Por: Mary Ellen Farias dos Santos Em novembro de 2019 "Jardim de Inverno", em cartaz no Teatro Raul Cortez, com Andréia Horta e Fabrício Pietro no papel dos protagonistas, é a primeira montagem mundial para o teatro do romance "Revolutionary
Road", do escritor americano Richard Yates (1926-1992). Intensa e comovente, a trama provoca reflexões que se mostram atemporais. Sensível, porém impactante, "Jardim de Inverno" é necessário e nós, do Portal Resenhando.com,preparamos uma lista com 11 motivos para não perder a peça. Confira!
1. A trama do escritor, conhecido por retratar a “Era da Ansiedade", é comovente e emociona, enquanto provoca questionamentos diversos a respeito da sociedade tradicional. 2. O texto dos anos 60, focado na família americana suburbana dos anos 50 continua atual, pois trata das dificultosas relações e as cumulativas frustrações da vida.
3. No trabalho de Frank, os movimentos sincronizados por Erica Montanheiro, Iuri Saraiva, Martha Meola, Ricardo Ripa, Luciano Schwab, Aline Jones, Julia Azzam e Lucas Amorim dão agilidade, ritmo e transmitem a energia do ambiente. 4. É o "amigo" visitante da família, atestado como maluco, quem vê a verdadeira April, enquanto que Frank e a mãe do vizinho, adeptos do estilo "viver de aparências", seguem cegos e surdos. 5. O espetáculo é focado na história do casal de classe média April Wheeler (Andréia Horta) e Frank (Fabrício Pietro), que tentar deixar de sonhar para entrar no formato padrão, condizente com o lugar em que moram. 6. No palco, os encontros entre a April e o Frank do passado com o do presente reforçam a crescente sufocante dos sonhos e desejos pessoais.
7. "Jardim de Inverno" trata as questões do indivíduo feminino diante da padronização do modelo de família a ser seguido: Homem que trabalha e sustenta a casa, mulher que cuida dos filhos. 8. April e Frank formam um casal completamente fora de sintonia, que, no decorrer da história, passam a alimentar sonhos em tempos opostos. Ao visitar o passado, nota-se que, em algum tempo o casal, de fato, sonhou a dois. 9. O texto de Richard Yates também originou o filme estrelada por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, "Foi Apenas Um Sonho" (Revolutionary Road). 10. "Jardim de Inverno" tem adaptação dramatúrgica de Fabrício Pietro, que também estrela a montagem ao lado de Andréia Horta, atriz que protagonizará a novela das nove que substituirá "Amor de Mãe". 11. O espetáculo é dirigido por Marco Antônio Pâmio (vencedor de três Prêmios APCA). Emocione-se com "Jardim de Inverno". Não perca!
Título Original: Revolutionary Road, Romance De Richard Yates Dramaturgia e tradução: Fabrício Pietro Colaboração dramatúrgica: Erica Montanheiro e Marco Antônio Pâmio Direção: Marco Antônio Pâmio Elenco: Andréia Horta, Fabrício Pietro, Erica Montanheiro, Iuri Saraiva, Martha Meola, Ricardo Ripa, Luciano Schwab, Aline Jones, Julia Azzam e Lucas Amorim Direção de Produção: Danielle Cabral Direção de movimento: Marco Aurélio Nunes Assistente de Direção: André Kirmayr Cenografia: Marisa Rebolo Figurinista: Flaviana Bernardo Iluminador: Wagner Antônio Trilha Sonora: Marco Antônio Pâmio Visagismo: Louise Helène Cabelo divulgação: Rô Pinheiro Make divulgação: Rodrigo Nunes Fotos divulgação: Danilo Borges Finalização de fotos: Jujuba Digital Artes: Marketing DCARTE Vídeos divulgação: Kroon Company ProduçõesPromoção: Rede Globo Vídeo Promocional: Johnny Luz Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes Produtoras associadas: Pietro Arte e Comunicação e Lolita e La Grange Produções Administração Projeto PROAC ICMS: Amanda Leones – Versa Cultural Assessoria contábil e jurídica: Juliana Rampinelli Calero Produtoras de operações: Jessica Rodrigues e Victória Martinez – Contorno Produções Coordenação de produção: Fabrício Pietro e Mateus Monteiro Negociação de direitos autorais: Marcel Nadal Michelman e Evandro Ragonha Idealização: Fabrício Pietro Produção Geral: DCARTE Patrocínio: PAPIRUS. Jardim de Inverno Teatro Raul Cortez Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista Informações: (11) 3254-1633 Capacidade: 520 lugares Duração: 100 minutos Estreia dia 11 de outubro Classificação: 14 anos Temporada: De 11 de outubro a 17 de novembro Sexta-feira, às 21h30 Sábado, ás 21h Domingo, às 20h Ingressos: R$ 50,00 (inteira) R$25,00 (meia-entrada). Bilheteria: De terça a quinta, das 15h às 19h; e de sexta a domingo, das 15h até o início do espetáculo (Não abre aos feriados). Vendas online: bileto.sympla.com.br/event/62597/d/73305/s/380781 *Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm
Com Andréia Horta, Fabricio Pietro e grande elenco, "Jardim de Inverno" terá seu último final de semana no Teatro Raul Cortez. Antes, nesta quinta-feira, haverá sessão popular a R$ 20. Foto: Danilo Borges
"Jardim de Inverno" é um espetáculo que abrange tantas coisas ao mesmo tempo que é difícil especificar apenas um assunto. O principal deles, como se sabe e vem se falando muito, é o machismo que impede a vida de tantas pessoas, sejam homens ou mulheres, a irem adiante. Mas a peça teatral é mais do que essa "guerra dos sexos" enfadonha que, em um mundo de "lacres" em redes sociais, é tão problematizada e tão pouco combatida em ações efetivas. A realização de "Jardim de Inverno" é uma medida efetiva para esse assunto, mas vai além. O espetáculo é sobre o vazio existencial de pessoas, tratadas como produtos do meio e parte de um sistema, que ficaram pelo caminho. Algumas querem mais da vida, outras se acomodaram ao redor do que conquistaram. Em comum entre as duas, há o medo. De seguir em frente... embora haja insatisfação, e perder tudo o que foi conquistado. Ou de partir para objetivos mais ambiciosos e jogar para o alto tudo o que foi acumulado ao longo da vida. Mas o que fazer, sobretudo se você é mulher, se nasceu em uma época que não é adequada para pessoas brilhantes? Aliás, as pessoas brilhantes se encaixam em alguma época, seja qual for o tempo ou elas sempre serão escamoteadas? Intérprete do protagonista e tradutor do espetáculo, Fabricio Pietro daria dois conselhos ao protagonistas. Ao Frank, personagem