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terça-feira, 4 de outubro de 2022

.: "Pantanal": elenco se despede da nova versão da clássica novela

Nos bastidores dos últimos dias de gravação, os atores abrem o coração e falam dos momentos mais marcantes do projeto. Divulgação Globo/Estevam Avellar


Em agosto de 2021, iniciavam-se as gravações da nova versão de "Pantanal", mais de 30 anos após a exibição da versão original, escrita por Benedito Ruy Barbosa. Desta vez, o texto ficou nas mãos de Bruno Luperi, neto de Benedito, que adaptou a obra icônica para os tempos atuais, trazendo uma nova roupagem para temas já abordados por seu avô, como a preservação do meio ambiente, o machismo e o preconceito. Para além da trama, o público se sentiu ainda mais próximo dos personagens ao acompanhar os bastidores por meio das redes sociais do elenco, assistindo bem de perto as viagens ao Pantanal, as brincadeiras nos Estúdios Globo e os encontros fora do trabalho desta turma pantaneira.

As gravações encerraram na sexta-feira, 30 de setembro, e além do registro de mais uma novela que marca a história da teledramaturgia brasileira, o elenco, já saudoso, tem uma pá de lembranças que jamais sairá de sua memória. Reunimos aqui algumas delas em relatos emocionantes e fotos do casamento de José Leôncio (Marcos Palmeira) e Filó (Dira Paes), que marcam os momentos finais da novela.

 

Alanis Guillen (Juma)

“'Pantanal' está ainda modificando muito a minha vida a cada dia. É tanta coisa que se vive, tanta transformação, interna, externa, e eu sinto que ainda é cedo para digerir tudo isso. Sei que quando eu finalizar o trabalho vou ter tempo de elaborar e digerir. De cara, já posso dizer que foi um processo muito importante no campo de pesquisa como atriz. A Juma me permitiu desbravar o estudo de uma personagem, de uma história, de um jeito intenso e muito interessante. Essa experiência foi realmente muito engrandecedora.”

 

Aline Borges (Zuleica)

“Chegar numa obra que já era um sucesso tem um lugar de conforto, mas também uma certa tensão porque a minha personagem era a Zuleica, segunda esposa do Tenório, quando a primeira era a Maria Bruaca, que já era amada no Brasil inteiro. Cheguei a receber mensagens de pessoas desejando mal à família, mas também recebi mensagens positivas porque a Zuleica é uma pessoa do bem, generosa, que não ia soltar a mão dessa outra mulher, e isso fez com que o público nos acolhesse. Agora, nesse meu último dia de gravação, como já estou envolvida num próximo trabalho isso está desviando um pouco o foco da dor da despedida. Quando a gente ama muito uma coisa, faz um trabalho fora da curva como esse, é difícil se despedir. Quem está aqui vivendo esses bastidores, essas gravações, as emoções, e o quanto isso potencializou nossa alma artística, essa obra que mexe tanto com o público, sabe que isso é muito poderoso. Hoje, me maquiando em casa, quando me olhei no espelho e lembrei que seria o último dia de gravação, me atravessou uma vontade de chorar. Não de tristeza. De alegria, de gratidão, de ter a oportunidade de viver um encontro como esse. Hoje eu vim me preparando para chorar, deixar a emoção extravasar e com um sentimento de gratidão gigante. Levo daqui tanta coisa comigo... O valor da troca, principalmente. Essa troca genuína que tivemos aqui potencializa o trabalho de todo mundo. O resultado só é grandioso quando a gente realmente tem um encontro onde todo mundo fala a mesma língua, onde todo mundo coloca o amor e a paixão pelo ofício pela frente. Pantanal é um grande coletivo de pessoas muito apaixonadas pelo ofício.” 

 

Bella Campos (Muda)

“Como eu não era nascida na primeira versão da novela, embora conhecesse, não tinha a dimensão do que essa obra representava no Brasil. Mas já nas primeiras semanas de gravação eu fui entendendo melhor essa obra que fala sobre esse Brasil que está oculto para muitas pessoas, mas que a gente gosta de ver, de acessar. Eu me surpreendi nesse sentido, porque eu sabia que tinha sido um grande sucesso, mas não como aconteceu exatamente. Quando vi o primeiro capítulo entendi a grandiosidade de Pantanal. E comecei a entender o que conquistou o público tão fortemente 30 anos atrás, e que felizmente a gente conseguiu conquistar de novo agora. Para mim, foi uma grata surpresa, uma grata descoberta. O texto, a qualidade dos personagens, o fato de todos os personagens terem algo relevante a contar é um diferencial. E foi lindo ver a generosidade do público com a gente. Nós nos sentimos todos parte da mesma família, a família Leôncio. Eu percebo isso quando as pessoas vêm me falar da novela e eu acho que é por isso, porque é uma trama acolhedora. Eu vejo que as pessoas têm essa sensação de pertencimento à cozinha da Filó, às rodas de viola. De alguma forma, parecia que o público estava sempre ali com a gente e isso foi muito gostoso. E, além disso, todo o elenco estava muito entrosado. Tivemos esse presente que foi poder conviver juntos no Pantanal e trazer isso para os Estúdios Globo. A conexão da gente era tão forte que transpassamos isso para o público, que construiu essa história com a gente. Neste momento, de fim de gravação, o sentimento é de alívio porque quando essa novela começou eu não sabia se eu ia conseguir. Mas foi. Nasceu a Muda. Eu tinha muito medo porque era uma estreia nesse projeto gigantesco, com uma memória afetiva muito forte no público. Foi uma grande responsabilidade. E agora é um alívio. Outro sentimento que carrego nesse momento é gratidão, por esse presente e me sentir honrada de fazer parte dessa história. E saudade, muita saudade. Sentimento de coração quentinho e dever cumprido. O que fica desse projeto é a importância da generosidade. Eu acho que 'Pantanal' só foi esse sucesso porque existia muita generosidade entre todos, elenco, equipe, direção, comunicação, camareiras, caracterização... Em ‘Pantanal’ existiu muita troca e a gente mostra que a união faz a força.”   

 

Camila Morgado (Irma)

“Em ‘Pantanal’, como já existia a primeira versão, a gente não sabia ao certo como iria contar essa história, sabendo que a primeira vez tinha sido um grande sucesso. E como uma história de 30 anos atrás se torna nova para os dias de hoje. A gente ter começado a gravar pelo Pantanal fez com que a gente se habituasse, tivesse propriedade para contar essa história, então foi um processo muito leve e divertido. Meu primeiro trabalho na Globo foi ‘A Casa das Sete Mulheres’ e depois fiz muitos trabalhos aqui dentro. O que aconteceu em ‘Pantanal’, que é muito legal e muito raro é que equipe e elenco se dá muito bem, a gente se gosta, a gente quer estar junto, a gente se pertence, todo mundo se sente pertencido. Isso é raro, a gente conta nos dedos os trabalhos que ficam em um lugar muito especial. E Pantanal fica. Todo mundo é amigo, se gosta de verdade, isso é o que fica. No mais, dentro de mim fica o Pantanal, o lugar, o lugar que eu não tinha ideia de como era bonito, rico e que se a gente não mudar a nossa cabeça, pode não ter mais aquele lugar tão lindo como ele é.”

 

Dira Paes (Filó)

“Antes de fazer Pantanal fui espectadora. Eu não só tinha uma expectativa muito grande, como eu me imaginava lá naquela época fazendo Pantanal. Então quando eu recebi o convite, eu já senti uma emoção única e verdadeira. E isso já me encheu de potência, como se eu tivesse certeza de que seria uma boa novela. Mas eu não imaginava o quão ela ia ser abraçada pelo público e isso é surpreendente. Foi uma unanimidade e é tão raro viver isso. O sentimento que carrego hoje é de agradecimento à essa equipe e elenco incrível que fez a novela. Essa parceria com o Marquinhos Palmeira, que é uma pessoa tão importante na minha vida profissional. Eu tenho muito a agradecer por ele estar no meu caminho, espero cruzar com ele muito mais vezes na minha vida. E entender que viver os momentos especiais não é o cotidiano das pessoas. É preciso valorizar quando isso acontece e eu estou vivendo intensamente esse momento. Eu me apaixonei pelo Pantanal, o local. E eu acho que sou meio pantaneira também. Eu tenho que admitir que eu sou uma mulher que poderia ter nascido no Pantanal. Eu acho que tenho uma cara pantaneira. Eu poderia muito bem dizer que sou de lá, então eu te diria que hoje eu sou Pantanal. Também, além de amazônica.”

 

Guito (Tibério)

“Quando cheguei senti uma humildade unanime por parte do elenco sabendo que remake é remake, não havia a pretensão de ser o mesmo sucesso da primeira versão. Acho que todos estavam muito com essa ideia de fazer diferente. Usamos muitos recursos que hoje a tecnologia tem a nosso favor, e procuramos ficar o mais descontraídos possível. Criamos um clima gostoso entre elenco, equipe, direção e acho que isso transpareceu para a tela. O sentimento agora é que o coração está doendo. Está parecendo formatura do terceiro ano, quando a gente começa a assinar as camisas. Mas também dá um alívio de dever cumprido, de ter entregado uma boa história, bonita. Não dá para comparar as duas versões, o mundo mudou, os tempos são outros. Mas acho que, como daquela vez, conseguimos contar uma boa história. O que fica de 'Pantanal' em mim é a amizade. Com cada um do elenco, da direção, da equipe técnica, essa proximidade que a gente desenvolveu é algo que vai permanecer para o resto da vida. Foi realmente diferenciado” 

 

Irandhir Santos (Joventino/ José Lucas de Nada)

“A primeira coisa que senti quando recebi o convite foi uma sensação forte, uma pressão de tocar em algo tão bem feito e tão bem guardado na nossa memória. Logo em seguida, surgiu a vontade de fazer algo novo em relação a uma história já muito bem contada, e a questão da homenagem. Criar em cima de algo que já rolou e não perder nunca de vista a homenagem foram meus dois guias para superar um pouco essa expectativa. Devido ao mergulho ter sido tão profundo e bonito, eu sempre tenho um pouco de dificuldade quando chega perto de concluir. Porque você gosta do que está fazendo, se diverte, tem prazer na história que está contando, e concluir isso, encerrar esse ciclo é sempre difícil para mim. Na última semana, tem elementos que dão essa ajuda. Você entra no cenário e ele está 40% desarmado, você encontra colegas que já terminaram de gravar... Isso me ajuda a ir encerrando o ciclo aos poucos. 'Pantanal' me deixa a certeza de que é sempre possível contar uma boa história e emocionar as pessoas. Temos muitas histórias assim. O Benedito é um farol nisso, seu texto. Ele que vai nesse tão falado Brasil profundo, ele realmente toca na alma dos espectadores. E você vê essa resposta no público.”  

