre a diretora Clara Carvalho Iniciou sua trajetória artística no balé e foi integrante do Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 1986, veio com o Grupo Tapa para São Paulo com o espetáculo "O Tempo e os Conways". Radicou-se em São Paulo, dedicando-se definitivamente ao teatro como atriz, diretora, tradutora e professora.
Foi indicada cinco vezes ao Prêmio Shell: por "Um Inimigo do Povo" (2023); "Ivanov" (1998); "Frankensteins" (2002), "Órfãos de Jânio" (2001) e "Ou Você Poderia me Beijar" (2014). Ganhou os prêmios Shell com "Órfãos de Jânio"; Qualidade Brasil de melhor atriz em 2002 por "Major Bárbara"; APCA 2003 por "Frankensteins e o Mambembe" em 1998 por "Ivanov". Em 2011, foi indicada ao Prêmio APCA de melhor atriz em "Espectros" e em 2014, foi indicada ao Prêmio APCA por "Preto no Branco".
Em 2019, Clara foi indicada ao Prêmio APCA e Aplauso Brasil de Melhor Direção por "Condomínio Visniec"; 2015, foi indicada ao APCA de Melhor Direção e Melhor Espetáculo por "A Máquina Tchekhov", de Matéi Visniec.
Ficha técnica "Escombros". Título original: "Debris". Autor: Dennis Kelly. Direção: Clara Carvalho. Elenco: Isabella Lemos e Iuri Saraiva. Arquitetura Cênica: Eric Lenate. Figurino: Marichilene Artisevskis. Música original: Ricardo Severo. Iluminação: Nicolas Caratori. Direção de Vídeo e Videomapping: André Grynwask e Pri Argoud (Um Cafofo). Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Fotos: Ronaldo Gutierrez. Gerenciamento de Mídias Sociais: SM Arte Cultura. Designer: Denise Bacellar. Registro em vídeo: Ícarus Audiovisual. Produção: SM Arte e Cultura. Direção de produção: Selene Marinho. Produção executiva: André Roman. Cenotécnico: Jorge Luiz Alves. Envelhecimento de figurino: Foquinha Cris. Direção de palco: Henrique Pina. Operação de Som: Rafael Thomazini.
Serviço: "Escombros". De 4 a 21 de julho, terça a sexta, às 20h30. Espaço Cênico. Capacidade: 48 lugares. Duração: 75 minutos. Ingressos R$ 10,00 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculados no Sesc e dependentes), R$ 15,00 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$ 30,00 (inteira). Venda on-line a partir de 27 de junho 17h no aplicativo credencial Sesc SP e em central de relacionamento sescsp.org.br.Venda presencial nas unidades do Sesc SP a partir 28 de junho 17h. Bilheteria: de terça a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos e feriados, das 10h às 19h. Classificação indicativa: 16 anos. Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93. Sem estacionamento. Para informações sobre outras programações, acesse o portal: sescsp.org.br/pompeia.
Com direção de Elias Andreato e com Bianca Bin no elenco, o espetáculo é uma adaptação para a realidade brasileira da bem-sucedida peça de Matthieu Delaporte e Alexandre de la Patellière. Fotos de Ronaldo Gutierrez
Em tempos cada vez mais violentos e agressivos, a comédia "O Nome do Bebê", da dupla francesa Matthieu Delaporte e Alexandre de la Patellière, discute a dificuldade de escuta nas nossas relações mais íntimas. A comédia, que tem direção de Elias Andreato, estreia no dia 14 de julho no Sesc Ipiranga, onde segue em cartaz até 20 de agosto, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h.
Montado em vários países e adaptado para o cinema em 2012, o premiado texto foi traduzido pela atriz Clara Carvalho, que buscou aproximá-lo ainda mais da realidade brasileira, valorizando ironias e sarcasmos. Já o elenco traz Bianca Bin, Cesar Baccan, Dudu Pelizzari, Lilian Regina e Marcelo Ullmann. Depois de protagonizar o espetáculo “Jardim de Inverno”, com direção de Marco Antônio Pâmio, Bianca Bin, que está na telenovela das 21h, "Terra e Paixão", solidifica sua carreira com papéis cada vez mais complexos, também no teatro.
Na peça, Vincente e Anna vão jantar na casa da irmã dele para comunicar a ela, ao cunhado e a um amigo de infância o nome escolhido para seu primeiro filho. O pai de primeira viagem faz uma brincadeira infeliz e diz que o bebê se chamará Adolfo; nome cuja sonoridade se assemelha ao maior ditador da História. A partir dessa situação absurda, as personagens dão início a uma discussão crescente, que evoca uma série de memórias e ressentimentos profundamente escondidos, revelando seus preconceitos e contradições.
“Nosso olhar, percorre a crueldade e o fascínio que essas relações, tão conhecidas do nosso cotidiano, nos remetem às lembranças pueris e medonhas que guardamos para sempre. É impossível não nos identificarmos com os personagens, e com a situação criada pelos autores de forma tão realista e explosiva”, comenta o diretor Elias Andreato.
A peça revela que, para chegarmos às relações verdadeiras em nossas vidas, precisamos estar desarmados para aceitar e ouvir. A falta de escuta, tão comum nos dias de hoje, é o primeiro passo para a não-aceitação dos outros. E, sem aceitação, não há solução de conflitos. Os personagens descobrem que a única maneira de se entenderem, inclusive nas relações de amizade, é se abrirem para o diferente e deixarem de lado suas aparentes incompatibilidades.
“Quando o teatro provoca e nos inquieta, propondo um jogo teatral absolutamente verdadeiro, é porque ele está vivo, podendo ser violento e muito divertido. O homem é o único animal que ri diante do inferno que são os outros. Humor não se explica, mas a crueldade sempre nos incomoda. A nossa comédia certamente deixará o espectador feliz, mas ele terá que rir de si mesmo”, acrescenta o diretor sobre a encenação. Com humor inteligente, a montagem mostra como a polarização do pensamento e a falta de escuta e de acolhimento podem fazer ruir mesmo as relações mais íntimas.
Sobre Elias Andreato (diretor) Ator, diretor, autor e professor, Elias Andreato iniciou sua carreira em 1977 ao atuar no espetáculo “Pequenos Burgueses”, de Renato Borghi. Com a peça “Sexo dos Anjos” (1990), ganhou os prêmios Shell, APCA (da Associação Paulista de Críticos de Arte) e Apetesp. Além de já ter trabalhado em grandes produções de teatro, participou da minissérie “A Muralha” e foi roteirista da série “Sai de Baixo”, nos anos de 1997 e 1998.
Dirigiu no teatro mais de 60 peças. Seus últimos trabalhos foram “A Última Sessão de Freud” (2023), “Andaime” (2023), “Benditas Mulheres” (2022), “Alma Despejada” (2019 – com Irene Ravache), “O Louco e a Camisa” (2019), “Papo com o Diabo” (2019), Num Lago Dourado (2019), “Amor m 79:05” (2019) e “Esperando Godot” (2018). Foi indicado três vezes ao prêmio Shell, tendo vencido uma vez.
Ficha técnica Texto: Matthieu Delaporte e Alexandre de la Patellière. Tradução: Clara Carvalho. Direção: Elias Andreato. Assistente de direção e stand in: Mariana Loureiro. Elenco: Bianca Bin, Cesar Baccan, Dudu Pelizzari, Lilian Regina e Marcelo Ullmann. Desenho de luz: Wagner Pinto. Figurino: Anne Cerutti. Assistente de figurino: Luiza Spolti. Cenografia: Rebeca Oliveira. Cenotécnico: Evas Carreteiro. Fotos: Ronaldo Gutierrez. Programador visual: Rafael Oliveira. Gerenciador de mídias sociais: Felipe Pirillo. Assessoria de imprensa: Pombo Correio. Diretor de produção: Cesar Baccan. Produtor executivo: Marcelo Ullmann. Assistente de produção: Rebeca Oliveira. Produção: Baccan Produções e Kavaná Produções. Realização: Sesc.
Serviço "O Nome do Bebê", de Matthieu Delaporte e Alexandre de la Patellière. Temporada: 14 de julho a 20 de agosto. Às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h. Sesc Ipiranga (Teatro) – Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga. Ingressos: R$ 40 (inteira), R$20 (meia-entrada) e R$12 (credencial plena). Vendas pelo site sescsp.org.br.. Bilheteria: a partir do dia 27 de junho de 2023, em qualquer bilheteria do Sesc São Paulo. Classificação: 12 anos. Duração: 80 minutos. Capacidade: 200 lugares. Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, baixa visão e obesidade. Sessões nos dias 30 de julho e 06 de agosto com intérprete em libras.