que ele interpreta, ele diria para "enxergar além do óbvio". Para April, personagem de Andréia Horta, para ela "tomar as rédeas da própria vida". Será que esses personagens ouviriam os conselhos do ator? E se ouvissem, o rumo das coisas seria diferente? Em interpretações arrebatadoras por todos os lados, em cima do texto baseado no romance "Revolutionary Road", de Richard Yates, Fabricio Pietro e Andréia Horta mostram dois lados de uma história de desenlaces e frustrações que reverberam para além do feminino e do masculino. São questões universais, que interferem na vida de todos, mas que têm mais consequências para as mulheres. Talvez o único personagem que fique no meio termo é o filho da vizinha que, com problemas mentais, dá as opiniões mais coerentes e certeiras. Iuri Saraiva é esse contraponto entre um personagem e outro e é, também, a voz da sanidade em um mundo em que as aparências falam mais alto do que os gritos silenciosos que ecoam ao longo do espetáculo. Gritos de socorro em um país estridente e histriônico que, além de tudo, é carente de tudo o que está relacionado a gente (de ambos os sexos). Ficha técnica: Título Original: "Revolutionary Road", romance De Richard Yates. Dramaturgia e tradução: Fabricio Pietro. Colaboração dramatúrgica: Erica Montanheiro e Marco Antônio Pâmio. Direção: Marco Antônio Pâmio. Elenco: Andréia Horta, Fabricio Pietro, Erica Montanheiro, Iuri Saraiva, Martha Meola, Ricardo Ripa, Luciano Schwab, Aline Jones, Julia Azzam e Lucas Amorim. Direção de Produção: Danielle Cabral. Direção de movimento: Marco Aurélio Nunes. Assistente de Direção: André Kirmayr. Cenografia: Marisa Rebolo. Figurinista: Flaviana Bernardo. Iluminador: Wagner Antônio. Trilha Sonora: Marco Antônio Pâmio. Visagismo: Louise Helène. Cabelo divulgação: Rô Pinheiro. Make divulgação: Rodrigo Nunes. Fotos divulgação: Danilo Borges. Finalização de fotos: Jujuba Digital. Artes: Marketing DCARTE. Vídeos divulgação: Kroon Company Produções. Promoção: Rede Globo. Vídeo Promocional: Johnny Luz. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Produtoras associadas: Pietro Arte e Comunicação e Lolita e La Grange Produções. Administração Projeto PROAC ICMS: Amanda Leones - Versa Cultural. Assessoria contábil e jurídica: Juliana Rampinelli Calero. Produtoras de operações: Jessica Rodrigues e Victória Martinez - Contorno Produções. Coordenação de produção: Fabrício Pietro e Mateus Monteiro. Negociação de direitos autorais: Marcel Nadal Michelman e Evandro Ragonha. Idealização: Fabrício Pietro. Produção Geral: DCARTE. Patrocínio: PAPIRUS. Serviço: "Jardim de Inverno" no Teatro Raul Cortez. Duração: 100 minutos. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$ 50 (inteira); R$25 (meia-entrada). Sexta, às 21h30, sábado, às 21h, e domingo, às 20h. Importante: Dia 15 de novembro, sessão com preços populares a R$ 20 e acessível em libras. Dia 17 de novembro, debate com elenco após a sessão. Teatro Raul Cortez – Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - Bela Vista, São Paulo. Bilheteria: de terça a quinta, das 15h às 19h; e de sexta a domingo, das 15h até o início do espetáculo (Não abre aos feriados). Vendas online: https://www.sympla.com.br/. Capacidade: 520 lugares. Informações: (11) 3254-1633.
Peça é uma adaptação do romance "Revolutionary Road", do escritor americano Richard Yates, conhecido por retratar em suas obras a “Era da Ansiedade". O texto foi adaptado para o cinema e protagonizado por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. A montagem brasileira estreou em 2019 e foi vencedora do Prêmio Bibi Ferreira e APCA. Bianca Bin estreia nos palcos. Fotos: Danilo Borges
Com direção de Marco Antônio Pâmio (vencedor de três Prêmios APCA) e adaptação dramatúrgica de Fabrício Pietro, "Jardim de Inverno", do escritor americano Richard Yates (1926-1992), chega com nova temporada a partir do dia 17 de junho, sexta-feira, às 20h, no Teatro Faap. As sessões acontecem de sexta e sábado, às 20h, e domingos, às 18h.
O elenco é composto por Bianca Bin, Fabrício Pietro, Erica Montanheiro, Iuri Saraiva, Martha Meola, Ricardo Ripa, Luciano Schwab, Aline Jones, Fabiana Caruso e Lucas Amorim. A montagem estreou em 2019 e foi vencedora do Prêmio Bibi Ferreira (Categorias Melhor Atriz e Ator Coadjuvante em Peça de Teatro com Martha Meola e Iuri Saraiva) e do Prêmio APCA novamente com Iuri Saraiva na categoria de Melhor Ator.
A peça se passa em uma época pré-feminista e levanta questões como a liberdade, os padrões de vida impostos pela sociedade e a sensação de sufocamento na vida familiar. A obra foi adaptada para o cinema (em português com o título "Foi Apenas Um Sonho"), protagonizada por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.
A trama retrata a vida cotidiana de April Wheeler (Bianca Bin) e seu marido Frank (Fabrício Pietro), um casal de classe média aparentemente feliz, que mora com seus dois filhos em um idílico subúrbio de uma pequena cidade nos Estados Unidos, na década de 1950. A história revela momentos intensos da vida cotidiana deste casal que ao cumprir as convenções sociais impostas sufocam seus mais profundos anseios, envenenando sonhos e aspirações. O espetáculo nos apresenta a progressiva frustração que acomete os dois, conforme assistem a suas vidas passar como um acúmulo de instantes sem sentido.
“A obra, mesmo tendo sido escrita no início da década de 60 e contando a história de uma família americana suburbana dos anos 50, carrega em seu cerne uma atemporalidade de proporções gigantescas, pois ela fundamentalmente nos fala de como nossos projetos de realização pessoal podem ser sufocados em nome da estabilidade social e financeira. Esse assunto não diz respeito a uma época específica, e sim à problemática humana mais profunda, independente de tempo ou lugar”, diz o diretor Marco Antônio Pâmio.
April é uma mulher em dissonância com a condição de dona de casa. Ela elabora um plano romântico para se mudar com a família para Paris, onde será possível reavivar seu relacionamento com o marido, cumprindo seu profundo desejo de liberdade e dando a ele a chance de se “encontrar”.