 

Isabel Teixeira (Maria Bruaca)

“No início das gravações não sofri com a expectativa criada pelo público e pela imprensa. Eu levo tudo isso como um trabalho. Não sinto essa pressão porque eu me sinto como uma trabalhadora, uma funcionária que funciona para as artes, como diz meu pai. Então, a pressão pode existir, mas quando você veste a camisa, você vai trabalhar e vai continuar trabalhando se for um fracasso. E também se for um sucesso. Então, que o dia de trabalho seja bom. Que a relação que você tem com as pessoas seja boa. Eu acredito nisso desde sempre. Hoje, com o fim das gravações, o sentimento que está presente é de muito agradecimento por um aprendizado que não dá para valorizar, no sentido de colocar valor, porque foi um grande aprendizado num curto espaço de tempo. Parece que eu vivi 10 anos em um, no sentido de adquirir conhecimento e aprendizado na prática. E foi uma delícia mergulhar nisso. Uma revelação da importância do público na dramaturgia, porque eu acho que esse sucesso todo se faz por essa resposta. Eu comecei a novela acreditando muito nessa escrita coletiva e sempre falei que essa personagem foi criada pelo Benedito, com a mão da Ângela, agora do Bruno, do figurino, da caracterização, minha, com o elemento do público, que escreve junto a novela. Eu me senti participando do país, de uma certa maneira. Sempre pensando nessa grandiosidade continental do nosso país. E quando eu me dei conta de que muita gente estava assistindo, comecei a fazer a conta de quantas pessoas assistiram e quantas sessões de uma peça de teatro eu teria que fazer para alcançar esse público... E aí fui me dando conta desse alcance e desse poder do público... É o público que manda, a gente trabalha para ele e ele responde. Em ‘Pantanal’ ele respondeu com esse novo instrumento, que são as redes sociais, que literalmente escreve junto. Eu saio com isso e com amigos novos, para a vida, acho que foi muito quente, humanamente quente, todas essas relações. Isso vai fazer parte da minha vida para sempre. O que de 'Pantanal' ficou em mim: o Pantanal mesmo, o local, essa natureza; a segunda natureza, que é o audiovisual e a teledramaturgia, com toda sua técnica; as pessoas, os atores, as atrizes e a equipe técnica; e ela, a Maria Bruaca. Eu já vivi muito isso, de você conviver com uma personagem muito tempo e de repente ela termina. É um fim de ciclo, um aprendizado você fazer isso. Acho bonito a gente ter essas lições de partir. A MaryBru fica, mas eu sei que agora tem esse desapego, não tem choro nem vela. Eu tirei a roupa e acabou. Mas, ao contrário do teatro, não tem repetição. Vai fazer “puf” hoje, mas está registrado. E hoje tem uma plataforma que eu posso ver qualquer capítulo a qualquer hora. Então é um outro tipo de desapego.” 

 

Jesuita Barbosa (Jove)

“Eu tinha uma ideia de que seria um projeto grande, com um resultado bom. E tinha muitas esperanças quando apareceu o convite. Eu acho que a gente já sente um pouco que vai ser um projeto bom, bem feito, com qualidade, organização para gravar. Eu acho que a pressão, diretamente, eu não senti. Eu senti que eu tinha de me organizar bem para fazer. A sensação é de que nós, do elenco e equipe, nos tornamos amigos, uma família. Acho que tem muito da casa do José Leôncio nesse sentimento, uma sede familiar. Isso aconteceu nos bastidores, tem uma família de pessoas que eu gosto e todo mundo sente a mesma coisa. De 'Pantanal' em mim fica muita ternura, atenção e cuidado com o outro.”  

 

José Loreto (Tadeu)

“A pressão do público e da imprensa a gente sentiu bem no início, antes de começar a gravar. Mas quando nos juntamos todos no Pantanal, elenco, equipe, direção, isso deu leveza para as coisas e o sucesso foi consequência dessa união. E logo foi embora essa expectativa ou qualquer medo da comparação. Gravando essas últimas cenas, eu sinto que podia ter mais um ano de gravação (risos). O trabalho foi muito cansativo, árduo, eu brinco que foi um perrengue 'chic'. Passamos três meses no Pantanal, deixando as famílias aqui. Foi intenso, quando voltamos para o Rio de Janeiro, gravamos muito. Foi muito puxado, cansativo, mas todo dia vindo com sorrisão na cara. Em 'Pantanal' tudo dá certo. Até quando tinha tudo para dar errado, deu certo. Eu vou sentir muita falta, saudade, do elenco que a gente se encontra uma vez por semana pelo menos fora do trabalho. E isso é especial, não é sempre que acontece esse entrosamento geral. Essa novela foi um acerto, a obra certa, no momento certo, falar de natureza, desse Brasil profundo, dessa conexão cheia de histórias boas, um clássico... 'Pantanal' é um marco para mim, de cabo a rabo. Desde a primeira vez que Papinha (Rogério Gomes) me ligou até agora, o último dia de gravação. As emoções que eu tive enquanto personagem, as vivencias, eu esqueci um pouco do Zé. Foi maravilhoso.”

 

Juliano Cazarré (Alcides)

“Eu fiquei muito feliz quando soube que a novela ia ter uma nova versão e eu mesmo me ofereci para estar no elenco. Costumo ter mais esperança do que expectativa. Eu tinha esperança de que ia dar certo. E estou muito feliz agora, tendo percorrido essa estrada toda, de ver que deu certo, que a novela caiu no gosto do público, e que a gente conseguiu fazer um bom trabalho. Estou feliz de ter participado disso. Eu sinto muito orgulho de ter participado, de ter feito parte dessa novela, de ter feito parte dessa aventura. Estou feliz que o público gostou da novela e no meu caso especificamente do Alcides, um personagem que teve uma boa recepção e que tem uma história linda dentro da trama, de redenção, um cara que se modifica ao longo do tempo. E ao mesmo tempo sinto um grande alivio de ter entregado, de estar chegando no final, entregando tudo o que a gente se propôs a fazer. Passamos pelas viagens ao Pantanal, quando foi difícil ficar longe da família. Nos últimos meses, gravando muito. Então, estou grato, orgulhoso, feliz e aliviado. 'Pantanal' me deixa grandes amizades. O Guito, o Thommy, que eu conheci nessa novela. Zé Loreto, que já é meu amigo, mas que foi muito bom reencontrar. Marquinhos Palmeira e Bel Teixeira, pessoas que eu já conhecia, mas que a gente teve a chance de se reaproximar muito. Amizades na direção, na equipe técnica. E essa novela foi um grande teste para mim. Eu estava num momento complicado da vida pessoal. Eu e minha esposa tivemos uma filha que precisou ficar em São Paulo. Hoje estamos gravando aqui as últimas cenas e ela passou pela terceira cirurgia. Deu tudo certo, graças a Deus. Foi uma novela que exigiu muito de mim no sentido emocional. É uma experiência que vai ficar marcada na minha vida, uma novela que eu jamais vou esquecer e dentro da minha carreira eu acho que ela é um ponto de inflexão. A chance de mostrar um trabalho maduro, de muitas emoções, um personagem de altos e baixos. Uma novela que vou guardar com carinho no meu coração.”

 

Marcos Palmeira (José Leôncio)

“Eu acho que todo mundo tinha um pouco essa responsabilidade de fazer o melhor que podia. Tínhamos um texto maravilhoso nas mãos e liberdade da direção. E acho que essa novela é muito fruto dessa equipe, eu vejo esse sucesso muito bem dividido. Um texto maravilhoso, uma equipe que bancou essa novela, técnicos de som, de luz, camareiros, maquiadores, o set era muito especial e isso nos deu muita segurança para que durante um ano a gente continuasse com o mesmo astral. Isso saiu da telinha, foi para a casa das pessoas. Eu sinto que o dever está cumprido e fico muito honrado por ter vivido esse momento único. Na minha idade, lembrar do tempo, da outra novela, representar esse papel que fez tanto sucesso com Claudio Marzo, um grande amigo... Tudo isso é especial. A gente pode acreditar na dramaturgia de verdade, não ter medo de contar a história, de dar tempo a ela, sair um pouco desse universo digital. É uma novela analógica, se você pensar, o tempo, a história, a dinâmica de vai e volta. A gente tem de acreditar na dramaturgia. Um texto bom é muito difícil que não dê certo. Alguns sucessos me surpreendem mais, esse não me surpreendeu. O que me surpreendeu foi a dimensão que tomou.”

 

Thommy Schiavo (João Zoinho)

“Quando eu soube que teria o remake, liguei para o Papinha (Rogério Gomes) e falei que queria muito fazer porque amo o meio rural. E aí, em junho de 2021, ele me ligou e me chamou para viajar para o Pantanal com a equipe. Naquele momento, ainda não sabia se estaria na primeira ou segunda fase. Conversamos, ele falou: como você entende de comitiva, vai ajudando a galera. Vai se defendendo nas comitivas da primeira fase, ficando nos bastidores, que na segunda você entra. E na segunda fase, além de estar no elenco, também fiquei com essa ajuda nos bastidores. Fomos construindo isso juntos porque a ideia é que todos passassem intimidade mesmo com aquele manejo e ajudei nisso. O sentimento é de dever cumprido. Ficamos um ano juntos, começa a dar aquela saudade. Mas tudo tem começo, meio e fim. Acho que conseguimos transmitir a mensagem da novela e estou muito feliz. Tudo dessa novela fica em mim, o aprendizado que tive, essa troca com os peões, com os atores, com a direção, com a equipe inteira. Fica a experiência, o aprendizado de mais uma novela.”  

"Pantanal" é escrita por Bruno Luperi, baseada na novela original escrita por Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Rogério Gomes e Gustavo Fernandez, direção de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard, Cristiano Marques e Noa Bressane. A produção é de Luciana Monteiro e Andrea Kelly, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.


quinta-feira, 3 de março de 2022

.: Entrevista: Almir Sater é o chalaneiro Eugênio em "Pantanal"


Almir Sater, um dos protetores do Pantanal, comenta sobre personagem que se relaciona com bioma.  Foto: Globo/João Miguel Júnior


O cantor e ator Almir Sater, irá transitar por todos os núcleos, além de fazer parte da primeira e segunda fases da nova versão de "Pantanal", ao interpretar o chalaneiro Eugênio, grande conhecedor daquelas terras, assumindo a função de protegê-las . 

Eugênio (Almir Sater) é condutor de chalana desde que se compreende por gente. Assim como o Velho do Rio, pode-se dizer uma figura encantada, mítica, que abriga aquela planície alagada. Tal qual as águas, Eugênio e sua chalana têm um propósito muito forte, de purificar e trazer vida nova, preservando o equilíbrio daquele paraíso.

"Pantanal" é escrita por Bruno Luperi, baseada na novela original escrita por Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Rogério Gomes, direção de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard e Noa Bressane. A produção é de Luciana Monteiro e Andrea Kelly, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim. Confira a entrevista com Almir Sater sobre os bastidores da novela. 
 