Texto do sueco Lars Norén sobre opressão familiar ganhou dramaturgismo de Kiko Marques e direção de Denise Weinberg. Com Dinah Feldman, Nicole Cordery, Noemi Marinho e Riba Carlovich no elenco. Foto: João Caldas
"Outono Inverno ou O que Sonhamos Ontem" em cartaz até dia 5 de março, de sexta a domingo, no Teatro Aliança Francesa. Escrita em 1982 pelo dramaturgo sueco Lars Norén (1944-2021), a obra põe em foco um jantar familiar entre um casal que não compartilha mais a mesma cama e suas filhas de meia idade que vivem cada uma a seu modo em suas próprias casas.
As tensões familiares se tornam cada vez mais latentes neste encontro e culminam num acerto de contas entre pais e filhos. Uma família de classe média que lida com questões burguesas. A montagem de 2006, dirigida por Eduardo Tolentino de Araújo, trouxe no elenco Sérgio Britto, Laura Cardoso, Emília Rey, e a própria Denise Weinberg, que agora assume a direção nessa versão com Noemi Marinho, Riba Carlovich, Nicole Cordery e Dinah Feldman, e dramaturgismo de Kiko Marques, que traz para os tempos modernos o texto de Lars Norén.
“Essa peça promove uma viagem infernal pelas sombras do inconsciente de uma família, que atualmente é um sistema esfacelado, disfuncional e que segundo Lars Norén, provocadora de grandes neuroses e doenças afetivas, e que já não sabemos mais o que é ser normal hoje em dia”, explica Weinberg, que promove neste espetáculo uma espécie de “passagem do bastão”.
A obra tem como foco o recorte de um jantar na casa do casal Henrique e Margarida na companhia de suas filhas, Ana e Eva. Médico fracassado que nunca conseguiu assumir as responsabilidades de um pai de família, Henrique é sucessivamente humilhado por Margarida, uma mulher que se ressente de ter desistido de uma paixão por causa de crenças burguesas.
As filhas também vivem os reflexos dessa relação disfuncional dos pais. Vivendo as crises da meia idade, Ana e Eva buscam algum equilíbrio no relacionamento, mas precisam lidar com seus próprios problemas, tentando manter a sanidade em meio a guerra familiar. O espetáculo fica em cartaz no Teatro Aliança Francesa até dia 5 de março, com sessões de sexta a domingo.
Denise usa sua experiência dos longos anos de ofício não apenas para dirigir a montagem, mas para promover um encontro entre artistas de diferentes escolas e gerações. Nicole Cordery e Dinah Feldman, por exemplo, fazem parte de um grupo de atores que surgiu logo após o de Weinberg, Marinho e Carlovich, mas a produção vai além.
Ao longo do processo, jovens artistas participaram de uma espécie de estágio com profissionais de áreas de desenho de luz, figurino, cenografia e trilha sonora. “Acredito que assim instituímos um novo tipo de profissional no mercado, que não é apenas o que estuda e tenta aprender no dia a dia, mas o que convive com outros grandes nomes de suas áreas e pode trocar de igual para igual. Queremos fortalecer o mercado, principalmente neste momento em que ele está tão combalido”, explica Marcela Horta, produtora do espetáculo.
Com o subtítulo “O Que Sonhamos Ontem”, “Outono Inverno” recebe uma adaptação assinada por Kiko Marques, que visa aproximar do público brasileiro a narrativa sueca escrita na década de 1980. “Foi através desse olhar; de uma compaixão infinita por Ana, Eva, Margarida e Henrique, personagens dilaceradas em si e em suas vidas, levando aquela casa como uma cruz osso; e pensando também nas infinitas mudanças desses 40 anos que separam o texto de Norén de dessa releitura, que me lancei ao trabalho da escrita”, conta.
Sinopse Um casal recebe as filhas de meia idade para um jantar. Em meio à refeição, as feridas abertas entram em discussão, com cenas de humilhação, mágoas e um acerto de contas entre componentes de uma família disfuncional que se mantém unida apenas pelas obrigações sanguíneas e pelas regras estabelecidas pelo acordo social e burguês que rege esta família.
Sobre Lars Noren - Dramaturgia Em linha sucessória, pode-se dizer que após August Strindberg (1849-1912) e Ingmar Bergman (1918-2007) é o dramaturgoLars Norén aquele que detém a obra mais reconhecida dentro do panorama teatral sueco. Norén, falecido recentemente em janeiro de 2021, escreveu peças, livros e poemas, sempre em busca de ampliar o que se pode fazer em termos de dramaturgia.
Uma das relevâncias do projeto se dê no resgate desse importante autor no Brasil, recentemente falecido em janeiro de 2021 de Covid-19. Juntamente com “Outono/ Inverno”, as obras mais relevantes do autor são “Demônios”, “Sangue”, “A Noite é Mãe do Dia”, “Escondido”, “Em Memória de Anna Politkovskaya”, “Romenos”, “A Clínica” e “Frio”, entre outras.
O que disseram sobre o espetáculo “Valendo-se de todos esses elementos e do bravo elenco, Denise Weinberg realizou espetáculo memorável que se inscreve entre os melhores deste 2022.”- José Cetra, jurado APCA
“Não tivesse o autor falecido de covid aos 76 anos em janeiro de 2021, valeria muito a pena que fosse convidado para vir conhecer esta versão de seu texto. Exorto a que abandonem qualquer outro compromisso assumido previamente e corram para o teatro!”- Luiz Gonzaga Fernandes
"Espetáculo ‘Outono Inverno’ coloca submissão feminina e opressão na mesa de jantar."- Dirceu Alves Jr. para Estadão
Ficha técnica Texto: Lars Norén. Direção: Denise Weinberg. Dramaturgismo: Kiko Marques. Elenco: Dinah Feldman, Nicole Cordery, Noemi Marinho e Riba Carlovich. Música e concepção sonora: Gregory Slivar. Desenho de luz: Wagner Pinto. Assistente de iluminação: Gabriel Greghi. Cenografia e figurino: Chris Aizner. Designer gráfico: Murilo Thaveira. Mídias sociais: Na Coxia Produções. Jovens artistas: Bina Oliveira - produção; Gabriela Cezário - iluminação; Loh Goulart - figurino e Loro Bardot - música. Operadora de luz: Gabriela Cezario. Operador de som: Brenda Umbelino. Cenotecnia: Casa Malagueta. Fotos: Leekyung Kim e João Caldas. Produção executiva: Madu Arakaki. Coordenação de projeto: DinahFeldman e Nicole Cordery. Direção de produção: Marcela Horta.
Serviço: "Outono Inverno ou O que Sonhamos Ontem" De Lars Norén, com dramaturgismo de Kiko Marques e direção de Denise Weinberg. Teatro Aliança Francesa - Rua General Jardim, 182 - Vila Buarque, São Paulo. Sessões: temporada até dia 5 de março - sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h. Dias 17, 18 e 19 de fevereiro não haverá espetáculo por causa do carnaval. Gênero: drama. Classificação: 14 anos Duração: 80 minutos Capacidade: 220 Lugares Ingressos: sextas-feiras: R$ 30. Sábados e domingos: R$ 50.
Peça é uma adaptação do romance "Revolutionary Road", do escritor americano Richard Yates, conhecido por retratar em suas obras a “Era da Ansiedade". O texto foi adaptado para o cinema e protagonizado por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. A montagem brasileira estreou em 2019 e foi vencedora do Prêmio Bibi Ferreira e APCA. Bianca Bin estreia nos palcos. Fotos: Danilo Borges
Com direção de Marco Antônio Pâmio (vencedor de três Prêmios APCA) e adaptação dramatúrgica de Fabrício Pietro, "Jardim de Inverno", do escritor americano Richard Yates (1926-1992), chega com nova temporada a partir do dia 17 de junho, sexta-feira, às 20h, no Teatro Faap. As sessões acontecem de sexta e sábado, às 20h, e domingos, às 18h.
O elenco é composto por Bianca Bin, Fabrício Pietro, Erica Montanheiro, Iuri Saraiva, Martha Meola, Ricardo Ripa, Luciano Schwab, Aline Jones, Fabiana Caruso e Lucas Amorim. A montagem estreou em 2019 e foi vencedora do Prêmio Bibi Ferreira (Categorias Melhor Atriz e Ator Coadjuvante em Peça de Teatro com Martha Meola e Iuri Saraiva) e do Prêmio APCA novamente com Iuri Saraiva na categoria de Melhor Ator.
A peça se passa em uma época pré-feminista e levanta questões como a liberdade, os padrões de vida impostos pela sociedade e a sensação de sufocamento na vida familiar. A obra foi adaptada para o cinema (em português com o título "Foi Apenas Um Sonho"), protagonizada por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.