Bianca Bin entra no elenco para viver a protagonista, papel que foi de Andréia Horta na primeira temporada. Sobre a personagem Bianca comenta: “Além do grande sentimento de não pertencimento, não me encaixando em alguns papéis sociais durante momentos da vida, me considero questionadora, corajosa e com um espírito revolucionário como da April. Estou fazendo um estudo minucioso do texto e da pesquisa já realizada para montar o espetáculo pela primeira vez, com referências do contexto histórico, do romance de Yates e uma entrevista com o próprio autor. E através das trocas nas relações com os demais personagens em cena. Eu acredito no processo colaborativo da criação coletiva com o elenco. Crio a April a partir da troca com cada um deles”.
A atriz, que viveu várias protagonistas na televisão, comemora o fato de estrear nos palcos. “É um desejo antigo, que vai realizar só agora com a peça 'Jardim de Inverno'. Estou ansiosa, muito feliz e grata pela oportunidade”. Já Frank tem um emprego relativamente bem remunerado, mas muito tedioso, em Nova Iorque. Inicialmente, ele fica entusiasmado com a ideia da esposa, mas, aos poucos, acontecimentos inesperados passam a alarmá-lo e a perspectiva de felicidade precisará ser negociada.
Para construir seu personagem, Fabrício Pietro inspirou-se nos modelos de família tradicional ao seu redor. “Fui criado em uma sociedade na qual a figura masculina tem obrigação de ser forte, provedora, maliciosa, chefe da casa, e bem-sucedida. Ainda que eu tenha consciência destas questões e lute contra elas, sei que estão plantadas no meu DNA social”, acrescenta. “Vivemos num período de grande evocação social sobre as questões do feminino, na mídia, na cultura, portanto interpretar nos palcos qualquer figura masculina que esteja em embate com uma mulher em cena, exige cautela, para que a abordagem não caia em mera opinião panfletária. Vou sempre em busca do entendimento da condição humana na circunstância em que a personagem está inserida”.
O casal não sabe se abre mão de seus verdadeiros desejos ou enfrenta o peso do conformismo. Eles descarregam suas frustrações um no outro e raramente compreendem o ponto de vista do parceiro, refletindo a desilusão do sonho americano, o “american way of life”. Mas, diante dos olhares de seus vizinhos, eles representam os pilares de tudo o que há de bom; são pessoas charmosas, contagiantes, exemplares e especiais, o que afirma a maneira como se veem.
Essa dicotomia entre a realidade (para o casal) e a ficção (para os vizinhos) faz com que a história seja um inquietante retrato da busca desesperada por uma única chance na vida de se fazer o que se quer para que tudo valha a pena. “A própria dramaturgia nos conduz a isso, uma vez que enxergamos o casal na sua intimidade e no convívio com os outros personagens que os cercam no mundo exterior. Nosso elemento inspirador é o próprio teatro, na medida em que essa vida levada pelos dois é, de certa maneira, representada para os outros. Todos representam papéis sociais, mas o que eles vivem entre quatro paredes se distancia bastante do que deixam transparecer para o mundo. E, tanto quanto no teatro, esses papéis precisam ser extremamente bem representados”, explica Pâmio.
Tal como uma tragédia grega, a obra gira ao redor das falhas morais de suas personagens centrais ao discutir temas como a liberdade, o quanto as pessoas são capazes de se autossabotar para caber nas expectativas sociais, a distância entre a felicidade idealizada e a vida concreta, a busca por uma vida autêntica, os modelos irreais de felicidade impostos pela sociedade, como o homem lida com o sucesso da mulher, seu desejo de autoafirmação e o medo diante de certezas questionadas.
Questões femininas Publicado em 1961, o primeiro romance de Yates foi finalista do National Book Award em 1962, vendeu milhares de cópias, foi amplamente traduzido e publicado em outros países e, em 2005, foi eleito pela revista Time como um dos 100 maiores livros da literatura em inglês. A obra ficou ainda mais conhecida graças à adaptação cinematográfica dirigida por Sam Mendes em 2008, com o título "Foi Apenas Um Sonho", estrelada por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.
“Quando assisti ao filme em 2009, senti o mesmo vazio desesperador e vontade de resgatar uma certa ‘sensação de vida’ que April, a protagonista, sentiu. Eu vinha de uma fase na qual conforto e estabilidade eram meus objetivos de vida. Com o passar dos anos, meus desejos mais genuínos foram minados pelo comodismo e algo importante se perdeu: minha coragem e autenticidade. O filme me fez enxergar isto. Adquiri a obra original, um romance, e me debrucei sobre ele inúmeras vezes. Então decidi escrever a versão teatral. Minha adaptação foca na reflexão sobre o sufocamento dos desejos, a massificação dos valores, o desperdício dos potenciais individuais em virtude de um único modelo de família próspera e feliz estabelecido por interesses econômicos. Mas em si, a história carrega questões sociais urgentes, expostas muito claramente pela protagonista e que lamentavelmente 60 anos depois (o romance foi escrito em 1961) seguem devastando as mulheres”, revela Pietro sobre a idealização e adaptação da peça.
Sobre a encenação, por Marco Antônio Pâmio “Como a peça é adaptada de um texto literário, é fundamental a presença do recurso narrativo em sua dramaturgia. Mas, ao contrário da presença onisciente de um narrador descolado da ação como mero observador, optamos por tornar cada uma das personagens também narradores em momentos específicos, fazendo com que todos, além de viver a história, também a contém sob sua perspectiva particular. Procuro construir esses ‘depoimentos’ de maneiras diversas e inusitadas, de modo a construir um caleidoscópio de experiências pessoais compartilhadas daqueles que vivenciaram aqueles episódios.
A cenografia não tem compromisso com o realismo, mas sim com a objetividade da narrativa, ou seja, está sempre a serviço dela e não o contrário. Dessa maneira, elementos pontuais e sintéticos recriam os dois ambientes principais da história - a sala de estar da casa dos Wheeler e o escritório da empresa Knox, onde Frank Wheeler trabalha. Esses mesmos elementos se revezam de acordo com sua função específica, quase que trocando de papéis, de maneira acentuada e propositalmente coreográfica. Nesse aspecto entra o trabalho de direção de movimento da peça, extremamente importante para a condução da narrativa e a ligação entre as cenas.
Os figurinos e o visagismo são, talvez, o elemento mais realista desses quatro quesitos, na medida que obedecerão à risca o estilo da época, no caso os anos 50. Seria impensável transpor o contexto histórico para outra época que não o ano de 1955 original, sob o risco de perdermos a perspectiva do papel da mulher na sociedade e quanto a personagem April se encontra à frente de seu tempo. Quanto à trilha sonora, ela já não terá tanto esse compromisso. Uma combinação de canções e, mais intensamente, temas minimalistas, comporão a atmosfera sonora de crescente dramático que o texto pede. A iluminação seguirá essa mesma linha, em que a atmosfera dramática irá sempre se sobrepor à mera definição de espaços específicos”.