Poderia nos contar um pouco sobre sua relação com o Pantanal? 
Almir Sater - 
Minha relação com o Pantanal vem de menino, criança. Um amigo do meu pai tinha fazenda lá e eu fui passar umas férias e me apaixonei. Sempre que falava de férias, eu ficava na porta da casa desse meu vizinho para falar que eu queria ir com ele para o Pantanal. Prometi para mim mesmo que assim que eu pudesse, um dia iria morar nesse lugar. E sonho é tudo na vida. Eu tinha esse sonho, e quando aconteceu a primeira novela Pantanal, eu fiz uma música para o Sergio Reis gravar, ele elogiou muito meu toque de viola, disse que eu tinha que levar minha música nas rádios para eles tocarem, levar meus discos para um programador. Aí ele me falou que tinha um projeto chamado “Amor Pantaneiro”, que eles iam gravar umas músicas para essa obra. Eu nem tinha intimidade com ele nessa época, mas falei: já que você quer que eu faça sucesso, me chama pra fazer essa novela junto com você. Ficamos rindo, ele acabou gravando minha música, nem fazia muito o estilo dele, mas senti que houve uma empatia.
 

E o que houve depois?
Almir Sater - Sergio Reis me ligou, voltou com o assunto da novela e disse que ia se chamar ‘Pantanal’, seria exibida na Manchete e perguntou se eu não gostaria de participar com ele, fazer uns toques de viola. No começo eu tive uma certa resistência porque estava pensando numa carreira instrumental, tinha pensado em ir para os Estados Unidos, tinha umas propostas de ficar por lá um tempo. Aí eu perguntei se ele ia gravar no Rio de Janeiro, ele disse que não, que gravaria no pantanal mesmo. Aí eu falei: a gente vai passar um ano no Pantanal e ainda receber por isso? Topo! 
 

Como foi seu primeiro contato com a novela, mais de 30 anos atrás?
Almir Sater - Era para eu me apresentar como Almir Sater. Aí eu não quis, não queria misturar ficção com realidade, queria um personagem. O Jayme Monjardim, diretor, me perguntou se eu queria trabalhar na novela, então. Eu disse que sim. Aí ele disse, então espera aí, vamos falar com o Benedito Ruy Barbosa. Ele perguntou se eu tinha alguma ideia, eu disse que eu era violeiro e que poderíamos trabalhar no folclore da viola. Ruy falou que gostou e ia começar a escrever. Ele realmente escreveu muito bem meu personagem, eu pude tocar, e meu personagem cresceu muito, tanto que o Jayme me convidou para ser o protagonista de uma outra novela dele depois.
   

O que mudou na sua vida depois que gravou a primeira versão da novela?
Almir Sater - Na minha vida artística, "Pantanal" foi um divisor de águas. Todo artista quer que sua arte se divulgue. Quando eu entrei na novela, ela já era sucesso. Comecei a tocar, e de cara o Sergio Reis falou que eu podia levantar o queixo, colocar preço no show, porque estava fazendo sucesso. Comecei a trabalhar muito, como nunca trabalhei na vida, ganhei meu primeiro dinheirinho e comprei meu primeiro pedacinho de terra no Pantanal. 


Quando recebeu o convite para estar nesta nova versão, como se sentiu?
Almir Sater - Primeiro começaram a brincar comigo, me sugerindo para papeis grandes. Já me acovardei (risos). Mas também fiquei instigado porque é bonito o projeto. Eu disse que já passou meu tempo, mas chegamos à conclusão de que poderia ser uma participação musical menor. Conversamos eu e Bruno Luperi, autor, e encontramos um papel no qual eu pudesse contribuir. Não adianta ser um papel que não toco. Eu sou músico. Eu faço um chalaneiro, viúvo, cara que vive nesse rio desde que se entende por gente. É um papel bonito, tem falas bonitas. Quando comecei a gravar agora me emocionei. É um papel muito carinhoso. 
 

Qual é a emoção de ter seu filho gravando esta novela com você?
Almir Sater - Não só meu filho. Essa novela trouxe para perto de mim pessoas com quem eu convivo desde menino. O Chico Teixeira, a Isabel Teixeira, vieram por outras fontes, não foram influências nossas. O Gabriel, meu filho, já tinha feito ‘Meu Pedacinho de Chão’, do Ruy Barbosa; já tinha trabalhado com o Irandhir; e outros trabalhos. Quando eu soube que seria o Gabriel quem faria o Trindade, fiquei muito feliz. O Bruno criou uns enfrentamentos do Trindade com o Eugênio, enfrentamentos musicais. Eu falei para o meu filho, não vou dar moleza, hein. Meu filho toca bem, toca violão erudito. Há uns anos começou a estudar viola. É um cara que se dedica muito. Eu espero que seja tão bom para ele quanto foi para mim, o personagem Trindade.


Agora nos conte quem é o Eugênio, o chalaneiro.
Almir Sater - Eu não sei quem ele é, se é primo do Velho do Rio (risos)... Ele é um mascate, está na canoa desde que se entende por gente, o pai dele provavelmente era o dono, e na beira de rio, embarcação, às vezes é o único canal de comunicação que temos com o mundo. O que nos leva, nos traz, leva e traz mercadorias. Ele é um cara que fala coisas muito bonitas, tem um toque de magia no que fala. É um homem solitário, gosta da solidão. Estou aprendendo mais sobre ele. Cada vez que leio o texto, entendo mais. Ele é uma certa entidade, um pouco atemporal, está nas duas fases da novela e chega na segunda fase com poucas mudanças físicas. É um cara calmo, que não come bicho de sangue quente, vive de peixe. As mensagens dele dizem que ele é um colaborador do Velho Do Rio, tanto que ele tem certeza de que o Velho do Rio está aí, mas eles passeiam por águas parecidas.


terça-feira, 21 de setembro de 2021

.: Entrevista: Alanis Guillen será Juma Marruá na nova versão de "Pantanal"


Atriz estreou na TV como protagonista de "Malhação", na temporada "Toda Forma de Amar". Foto: Globo/Sergio Zalis.


Aos 23 anos, Alanis Guillen traz na bagagem uma única experiência na TV – foi ela quem deu vida à Rita, a protagonista de "Malhação - Toda Forma de Amar", em 2019. Vivência esta que foi intensa o bastante para que todos os olhos, tanto do público quanto da equipe da nova versão de "Pantanal", se voltassem para ela após o anúncio da produção da novela no "Fantástico", em setembro de 2020. 

Segundo a atriz, logo que a reportagem foi ao ar, seu telefone não parou de tocar, mensagens e marcações nas redes sociais de pessoas conhecidas e desconhecidas torcendo para que ela desse vida a essa personagem brasileira tão icônica, Juma Marruá. Hoje, um ano depois, e após meses de seleção, Alanis foi apresentada, também no "Fantástico", como a atriz escolhida para o papel.

“Quando disseram que haveria essa nova versão de 'Pantanal' - novela que nunca tinha assistido - uma galera na internet começou a me marcar em publicações e muitas pessoas começaram a comentar. Pessoas amigas, da família, dizendo 'essa personagem tem que ser você!'. Eu queria saber quem era a personagem, que história era essa, fiquei muito curiosa. Depois de entender do que se tratava, quis fazer teste para essa produção”, conta a atriz paulista, de Santo André, que após alguns meses e testes para o papel, recebeu a ligação com a confirmação de que havia sido escolhida.

O diretor artístico, Rogério Gomes, o Papinha, comenta que a escolha de Alanis se deu devido à sua adequação física para o papel, já que a família de Juma vai do Paraná para o Pantanal, e à análise do seu trabalho. “Nossa produtora de elenco, Rosane Quintaes, trouxe o nome da Alanis, que foi a nossa primeira opção. Pedimos a ela e a diversas outras atrizes que nos enviassem selftapes, material de vídeo que ficou comum no último ano devido à dificuldade de testes presenciais durante a pandemia. Depois de recebermos tudo, convidamos Alanis para fazer um teste presencial, seguindo todo o protocolo de segurança daquele momento. Ela fez o primeiro teste e foi brilhante”, declara o diretor.

Para Bruno Luperi, autor da nova versão de "Pantanal", a atriz escolhida para interpretar Juma precisava ter uma característica indispensável: o olhar da onça. “Olhei para ela e pensei: é exatamente o que precisamos. Bochecha, nariz, boca, olhar e talento. Ela tinha tudo”, comenta Bruno.  Ao falar sobre Juma, o autor destaca que uma de suas principais características é seu lado selvagem. “A Juma está ali ao extremo, um ‘eu rudimentar’. No contraste com o ‘eu urbano’ de Jove. Juma vai descobrir no primeiro contato com Jove o que é o amor. E ela vai se encantar por um homem que é feminino em sua essência. E, por isso, ele é a única pessoa que ela deixa chegar perto. É um encontro que vem para trazer aprendizado e transformar, com carinho, atenção e respeito”, finaliza. Saiba mais sobre os bastidores desta escolha nesta entrevista exclusiva com Alanis Guillen.


Como Juma chegou na sua vida?
Alanis Guillen -
Quando anunciaram que haveria essa nova versão de "Pantanal" - novela que nunca tinha assistido - uma galera na internet começou a me marcar em publicações e muitas pessoas começaram a comentar. Pessoas amigas, da família, dizendo “essa personagem tem que ser você”. Eu queria saber quem era essa personagem, que história era essa, fiquei muito curiosa. Depois de entender do que se tratava, conversei com minha agência sobre tentarmos fazer um teste pra essa produção. Com a pandemia, o ritmo e a perspectiva de trabalhos estavam muito anuviados. Então, não custava tentar. Passou um tempo e surgiu essa oportunidade de fazer o teste, em selftape - que até então estávamos todos aprendendo a lidar com essa nova forma de trabalhar. Moro em apartamento e, como a instrução do teste era fazer ao ar livre, pedi ajuda à um casal de amigos que moram numa casa com quintal, e por sorte ainda trabalham com vídeo. Eu me dedico a todos os selftapes, mas esse realmente foi especial, com minha amiga me dirigindo, com uma câmera profissional e até equipamento de som. Detalhe: eu não podia falar para ninguém do que se tratava, era algo sigiloso. Disse aos meus amigos, e até para os meus pais, que era mais um teste de uma produção qualquer. Fiz o teste, mandei e logo tive resposta da produção, que gostou muito, mas que queria fazer uma outra opção com a participação da Bella Secchin, preparadora da TV Globo com quem eu já tinha trabalhado em "Malhação". Ficamos duas semanas nos falando online, estudando. Gravamos o teste e mandei.