A trama retrata a vida cotidiana de April Wheeler (Bianca Bin) e seu marido Frank (Fabrício Pietro), um casal de classe média aparentemente feliz, que mora com seus dois filhos em um idílico subúrbio de uma pequena cidade nos Estados Unidos, na década de 1950. A história revela momentos intensos da vida cotidiana deste casal que ao cumprir as convenções sociais impostas sufocam seus mais profundos anseios, envenenando sonhos e aspirações. O espetáculo nos apresenta a progressiva frustração que acomete os dois, conforme assistem a suas vidas passar como um acúmulo de instantes sem sentido.
“A obra, mesmo tendo sido escrita no início da década de 60 e contando a história de uma família americana suburbana dos anos 50, carrega em seu cerne uma atemporalidade de proporções gigantescas, pois ela fundamentalmente nos fala de como nossos projetos de realização pessoal podem ser sufocados em nome da estabilidade social e financeira. Esse assunto não diz respeito a uma época específica, e sim à problemática humana mais profunda, independente de tempo ou lugar”, diz o diretor Marco Antônio Pâmio.
April é uma mulher em dissonância com a condição de dona de casa. Ela elabora um plano romântico para se mudar com a família para Paris, onde será possível reavivar seu relacionamento com o marido, cumprindo seu profundo desejo de liberdade e dando a ele a chance de se “encontrar”.
Bianca Bin entra no elenco para viver a protagonista, papel que foi de Andréia Horta na primeira temporada. Sobre a personagem Bianca comenta: “Além do grande sentimento de não pertencimento, não me encaixando em alguns papéis sociais durante momentos da vida, me considero questionadora, corajosa e com um espírito revolucionário como da April. Estou fazendo um estudo minucioso do texto e da pesquisa já realizada para montar o espetáculo pela primeira vez, com referências do contexto histórico, do romance de Yates e uma entrevista com o próprio autor. E através das trocas nas relações com os demais personagens em cena. Eu acredito no processo colaborativo da criação coletiva com o elenco. Crio a April a partir da troca com cada um deles”.
A atriz, que viveu várias protagonistas na televisão, comemora o fato de estrear nos palcos. “É um desejo antigo, que vai realizar só agora com a peça 'Jardim de Inverno'. Estou ansiosa, muito feliz e grata pela oportunidade”. Já Frank tem um emprego relativamente bem remunerado, mas muito tedioso, em Nova Iorque. Inicialmente, ele fica entusiasmado com a ideia da esposa, mas, aos poucos, acontecimentos inesperados passam a alarmá-lo e a perspectiva de felicidade precisará ser negociada.
Para construir seu personagem, Fabrício Pietro inspirou-se nos modelos de família tradicional ao seu redor. “Fui criado em uma sociedade na qual a figura masculina tem obrigação de ser forte, provedora, maliciosa, chefe da casa, e bem-sucedida. Ainda que eu tenha consciência destas questões e lute contra elas, sei que estão plantadas no meu DNA social”, acrescenta. “Vivemos num período de grande evocação social sobre as questões do feminino, na mídia, na cultura, portanto interpretar nos palcos qualquer figura masculina que esteja em embate com uma mulher em cena, exige cautela, para que a abordagem não caia em mera opinião panfletária. Vou sempre em busca do entendimento da condição humana na circunstância em que a personagem está inserida”.
O casal não sabe se abre mão de seus verdadeiros desejos ou enfrenta o peso do conformismo. Eles descarregam suas frustrações um no outro e raramente compreendem o ponto de vista do parceiro, refletindo a desilusão do sonho americano, o “american way of life”. Mas, diante dos olhares de seus vizinhos, eles representam os pilares de tudo o que há de bom; são pessoas charmosas, contagiantes, exemplares e especiais, o que afirma a maneira como se veem.
Essa dicotomia entre a realidade (para o casal) e a ficção (para os vizinhos) faz com que a história seja um inquietante retrato da busca desesperada por uma única chance na vida de se fazer o que se quer para que tudo valha a pena. “A própria dramaturgia nos conduz a isso, uma vez que enxergamos o casal na sua intimidade e no convívio com os outros personagens que os cercam no mundo exterior. Nosso elemento inspirador é o próprio teatro, na medida em que essa vida levada pelos dois é, de certa maneira, representada para os outros. Todos representam papéis sociais, mas o que eles vivem entre quatro paredes se distancia bastante do que deixam transparecer para o mundo. E, tanto quanto no teatro, esses papéis precisam ser extremamente bem representados”, explica Pâmio.
Tal como uma tragédia grega, a obra gira ao redor das falhas morais de suas personagens centrais ao discutir temas como a liberdade, o quanto as pessoas são capazes de se autossabotar para caber nas expectativas sociais, a distância entre a felicidade idealizada e a vida concreta, a busca por uma vida autêntica, os modelos irreais de felicidade impostos pela sociedade, como o homem lida com o sucesso da mulher, seu desejo de autoafirmação e o medo diante de certezas questionadas.
Questões femininas Publicado em 1961, o primeiro romance de Yates foi finalista do National Book Award em 1962, vendeu milhares de cópias, foi amplamente traduzido e publicado em outros países e, em 2005, foi eleito pela revista Time como um dos 100 maiores livros da literatura em inglês. A obra ficou ainda mais conhecida graças à adaptação cinematográfica dirigida por Sam Mendes em 2008, com o título "Foi Apenas Um Sonho", estrelada por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.
“Quando assisti ao filme em 2009, senti o mesmo vazio desesperador e vontade de resgatar uma certa ‘sensação de vida’ que April, a protagonista, sentiu. Eu vinha de uma fase na qual conforto e estabilidade eram meus objetivos de vida. Com o passar dos anos, meus desejos mais genuínos foram minados pelo comodismo e algo importante se perdeu: minha coragem e autenticidade. O filme me fez enxergar isto. Adquiri a obra original, um romance, e me debrucei sobre ele inúmeras vezes. Então decidi escrever a versão teatral. Minha adaptação foca na reflexão sobre o sufocamento dos desejos, a massificação dos valores, o desperdício dos potenciais individuais em virtude de um único modelo de família próspera e feliz estabelecido por interesses econômicos. Mas em si, a história carrega questões sociais urgentes, expostas muito claramente pela protagonista e que lamentavelmente 60 anos depois (o romance foi escrito em 1961) seguem devastando as mulheres”, revela Pietro sobre a idealização e adaptação da peça.
Sobre a encenação, por Marco Antônio Pâmio “Como a peça é adaptada de um texto literário, é fundamental a presença do recurso narrativo em sua dramaturgia. Mas, ao contrário da presença onisciente de um narrador descolado da ação como mero observador, optamos por tornar cada uma das personagens também narradores em momentos específicos, fazendo com que todos, além de viver a história, também a contém sob sua perspectiva particular. Procuro construir esses ‘depoimentos’ de maneiras diversas e inusitadas, de modo a construir um caleidoscópio de experiências pessoais compartilhadas daqueles que vivenciaram aqueles episódios.
A cenografia não tem compromisso com o realismo, mas sim com a objetividade da narrativa, ou seja, está sempre a serviço dela e não o contrário. Dessa maneira, elementos pontuais e sintéticos recriam os dois ambientes principais da história - a sala de estar da casa dos Wheeler e o escritório da empresa Knox, onde Frank Wheeler trabalha. Esses mesmos elementos se revezam de acordo com sua função específica, quase que trocando de papéis, de maneira acentuada e propositalmente coreográfica. Nesse aspecto entra o trabalho de direção de movimento da peça, extremamente importante para a condução da narrativa e a ligação entre as cenas.
Os figurinos e o visagismo são, talvez, o elemento mais realista desses quatro quesitos, na medida que obedecerão à risca o estilo da época, no caso os anos 50. Seria impensável transpor o contexto histórico para outra época que não o ano de 1955 original, sob o risco de perdermos a perspectiva do papel da mulher na sociedade e quanto a personagem April se encontra à frente de seu tempo. Quanto à trilha sonora, ela já não terá tanto esse compromisso. Uma combinação de canções e, mais intensamente, temas minimalistas, comporão a atmosfera sonora de crescente dramático que o texto pede. A iluminação seguirá essa mesma linha, em que a atmosfera dramática irá sempre se sobrepor à mera definição de espaços específicos”.
Sobre Richard Yates - autor Escritor norte-americano nascido em Yonkers, no estado de Nova Iorque, em 1926.Richard Yates figura entres os melhores escritores de língua inglesa no século 20. A fama de suas obras tem crescido consideravelmente desde a sua morte e principalmente após a primeira década do século 21. Sua obra é identificada com a "Era da Ansiedade", uma vez que suas personagens são tomadas pelas decepções, aflições e pesares da vida do pós-guerra. Há elementos de suas personagens do pós-guerra voltam a refletir transtornos dos indivíduos contemporâneos.