Sobre Richard Yates - autor Escritor norte-americano nascido em Yonkers, no estado de Nova Iorque, em 1926.Richard Yates figura entres os melhores escritores de língua inglesa no século 20. A fama de suas obras tem crescido consideravelmente desde a sua morte e principalmente após a primeira década do século 21. Sua obra é identificada com a "Era da Ansiedade", uma vez que suas personagens são tomadas pelas decepções, aflições e pesares da vida do pós-guerra. Há elementos de suas personagens do pós-guerra voltam a refletir transtornos dos indivíduos contemporâneos.
"Revolutionary Road" foi bem recebido pela crítica. Kurt Vonnegut descreveu-o como "O Grande Gatsby" do seu tempo. Nomes como Richard Forde Julian Barnes têm-no como uma das suas principais referências. Teve, no geral, boas críticas, foi finalista do National Book Award em 1962, vendeu muitas cópias e foi amplamente traduzido e publicado em outros países. E, no entanto, desapareceu gradualmente das livrarias e do pensamento dos leitores.
Após a morte de Yates em 1992, "Revolutionary Road" foi relativamente esquecido, como tantos outros grandes livros do passado. Isto até que, em 2008, Sam Mendes adaptou o livro para o cinema em um filme com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet nos papéis principais. Elogiada pelo público e pela crítica especializada, a adaptação reavivou o interesse no romance de Yates, que retornou às livrarias, dando aos leitores a oportunidade de se reconhecer nas frustrações de Frank e April Wheeler.
Sinopse O espetáculo é adaptado do romance "Revolutionary Road" (1961), que originou o filme "Foi Apenas Um Sonho" (2008), e ilumina questões como o sufocamento dos desejos, o peso do conformismo, o desperdício das potências individuais em prol de uma “vida ideal” ditada por papéis sociais rígidos. April e Frank são jovens, bonitos e com seus dois filhos formam a família perfeita do idílico subúrbio americano dos anos 50. Mas, na verdade, se sentem reprimidos e aprisionados nessa realidade. Então April propõe um plano que irá colocar à prova seus limites.
Ficha técnica Espetáculo: "Jardim de Inverno". Título original: "Revolutionary Road". Romance de: Richard Yates. Dramaturgia e tradução: Fabrício Pietro. Colaboração dramatúrgica: Erica Montanheiro e Marco Antônio Pâmio. Direção: Marco Antônio Pâmio. Elenco: Bianca Bin, Fabrício Pietro, Erica Montanheiro, Iuri Saraiva, Martha Meola, Ricardo Ripa, Luciano Schwab, Aline Jones, Fabiana Caruso e Lucas Amorim. Elenco stand-in: André Kirmayr e Clarissa Drebtchinsky. Direção de movimento: Marco Aurélio Nunes. Assistente de direção: André Kirmayr. Cenografia: Marisa Rebolo. Figurinista: Flaviana Bernardo. Iluminador: Wagner Antônio. Trilha sonora: Marco Antônio Pâmio. Locuções espetáculo: Ricardo Rippa. Visagismo: Beto França. Fotos divulgação: Danilo Borges. Finalização de fotos: Jujuba Digital. Vídeos divulgação: Teleimage. Arte vídeos. Divulgação: Sérgio Demutti. Designer: Lucas Sancho. Social media: Felipe Matias - ho.ko Comunicação. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Produtoras associadas: Pietro Arte e Versa Cultural. Direção de produção original - Temporada 2019: Danielle Cabral - DCARTE. Direção de Produção - Temporada 2022: Amanda Leones - Versa Cultural. Assistente de produção: Aline Gabetto. Estagiária: Júlia Baccan. Produção administrativa: Versa Cultural. Assessoria contábil: JRC Assessoria Contábil. Prestação de Contas: IC Cultura - Itabiboca Gestão de Projetos e Chiquito Agência de Cultura. Negociação de direitos autorais: Evandro Ragonha. Idealização: Fabrício Pietro. Produção geral e realização: Versa Cultural. Patrocínio: Boa Vista.
Serviço: "Jardim de Inverno" - Estreia dia 17 de junho no Teatro Faap. Temporada: de 17 de junho a 28 de agosto - Sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h. Endereço: R. Alagoas, 903 - Higienópolis, São Paulo. Duração: 100 minutos. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$ 80 (inteira); R$ 40 (meia-entrada). Venda on-line pelo https://www.sympla.com.br/
Fabrício Pietro (entrevista com ele neste link) é ator formado pelo Indac. Estreou no SBT em 2003 na novela “Jamais Te Esquecerei”. Três anos depois, em 2006, fez a estreia no teatro com “Morte e Vida Severina”, que teve a direção de Kiko Marques. Em 2007, interpretou Julieta em "R&J", versão contemporânea do clássico shakespeariano escrita por Joe Calarco e dirigida por Zé Henrique de Paula. Seguiu com o Núcleo Experimental em: “Mojo”, texto de Jez Butterworth e em “O Livro dos Monstros Guardados”, texto de Rafael Primot. Em outras duas produções, “Cândida” de Bernard Shaw e “Senhora dos Afogados” de Nelson Rodrigues, trabalhou como assistente de direção. Em 2013, atuou em "Depois da Vida" sob direção de Juliana Galdino e em 2016 integrou elenco de"A Gaivota" de Tchekhov, sob direção do Kiko Marques. Ao longo dos anos, Fabrício integrou grupos de estudos dos diretores Antunes Filho, Antônio Januzelli, Cacá Carvalho, Grupo Tapa e Cia Hiato. Após nove anos contratado como apresentador do canal "Mix TV", pelo qual recebeu o prêmio PJB de “destaque na TV” em 2012, retomou os estudos de ator em 2017 e participou do projeto "Experiência Antígona", do diretor Eric Lenate. Em 2018, dando sequência aos projeto de reciclagem e aprimoramento, integrou as várias oficinas de interpretação. Em 2019, cria a performace artística baseada no livro "Odisseia", de Homero, sob orientação da Cia Hiato e a performance “Isto Não É Um Homem Esta Não É Uma Dança” sob orientação da bailarina Beth Bastos. Em 2019, estreou os espetáculos “Jardim de Inverno”, em que assina a dramaturgia e idealização, com direção de Marco Antônio Pâmio e atuando ao lado de Andreia Horta. Também “Inferno - Um Interlúdio Expressionista” com direção de André Garolli, ao lado de Camila dos Anjos e Fernando Vieira, trabalho pelo qual foi indicado como “melhor ator” pelo Prêmio Aplauso Brasil, em cartaz