E como foi receber a notícia de que você tinha sido escolhida?
Alanis Guillen - 
Depois desse “segundo teste”, fiquei na expectativa, e muito envolvida com a personagem, a relação com a natureza, com a história em si. Para mim, era muito além de um trabalho ou só mais uma personagem. Era um encontro comigo, um encontro com o divino que transcendia qualquer coisa. Continuei meus estudos de atuação, mas agora com o foco nessa personagem. Daí foram surgindo coisas novas no estudo, e fui experimentando com o texto do teste. Gravei uma outra versão de Juma e contatei novamente a produtora de elenco de "Pantanal" e enviei essa outra “versão”.  Mas foi somente em fevereiro de 2021 que me chamaram para fazer um teste presencial com o diretor, algo para o qual eu vinha vibrando muito que acontecesse. Cheguei lá, encontrei o Papinha (o diretor artístico, Rogério Gomes) e foi incrível, ele me acolheu demais. Enquanto esperava o retorno desse teste, algum veículo de imprensa publicou que eu estava confirmada, mas eu mesma ainda não tinha tido essa resposta. Amigos e familiares me cobrando de não ter falado nada e me parabenizando. Foi uma loucura porque não sabia o que responder a ninguém. Não sabia nem se eu já podia comemorar ou não. Até que veio a confirmação. Aí eu transbordei. 


Poderia falar mais sobre essa relação com a natureza?
Alanis Guillen - 
A natureza é o meu lugar de (re)encontro, de (re)conexão, de buscas e aprendizados. Não vejo a hora de pisar no Pantanal.


Seu primeiro trabalho na televisão foi em "Malhação", mas como foi sua trajetória até chegar na TV?
Alanis Guillen - 
Meu primeiro trabalho na TV foi em "Malhação - Toda Forma de Amar", mas eu trabalho desde os três anos. Eu fazia muito comercial, publicidade... O teatro foi entrar na minha vida quando eu tinha uns 17 anos, no final do colégio. Hoje, eu tenho 23. "Pantanal" é meu segundo trabalho na TV. Fui estudar teatro para perder a timidez. Quando cheguei lá, descobri todo um universo que eu desconhecia desejar tanto.


Você disse que não conhecia "Pantanal", mas alguém perto de você falava sobre a novela?
Alanis Guillen - 
Sim, a maior referência para mim era das pessoas me falando sobre a novela. Todo mundo tem a memória muito viva a respeito dessa obra. Ela realmente mudou a vida de muita gente. E sempre que falam sobre a novela, falam com uma paixão, como algo que pulsa até hoje, quase como um recorte no tempo. 


Você chegou a conversar com Cristiana Oliveira?
Alanis Guillen - 
Quando começou esse burburinho ela me mandou uma mensagem por meio de uma rede social dizendo que estava torcendo muito por mim. Mas eu ainda não podia falar nada, então somente agradeci muito. Depois disso nós tivemos um encontro virtual numa ação interna de "Pantanal" e foi muito bom ouvi-la falar, sentir ela se expressando, contando sua experiência. E agora estou aqui pensando em propor a ela uma ligação pra gente trocar umas ideias.


Como está sendo sua preparação?
Alanis Guillen - 
Está sendo um processo. Estou tendo um tempo muito gostoso pra acessar e digerir cada etapa. Adentrando essa história, me deixando ser penetrada, entendendo a voz, o corpo, os impulsos... Comecei por um estudo arquetípico, de mesa, e depois fiz algumas experiências pro meu corpo registrar informações que eu, Alanis, não tinha, mudei alguns hábitos, comecei a praticar Kung Fu, tive aulas de equitação, prosódia, entre outras coisas. Cada dia é precioso nesse processo todo. Principalmente, algumas dificuldades. 


Você fez um workshop de equitação, como foi?
Alanis Guillen - Nunca tinha cavalgado. Então, o aprendizado foi desde o início aprendendo a montar, a relação com esse animal que eu não tinha muita intimidade, entender meu corpo ali, como cavalgar com uma arma na mão, segurando com apenas um braço.

 
Foi preciso mudar algo para a caracterização?
Alanis Guillen - 
Estou tentando tomar sol sem biquíni, para não ficar marca, já que a Juma usa umas roupas em que o corpo aparece bem. Não está tendo sol aqui, eu moro em apartamento, então estou passando um autobronzeador. Mas eu tenho certeza que lá no Pantanal o sol vai ajudar. E fora isso estou deixando os pelos crescerem e estou malhando dobrado.


Você ainda não começou a gravar. Quais são suas principais expectativas?
Alanis Guillen - 
São muitas, a ansiedade me leva a cada lugar...Tem a expectativa de chegar ao Pantanal pela primeira vez; tem também esse lugar que a novela ocupa no imaginário de todo mundo. Eu sinto e sei que é uma missão gigantesca contar essa história, nesse momento, desse lugar, nesse Brasil de hoje, para as pessoas do Brasil de hoje. Em algum lugar as coisas vão se encaixando e eu sei que eu vou dar conta. Estou me preparando muito nos âmbitos pessoal e profissional. São muitas mudanças. E que bom! Fora a felicidade e gratidão imensa por trabalhar com pessoas que tanto admiro e ansiosa pra tudo que vou aprender nessa jornada.


A nova versão de "Pantanal" é escrita por Bruno Luperi. A direção artística é de Rogério Gomes, direção de Walter Carvalho, Noa Bressane, Beta Richard e Davi Alves. A produção é de Luciana Monteiro, a direção de gênero é de José Luiz Villamarim e a novela tem previsão de estreia para 2022.


domingo, 12 de junho de 2022

.: Entrevista: Aline Borges, a Zuleica de "Pantanal", chega para movimentar

Atriz comenta em entrevista bastidores da chegada e das gravações no Mato Grosso do Sul. Foto: Globo/João Miguel Júnior

Na novela "Pantanal", Zuleica (Aline Borges) é mãe de três jovens adultos: Marcelo (Lucas Leto), Renato (Gabriel Santana) e Roberto (Caue Campos). Os seus “meninos” são fruto da duradoura relação com Tenório (Murilo Benício). Relação, não casamento. Quando engravidou de Marcelo, Tenório já era casado com Maria Bruaca (Isabel Teixeira), e ela sempre soube. 

“É bonito de ver, diante de toda a situação que vai acontecer nesse trio, de Maria Bruaca, ela e Tenório, que ela não larga a mão da Maria Bruaca. A sororidade, a empatia estão na frente. E é bonito o Bruno Luperi (autor) não ter ido para o caminho da rivalidade entre elas. Porque a gente vive num Brasil e num mundo onde a mulher foi ensinada a rivalizar. Neste caso, essa história tem dor, mas tem também respeito, empatia, entendimento de que é muito mais importante a integridade dessas mulheres do que conquistar um espaço na vida desse homem. Principalmente pra Zuleica, que está nessa relação por diversas razões que ainda vão ser reveladas. Ela tem uma dívida de gratidão com esse homem. O que fica pra mim, de bonito, é ver a integridade dela, sua força, e o fato de ela não ser uma mocinha. Ela também erra porque é humana”, diz Aline Borges sobre sua personagem.

Zuleica chega na novela em um cenário de crises. Crise no casamento de Tenório, crise econômica, já que ele está com a corda no pescoço, e crise entre os filhos, que ao saberem que Maria Bruaca descobriu sobre a traição do marido, não entendem por que não podem, então, conhecer a outra família e as terras do pai no pantanal. Na entrevista abaixo, Aline Borges conta sobre os bastidores da chegada à novela, sobre as gravações no pantanal e sua visão sobre a personagem que interpreta na trama.


Você assistiu à primeira versão?
Aline Borges -
Assisti partes, não a novela toda. Eu tinha 15 anos, mais ou menos, e tenho uma memória afetiva com a novela, assim como muitos brasileiros. "Pantanal" é uma novela que mexe com nossas emoções, mexe com o lúdico, o imaginário, você acreditar no encantamento das coisas, nas lendas.


Tem alguma relação especial, familiar, ou de trabalho com a novela? 
Aline Borges - 
Tem um valor muito especial, que deixou marcas e por isso que hoje ela é tão abraçada, tão assistida, tão amada. Quem assistiu, guarda alguma história ou memória afetiva; e quem não assistiu, como é o caso do meu enteado que tem 19 anos, vejo ele super encantado, acreditando naquela história daquela mulher que vira onça, no Velho do Rio, gostando de se encantar. Isso é muito rico porque os nossos jovens hoje só querem saber de internet, eu nunca tinha visto meu enteado ver televisão, novela principalmente. "Pantanal" é realmente pra todas as idades, não tem uma faixa etária. Ela pega as pessoas sensíveis, que estão abertas e querem se emocionar com a simplicidade da vida.


O autor, Bruno Luperi, disse em entrevista que quis aproveitar a história de Zuleica na obra de seu avô para dar voz às questões de racismo e preconceito nesta adaptação. Como você, atriz, mulher, negra, enxerga essa mudança?
Aline Borges -
É uma benção ter um dramaturgo como ele, um homem branco que tem esse olhar afinado, apurado para questões raciais, de entendimento para as necessidades de discutir essas questões. Para descontruir a gente precisa discutir, colocar uma lupa para olhar para o racismo, que segue excluindo, oprimindo e matando o povo negro todos os dias. Então, é maravilhoso ter a oportunidade de dar vida a essa personagem, que é uma mulher negra, com uma família preta, numa relação inter-racial, que é até complicado falar sobre isso no Brasil, existe tanto preconceito, tanto julgamento... Acho importante ele ter a coragem e peitar, trazer essa mudança. Porque esse papel foi vivido pela Rosamaria Murtinho lá atrás, brilhantemente vivido por ela, uma mulher branca. Bruno fazer essa mudança para que a Zuleica seja uma mulher preta e trazer essas questões raciais é de um valor primoroso, muito especial e a gente precisa olhar para isso. Abraçar isso com todas as forças. Não é uma tarefa fácil, mas a gente está caminhando junto. E é lindo observar o quanto o Bruno tem a escuta aberta para essa transformação.


Quem é Zuleica?
Aline Borges -
A Zuleica é uma mulher como tantas e tantas mulheres, cheia de conflitos, dualidade permeando a vida dela o tempo todo. É uma mulher íntegra, criou os três filhos praticamente sozinha. Muita coisa vai acontecer ao longo do caminho, no arco dramático dela. Ela é uma mulher muito forte, que reconhece suas dificuldades, seus limites, mas que não entrega o jogo. Segue na resistência. E é bonito de ver, diante de toda a situação que vai acontecer nesse trio, de Maria Bruaca, ela e Tenório, que ela não larga a mão da Maria Bruaca. A sororidade, a empatia estão na frente. E é bonito o Bruno não ter ido para o caminho da rivalidade entre essas mulheres. Porque a gente vive num Brasil e num mundo onde a mulher foi ensinada a rivalizar. Neste caso, essa história tem dor, mas tem também respeito, empatia, entendimento de que é muito mais importante a integridade dessas mulheres do que conquistar um espaço na vida desse homem. Principalmente pra Zuleica, que está nessa relação por diversas razões que ainda vão ser reveladas. Ela tem uma dívida de gratidão com esse homem. O que fica pra mim, de bonito, é ver a integridade dela, sua força, e o fato de ela não ser uma mocinha. Ela também erra porque é humana.