"Revolutionary Road" foi bem recebido pela crítica. Kurt Vonnegut descreveu-o como "O Grande Gatsby" do seu tempo. Nomes como Richard Forde Julian Barnes têm-no como uma das suas principais referências. Teve, no geral, boas críticas, foi finalista do National Book Award em 1962, vendeu muitas cópias e foi amplamente traduzido e publicado em outros países. E, no entanto, desapareceu gradualmente das livrarias e do pensamento dos leitores.
Após a morte de Yates em 1992, "Revolutionary Road" foi relativamente esquecido, como tantos outros grandes livros do passado. Isto até que, em 2008, Sam Mendes adaptou o livro para o cinema em um filme com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet nos papéis principais. Elogiada pelo público e pela crítica especializada, a adaptação reavivou o interesse no romance de Yates, que retornou às livrarias, dando aos leitores a oportunidade de se reconhecer nas frustrações de Frank e April Wheeler.
Sinopse O espetáculo é adaptado do romance "Revolutionary Road" (1961), que originou o filme "Foi Apenas Um Sonho" (2008), e ilumina questões como o sufocamento dos desejos, o peso do conformismo, o desperdício das potências individuais em prol de uma “vida ideal” ditada por papéis sociais rígidos. April e Frank são jovens, bonitos e com seus dois filhos formam a família perfeita do idílico subúrbio americano dos anos 50. Mas, na verdade, se sentem reprimidos e aprisionados nessa realidade. Então April propõe um plano que irá colocar à prova seus limites.
Ficha técnica Espetáculo: "Jardim de Inverno". Título original: "Revolutionary Road". Romance de: Richard Yates. Dramaturgia e tradução: Fabrício Pietro. Colaboração dramatúrgica: Erica Montanheiro e Marco Antônio Pâmio. Direção: Marco Antônio Pâmio. Elenco: Bianca Bin, Fabrício Pietro, Erica Montanheiro, Iuri Saraiva, Martha Meola, Ricardo Ripa, Luciano Schwab, Aline Jones, Fabiana Caruso e Lucas Amorim. Elenco stand-in: André Kirmayr e Clarissa Drebtchinsky. Direção de movimento: Marco Aurélio Nunes. Assistente de direção: André Kirmayr. Cenografia: Marisa Rebolo. Figurinista: Flaviana Bernardo. Iluminador: Wagner Antônio. Trilha sonora: Marco Antônio Pâmio. Locuções espetáculo: Ricardo Rippa. Visagismo: Beto França. Fotos divulgação: Danilo Borges. Finalização de fotos: Jujuba Digital. Vídeos divulgação: Teleimage. Arte vídeos. Divulgação: Sérgio Demutti. Designer: Lucas Sancho. Social media: Felipe Matias - ho.ko Comunicação. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Produtoras associadas: Pietro Arte e Versa Cultural. Direção de produção original - Temporada 2019: Danielle Cabral - DCARTE. Direção de Produção - Temporada 2022: Amanda Leones - Versa Cultural. Assistente de produção: Aline Gabetto. Estagiária: Júlia Baccan. Produção administrativa: Versa Cultural. Assessoria contábil: JRC Assessoria Contábil. Prestação de Contas: IC Cultura - Itabiboca Gestão de Projetos e Chiquito Agência de Cultura. Negociação de direitos autorais: Evandro Ragonha. Idealização: Fabrício Pietro. Produção geral e realização: Versa Cultural. Patrocínio: Boa Vista.
Serviço: "Jardim de Inverno" - Estreia dia 17 de junho no Teatro Faap. Temporada: de 17 de junho a 28 de agosto - Sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h. Endereço: R. Alagoas, 903 - Higienópolis, São Paulo. Duração: 100 minutos. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$ 80 (inteira); R$ 40 (meia-entrada). Venda on-line pelo https://www.sympla.com.br/
"Alguns leitores reportaram que foram tocados por algo que nem sabem explicar - será a nossa humanidade em comum? -, que há frases que dão arrepio, que a alma se revela. Tentei nomear aquilo que todo mundo sente, independente de gênero, mas que tem dificuldade de explicitar", afirma a artista em entrevista exclusiva. Foto: Everton Amaro.
Solange Sólon Borges- é pura poesia. O livro que ela lançou recentemente, "À Espera dos Girassóis", é só um reflexo da profundidade desta mulher gigante, que alinha nos textos a força do feminino. Além de poeta, Solange Sólon Borges é paulistana, jornalista, especialista em comunicação, mestra em Estudos Culturais (Filosofia/USP Leste).
Também publicou o livro de poemas "Jardins Irregulares", transitou pelo conto com "Janelas Abertas para Uma Canção Desesperada", escreveu um romance "Todos os Homens são Girassóis", e ainda encantou crianças com os títulos infantis "A História do Cachorro Cheirudo", "Meninas Também Crescem" e "A História do Bichinho Gordão". Solange Sólon Borges é mais que uma mulher de textos profundos, é um ser cujo olhar diante da vida precisa ser levado a sério. Nesta entrevista exclusiva, você pode conhecer um pouco mais a respeito desta grande artista.
Resenhando.com - Por que o título "À Espera dos Girassóis"? Solange Sólon Borges- O título remete à ideia de que todo ser humano almeja a luz - representação da paz, tranquilidade, felicidade conquistada. Para que se alcance esse estado, é necessário semear, cuidar das sementes e esperar que brotem e devolvam esse cuidado em forma de beleza. É essa a analogia que quis fazer ao brincar com o título.
Resenhando.com - Que características você tem de um girassol? Solange Sólon Borges- O girassol, além de solar, é lindíssimo, com suas pétalas muito vivas, e não é uma planta tímida; seu caule se destaca no meio das outras. Dela tudo se aproveita, óleo, sementes, fruto comestível, um ciclo completo. Os incas faziam referência ao girassol em homenagem ao seu deus do Sol. Um girassol jovem se vira em busca do sol, o mais velho fica fixo, refletindo a sua maturidade. O girassol por si só guarda a sua poesia. Além do mais, um campo de girassóis é a coisa mais linda de se ver, um tapete para deitar a alma. Como amo Vincent van Gogh, ele retratou girassóis pela sua exuberância e colorido, por refletir a vida e a alegria.
Resenhando.com - O que os leitores podem esperar deste livro? Solange Sólon Borges- A proposta do livro é proporcionar uma viagem pelo universo feminino, um mergulho, com as expectativas que se pode guardar diante da família, de si mesma, das estações que muda a perspectiva e o humor. Por isso, construí o texto dividido em partes, como os "Jardins Regulares", que revela o desejo de harmonia, de beleza e permanência, em contraponto ao meu primeiro livro Jardins irregulares, que considero mais hermético. Passeio pelos cômodos de uma casa - porto seguro de cada um de nós - ao tratar da hora do banho a dois, de cozinhar juntos, do quarto como campo sagrado, daquele que sai, de quem fica, de quem retorna. Alguns leitores reportaram que foram tocados por algo que nem sabem explicar - será a nossa humanidade em comum? -, que há frases que dão arrepio, que a alma se revela. Tentei nomear aquilo que todo mundo sente, independente de gênero, mas que tem dificuldade de explicitar.
Resenhando.com - A exposição de uma jornalista em escrever e publicar poemas é maior? Solange Sólon Borges- Apesar de o ofício de escrever ser o mesmo, no jornalismo o exercício é dar objetividade ao texto, no literário, trabalhar com o eu lírico. Muitas vezes, as pessoas se surpreendem ao olhar para o meu texto poético e não reconhecer a jornalista acostumada a ter um texto direto, porque o texto literário é um voltar-se para dentro, nem sempre compreensível à primeira leitura. Creio que há exposição maior, sim, pois traz muito da intimidade, mas o retorno também é gratificante.
Resenhando.com - Em que você se expõe mais, e por outro lado, em que você mais se preserva, em seus textos? Solange Sólon Borges- Penso que exponho muito a expectativa feminina frente à vida, ao outro, seus ideais e como tenta conciliar os diversos aspectos de sua vida e os rumos possíveis a serem tomados. Creio que são pontos em comum a todas as mulheres, apesar dos caminhos serem diversos. Exponho muito a minha alma e talvez me permita preservar os que estão à minha volta, meus amores, não os nomeio para que sejam universais... ao deixar no ar se o que foi retratado realmente ocorreu, um mistério a ser desvendado. Aquela mulher existe de fato? Aquele homem é real? Aquela casa poderia existir?
Resenhando.com - O que une a Solange de antes, aquela que começou a escrever poemas, e a de agora - uma reconhecida jornalista e escritora independente? Solange Sólon Borges- O elemento unificador é a maturidade conquistada a duras penas, diga-se. São 36 anos de atividade jornalística e mais de 40 na literária. Desde jovem me aventurei a escrever, mas confesso que tenho uma pasta "secreta" (opa, contei um segredo) de impublicáveis, pois são meros exercícios. É preciso ter discernimento onde se erra e se acerta, o que pode ser melhorado ou destruído. E, para isso, é preciso ter distanciamento afetivo do texto - para ser crítico - e deixar o tempo fazer o seu trabalho: possibilitar vivências necessárias para que as experiências ganhem contorno e expressão, para que se siga em frente e se olhe o passado com outros olhos. Creio que a jornalista hoje é menos idealista.