no Viga Espaço Cênico. Além de participações na série "Carcereiros" da TV Globo e da novela "Jezabel", da TV Record. Para 2020, além da reestreia de "Inferno" (sorteio de ingressos neste link), prepara o retorno de "Jardim de Inverno" (crítica neste link e 11 motivos para assistir o espetáculo) e a estreia de uma peça inédita ao lado da atriz e diretora Fernanda Stefanski entitulado "A Grande Obra". #ResenhaRápida com Fabrício Pietro Nome completo: Fabrício Pietro. Apelido: nem pensar. Data de nascimento: 21 de novembro de 1979. Qualidade: não faltar em compromissos. Defeito: me atrasar em compromissos. Signo: escorpião (calma aí!). Ascendente: áries (muita calma aí!). Uma mania: arrumar o armário todo antes de arrumar uma pequena mala de viagem. Religião: manipulação da fragilidade alheia. Time: o meu. Amor: filtro pra tudo. Sexo: com sedução e luxúria. Mulher bonita: Maria da Penha e Joana D'Arc. Homem bonito: Cazuza e Zumbi dos Palmares. Família é: samsara. Ídolo: sou de escorpião, esqueça. Inspiração: biografias, cinema e música. Arte é: enxergar mais longe, desmecanizar, sentir empatia e renovar as esperanças. Brasil: muito pouco do que se orgulhar. Fé: na vida. Deus é: tudo o que tem vida e vibra amor. Política é: diferente de “partido”. Hobby: colecionar programas de peças de teatro e arrumar a casa. Lugar: sobre as montanhas. O que não pode faltar na geladeira: queijo. Prato predileto: frango à milanesa da minha mãe. Sobremesa: torta de morango e chocolate. Fruta: pitaia amarela. Cor favorita: azul e rosa. Medo de: desistir. Uma peça de teatro: "Solos", de Wadji Mouawad - Sesc Pinheiros (2015). Um show: "MDNA Tour" (2012). Um ator: Joaquin Phoenix e Daniel de Oliveira. Uma atriz: Amanda Acosta, Débora Falabella e Kate Winslet. Um cantor: Freddy Mercury e Ney Matogrosso. Uma cantora: Madonna. Um escritor: Ruy Castro e Fernando Pessoa. Uma escritora: Eliane Brum. Um filme: "A Grande Beleza", de Paolo Sorrentino. Um livro: "1984", de George Orwell. Uma música: "Nothing Fails" - Madonna. Um disco: "Ray of Light", "Like a Prayer" e "Confessions on a Dance Flor" - Madonna. Um personagem: Edmundo ("Rei Lear", de William Shakespeare). Uma novela: "Tieta", de Aguinaldo Silva (1989). Uma série: "The Crown" e "Os Normais". Um programa de TV: "O Mundo Visto de Cima". Um podcast: não ouço. Uma saudade: das brincadeiras da infância. Algo que me irrita: não desmarque um encontro comigo de última hora, não desmarque. Algo que me deixa feliz é: dançar. Não abro mão de: dançar e atuar. Do que abro mão: em dar a última palavra. Digo sim a: experiências novas. Digo não a: violência e histerismo. Sonho: em ter asas. Futuro: resultado do presente. Morte é: bem vinda e necessária. Vida é: coexistência. Uma palavra: avante. Ser ator é: romper limites e gerar adrenalina. Ser homem hoje é: saber ouvir as mulheres.
Encerramento de "Jardim de Inverno" com Fabrício Pietro
Texto do sueco Lars Norén sobre opressão familiar ganhou dramaturgismo de Kiko Marques e direção de Denise Weinberg. Com Dinah Feldman, Nicole Cordery, Noemi Marinho e Riba Carlovich no elenco. Foto: João Caldas
"Outono Inverno ou O que Sonhamos Ontem" em cartaz até dia 5 de março, de sexta a domingo, no Teatro Aliança Francesa. Escrita em 1982 pelo dramaturgo sueco Lars Norén (1944-2021), a obra põe em foco um jantar familiar entre um casal que não compartilha mais a mesma cama e suas filhas de meia idade que vivem cada uma a seu modo em suas próprias casas.
As tensões familiares se tornam cada vez mais latentes neste encontro e culminam num acerto de contas entre pais e filhos. Uma família de classe média que lida com questões burguesas. A montagem de 2006, dirigida por Eduardo Tolentino de Araújo, trouxe no elenco Sérgio Britto, Laura Cardoso, Emília Rey, e a própria Denise Weinberg, que agora assume a direção nessa versão com Noemi Marinho, Riba Carlovich, Nicole Cordery e Dinah Feldman, e dramaturgismo de Kiko Marques, que traz para os tempos modernos o texto de Lars Norén.
“Essa peça promove uma viagem infernal pelas sombras do inconsciente de uma família, que atualmente é um sistema esfacelado, disfuncional e que segundo Lars Norén, provocadora de grandes neuroses e doenças afetivas, e que já não sabemos mais o que é ser normal hoje em dia”, explica Weinberg, que promove neste espetáculo uma espécie de “passagem do bastão”.
A obra tem como foco o recorte de um jantar na casa do casal Henrique e Margarida na companhia de suas filhas, Ana e Eva. Médico fracassado que nunca conseguiu assumir as responsabilidades de um pai de família, Henrique é sucessivamente humilhado por Margarida, uma mulher que se ressente de ter desistido de uma paixão por causa de crenças burguesas.
As filhas também vivem os reflexos dessa relação disfuncional dos pais. Vivendo as crises da meia idade, Ana e Eva buscam algum equilíbrio no relacionamento, mas precisam lidar com seus próprios problemas, tentando manter a sanidade em meio a guerra familiar. O espetáculo fica em cartaz no Teatro Aliança Francesa até dia 5 de março, com sessões de sexta a domingo.
Denise usa sua experiência dos longos anos de ofício não apenas para dirigir a montagem, mas para promover um encontro entre artistas de diferentes escolas e gerações. Nicole Cordery e Dinah Feldman, por exemplo, fazem parte de um grupo de atores que surgiu logo após o de Weinberg, Marinho e Carlovich, mas a produção vai além.
Ao longo do processo, jovens artistas participaram de uma espécie de estágio com profissionais de áreas de desenho de luz, figurino, cenografia e trilha sonora. “Acredito que assim instituímos um novo tipo de profissional no mercado, que não é apenas o que estuda e tenta aprender no dia a dia, mas o que convive com outros grandes nomes de suas áreas e pode trocar de igual para igual. Queremos fortalecer o mercado, principalmente neste momento em que ele está tão combalido”, explica Marcela Horta, produtora do espetáculo.