Como foram as gravações no Pantanal? Você já conhecia o local? 
Aline Borges -
Não conhecia o Pantanal e quando fui na primeira viagem para gravar, tive uma crise de pânico antes do avião decolar, no Rio de Janeiro. Eu nunca havia tido nada parecido. Não entendi bem na hora, mas hoje, olhando o que aconteceu, entendo que não se tratava apenas de estar sozinha, viajando de avião, mas sim de tudo que esse momento significa. Estou dando um grande passo na minha carreira, fazer parte dessa novela é um marco que vai ficar para sempre. Então, entendo que foi um somatório de coisas. O medo desse passo novo, o uso das máscaras, a gente veio de uma pandemia muito traumática, enfim, foram vários fatores. Cheguei a sair do avião, chorei muito lá fora, mas decidi voltar. Olhei pra ele e decidi que seguiria meu caminho. A gente tem medo de crescer na vida, então olhar para esse medo, colocar luz nele, já foi o início da cura. Não é só sobre o medo de andar de avião, mas o medo do novo passo. Isso bate em todos nós, em todo mundo que é humano.


O que achou do pantanal?
Aline Borges - 
Estou aqui pela segunda vez e é um lugar que me deixa muito sensível, num bom sentido. Choro ouvindo uma arara, choro vendo um pássaro bebendo água. Onde estou, antes estava cheio, e agora está seco. A gente se conecta com a origem tudo, com a mãe terra, com os animais, a gente silencia a mente e reconstrói nosso olhar pro mundo. Ressignificar tudo. É uma oportunidade imensa, de cura e de expansão de consciência estar no pantanal.
 

Alguma impressão especial sobre os bastidores da novela?
Aline Borges -
A gente entende o sucesso estrondoso que é "Pantanal" quando vê os bastidores. Ontem eu fui gravar numa fazenda e fiquei vendo as duas outras cenas que tinham, fiquei vendo a raça, o amor, a dedicação da equipe, entrando no rio, levando câmera, para que aquilo ficasse bonito. A entrega do diretor, todos eles têm um olhar muito sensível para tudo, eles querem captar o melhor da gente. Outro fato interessante é que uma das minhas primeiras novelas na TV Globo foi "Celebridade", eu interpretava a empregada do personagem de Marquinhos Palmeira. Fiquei emocionada de ver esse lugar que a minha atriz está hoje. Em 2003 eu fiz essa empregada dessa casa e hoje estou aqui fazendo a mesma novela que Marquinho num outro lugar. Essa personagem é uma mulher forte, que tem uma casa, uma história, não é uma coadjuvante. Trabalhei esses anos todos para conquistar esse espaço que me chega agora. Porque antes de eu me reconhecer como mulher preta, não entendia por que não me chegavam papeis onde eu tinha uma casa, uma vida, era sempre a copeira, a empregada, nesses lugares. Eu não questionava, não entendia. Depois eu entendi que os papeis destinados às mulheres pretas eram esses, onde as mulheres não tinha história. E quando entendi fui trabalhando para que isso mudasse. No teatro ou na TV, quando eu era convidada para papeis assim, falava que não queria mais fazer aquele papel. Então, hoje, estar em "Pantanal", dando vida à Zuleica, para mim é um avanço enorme. É grandioso demais e diz muito sobre toda a minha trajetória e sobre o quanto isso mudou. Hoje estou dando vida a uma personagem que um dia foi de uma mulher branca, que esse autor decidiu mudar para uma mulher preta, para dar voz à ela. Isso é representatividade e dá sentido ao nosso ofício. Isso me engrandece também. Eu olho para trás e vejo que tudo valeu a pena.


A novela "Pantanal" é escrita por Bruno Luperi, baseada na novela original escrita por Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Rogério Gomes e Gustavo Fernandez, direção de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard, Cristiano Marques e Noa Bressane. A produção é de Luciana Monteiro e Andrea Kelly, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim. O Resenhando.com tem um grupo para comentar a novela das nove - entre e fique à vontade para participar!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

.: Pantanal: a fazenda de José Leôncio, bastidores com Renato Góes


Renato Góes comenta os bastidores das gravações no Pantanal e fala sobre seu personagem. Foto: Rede Globo
 


Não é fácil para José Leôncio (Renato Góes) seguir em frente após o desaparecimento de seu pai, Joventino (Irandhir Santos). Durante meses o peão roda rios, florestas, pastos e baías à procura de qualquer vestígio que indique seu paradeiro. A busca segue sem sucesso. Neste período, é a presença dos companheiros Quim (Chico Teixeira) e Tião (Fábio Neppo) que lhe dá esteio. Sem contar com a chegada de uma velha amiga, Filó (Letícia Salles). Uma morena de currutela, ou prostituta, com quem Zé se relacionou no passado e que chega grávida em sua fazenda pedindo abrigo e trabalho. Ao nascer Tadeu (Lucas Oliveira dos Santos), Filó pede que Zé o batize e logo o menino cresce e passa a chamá-lo de padrinho para cima e para baixo, buscando preencher o vazio no peito de Zé após o sumiço de Joventino.

Anos antes, quando os Leôncio chegaram ao Pantanal e Joventino quer domar os bois no feitiço, aposentando o laço, quase todos os peões que os acompanhavam há muito tempo pelas tantas comitivas país adentro, os abandonam, pois não acreditam que eles podem ter sucesso naquela empreitada.

Pois tem. E quem fica para ver consegue desfrutar da abonança. Basicamente, Quim e Tião, esses dois peões atrapalhados, mas fiéis e leais à família que garante a eles morada e uma vida digna por tanto tempo. Quim não consegue se furtar de pontuar os seus comentários quase sempre impertinentes. Tem a língua maior que a boca e o olho maior do que a barriga, e por isso é constantemente reprimido por todos ao seu redor, inclusive e principalmente por Tião, seu amigo inseparável. Tião, por sua vez, é filho da liberdade como todo peão. Por isso se adaptou tão bem à vida pantaneira, de lonjuras sem fim e horizontes distantes, onde tudo é possível e nada é necessário. Dono de um humor peculiar, Tião é para os patrões muito mais do que um mero criado. Como todos os que seguem a toada do velho Joventino – e, em seguida, a de José Leôncio –, Tião é um homem de confiança. Preza por isso, bem como pela imprevisibilidade da vida de peão; de partir em comitiva, de sair em bagualhadas e viver entre as modas cantadas e os casos contados. Tião e Quim se tornam mais que bons amigos, se tornam irmãos, e têm, um com o outro, a liberdade de sentir o que sentem e dizer o que pensam. E por isso, porque são tão puros, brindam a todos, seja quem seja, com as suas pérolas.

Quando Filó se une aos três na fazenda, fortalece ainda mais o ciclo de proteção e afeto de José Leôncio. Ela é muito mais que uma empregada. Filó é a alma e o coração daquela casa. Uma mulher religiosa, apegada à sua fé. Após ser expulsa de casa pela mãe aos 12 anos, encontra abrigo em uma currutela, local onde conhece José Leôncio meses antes de procurar por ele na fazenda. Recebe dele emprego, carinho, abrigo e, acima de tudo, proteção. Vira fera para proteger seu Zé contra tudo e contra todos, disposta a trair até mesmo os seus sentimentos pelo bem do patrão.

Com tanto amor ao seu redor, de Quim, Tião, Filó e Tadeu, pode-se dizer que José Leôncio é um homem de sorte. Mas nem sempre ele se sente assim. Após o desaparecimento de Joventino, Zé carrega essa dor em ferida aberta a vida inteira e tem dificuldade em reconhecer a riqueza que tem em sua volta. Confira a entrevista com o ator Renato Góes! 


Você já conhecia o Pantanal? Poderia nos contar sobre essa viagem? O que mais te chamou atenção até aqui?

Um mês antes de começarem as gravações, fui passar 15 dias no Pantanal, liguei para alguns amigos e expliquei que eu gostaria de conhecer a região, fui com eles, passamos juntos essas duas semanas. Dentro desse período, fui para a casa do Almir (Sater) passar três dias e o restante foi nas redondezas de Aquidauana, no Bosque Belo, a meia hora de Aquidauana. Foi um impacto muito grande. É uma quantidade de bichos... Eu queria perder isso, queria que meu personagem não tivesse um deslumbramento de quem está vendo isso tudo pela primeira vez. Meu personagem está acostumado com biomas diferentes. Eu precisava quebrar isso. Esses 15 dias foram fundamentais. Desde o dia que cheguei, procurei ver como era o dia a dia dos peões, a lida, o manejo. Eu tenho alguma conexão com isso por ter frequentado muito o agreste pernambucano. Entendia a lida, gostava disso, mas cada lugar é um lugar. O Pantanal tem suas peculiaridades, principalmente as nomenclaturas das coisas, a guaiaca, o alforde, a bainha, tudo que você usa que é legal você tratar com respeito e falar os nomes certos, para ter essa identificação. As pessoas locais que estiverem vendo vão saber que fizemos o dever de casa. O Almir tem um espírito que eu queria buscar muito para esse pantaneiro, essa expressão calma, serena, sábia, com a visão longe, de quem enxerga muito as coisas. Ele só de olhar sabe quais são todas as árvores, por que estão secas, por que um animal está ali, fazendo o que está fazendo. Eu estava buscando isso.

 

Como foi sua rotina de gravação no Pantanal?

O início das gravações com o Irandhir (Santos) foi muito bom. O Irandhir é um cara que admiro muito, ele sempre foi uma inspiração para mim. Eu fui para o Rio de Janeiro numa época em que ele estava aparecendo com filmes, numa primeira leva de filmes que chamou não só a minha atenção, como do público como um todo. E isso facilitou minha vida ao Rio. Pernambucano, né? Tem aí Irandhir, Hermila Guedes, a cena do cinema pernambucano estava muito forte. E Irandhir era um dos personagens principais desse momento. Eu sempre tive vontade de contracenar com ele porque fizemos 'Velho Chico' e 'Dois Irmãos', mas não contracenamos. Eu brinco que a gente se deu bem nessa escalação, porque o avô é pernambucano, que é o Irandhir, o pai é pernambucano, que sou eu, e o filho também, que é o Jesuíta (Barbosa), outro ator que também admiro muito. Começar aqui no Pantanal com o Irandhir foi muito especial, você consegue beber muito de uma fonte muito rica num espaço muito curto de tempo. Ele te inspira e te leva de uma forma muito mágica. Eu já tinha começado a gravar, então trouxe o que pesquisei, somei ao que o Pantanal me trouxe, e me deixei levar pela energia que o Irandhir irradia também.

 

Como foi gravar no Pantanal? Alguma dificuldade encontrada? Ficar tanto tempo no que chamamos de Brasil profundo é uma experiência e tanto, não acha? Já havia vivido algo parecido?