Resenhando.com - O que mais iguala e o que mais difere essas duas mulheres de épocas diferentes? Solange Sólon Borges- No começo da carreira a gente sempre pensa que pode influenciar tanto a sociedade que as mudanças serão inevitáveis. O jornalismo - em sua forma clássica - vive uma crise: hoje todos são geradores de conteúdo e o sistema é o mesmo com seus mecanismos de pressão. Um salto poderá ser dado rumo a uma sociedade mais organizada e igualitária, mas trata-se mais de uma alteração interior, e penso que a poesia pode auxiliar nesse entendimento: é preciso ter um olhar amoroso para com o outro; é necessário cultivar amor, compaixão, fidelidade aos seus princípios, parceria, respeito. Hoje acho que sou mais uma profissional das letras do que do jornalismo e voltei-me à prosa poética e o ritmo interior de uma frase, sua musicalidade própria. Foi uma evolução, creio.
Resenhando.com - Qual foi o critério de escolha das poesias para o livro? Solange Sólon Borges- Neste livro, especificamente, dividi o livro em duas partes. "Chão de Serpentes & Equilíbrio" traz poemas soltos, escritos em diversos momentos, mais duros, nem sempre sentimentais. Já a primeira parte foi feita em um fluxo contínuo, praticamente. Imaginei que poesia haveria no dia a dia em um lar e fiz um passeio pela casa - a sólida, onde habitamos, mas que leva à estrutura interior, a que nos habita, repleta de sonhos e expectativas, chegadas e partidas, emoções e naufrágios. Como, por exemplo: “Há dias de sol tão forte que me abro inteira - feito cortinas -, assim as perdas queimam e secam as cicatrizes. Quero violetas com flores porque o trabalho de cura é só meu”, um exemplo de comparação do jardim exterior e interno, com os quais brinco, ao trazer também "Motivos de Chegadas", "A Casa dos Sabores", "A Linguagem das Águas", "As Estações do Amor (Temporais, Verão, Primavera, Outono, Inverno)".
Resenhando.com - Que conselhos você dá para as pessoas que pretendem enveredar pelos caminhos da escrita? Solange Sólon Borges- Leiam muito bons autores. É preciso ter repertório, além de imaginação. Já ouvi autores jovens afirmarem que não gostam de ler para não serem influenciados ou que nunca muda um texto porque ele nasceu assim. Bobagem, todos somos influenciados uns pelos outros. Essa é a grande troca da vida e do labor literário. Uma coisa é ter a lista de autores que o influenciaram, outra, é cometer plágio. A linguagem com a qual trabalhamos é a mesma, reinventá-la como Graciliano Ramos e Manoel de Barros [“o mundo não foi feito em alfabeto”, como diz ele] é um ato genial, um serviço de carpintaria que nem sempre se alcança. Mas o importante é encontrar a própria voz, o estilo, o jeito que se escreve, o que demanda exercício, espírito crítico, editar um texto quantas vezes for necessário. Não há texto que nasça pronto e não possa ser melhorado. Ao se olhar para como os grandes escrevem, apontam para a disciplina e às vezes chegam ao fim do dia e jogam fora tudo o que foi escrito para, no dia seguinte, retornar ao ponto inicial. Esse desapego é maturidade e espírito crítico, essencial para se desenvolver no campo das letras.
Resenhando.com - Quais livros foram fundamentais para a sua formação enquanto escritora e leitora? Solange Sólon Borges- Desde jovem leio muito, contando com o incentivo dos meus pais, que nunca me negaram um livro. Na infância, fui fisgada pelos gibis e pulei rapidamente para Monteiro Lobato e seu sítio, "Meu Pé de Laranja Lima", de José Mauro de Vasconcelos, "Éramos Seis", de Maria José Dupré, "Pollyana", livros que, de modo geral, influenciaram a minha geração. Saltei para Machado de Assis (que estrutura de texto!), e li muito dos nossos brasileiros, pegando livros em bibliotecas: Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, José J. Veiga, Gibran Khalil Gibran, a poetisa Orides Fontela, a romancista Letícia Wierzchowski, de "A Casa das Sete Mulheres", "Sal", "Uma Ponte para Terebin". Mas também leio muitos livros de história e de filosofia. E adoro um bom mistério: já li tudo de Conan Doyle, sou fã de Sherlock Holmes. Também me agrada a ficção científica, nada como Ray Bradbury, H. G. Wells, Aldoux Huxley, Anthony Burgess, os distópicos, como "1984", "A Revolução dos Bichos" e "Laranja Mecânica". Leio muito os latino-americanos e os espanhóis, Isabel Allende, Gabriel Garcia Marques, Julio Cortázar, Jorge Luis Borges no topo, mas também um escritor espanhol que conheci recentemente e pelo qual me apaixonei Ildefonso Falcones. Tenho uma mania: quando vou a outro país, quero conhecer primeiro as livrarias e peço indicações. Assim, conheço gente nova e sempre me surpreendo. Na viagem que fiz a Cartagena de las Índias, na Colômbia, trouxe livros do Gabo, claro, mas conheci uma poetisa maravilhosa, Piedad Bonnett, de uma sensibilidade ímpar: “Las cicatrizes son las costuras de la memória...”. Há tanta gente boa para se conhecer, tantos livros incríveis nos esperando... essa conversa entre culturas é uma dádiva.
Resenhando.com - Como e quando começou a escrever? Solange Sólon Borges- Fui alfabetizada muito cedo: mamãe era professora e comecei a ler precocemente. Eu me lembro de uma composição (na minha época se chamava assim!), no segundo ano primário, que deu vazão à minha imaginação: o escritório, fechado à noite, estava uma bagunça na manhã seguinte, pois os objetos ganhavam vida... o lápis dançava com a caneta, o furador usava as bolinhas de papel como confete e rolava uma baita festa! Minha professora, Maria Judith Cassoli, ficou encantada e falou que, no futuro, eu seria escritora ou jornalista. Ela acertou. Nunca mais parei de escrever desde então, coisas ruins, medianas, sofríveis, até encontrar o meu próprio tom.
Resenhando.com - Quais escritores mais influenciaram a sua trajetória artística e pessoal? Solange Sólon Borges- No jornalismo, a linguagem fluente de Machado de Assis e João do Rio e seu ritmo flaneur. Clarice Lispector, especialmente, Cecília Meireles, Fernando Pessoa, Mario de Sá Carneiro, Florbela Espanca, Cora Coralina, Tagore e Carlos Drummond, para citar alguns. A lista é longa... citaria mais uns 30, entre os expoentes do new journalism, o jornalismo literário.
Resenhando.com - É difícil ser escritora no Brasil? Solange Sólon Borges- E como! De acordo com a última pesquisa Retratos da Leitura, a venda de livros de poesia representa 1,2% das vendas e se vende mais literatura estrangeira do que brasileira. mas, como sabem, viver de literatura, no Brasil, é um risco e um ato mágico. Eu arrisco.
Resenhando.com - O quanto para você escrever é disciplina? Solange Sólon Borges- Escrever é ato que exige disciplina, pois é necessário autocrítica constante e o fato de se escrever com constância aprimora o estilo e o repertório e é preciso comprometimento com o texto. Claro está que, em alguns momentos, o texto surge numa explosão espontânea, mas nem sempre é assim.
Resenhando.com - É mais inspiração ou transpiração? Solange Sólon Borges- Há mais transpiração mesmo, não adianta ficar só contando com uma ‘musa’ que desce para o nosso plano. Eu escrevo todos os dias, como jornalista, por dever de ofício, ou escritora, mas também me dou o direito de ter os períodos de pausa e ampla vagabundagem. Escrever deve ser algo prazeroso e não doloroso, mas às vezes o ato de escrever é algo tão profundo, que remexe memórias íntimas e causa certa aflição mesmo.
Resenhando.com - Quanto tempo por dia você reserva para escrever? Solange Sólon Borges- Deve-se estar apto a aproveitar esse momento sensível ou prontificar-se a escrever sobre determinado tema, que eu começo e nem sei onde irá parar. Muitas vezes acordei com uma imagem na cabeça que se transformou em um texto literário e até com uma frase completa e é necessário dar vida a isso. Muitas vezes, um texto em pouco tempo mostra o seu esqueleto, mas devo me debruçar sobre ele para levá-lo ao término, e aí não é possível definir o tempo empregado. Já escrevi contos em duas horas e outros que mexi durante anos na estrutura até entender que estava pronto diante do proposto.