Com o subtítulo “O Que Sonhamos Ontem”, “Outono Inverno” recebe uma adaptação assinada por Kiko Marques, que visa aproximar do público brasileiro a narrativa sueca escrita na década de 1980. “Foi através desse olhar; de uma compaixão infinita por Ana, Eva, Margarida e Henrique, personagens dilaceradas em si e em suas vidas, levando aquela casa como uma cruz osso; e pensando também nas infinitas mudanças desses 40 anos que separam o texto de Norén de dessa releitura, que me lancei ao trabalho da escrita”, conta.
Sinopse Um casal recebe as filhas de meia idade para um jantar. Em meio à refeição, as feridas abertas entram em discussão, com cenas de humilhação, mágoas e um acerto de contas entre componentes de uma família disfuncional que se mantém unida apenas pelas obrigações sanguíneas e pelas regras estabelecidas pelo acordo social e burguês que rege esta família.
Sobre Lars Noren - Dramaturgia Em linha sucessória, pode-se dizer que após August Strindberg (1849-1912) e Ingmar Bergman (1918-2007) é o dramaturgoLars Norén aquele que detém a obra mais reconhecida dentro do panorama teatral sueco. Norén, falecido recentemente em janeiro de 2021, escreveu peças, livros e poemas, sempre em busca de ampliar o que se pode fazer em termos de dramaturgia.
Uma das relevâncias do projeto se dê no resgate desse importante autor no Brasil, recentemente falecido em janeiro de 2021 de Covid-19. Juntamente com “Outono/ Inverno”, as obras mais relevantes do autor são “Demônios”, “Sangue”, “A Noite é Mãe do Dia”, “Escondido”, “Em Memória de Anna Politkovskaya”, “Romenos”, “A Clínica” e “Frio”, entre outras.
O que disseram sobre o espetáculo “Valendo-se de todos esses elementos e do bravo elenco, Denise Weinberg realizou espetáculo memorável que se inscreve entre os melhores deste 2022.”- José Cetra, jurado APCA
“Não tivesse o autor falecido de covid aos 76 anos em janeiro de 2021, valeria muito a pena que fosse convidado para vir conhecer esta versão de seu texto. Exorto a que abandonem qualquer outro compromisso assumido previamente e corram para o teatro!”- Luiz Gonzaga Fernandes
"Espetáculo ‘Outono Inverno’ coloca submissão feminina e opressão na mesa de jantar."- Dirceu Alves Jr. para Estadão
Ficha técnica Texto: Lars Norén. Direção: Denise Weinberg. Dramaturgismo: Kiko Marques. Elenco: Dinah Feldman, Nicole Cordery, Noemi Marinho e Riba Carlovich. Música e concepção sonora: Gregory Slivar. Desenho de luz: Wagner Pinto. Assistente de iluminação: Gabriel Greghi. Cenografia e figurino: Chris Aizner. Designer gráfico: Murilo Thaveira. Mídias sociais: Na Coxia Produções. Jovens artistas: Bina Oliveira - produção; Gabriela Cezário - iluminação; Loh Goulart - figurino e Loro Bardot - música. Operadora de luz: Gabriela Cezario. Operador de som: Brenda Umbelino. Cenotecnia: Casa Malagueta. Fotos: Leekyung Kim e João Caldas. Produção executiva: Madu Arakaki. Coordenação de projeto: DinahFeldman e Nicole Cordery. Direção de produção: Marcela Horta.
Serviço: "Outono Inverno ou O que Sonhamos Ontem" De Lars Norén, com dramaturgismo de Kiko Marques e direção de Denise Weinberg. Teatro Aliança Francesa - Rua General Jardim, 182 - Vila Buarque, São Paulo. Sessões: temporada até dia 5 de março - sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h. Dias 17, 18 e 19 de fevereiro não haverá espetáculo por causa do carnaval. Gênero: drama. Classificação: 14 anos Duração: 80 minutos Capacidade: 220 Lugares Ingressos: sextas-feiras: R$ 30. Sábados e domingos: R$ 50.
Peça protagonizada por Andréia Horta e Fabrício Pietro fica em cartaz até 17 de novembro. A obra foi adaptada para o cinema com o título Foi Apenas Um Sonho, protagonizada por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. Sessão extra dia 14/11 com ingressos a R$20
Foto: Edson Kumasaka
Público tem até o dia 17 de novembro para conferir a adaptação mundial para os palcos do romance Revolutionary Road, do escritor americano Richard Yates (1926-1992), conhecido por retratar em suas obras a “Era da Ansiedade". A adaptação de Fabrício Pietro, Jardim de Inverno segue em cartaz no Teatro Raul Cortez, com sessões sextas às 21h30, sábados às 21h e domingos às 20h. Dia 14 de novembro, quinta-feira, às 21h30, haverá uma sessão extra com ingressos populares a R$20. Com direção de Marco Antônio Pâmio, a montagem traz no elenco Andréia Horta, Fabrício Pietro, Aline Jones, Erica Montanheiro, Iuri Saraiva, Luciano Schwab, Martha Meola, Ricardo Ripa, Julia Azzam e Lucas Amorim. A direção de produção é de Danielle Cabral (DCARTE). A peça se passa em uma época pré-feminista e levanta questões como a liberdade, os padrões de vida impostos pela sociedade e a sensação de sufocamento na vida familiar. A obra foi adaptada para o cinema (em português com o título Foi Apenas Um Sonho), protagonizada por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. A trama retrata a vida cotidiana de April Wheeler (Andréia Horta, protagonista da cinebiografia de Elis Regina) e seu marido Frank (Fabrício Pietro), um casal de classe média aparentemente feliz, que mora com seus dois filhos em um idílico subúrbio de uma pequena cidade nos Estados Unidos, na década de 1950. A história revela momentos intensos da vida cotidiana deste casal que ao cumprir as convenções sociais impostas sufocam seus mais profundos anseios, envenenando sonhos e aspirações. O espetáculo nos apresenta a progressiva frustração que acomete os dois, conforme assistem a suas vidas passar como um acúmulo de instantes sem sentido. “A obra, mesmo tendo sido escrita no início da década de 60 e contando a história de uma família americana suburbana dos anos 50, carrega em seu cerne uma atemporalidade de proporções gigantescas, pois ela fundamentalmente nos fala de como nossos projetos de realização pessoal podem ser sufocados em nome da estabilidade social e financeira. Esse assunto não diz respeito a uma época específica, e sim à problemática humana mais profunda, independente de tempo ou lugar”, diz o diretor Marco Antônio Pâmio. Nessa época pré-feminista, April é uma dona de casa que tem o sonho de ser atriz frustrado. Ela elabora um plano romântico para se mudar com a família para Paris, onde será possível reavivar seu relacionamento com o marido, cumprindo seu profundo desejo de liberdade e dando a ele a chance de se “encontrar”. Sobre sua personagem, Andréia Horta comenta: “Sinto a alegria de ter vivido até agora muitos personagens, com alguns tenho semelhanças com outros não. Sempre