Eu vivi um outro Pantanal, peguei 12 graus lá. No dia mais quentinho desse período estava 18, 19 graus. Inclusive, toda hora meus amigos de lá e o Almir (Sater) me diziam que eu ia encontrar outro Pantanal. Eu vi uma onça pela primeira vez e ela estava tomando banho no rio em que eu estava. É o momento que elas vão sair mesmo. No calor elas vão procurar uma água para se banhar, então imagino que seja mais fácil de ver. Assim como deve ser com outros bichos. Eu realmente vi dois pantanais diferentes em um curto espaço de tempo. Em algum momento alguém comentou, olha que papagaio folgado, fica derrubando nossas mangas. Aí eu falei: é sério? Tu constrói o negócio no meio da floresta das meninas, ela está aqui pegando uma manguinha pro filho, e tu está reclamando? Folgado é tu (risos).

 

E a rotina de gravação, como foi?

Para mim não foi tranquila porque eu gravava todos os dias, gravei bastante coisa mesmo. O meu corpo cansava, mas acordava zerado, novo, porque foi muito bom de fazer. Sabe quando você malha pela manhã e está mais disposto para o dia? Eu me sentia assim. Um dia era sempre melhor que o outro. Nos momentos de folga eu só descansei. Lá a gente tem o privilégio de fazer diversas locações. Levamos boi de uma fazenda para outra. Então estávamos realmente vivendo as coisas. Domingo eu tirava para de fato me reconectar com o que eu queria. No dia a dia eu vivia o personagem, e no domingo eu voltava para entender o que eu queria para a semana, dentro do quarto, quieto. 

 

Você tinha cerca de quatro anos quando 'Pantanal' foi exibida pela primeira vez. Tem lembranças dessa época? 'Pantanal' marcou sua vida de alguma forma? Talvez com alguém da sua família que era fã, ou algo assim?

Sim, não da primeira, mas de quando reprisou. Essa reprise eu lembro bastante. A primeira eu lembro de ouvir a música, lembro dos comentários das pessoas. Tenho bastante lembrança desde quando tinha dois anos, então quando exibiu a reprise eu lembro bastante. Sobre Zé Leôncio, o nome eu lembrava, mas não lembrava do personagem em si. Na época, eu lembro de ficar muito marcado com o Velho do Rio, com Juma, Jove e o Tadeu. Foram os personagens que mais me marcaram. Mas o Zé Leôncio lembro principalmente do Paulo Gorgulho, eu não entendia bem essa coisa de primeira e segunda fase.

 

Como foi receber o convite para dar vida a Zé Leôncio?

Fiquei muito empolgado e passei um tempo na apreensão de dar certo. Tinha uma questão de agenda de trabalho, junto com mudanças de datas devido à pandemia. Mas foi um presente realmente porque eu gosto muito do personagem herói quando ele tem traços anti-herói. Quando ele consegue não ser mocinho, nem vilão, mas transcender isso tudo. Esse é o tipo do personagem que me motiva, me empolga, que me dá prazer mesmo.

 

Como foi a construção do personagem? Poderia contar sobre a preparação e os workshops que fez?

Minha base foi principalmente o texto. Gosto muito da criação do Benedito (Ruy Barbosa) e das palavras do texto do Bruno (Luperi). Eu costumo fazer o contrário, viver o dia a dia do personagem. Para fazer o Marcelo D2 eu fui trabalhar no camelô, criei uma banda, tudo por minha conta. Para fazer um médico em ‘Os Dias Eram Assim’ eu fui entender o trabalho dos Médicos Sem Fronteira... Mas nesse eu quis ficar mais no que o texto de fato tinha como tempo, como forma de falar. Eu achava que seria mais interessante se eu levasse ele para o texto da fábula, da criação, do que trazer para a realidade, que seria mais um empréstimo meu. Fui deixando o texto me levar, me conquistar. Assim como as parcerias em cena. Uma das coisas mais importantes nesse trabalho foi ter começado a gravar com o Orã Figueiredo, minha primeira semana inteira foi com ele. E ele me passou muita segurança, foi muito parceiro, fizemos uma dupla boa, a gente se encaixava. E ele me deixou muito à vontade para eu ir testando e tentando e trazendo o Zé Leôncio que eu acreditava, mas que fui construindo com cada experiência dele. Assim como o que eu quis trazer foram referências do texto, muita leitura, julgar o que era aquela história e quem era o Zé Leôncio, mas fechar, construir, deixei para a cena, e o Orã foi importante nesse sentido. Fui construindo como uma massinha. Tivemos o trabalho com a preparadora Andrea Cavalcante, até hoje ela está em cena, tem ajudado muito desde o começo. Todas as nuances, as escolhas, ela me questiona sempre. A gente teve um workshop sobre filosofia, amor, o Pantanal enquanto relação interpessoal, que foi fundamental para entender e construir o psiquê desses personagens. Eu já sabia montar. A Globo sempre tem esse cuidado da gente fazer aulas antes, mas eu já tinha essa familiaridade, ando a cavalo desde moleque. Eu já sabia laçar, e quando começou nossa preparação, peguei um dia só para relembrar. 

 

Quem é esse Zé Leôncio jovem? Como você acha que ele se difere do Zé Leôncio da segunda fase?

É um cara muito reto, muito honesto, mas que tem uma justiça muito peculiar. Tem um senso de justiça dentro das coisas que ele acredita. É um homem real, com falhas, mas ele tem uma honestidade e retidão que é muito admirável. Você tem outras coisas da fantasia, da fábula, do herói, mas o que mais me atrai no Zé Leôncio são os defeitos dele, de não fugir deles, de encará-los. Entender como traços que dizem quem é esse cara.

Foto: João Miguel Júnior

 


quinta-feira, 17 de março de 2022

.: Pantanal: elenco da primeira fase comenta bastidores e expectativas

Novela estreia dia 28 de março. Foto: Rede Globo


A nova versão de "Pantanal", escrita por Bruno Luperi, com direção artística de Rogério Gomes, estreia na TV Globo no dia 28 de março, mas as gravações na região sul mato-grossense começaram em agosto de 2021 e dão o que falar até hoje. Elenco guarda histórias que ficarão para sempre na memória, e acredita que elas estarão de alguma forma impressas no resultado que o público verá na TV. Há quem tenha acompanhado a trama, escrita por Benedito Ruy Barbosa, há mais de 30 anos, e há quem não era nascido na época. Mas dificilmente há quem nunca tenha ouvido falar de Juma Marruá e José Leôncio. De qualquer maneira, Bruno Luperi tranquiliza o público que é fã e guarda grandes expectativas para a estreia. “O tempo é um agente fundamental na adaptação de 'Pantanal". Há 30 anos, a grande inovação tecnológica era o rádio e a luz chegava por gerador. A internet chegou, as fronteiras diminuíram. Aquela dramaturgia proposta há 30 anos acontece hoje à luz do nosso tempo, nos dias de hoje, nos dilemas de hoje. A história é a mesma, ela estará lá”, comenta o autor.

E para registrar essa saga, grande parte do elenco esteve no Pantanal no segundo semestre de 2021, onde as gravações foram iniciadas. Malu Rodrigues, que interpreta Irma na primeira fase da novela, destaca o quão fundamental para o processo de criação foi o fato de ter começado a gravar durante a viagem. “Eu e Bruna (Linzmeyer) – que interpreta Madeleine, irmã de Irma – não gravamos nada antes da nossa viagem. Quando eu cheguei, a Bruna estava lá. Rolou uma conexão muito louca. Tivemos essa intimidade “big brother” na fazenda que ajudou bastante nessa construção. A Bruna é uma parceiraça de cena, sou completamente apaixonada por ela”, comenta a atriz.

Bruna reforça o depoimento de Malu. “Esse encontro no Pantanal foi bom, a gente teve tempo de conviver. A relação das irmãs é intensa e paradoxal. Ao mesmo tempo que se amam muito, é complexo. Tem inveja, raiva... Lembro da nossa preparação, a gente fazia uns ensaios, tinha a coisa de querer estar perto, mas a raiva de estar perto. Relação de irmãos tem um pouco essa intensidade. Lembro também quando estávamos no estúdio e vimos a Irma e Madeleine da segunda fase – Camila Morgado e Karine Teles – vestidas com o figurino. Foi emocionante”, acrescenta.

O ator Renato Góes, que interpreta José Leôncio na primeira fase da novela, quis antecipar o sentimento de estar no Pantanal e por isso foi para lá um pouco antes das gravações começarem. “A minha intenção era perder o primeiro encanto gigantesco de quando você chega. É difícil porque a cada cenário, tinha uma coisa linda nova. Eu escutava uma história uma vez e contava para quem chegava como se conhecesse aquela história há anos, numa tentativa de laboratório. O convívio natural que acabou acontecendo nos 50 dias que passei com elenco e pessoas de lá foi fundamental. Uma preparação muito prazerosa”, diz.

Mas nem tudo são flores. Há também fauna - bastante fauna! Renato conta que em determinado momento da gravação no Pantanal ficou hospedado na fazenda de Almir Sater. “Estávamos no rio conversando e perguntei a Almir: e se nós víssemos uma onca, qual seria a melhor reação? Respeito, olhar e voltar pra casa, ele disse. Dois, três minutos depois aparece uma onça, no mesmo rio onde estávamos, mas mais distante. Eu esperando a hora de recuar. Mas ficamos lá, dentro do rio olhando, ela veio na nossa direção. Eu saí, peguei o celular, comecei a filmar e aquela experiência foi maravilhosa. Conseguimos ouvir os esturros dela. No dia seguinte a gente voltou para ver as batidas da onça pelo lugar onde ela tinha passado. Vai ficar marcado pra sempre na minha memória”, acrescenta o ator.

Letícia Salles será Filó na novela Pantanal (Foto: João Miguel Júnior)

Letícia Salles, que interpreta Filó nas primeiras semanas da novela, comenta a relação com Bruna Linzmeyer. “Passamos um sufoco com Bruna nos rios porque ela ia para uns lugares desbravar... Parecia que ela era a Filó e eu a Madeleine. Eu não tinha coragem de ir onde ela estava. Mas foi uma delícia, os perrengues foram muito legais. A gente ficou com inveja do Renato porque ele viu a onça (risos)”.

Embora o medo de Letícia tenha sido real, Juliana Paes viveu um episódio tenso, mas engraçado ao mesmo tempo. “Estava fazendo uma cena da Maria Marruá, que estava grávida, e a (diretora) Noa (Bressane) pediu pra eu ficar boiando. Os ouvidos ficam submersos. Eu estava ali no meio do rio, parada... Muda a câmera de posição, eu ali boiando, só escutava os barulhos debaixo da água. Daqui a pouco, uns barulhos mais altos. Quando eu vi era o André, assistente de direção, falando pra eu sair da água. Quando eu olho pro lado, o jacaré traçando uma reta em minha direção. Eu saí correndo com a barriga de grávida pendurada".