Resenhando.com - Você tem um ritual para escrever? Solange Sólon Borges- Já escrevi de tantas formas que nem sei se posso dizer que há um ritual. Às vezes, na rua, algo vem à mente e então preciso procurar um café para sentar-me e escrever. Sempre tenho papel e caneta comigo e o bloco de notas do celular é hoje um poderoso aliado. Também rabisquei alguns trechos durante um trabalho jornalístico e os guardei depois para o literário. Gosto de escrever durante viagens, mas também de estar em um ambiente silencioso, de preferência com uma boa taça de vinho, o que ajuda a relaxar e dar fluxo ao texto. Tenho hábitos noturnos e fico na minha escrivaninha disponível para perceber se algum texto irá brotar ou não. Já aconteceu de saírem vários, na sequência, e, em outros dias, nada surge. O mais importante é estar à disposição para entender que algo foi maturado no subconsciente e está vindo à tona. Por preguiça ou sono, algumas vezes deixei esse momento passar, anotei frases que surgiram, mas perdi a completude do poema. É difícil explicar como acontece esse processo, do subconsciente para o papel, mas quando ele vem eu tento parar tudo e dar atenção a esse instante que nunca mais voltará.
Resenhando.com - Qual o mote que faz você ficar mais confortável para escrever? Uma frase? Uma imagem? Um incômodo? Solange Sólon Borges- Um pouco de tudo, como disse, já acordei no meio da noite com uma imagem, uma frase pronta na cabeça, que acabou virando um poema ou um conto. Mas, muitas vezes, é esse incômodo mesmo de colocar para fora algo que está no inconsciente, eu nem sei como nomear exatamente isso que fica ali martelando. Então, quando surge esse incômodo que é mais forte do que eu, paro tudo e vou escrever, colocá-lo para fora, pois é como se tivesse vida própria e eu não tenho controle sobre isso. É preciso respeitar esses mecanismos e trabalhar com eles a seu favor.
Resenhando.com - Em um processo de criação, o silêncio e isolamento sao primordiais para produzir conteúdo ou o barulho não te atrapalha? Solange Sólon Borges- Já escrevi em lugares extremamente ruidosos, como um café, por exemplo. A atmosfera ali é propícia à escritura e me isolo tanto, em uma bolha, que sequer percebo o que está acontecendo à volta, mas é um momento de anotar ideias, fazer rascunhos. Em outros momentos, gosto de ficar quieta no meu canto, em pleno silêncio, para me dedicar totalmente a um texto intimista, que exige mais reflexão. Só não consigo escrever ouvindo música, que geralmente me distrai completamente. Na finalização de um texto, necessito do silêncio mesmo, pois fico lendo em voz alta para perceber o ritmo, a musicalidade, se tudo está no lugar certo, para encontrar o tom e a voz. Cada um tem um processo.
Resenhando.com - Como conciliar a rotina de uma jornalista com o ato de ser escritora e escrever os textos autorais? Solange Sólon Borges- Eu trabalhei por muitos anos na Rádio Bandeirantes, em São Paulo, e o querido José Paulo de Andrade, que volta e meia me pedia algum texto específico, para o Dia das Mães, das Crianças, da Poesia, por exemplo, que ele lia geralmente no jornal "Pulo do Gato", sempre me perguntava como eu conseguia "virar o botão" da jornalista para a escritora e fazer textos tão diversos. Eu sempre respondi que não sabia mesmo. Nesse caso, era até a confluência do jornalismo com a literatura, que se transformava numa crônica radiofônica. Fiz isso também na Rádio Gazeta AM, onde meus textos eram lidos pelo saudoso Moraes Sarmento. Acho que a grande diferença é que a construção jornalística, especialmente a de rádio, é a construção de um texto bem mais direto e objetivo em sua estrutura. O texto literário permite subverter a ordem, apesar de também necessitar de lógica para o seu entendimento e permitir uma cadência rítmica que dá vazão à lírica e à musicalidade própria de um texto poético. É possível conciliar esses dois lados, como muitos escritores fizeram, atuando como jornalistas e se dedicando à vida literária ao mesmo tempo ou em momentos distintos de suas carreiras.
Resenhando.com - Para você, quais as características separam um texto bom de um ruim? Solange Sólon Borges- Creio que um texto precisa ter coerência, para ser entendido, e certa elegância, para cativar o leitor, sem contar o aspecto gramatical, ou seja escrever respeitando algumas regras, mas sem ser escravo delas, dar outro propósito às palavras, fugir do banal. O texto ruim é quando se percebe que ele não tem uma razão de existir, não tem um propósito concreto, não foi trabalhado, se torna verborrágico e vazio. Já joguei muito texto fora porque percebi que não era o momento daquele texto ter nascido e às vezes a mesma ideia pode aparecer em outro momento de forma mais clara e burilada. Escrever é mais "jogar fora" do que deixar permanecer. É preciso desapego. Para escrever bem, gasta-se horas, em uma poltrona, conhecendo humildemente o texto de outros autores, suas ideias, como usar uma determinada palavra dentro de um contexto, ganhar repertório e criar imagens. E às vezes é o momento mesmo: quando li João Cabral de Melo Neto pela primeira vez, não gostei do texto, não era o meu momento de enfrentar um texto tão dramático e a construção que ele fazia. Ao revisitá-lo, tempos depois, entendi sua profundidade e agora gosto muito e o respeito. Isso vem com a maturidade de leitora também. Há textos que já olhei, para poder avaliar e criticá-los, e não fazem parte do meu universo como leitora. Para mim, são sofríveis, como os romances hot, febre atual, e Paulo Coelho, nada me acrescentam e não gosto do estilo. Mas ler algo é sempre melhor do que não ler nada. E, claro, também estou sujeita ao fato de outras pessoas lerem o que escrevo e simplesmente não gostarem. Por sorte, a literatura pode ser democrática.
Resenhando.com - O que há de autobiográfico nos textos que escreve? Solange Sólon Borges- Há demais, eu diria. Escrever é se expor, carrega tons autobiográficos, pelo que se leu de outros autores, pelo que se viveu, e que ficou amadurecendo no próprio interior. Trata-se de uma interpretação muito pessoal com uma visão própria do mundo. Quando me exponho em um poema diante da alegria, de um desalento, um rompimento, acaba sendo muito intimista com tons biográficos. No meu romance "Todos os Homens São Girassóis", agraciado tempos atrás com o prêmio Clio da Academia Paulistana da História, há pedaços da minha infância e adolescência que são bem autobiográficos. Porém, misturo outra voz que seria aquela que ressoa em cada ser humano, na qual uma pessoa pode se reconhecer, pois todos nós nascemos com expectativas, não sabemos o que virá pela frente, como se desenrolará nossa história pessoal, o que planejamos para a vida e, na verdade, tomou outro rumo. É uma forma de dizer que nosso controle sobre a vida é ínfimo e usei minha história pessoal para promover essa reflexão que é universal, apesar de biográfica.
Resenhando.com - Hoje, quem é a Solange Sólon Borges por ela mesma? Solange Sólon Borges - Essa é a pergunta mais difícil de responder talvez. Eu não sei, me desconstruo e construo como pessoa a cada dia. Sempre fui muito sonhadora e imaginei para mim uma vida que não se concretizou, mas que sob muitos aspectos foi melhor do que o planejado. Ao olhar-me em retrospecto, gostaria de ter mais momentos promissores, mas tudo isso me fez amadurecer como pessoa e ser quem sou: sentimental demais, perceber tudo com forte profundidade, e nem sei se isso é bom ou ruim, mas é assim que sou e faz parte da minha gênese. A vida é uma brisa e procuro vivê-la intensamente com um olhar mais sutil dentro do cosmos que habitamos. Não é tarefa fácil despregar-se da materialidade que nos rodeia para compreender essa sutileza, o que etéreo e está à volta. Vivo em parte nesse mundo e tento vê-lo de forma mais translúcida e tranquila, mas, isso só vem com a maturidade. Penso que estou bem com isso e me sinto feliz e realizada. Há generosidade inclusive na adversidade. Entre tantas lições que precisamos aprender durante a pandemia, atravessei um processo criativo extremamente interessante, quando eu e o amigo Coca Valença escrevemos juntos o livro "Mudei Meu Passado, e Agora?", que se encontra em gráfica. Ou seja, duas cabeças e quatro mãos e foi um exercício interessante aprimorar esse texto e ceder em alguns aspectos diante da opinião do parceiro literário, o trabalho de dar e receber, e especialmente agradecer, nessa nossa humana trajetória.