tentamos encontrar pontos de contato, mas nem sempre acontece, o que é bom também, porque, a partir do desconhecido, começa a criação. Para April, tenho me conectado com tantas histórias de mulheres que viveram oprimidas, sufocadas pela idealização da família e do papel que acreditaram que nós mulheres deveríamos ocupar como se tivéssemos que representar o papel que nos foi dado sem que pudéssemos escolher outro destino”. Já Frank tem um emprego relativamente bem remunerado, mas muito tedioso, e espera conseguir em breve uma promoção. Inicialmente, ele fica entusiasmado com a ideia da esposa, mas, aos poucos, passa a sabotá-la, alarmado com a possibilidade de mudança, pois acredita que precisa encontrar a felicidade em sua vida concreta. Para construir sua personagem, Fabrício Pietro inspira-se nos modelos de família tradicional ao seu redor. “Fui criado em uma sociedade na qual a figura masculina tem obrigação de ser forte, provedora, maliciosa, chefe da casa, e bem-sucedida. Ainda que eu tenha consciência destas questões e lute contra elas, sei que estão plantadas no meu DNA social”, acrescenta. O casal não sabe se abre mão de seus verdadeiros desejos ou enfrenta o peso do conformismo. Eles descarregam suas frustrações um no outro e raramente compreendem o ponto de vista do parceiro, refletindo a desilusão do sonho americano, o “american way of life”. Mas, diante dos olhares de seus vizinhos, eles representam os pilares de tudo o que há de bom; são pessoas charmosas, contagiantes, exemplares e especiais, o que afirma a maneira como se vêem. Essa dicotomia entre a realidade (para o casal) e a ficção (para os vizinhos) faz com que a história seja um inquietante retrato da busca desesperada por uma única chance na vida de se fazer o que se quer para que tudo valha a pena. “A própria dramaturgia nos conduz a isso, uma vez que enxergamos o casal na sua intimidade e no convívio com os outros personagens que os cercam no mundo exterior. Nosso elemento inspirador é o próprio teatro, na medida em que essa vida levada pelos dois é, de certa maneira, representada para os outros. Todos representam papéis sociais, mas o que eles vivem entre quatro paredes se distancia bastante do que deixam transparecer para o mundo. E, tanto quanto no teatro, esses papéis precisam ser extremamente bem representados”, explica Pâmio. Tal como uma tragédia grega, a obra gira ao redor das falhas morais de suas personagens centrais ao discutir temas como a liberdade, o quanto as pessoas são capazes de se autossabotar para caber nas expectativas sociais, a distância entre a felicidade idealizada e a vida concreta, a busca por uma vida autêntica, os modelos irreais de felicidade impostos pela sociedade, como o homem lida com o sucesso da mulher, seu desejo de autoafirmação e o medo diante de certezas questionadas. Questões femininas: Publicado em 1961, o primeiro romance de Yates foi finalista do National Book Award em 1962, vendeu milhares de cópias, foi amplamente traduzido e publicado em outros países e, em 2005, foi eleito pela revista TIME como um dos 100 maiores livros da literatura em inglês. A obra ficou ainda mais conhecida graças à adaptação cinematográfica dirigida por Sam Mendes em 2008, com o título Foi Apenas um Sonho, estrelada por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. “Quando assisti ao filme em 2009, senti o mesmo vazio desesperador e vontade de resgatar uma certa ‘sensação de vida’ que April, a protagonista, sentiu. Eu vinha de uma fase na qual conforto e estabilidade eram meus objetivos de vida. Com o passar dos anos, meus desejos mais genuínos foram minados pelo comodismo e algo importante se perdeu: minha coragem e autenticidade. O filme me fez enxergar isto. Adquiri a obra original, um romance, e me debrucei sobre ele inúmeras vezes. Então decidi escrever a versão teatral. Minha adaptação foca na reflexão sobre o sufocamento dos desejos, a massificação dos valores, o desperdício dos potenciais individuais em virtude de um único modelo de família próspera e feliz estabelecido por interesses econômicos. Mas em si, a história carrega questões femininas urgentes, expostas muito claramente pela protagonista e que lamentavelmente 60 anos depois (o romance foi escrito em 1961) seguem devastando as mulheres”, revela Pietro sobre a idealização e adaptação da peça. Sobre a encenação, por Marco Antônio Pâmio: “Sou cria assumida e declarada de Antunes Filho, meu grande mestre e responsável por tudo o que hoje sei do ofício, tanto em termos técnicos quanto ideológicos e éticos. Ele sempre foi e será minha primeira e principal referência. Neste ano em que ele nos deixou, seus ensinamentos reverberam de maneira ainda mais forte dentro de mim. Inevitável que ele seja minha referência maior neste trabalho. Como a peça é adaptada de um texto literário, é fundamental a presença do recurso narrativo em sua dramaturgia. Mas, ao contrário da presença onisciente de um narrador descolado da ação como mero observador, optamos por tornar cada uma das personagens também narradores em momentos específicos, fazendo com que todos, além de viver a história, também a contem sob sua perspectiva particular. Procuro construir esses ‘depoimentos’ de maneiras diversas e inusitadas, de modo a construir um caleidoscópio de experiências pessoais compartilhadas daqueles que vivenciaram aqueles episódios. A cenografia não tem compromisso com o realismo, mas sim com a objetividade da narrativa, ou seja, está sempre a serviço dela e não o contrário. Dessa maneira, elementos pontuais e sintéticos recriam os dois ambientes principais da história - a sala de estar da casa dos Wheeler e o escritório da empresa Knox, onde Frank Wheeler trabalha. Esses mesmos elementos se revezam de acordo com sua função específica, quase que trocando de papéis, de maneira acentuada e propositalmente coreográfica. Nesse aspecto entra o trabalho de direção de movimento da peça, extremamente importante para a condução da narrativa e a ligação entre as cenas. Os figurinos são, talvez, o elemento mais realista desses quatro quesitos, na medida que obedecerão à risca o estilo da época, no caso os anos 50. Seria impensável transpor o contexto histórico para outra época que não o ano de 1955 original, sob o risco de perdermos a perspectiva do papel da mulher na sociedade e quanto a personagem April se encontra à frente de seu tempo. Quanto à trilha sonora, ela já não terá tanto esse compromisso. Uma combinação de canções e, mais