Apesar da fama, a onça e os jacarés não são os bichos mais perigosos, segundo Gabriel Stauffer, que dá vida ao personagem Gustavo. “O pessoal falava que o bicho mais perigoso era o queixada, um porco do mato que faz um barulho com o dente. Se ele aparecer, você tem que sair correndo, subir mais de um metro, pois parece que ele quebra até perna de cavalo. No meu último dia por lá, chegamos na ponte do rio Aquidauana, em vez de atravessarmos de carro, perguntei se podia atravessar andando. Queria fazer a desconexão. Fiquei andando, agradecendo, ouvindo o canto dos pássaros, viajando. Andei uns 20 metros para frente e ouvi um barulho: saí correndo, pensando: é o queixada, é o queixada. Não sei se era, entrei no carro desesperado”.

Os bichos, em seu habitat natural, não fizeram mal a ninguém. E também foram respeitados o tempo todo, por equipe e elenco, comprometidos em causar o menor impacto possível neste bioma que é um dos mais ricos do mundo em diversidade de fauna e flora. O “perrengue real”, como dizem os envolvidos, não tinha nada a ver com os animais. “O maior perrengue, e isso talvez seja unânime, era abrir e fechar porteira e o deslocamento de todo dia. Eu lembro que quando cheguei lá fiquei muito impressionada com o nível de produção, uma logística difícil. Como é possível isso existir, a quantidade de gente, de equipamentos, e a gente tinha o deslocamento de 1h30 pra ir ou tinha a opção de ir de avião. O que ficou mais marcado pra mim eram esses deslocamentos e o abre e fecha de porteiras”, diz Bruna Linzmeyer.

Estima o elenco que o recordista de abrir e fechar porteiras entre eles foi Irandhir Santos, que interpreta Joventino na primeira fase e José Lucas de Nada na segunda. Por uma razão: medo de avião. “Eu tenho muito medo e muito respeito pelo meu medo. A produção foi super cuidadosa porque quando coloquei isso, eles consideraram. A diferença de uma fazenda pra outra, de carro, dava uma hora e um pouco, abrindo todas as porteiras. E de avião eram sete minutos. Mas eu ia de carro porque eu dizia pra produção que eu até podia ir de aviãozinho, mas quando chegasse eu não estaria o mesmo no resto do dia”, relata.

A primeira parte da viagem foi finalizada e, atualmente, as gravações acontecem nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro. Longe do Pantanal, fica a saudade, até dos perrengues, e entra a expectativa para a estreia, que está a menos de duas semanas de distância, no dia 28 de março.

Juliana Paes transforma em poesia essa espera pelo primeiro capítulo. “Eu acho que cada personagem é uma gestação. Parece que vai chegar um filho novo, que vai nascer um filhote, algo que você nutriu e esperou tanto tempo. E não sabe que cara vai ter, que jeito vai ter, porque essa recepção tem a ver com o público. É uma mistura de sensações. Apreensão, nervosismo, ansiedade e desejo de ver essa criatura ganhar luz. E por luz, significa ganhar os olhos do público. A gente quer tocar as pessoas, promover uma reflexão, sentimento”, comenta a atriz.

Foto: Rede Globo/Divulgação

Para o veterano Osmar Prado, o sentimento é de resignação. “Eu costumo dizer que em teatro a gente só tem ideia do espetáculo quando abre o pano e entra o público. Só saberemos quando estrear. Façamos o melhor que pudermos, não só com a contribuição individual, mas na integração com o coletivo. O que tiver que ser, será, como diria o Velho do Rio”.

Enrique Diaz, que esteve na primeira versão de "Pantanal" dando vida a Chico, filho de Gil, a quem dá vida nesta versão, concorda com a parceira de cena, Juliana Paes. “Eu tenho uma sensação, não sei se é porque eu cortei o cabelo ontem (risos), mas tenho a sensação que vai ser tão lindo! A gente já conhece aquelas imagens do Pantanal, aquelas figuras, o Almir Sater, o Irandhir Santos... A expectativa é a melhor possível”, brinca.

"Pantanal" é escrita por Bruno Luperi, baseada na novela original escrita por Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Rogério Gomes, direção de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard e Noa Bressane. A produção é de Luciana Monteiro e Andrea Kelly, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

.: Tudo sobre a novela "Pantanal": uma saga familiar de amor e natureza


Alanis Guillen, que já fpoi protagonista de "Malhação", encara o desafio de interpretar a emblemática personagem Juma Marruá, papel que foi de Cristiana Oliveira na primeira versão. Foto: João Miguel Júnior

A novela "Pantanal" é uma saga familiar que tem o amor como fio condutor e a natureza como protagonista. Fonte da maior concentração de fauna das Américas e maior planície alagada do mundo, o "Pantanal" foi inspiração para a obra escrita há mais de 30 anos por Benedito Ruy Barbosa e que chega à TV Globo em 2022, no horário das nove, em uma nova versão escrita pelo autor, Bruno Luperi, com direção artística de Rogério Gomes. 

No tronco central dessa jornada, repleta de dramas familiares e conflitos, está a história do velho Joventino (Irandhir Santos) e seu filho, José Leôncio (Renato Góes / Marcos Palmeira). A vida como peão de comitiva os levou para o pantanal, onde Joventino aprendeu a lição mais importante de sua vida: que a natureza pode mais do que o homem. 

Ao confiar o seu destino nas mãos da natureza, o peão compreende que na lida - e na vida - nada se conquista através da força, ou no laço, como ele acreditava. Nascia, assim, a lenda do maior peão de toda aquela região. Velho Joventino ficou afamado por trazer os bois selvagens, os ditos marruás, no feitiço. Porém, foi logo após essa compreensão, que Joventino desapareceu sem deixar rastros, deixando o filho, José Leôncio, sozinho à espera de seu pai.

Cinco anos depois, em uma viagem ao Rio de Janeiro, José Leôncio se apaixona e casa com Madeleine (Bruna Linzmeyer / Karine Teles). Os dois se mudam para o Pantanal onde nasce Jove (Jesuíta Barbosa). A passagem de Madeleine pela fazenda, porém, é um caos. Com saudade da vida urbana e da mordomia da mansão de seus pais no Rio de Janeiro, a jovem não se acomoda àquela sina de solidão que é ser mulher de peão. Com o marido sempre em comitivas, ela se vê obrigada a conviver com Filó (Leticia Salles / Dira Paes), funcionária da casa a quem pouco conhece e nada confia.

A verdade é que Madeleine não entende bem a relação de Filó com Zé Leôncio, tão pouco a relação dele com Tadeu (José Loreto), filho de Filó e afilhado do patrão. O que Madeleine não sabe é que Filó era uma morena de currutela - prostitutas que vivem nas vilas por onde as comitivas passam - com quem José Leôncio se relacionou em uma de suas viagens no passado. 

Madeleine foge do Pantanal levando Jove, ainda bebê, de volta para a mansão da família Novaes. O menino cresce longe das vistas do pai, que se viu incapaz de brigar pela guarda do filho. Zé jamais deixou de cumprir suas obrigações legais, enviando fielmente uma quantia excepcional de pensão mensal. Sem se dar conta que, onde sobra dinheiro, falta o afeto. Jove cresce acreditando que seu pai havia morrido, enquanto Zé, sem saber da mentira criada pela ex-mulher, não procurava o filho, acreditando ter feito o melhor ao se afastar de vez de Madeleine.

Na ausência de Jove, o fazendeiro encontra em Tadeu um herdeiro, mais do que para as suas terras, para os valores e tradições de sua família. Alguns anos após a partida de Madeleine, Filó diz que Tadeu também é filho de José Leôncio. Apesar da alegria dos três com a revelação - em especial de Tadeu -, a informação é guardada por eles à sete chaves. De forma que, da porta para fora, Tadeu segue apenas como afilhado do patrão, o que lhe doí profundamente.

Duas décadas se passam marcando a mudança de fase na novela. Jove descobre que seu pai está vivo e vai à sua procura. É desse encontro e toda sua enorme expectativa, marcados por uma festança para todo o povo da região da fazenda, que começam os grandes conflitos entre os Leôncio. Embora desejem profundamente viver a relação entre pai e filho, Zé e Jove são confrontados por um abismo de diferenças comportamentais e culturais, inaceitáveis aos olhos um do outro. 

Não bastasse as diferenças entre eles, o rapaz ainda precisa lidar com o ciúme de Tadeu, que carrega no peito o vazio de não sentir-se filho legítimo de José Leôncio. Um bastardo. Amado, mas não reconhecido. Para completar a confusão familiar, em determinado momento todos são surpreendidos com a chegada de um terceiro filho para disputar o amor e a admiração deste pai: José Lucas de Nada (Irandhir Santos) chega à fazenda por obra do destino e descobre ali os laços familiares que nunca teve.

O cenário pantaneiro abriga ainda o encontro entre Jove e Juma Marruá (Alanis Guillen). Filha de Maria Marruá (Juliana Paes) e Gil (Enrique Diaz), a jovem não abre a guarda para ninguém. Apesar da pouca idade, Juma é uma mulher forte, que aprendeu com a mãe a se defender do "bicho homem", a espécie mais perigosa que pode vir a rondar a tapera onde mora. Também pudera. Foi o bicho homem que levou seu pai, sua mãe e cada um de seus irmãos.

Forjada pela desconfiança, Juma se torna uma mulher selvagem e arredia. "Não existe quem consiga domar aquela onça", dizem. Porém, as mesmas razões que afastam Jove de José Leôncio, o aproximam de Juma. Entre eles, uma linda paixão se inicia. Um amor puro, fruto desse encontro improvável e natural, que marca para sempre o destino de todos. Contudo, não demora para que as diferenças culturais e sociais do casal tornem a relação em muitos níveis complicada e bastante improvável. Para a alegria de uns e lamento de outros.

Em cada detalhe deste conto, há um fator comum: a necessidade de aceitar a natureza como ela é. E o grande porta-voz deste ensinamento é o Velho do Rio (Osmar Prado). Um encantado - uma entidade sobrenatural -, que na maior parte do tempo assume a forma de uma sucuri (a maior de todo o pantanal), mas que também se apresenta na forma humana. O Velho do Rio é responsável por cuidar não só daquelas terras e dos animais que ali habitam, mas por zelar pelas relações interpessoais que se desenrolam por lá. 

Para ele, o homem é o único ser que queima as árvores que lhe dão o ar e envenena a água que bebe. Essa e outras lições vão moldando os caminhos dos personagens, ao passo em que vão apresentando soluções e mais mistérios àquele universo. E ele não é o único. Os moradores da região acreditam fielmente que Maria Marruá (Juliana Paes) vira onça, principalmente, quando precisa defender os seus, ou "quando fica com réiva". E não se espantariam se descobrissem que o “dom” teria sido passado à Juma.

Além dos conflitos principais, a música é outro grande destaque desta história. Foi há 30 anos e continuará sendo agora, no texto de Bruno Luperi e na direção de Rogério Gomes. A presença de Almir Sater, que esteve na versão escrita por Benedito, e retorna agora, é um capítulo à parte. Almir vive o chalaneiro, Eugênio, que leva e traz as pessoas ao pantanal e, por isso, passa por quase todos os núcleos. 