A poesia brasileira está em festa. Tudo porque está sendo lançado "À Espera dos Girassóis: Poesias de Amor e Espera",o novo livro de poesias da jornalista Solange Sólon Borges, lançado pela editora O Artífice, com a proposta de tornar possível um passeio pela casa – a sólida, que nos habita, mas que leva à estrutura interior, repleta de sonhos e expectativas, chegadas e partidas, emoções e naufrágios.
Neste livro, a prosa poética é tratada com intensidade: “Há dias de sol tão forte que me abro inteira - feito cortinas -, assim as perdas queimam e secam as cicatrizes. Quero violetas com flores porque o trabalho de cura é só meu”, um exemplo de comparação do jardim exterior e interno, com os quais a autora brinca.
Os poemas foram agrupados em função dos motivos tratados: Jardins Regulares – uma brincadeira com o título de seu primeiro livro, Jardins Irregulares –, Motivos de Chegadas, A Casa dos Sabores, Cotidianos, A Linguagem das Águas, As Estações do Amor (Temporais, Verão, Primavera, Outono, Inverno).
Na parte dedicada às estações, pode-se ler: “As estações têm sempre a porta aberta para o segundo verão. Na turbulência dos girassóis exuberantes, você surge com o sorriso ávido de flores e ervas aromáticas e percebo que não estou apenas diante de um corpo absolutamente másculo à vontade em si mesmo. Mas um rosto com seu depoimento de fera e história, com a sua biografia de barcos que atravessaram outros mares em busca das cartas celestiais”, ao se referir aos cheiros domésticos e à essência das flores, mas acima de tudo à profundidade que existe no feminino. “Suspiramos depois do amor, possuídos um do outro, quando um bafeja seu espírito no interior do seu contrário”, é outro exemplo do que se pode esperar do amor, alicerce entre pares, e deste livro.
Sobre a autora Solange Sólon Borgesé paulistana, jornalista, especialista em comunicação, mestra em Estudos Culturais (Filosofia/USP Leste). Seu primeiro livro de poesias publicado foi "Jardins Irregulares", mas também transita pelo gênero conto ("Janelas Abertas para Uma Canção Desesperada"), romance ("Todos os Homens são Girassóis"), e ainda conta com títulos infantis ("A História do Cachorro Cheirudo", "Meninas Também Crescem", "A História do Bichinho Gordão").
Cantor apresenta clássicos de diversas matizes do samba, vários deles pela primeira vez, em nova produção do Teatro Unimed, com acesso gratuito para todo o Brasil. Filme-concerto "Criolo Samba em 3 Tempos" pode ser visto gratuitamente no site do Teatro Unimed. Foto: divulgação
Sempre conectado com o público, o samba, a realidade brasileira e suas questões sociais, Criolo mais uma vez inova em sua produção artística, ao protagonizar o seu primeiro filme-concerto, "Criolo Samba em 3 Tempos". Com direção da cineasta Monique Gardenberg e realização da Dueto Produções, o filme poderá ser visto com acesso gratuito a partir da sexta-feira, 30 de julho, no site do Teatro Unimed (www.teatrounimed.com.br).
Dividida em três tempos distintos, com músicas que conversam entre si pela sua temática, a produção revela um artista que continua se desafiando musicalmente, ao mesmo tempo em que se posiciona politicamente e chama a atenção da sociedade para se engajar em importantes ações de apoio a famílias em necessidade.
Em um cenário montado no Teatro Unimed, em São Paulo, criando um ambiente intimista de samba, sem qualquer referência à plateia, o filme "Criolo Samba em 3 Tempos" tem aquele clima de uma verdadeira roda de samba, marcando a primeira apresentação de um cantor na programação do teatro. A cada semana, estreia um novo tempo, cada um deles com identidade própria e com capacidade de nos transportar para o aconchego de uma performance de quem - verdadeira e naturalmente - ama o samba.
“Em conversa com Criolo para criar o show, lembramos do fim de ano que passamos juntos, em que ele cantava muitos sambas lindos e falava de sua vontade de gravar um disco apenas com composições do gênero. Pouco depois, Criolo de fato gravou Espiral de Ilusão, com sambas inéditos de sua autoria. Agora, veio a vontade de voltar àquele primeiro momento e homenagear obras de vários compositores, artistas que admiramos e que tiveram grande influência em Criolo. Diante da estranheza de filmar uma apresentação de Criolo voltado para uma plateia inexistente, concebi um pequeno ambiente vazado no palco, uma espécie de bar ou roda de samba com um clima nostálgico, para receber esse repertório extraordinário", afirma a diretora Monique Gardenberg.
“É com muita felicidade que eu reencontro Monique Gardenberg, que é uma grande diretora e ela deu a mim e a minha equipe toda segurança de sabermos que íamos fazer um trabalho de arte. Nesse conceito de concerto de cinema, estávamos em boas mãos e foi feito um trabalho com muita entrega, com muita dedicação, com muito carinho, com muito amor pra chegar na casa das pessoas, no coração das pessoas. E fica aqui o meu agradecimento à toda equipe, meu agradecimento a Monique por essa oportunidade e a gente tá vivenciando isso. Muita dedicação, muito amor, muita entrega envolvida numa equipe que só pensou em arte o tempo todo”, declara Criolo.
Com Ricardo Rabelo (cavaco), Gian Correa (violão de 7 cordas), Ed Trombone (trombone) e Maurício Badé (percussão), Criolo interpreta alguns dos mais importantes clássicos do samba, vários deles, pela primeira vez. O "Tempo 1" possui um clima de sofrência, com músicas como "Carinhoso" (Pixinguinha / Braguinha), "A Flor e o Espinho" (Nelson Cavaquinho / Alcides Caminha / Guilherme de Brito) e "Luz Negra" (Nelson Cavaquinho / Amancio Cardoso). O "Tempo 2" reúne músicas que tratam da questão racial e social, a exemplo de "Canto das Três Raças" (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro), "Barracão de Zinco" (Luiz Antonio / Oldemar Magalhães) e "Agoniza Mas Não Morre" (Nelson Sargento). E o "Tempo 3" é uma celebração, à vida, ao amor, ao samba, com pérolas como "Corra e Olhe o Céu" (Cartola / Dalmo Castello), "Palpite Infeliz" (Noel Rosa) e "Desde que o Samba É Samba" (Caetano Veloso). Neste tempo, Criolo também interpreta as composições próprias "Linha de Frente" e "Calçada".
O filme "Criolo Samba em 3 Tempos" dá continuidade à programação 2021 do Teatro Unimed, como parte do projeto Teatro Unimed Em Casa, que estreou em 2020 com Luis Miranda, em Madame Sheila, e abriu 2021 com o espetáculo "Dez por Dez", obra de Neil LaBute adaptada pelos Irmãos Leme e protagonizada por Angela Vieira, Bruno Mazzeo, Chandelly Braz, Denise Fraga, Eucir de Souza, Ícaro Silva, Johnny Massaro, Leopoldo Pacheco, Luisa Arraes e Pathy Dejesus. Uma iniciativa comprometida a levar a produção artística inédita e de qualidade até onde as pessoas estão, contribuindo para aumentar o acesso gratuito à cultura em tempos de isolamento social.
“Sabemos o quanto a saúde e o bem-estar das pessoas são impactados pela arte, cultura e lazer. Manter o acesso aos espetáculos do Teatro Unimed, mesmo diante do cenário que ainda estamos vivendo, é uma importante entrega para toda sociedade. Por meio do cooperativismo e de parcerias que beneficiam todo o setor, estamos felizes em contar com mais um artista desse prestígio na programação do Teatro. Acompanhem e curtam, gratuitamente, mais essa produção, que leva saúde, alegria e entretenimento de qualidade para todos”, afirma Luiz Paulo Tostes Coimbra, presidente da Central Nacional Unimed.
“É uma grande alegria termos Criolo como o primeiro astro da música a fazer parte da programação do Teatro Unimed, protagonizando o primeiro filme-concerto que produzimos. Assim como Criolo, nós também nos dedicamos a inovar em nossa produção cultural, sempre com qualidade e em defesa do respeito à diversidade e do amplo acesso à cultura e ao lazer, ao mesmo tempo em que chamamos a atenção para iniciativas de apoio a profissionais das artes em tempos de pandemia”, declara Fernando Tchalian, CEO da desenvolvedora Reud, controladora do Teatro Unimed.
Durante este período de pandemia e a cada espetáculo online gratuito, o Teatro Unimed tem reforçado a importância de iniciativas de apoio a profissionais das artes, fortemente afetados pela diminuição de trabalho, convidando o público a colaborar de alguma forma. Assim foi com o Fundo Marlene Colé, em "Dez por Dez", e com a APTR - Associação dos Produtores de Teatro, em Madame Sheila. Agora, em "Criolo Samba em 3 Tempos", todos se reúnem para chamar atenção para o Backstage Invisível (www.backstageinvisivel.com.br), movimento que arrecada e distribui cestas básicas para profissionais das artes que trabalham atrás das cortinas. São técnicos, carregadores, montadores, seguranças, equipes de limpeza, assistentes, produtores, motoristas e vários outros profissionais, cujas famílias têm enfrentado uma situação de insegurança alimentar, em um período em que muitos palcos ainda estão vazios.