intensamente, temas minimalistas, comporão a atmosfera sonora de crescente dramático que o texto pede. A iluminação seguirá essa mesma linha, em que a atmosfera dramática irá sempre se sobrepor à mera definição de espaços específicos”. Sobre Richard Yates - autor: Escritor norte-americano nascido em Yonkers, no estado de Nova Iorque, em 1926. Yates figura entres os melhores escritores de língua inglesa no século 20. A fama de suas obras tem crescido consideravelmente desde a sua morte e principalmente após a primeira década do século 21. Sua obra é identificada com a "Era da Ansiedade", uma vez que suas personagens são tomadas pelas decepções, aflições e pesares da vida do pós-guerra. Há elementos de suas personagens do pós-guerra voltam a refletir transtornos dos indivíduos contemporâneos. Revolutionary Road foi bem recebido pela crítica. Kurt Vonnegut descreveu-o como O Grande Gatsby do seu tempo. Nomes como Richard Ford e Julian Barnes têm-no como uma das suas principais referências. Teve, no geral, boas críticas, foi finalista do National Book Award em 1962, vendeu muitas cópias e foi amplamente traduzido e publicado em outros países. E, no entanto, desapareceu gradualmente das livrarias e do pensamento dos leitores. Após a morte de Yates em 1992, Revolutionary Road foi relativamente esquecido, como tantos outros grandes livros do passado. Isto até que, em 2008, Sam Mendes adaptou o livro para o cinema em um filme com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet nos papéis principais. Elogiada pelo público e pela crítica especializada, a adaptação reavivou o interesse no romance de Yates, que retornou às livrarias, dando aos leitores a oportunidade de se reconhecer nas frustrações de Frank e April Wheeler. Sobre Marco Antônio Pâmio - diretor: Marco Antônio Pâmio é ator e diretor teatral. Estudou no Centro de Pesquisa Teatral (CPT) e no Drama Studio London, Inglaterra. Participou de telenovelas e minisséries, entre elas Mandala e JK (Globo), Sangue do Meu Sangue (SBT), Água na Boca (Band), O Negócio (HBO) e Sessão de Terapia (GNT). Dentre as peças que dirigiu destacam-se: Playground, Assim É (Se Lhe Parece), Propriedades Condenadas, Consertando Frank e Noites Sem Fim. Recentemente dirigiu Baixa Terapia protagonizada por Antônio Fagundes no Teatro Tuca e A Profissão da Sra. Warren com Clara Carvalho no Teatro do Masp. Venceu três vezes o Prêmio da APCA como melhor direção em 2016 Playground, melhor direção em por 2014 por Assim É (Se Lhe Parece), e como ator-revelação em 1984, por Romeu e Julieta. Foi indicado três vezez ao Prêmio Shell. SINOPSE: O espetáculo é adaptado do romance “Revolutionary Road”, que originou o filme Foi Apenas Um Sonho. April e Frank são jovens, bonitos e com seus dois filhos formam a família perfeita do idílico subúrbio americano dos anos 50. Mas, na verdade, se sentem reprimidos e aprisionados nessa realidade. Então April propõe um plano que irá colocar à prova seus limites. Ficha técnica: Título Original: Revolutionary Road, Romance De Richard Yates. Dramaturgia e tradução: Fabrício Pietro. Colaboração dramatúrgica: Erica Montanheiro e Marco Antônio Pâmio. Direção: Marco Antônio Pâmio. Elenco: Andréia Horta, Fabrício Pietro, Erica Montanheiro, Iuri Saraiva, Martha Meola, Ricardo Ripa, Luciano Schwab, Aline Jones, Julia Azzam e Lucas Amorim. Direção de Produção: Danielle Cabral. Direção de movimento: Marco Aurélio Nunes. Assistente de Direção: André Kirmayr. Cenografia: Marisa Rebolo. Figurinista: Flaviana Bernardo Iluminador: Wagner Antônio. Trilha Sonora: Marco Antônio Pâmio. Visagismo: Louise Helène. Cabelo divulgação: Rô Pinheiro . Make divulgação: Rodrigo Nunes. Fotos divulgação: Danilo Borges. Finalização de fotos: Jujuba Digital Artes: Marketing DCARTE. Vídeos divulgação: Kroon Company Produções Promoção: Rede Globo. Vídeo Promocional: Johnny Luz. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Produtoras associadas: Pietro Arte e Comunicação e Lolita e La Grange Produções. Administração Projeto PROAC ICMS: Amanda Leones - Versa Cultural. Assessoria contábil e jurídica: Juliana Rampinelli Calero. Produtoras de operações: Jessica Rodrigues e Victória Martinez - Contorno Produções. Coordenação de produção: Fabrício Pietro e Mateus Monteiro. Negociação de direitos autorais: Marcel Nadal Michelman e Evandro Ragonha. Idealização: Fabrício Pietro. Produção Geral: DCARTE. Patrocínio: PAPIRUS. Serviço: JARDIM DE INVERNO – Estreou dia 11 de outubro no TEATRO RAUL CORTEZ. Duração: 100 minutos. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$ 50 (inteira); R$25 (meia-entrada). Sexta 21h30, sábado 21h e domingo 20h. Importante: Dias 8 e 15 de novembro sessão com preços populares R$20. Dia 14 de novembro sessão extra às 21h30 com preços populares R$20. Dia 15 de novembro sessão acessível em libras. Dia 17 de novembro debate com elenco após a sessão. TEATRO RAUL CORTEZ – Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - Bela Vista, São Paulo. Bilheteria: De terça a quinta, das 15h às 19h; e de sexta a domingo, das 15h até o início do espetáculo (Não abre aos feriados). Vendas online: https://www.sympla.com.br/. Capacidade: 520 lugares. Informações: (11) 3254-1633. E-mail: teatro.raulcortez@fecomercio.com.br
O "Jardim de Inverno" está em cartaz no Teatro Raul Cortez e vai fazer sessões populares com ingressos a R$ 20 em três datas: 18 e 25 de outubro, e 1 de novembro, sempre sextas-feiras, às 21h30. Na trama, Andréia Horta assume o papel da dona de casa que luta para criar os filhos, ao lado do marido conservador, e se adaptar aos costumes e modos impostos pela sociedade tradicional. A direção é de Marco Antônio Pâmio (vencedor de três Prêmios APCA) e adaptação dramatúrgica é de Fabrício Pietro, que também protagoniza a montagem.
Essa é a primeira adaptação mundial para os palcos do romance Revolutionary Road, do escritor americano Richard Yates (1926-1992), conhecido por retratar em suas obras a “Era da Ansiedade". A obra foi adaptada para o cinema (em português com o título Foi Apenas Um Sonho), protagonizada por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. Jardim de Inverno Teatro Raul Cortez Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - Bela Vista, São Paulo. Temporada: Até 17 de novembro. Sexta 21h30, sábado 21h e domingo 20h. Duração: 100 minutos. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$ 50 (inteira); R$25 (meia-entrada). Sessões Populares: 18 e 25 de outubro, e 1 de novembro a R$20.