Em todos os momentos de preparação, montagem, ensaios, filmagens e desmontagem, todos os profissionais envolvidos foram cuidadosamente acompanhados com contínuos registros de condições de saúde e submetidos a testes pela rede de medicina diagnóstica Alta Excelência Diagnóstica, referência em tecnologia, inovação e qualidade médica, com foco no atendimento humanizado (www.altadiagnosticos.com.br).
Além disso, como tem sido prática cotidiana do Teatro Unimed e do Edifício Santos-Augusta, realizou-se todo o protocolo de praxe de ações anti-Covid, com higienização contínua de equipamentos, acessórios, pisos e ambientes, uso de máscara obrigatório generalizado, higienização periódica das mãos, amplo distanciamento social e desinfecção diária dos locais.
Criolo O MC, cantor e compositor Criolo iniciou sua carreira em 1989. Paulistano do bairro de Santo Amaro, criado no Grajaú, Kleber Gomes, o Criolo, escreveu seu primeiro rap aos 11 anos e sua primeira canção, aos 25. Criador da Rinha dos MCs, dedicada às batalhas de improvisação, lançou em 2006 "Ainda Há Tempo", seu primeiro registro em estúdio com tiragem de 500 unidades. Em 2011, despontou no cenário musical brasileiro com Nó na Orelha, um dos álbuns mais comentados da última década na cena nacional.
Em 2020, Criolo se juntou a Milton Nascimento para "Existe Amor", projeto lançado durante a pandemia do Covid-19, formado por um EP com duas regravações dos músicos e duas inéditas (com arranjos de Arthur Verocai e Amaro Freitas) e um fundo para auxiliar a população em situação de vulnerabilidade social. Criolo iniciou 2021 com um show em realidade estendida (XR) em seu canal na Twitch. Seu mais recente lançamento foi o clipe de Fellini em 3D, com referências a filmes do diretor italiano.
Monique Gardenberg Nascida na Bahia, morou em Santos dez anos e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1974, onde cursou o segundo grau e a Faculdade Economia da UFRJ. Ainda na faculdade, como parte do movimento pela abertura política, organizou diversos espetáculos, participando da coordenação dos shows de 1º de Maio, liderados por Chico Buarque. Em 1982, ao lado da irmã Sylvia Gardenberg, fundou a Dueto Produções, produtora que deixou sua marca ao criar eventos culturais históricos, como o Free Jazz Festival, Carlton Dance Festival, Carlton Arts, Tim Festival, Mastercard Jazz, entre muitos outros.
Em 1989, Monique cursou cinema na New York University, e dirigiu seu primeiro curta-metragem. Em 1993 fez sua estreia profissional com o premiado curta Diário Noturno, protagonizado por Marieta Severo. Seus primeiros longa-metragens, "Jenipapo" (1996) e "Benjamim" (2003), este último baseado no livro de Chico Buarque, foram exibidos em importantes festivais internacionais como Sundance, Toronto e Roterdã. "Ó Paí, Ó" (2007), filme baseado em peça do Bando de Teatro Olodum, deu origem à série do mesmo nome na Rede Globo de televisão.
Ainda como diretora, assinou os especiais Caballero de "Fina Estampa" e "Prenda Minha", de Caetano Veloso. No teatro, adaptou e dirigiu as peças "Os Sete Afluentes do Rio Ota", de Robert Lepage (2002), "Baque", de Neil LaBute (2005), "Um Dia no Verão", de Jon Fosse (2007), "Inverno da Luz Vermelha" (2010) e "A Hora Amarela" (2014), ambas de Adam Rapp, "O Desaparecimento do Elefante", peça criada a partir de cinco contos de Haruki Murakami(2013), "Fluxorama", de Jô Bilace o retorno do grande sucesso teatral dos anos 90 - "5 X Comédia" ( 2016). Em 2018, lançou "Paraíso Perdido", filme que marcou sua volta ao cinema autoral.
Teatro Unimed Iniciativa da Desenvolvedora REUD e projeto do cultuado arquiteto Isay Weinfeld, o Teatro Unimed está localizado em um dos pontos centrais da cidade de São Paulo: esquina da Rua Augusta com a Alameda Santos, a apenas uma quadra da Avenida Paulista. Com curadoria da programação feita por Monique Gardenberg, Carlos Martins e Jeffrey Neale, da Dueto Produções, o Teatro Unimed é voltado para espetáculos de alta qualidade e nunca antes exibidos na cidade, como o musical "Lazarus", de David Bowie, com o qual abriu suas portas em agosto de 2019, e "Madame Sheila", com Luis Miranda, que deu início, em 2020, ao projeto Teatro Unimed Em Casa, sendo visto online por mais de 80 mil pessoas em 40 países.
Muito versátil, com o que existe de mais moderno em tecnologia cênica, ideal para espetáculos de teatro, música, dança, eventos, gravações e transmissões ao vivo, o Teatro Unimed é todo revestido em madeira, com 249 lugares, palco de 100m2, boca de cena com 12m de largura e fosso para orquestra. Primeiro teatro criado por Isay Weinfeld (responsável pelos projetos dos hotéis do Grupo Fasano, do residencial Jardim, em Nova York, e do Hotel InterContinental, em Viena), o Teatro Unimed ocupa o primeiro andar do sofisticado edifício projetado pelo arquiteto, o Santos Augusta, empreendimento da REUD, combinação única de escritórios, café, restaurante e teatro.
Elegante e integrado ao lobby no piso térreo, o Perseu Coffee House é a porta de entrada do Santos Augusta. Com mobiliário vintage original dos anos 50 e 60, assinado por grandes nomes do design brasileiro, como Zanine Caldas, Rino Levi e Carlo Hauner, e uma carta de cafés, comidinhas e drinks clássicos, é o lugar perfeito para encontros informais, desde um café da manhã até o happy hour. O Casimiro Ristorante é uma iniciativa de um dos mais admirados e tradicionais restaurantes de São Paulo o Tatini, fruto da dedicação de três gerações de profissionais voltados para a gastronomia italiana de qualidade: Mario Tatini, Fabrizio Tatini e Thiago Tatini.
Ficha técnica Filme-concerto: "Criolo Samba em 3 Tempos" Voz: Criolo Cavaco: Ricardo Rabelo Violão 7 cordas: Gian Correa Percussão: Maurício Badé Trombone: Ed Trombone Direção: Monique Gardenberg Fotografia: José Roberto Eliezer, A.B.C. Direção de arte: Carila Matzenbacher Figurino: Cassio Brasil Produção de figurino: Daniela Tocci Assistente de figurino: Mariana Milani Assistente de câmera: Rafael Farinas Operadores de câmera: Diego Garc, Elisa Ratts, Pedro Eliezer Logger: Rodrigo Belati Gaffer: Sergio Bronzo Diretor técnico: Paul Lewis Técnico de gravação: Fernando Narcizo Técnico de monitor: Rubinho Marques Produção Criolo: Belma Ikeda Roadie: Nino Rodrigues Mixagem: Daniel Ganjaman Edição: Ana Paula Carvalho Fotógrafo: Pedro Pupo Gerente técnico: Reynold Itiki Identidade visual: Tommy Kenny Comunicação: Dayan Machado Assessoria de imprensa: Fernando Sant' Ana Assessoria jurídica: Carolina Simão Pós-produção: Quanta Post Produção: Giovanna Parra Assistente de produção: Adriel Parreira Direção de produção: Clarice PhiligretRealização: Dueto Produções Equipe Criolo: Oloko Records Direção geral: Beatriz Berjeaut Direção musical: Daniel Ganjaman Produção executiva: Kler Correa Direção criativa e comunicação: Tino Monetti Assistência de comunicação: Yan Marrese Assessoria de imprensa Criolo: Perfexx Produção operacional: Giovanna Scarano
Serviço Filme-concerto: "Criolo Samba em 3 Tempos". Local: Teatro Unimed em Casa (online). Endereço: www.teatrounimed.com.br. Quando: a cada semana, estreia um novo tempo. "Tempo 1": sexta-feira, dia 30 de julho de 2021, às 21h. "Tempo 2": sexta-feira, dia 6 de agosto de 2021, às 21h. "Tempo 3": sexta-feira, dia 13 de agosto de 2021, às 21h. O filme inteiro, com os três tempos, poderá ser visto no site do Teatro Unimed até o dia 22 de agosto de 2021. Classificação: livre. Ingressos: gratuito e sem cadastro. Duração: cerca de 20 minutos cada tempo.