Dentre os duetos especiais, o público terá a oportunidade de ouvi-lo tocar ao lado de Chico Teixeira (filho do parceiro de estrada de Almir, Renato Teixeira), que dará vida ao peão Quim na primeira fase da novela. Já durante as famosas rodas de viola que marcaram a segunda fase da versão original, Eugênio participará ao lado de Tibério (Guito) e Trindade, papel de Gabriel Sater, que encara o desafio de refazer o personagem original de seu pai.

Desse mergulho entre tantas lições, evidentes ou metafóricas, junto à profundidade dos personagens que navegam pelo mar de detalhes que constroem a novela, surge o elo que sela o sucesso histórico da trama. “O Pantanal resgata heróis. É uma característica muito forte da obra do meu avô, que tem um caráter épico e fala sobre valores com esses personagens fortes e inspiradores. O Zé Leôncio é um personagem que te inspira, que te faz acreditar que o mundo pode ser melhor, que existem pessoas que são corretas, dignas. Ainda assim, ele comete seus erros. A novela também tem esse caráter humano, que é o que mais me move, porque gera empatia. Ninguém é perfeito. A possibilidade de se apaixonar e odiar o protagonista e o antagonista é real”, comenta o autor Bruno Luperi.

Como toda adaptação, a história original passa por mudanças e atualizações necessárias para conversarem com uma nova realidade e uma nova geração. As atualizações, claro, não se limitam ao texto, mas também nas imagens fascinantes do pantanal que serão atualizadas. “Hoje em dia, temos a tecnologia a nosso favor. Na época, Jayme Monjardim fez muito bem a novela, foi ousado, fez um desenho de produção diferente, mesmo com toda dificuldade. Hoje, as câmeras são menores, temos drones, câmeras para dentro d’água, a qualidade de captação é outra, é tudo muito mais moderno que antes. Você consegue captar imagens do Pantanal de maneira diferente daquela época, quando eles não tinham esses recursos”, diz o diretor artístico Rogério Gomes.

"Pantanal" é escrita por Bruno Luperi, baseada na novela original escrita por Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Rogério Gomes, direção de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard e Noa Bressane. A produção é de Luciana Monteiro e Andrea Kelly, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.


quarta-feira, 22 de junho de 2022

.: "Pantanal": Alanis Guillen comenta triângulo amoroso

Jove ou José Lucas de Nada? Atriz fala sobre o sentimento da personagem em relação aos irmãos. Foto: Rede Globo


Antes de conhecer Jove (Jesuita Barbosa), o único amor que Juma (Alanis Guillen) havia experimentado foi o maternal. Desde que o filho de José Leôncio (Marcos Palmeira) e Madeleine (Karine Teles) chegou ao Pantanal, Juma passou a vivenciar uma série de sentimentos inéditos para ela, que sempre viveu reclusa, longe da sociedade, em sua tapera. E como se não bastasse a intensidade da paixão entre Juma e Jove, a chegada de José Lucas de Nada (Irandhir Santos) a deixa transtornada. Isso porque a filha de Maria Marruá (Juliana Paes) tem dificuldade em entender que sentimento é esse que está presente toda vez que o filho mais velho de José Leôncio se aproxima. 

Em cenas que vão ao ar nesta quarta-feira, enquanto Jove continua em viagem com o pai, Juma pergunta a José Lucas como ele a enxerga e ele responde que a vê como uma irmã, já que é mulher de Jove. Embora esteja enfeitiçado, ele se esforça para manter o respeito e deixar de lado a forte atração que sente por ela – e que está a cada dia mais evidente que ela sente por ele também. Em entrevista, Alanos Guillen comenta os bastidores da gravação e os sentimentos que a personagem tem por cada um dos irmãos. Confira a entrevista com Alanis Guillen!

 

O romance entre Jove e Juma tem um cenário bem peculiar. Houve alguma cena que tenha sido mais difícil gravar? 

Não consigo usar a palavra "difícil", porque o processo tem nos envolvido tanto, que torna cada desafio uma descoberta deliciosa. 

 

Durante a preparação e os ensaios, como foi o processo de imaginar um amor tão puro e inocente, e ao mesmo tempo tão profundo e verdadeiro?

O texto nos guia de forma espetacular, é uma dramaturgia das mais bem construídas. Tendo isso, fomos buscando algo que nos conectasse de forma única. A admiração e a curiosidade instigante um pelo outro inspira e aproxima. 

 

A amizade entre Juma e Muda é algo muito bonito. Como foi criada essa relação?

Juma e Muda de fato desenvolvem uma relação de afeto muito grande uma pela outra. Quando a Muda revela a versão dela dos fatos sobre o que a levou ao Pantanal, num primeiro momento Juma se revolta, mas logo Muda vai destrinchando a história toda e Juma se permite ouvir o que Muda tem a dizer antes de fazer a própria justiça. E nessa escuta que elas descobrem não o perdão em si, mas sim a fonte causadora dessa tragédia. Descobrem o alvo em comum. Desde então, se iniciou um novo movimento na trama. 

 

O que Juma sente por José Lucas de Nada?

Tensão sexual. José Lucas de Nada provoca desejo carnal. Já pelo Joventino ela sente amor. Só que Juma não entende o que é essa sensação que José Lucas a provoca, por isso ela se revolta. “Como posso amar Jove e desejar Ze Lucas?” 

 

Como tem sido o retorno do público, nas ruas e na internet? 

O retorno tem sido de muito carinho e encantamento. E a maior e melhor surpresa é ver um público diverso, de todas as idades, lugares e tribos envolvidos com Pantanal. 

 

Você tem conseguido se assistir?

Não perco um capítulo. Se perco eu vejo logo depois no Globoplay. E me divirto. Assisto como público e me envolvo igual. 

 

O que mais gostou sobre gravar no Pantanal?

Digo que o Pantanal é um universo paralelo. O tempo lá é diferente, os sons, as cores, animais, calor. Foi muito bom poder voltar lá e gravar mais uma parte da novela. É um lugar onde não adianta criar expectativas porque lá somos sempre surpreendidos a cada momento. 

 

Como enxerga a repercussão que a novela tem gerado?

Pantanal é uma novela que gera uma catarse muito forte em todos, uma obra que não aponta nada, mas que provoca. Nos desperta os sentimentos mais humanos e contraditórios. Pantanal é uma grande obra popular que comunica com todos e a todos de forma simples mas profunda, humana. Agora com adaptação e atualização pros dias atuais, muito bem feita pelo Bruno Luperi. Isso explica o porquê de estar embalando toda essa diversidade de público.


quarta-feira, 2 de março de 2022

.: Entrevista: Osmar Prado, o "Velho do Rio" na novela "Pantanal"

Osmar Prado comenta personagem que se relaciona com bioma. Foto: Rede Globo/Divulgação

O ator Osmar Prado irá transitar por todos os núcleos, além de fazer parte da primeira e segunda fases da nova versão de "Pantanal", escrita por Bruno Luperi, com direção artística de Rogério Gomes, na pele do Velho do Rio. Há quem acredite que quando o velho Joventino (Irandhir Santos) desaparece sem deixar rastros, na verdade morre e encanta no Velho do Rio. O segundo é bem vivo, e visto por todos que chegam e saem do Pantanal. O que têm em comum? Grandes conhecedores daquelas terras, assumem a função de protegê-las.

Mais que isso, "o Velho do Rio" (Osmar Prado) é o ponto de contato entre o mundo físico e espiritual, e a síntese de uma consciência ecológica coletiva. Ele é um encantado, uma espécie de guardião deste paraíso em terra que se chama pantanal. Apresenta-se vezes em forma de gente, vezes em forma de sucuri, a maior de todas que já se viu pelo pantanal.

"Pantanal" é escrita por Bruno Luperi, baseada na novela original escrita por Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Rogério Gomes, direção de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard e Noa Bressane. A produção é de Luciana Monteiro e Andrea Kelly, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim. Confira a entrevista de Osmar Prado e saiba mais sobre os bastidores da novela.


Como está sendo interpretar o Velho do Rio?
Osmar Prado - 
Eu já estou falando meio com o jeito do "Velho do Rio". Esse é um personagem especial. É um poeta, um filósofo, um homem que só na transcendência poderia ser o que é, falar o que tem que falar. Ele representa a libertação do mundo, da terra. Como diz “somos filhos de uma mãe gentil e generosa a quem tentamos há muito tempo escravizar”. O "Velho do Rio" representa a defesa da terra, da fauna, da água. E a defesa também da alegria das pessoas, num mundo mais justo, mais cooperativo, mais solidário, com empatia.

 
O que você destacaria do personagem?
Osmar Prado - Ele é uma espécie de guardião da felicidade, mas não da felicidade efêmera, e sim a felicidade baseada no amor verdadeiro. Naquele que você se sacrifica pelo outro. O mundo só é viável se for cooperativo. No dia que o homem entender que ele é parte de um processo global, teremos um mundo correto. “Nós não somos donos de nada”, diz o Velho. Isso é um fato, é uma oportunidade de você atuar com uma personagem de uma profundidade filosófica enorme.
 

O "Velho do Rio" seria, então, um protetor daquele local que habita?
Osmar Prado - Ele é justiceiro, faz justiça. Faz parte do processo também fazer justiça. Eu estou aprendendo muito com ele. A cada fala, eu entendo perfeitamente o que ele quer dizer e estou perfeitamente de acordo. Isso é um privilégio. 
 

Você já conhecia o pantanal?
Osmar Prado - Eu nunca tinha ido ao pantanal, e agora estou apaixonado pelo que conheci. Eu sabia que encontraria pessoas legais, mas estou em êxtase porque essa viagem foi uma oportunidade muito boa. Tenho 63 anos de carreira e 74 de idade. Ser chamado para fazer o Velho do Rio é uma convocação. Como se eu fosse para um movimento revolucionário, com a mesma integridade, força e dedicação. Nada mais atual do que a fala e as coisas que o Velho do Rio defende.

domingo, 20 de dezembro de 2020

.: Eduardo Costa lança DVD "Pantanal" e resgata joias do cancioneiro popular


Trabalho para os amantes da verdadeira música caipira.

“O DVD 'Pantanal' foi gravado para levar música caipira para todos que têm amor por esse estilo de música. O Pantanal não é só uma questão de música, é uma questão de cultura, de família e alegria, é sobre não deixar morrer a música caipira, sobre lembrar da nossa história. É interessante a gente revisitar esse passado, e a música caipira tem o poder de nos levar para esse lugar”. É assim que o cantor Eduardo Costa resume o seu novo projeto "Pantanal", com 15 faixas e lançamentos divididos em três EPs, com cinco músicas cada. O primeiro já está disponível nas plataformas digitais e em seu canal oficial de vídeo Eduardo lançou "Chega" e "Tocando em Frente".

Apaixonado confesso por música caipira, Eduardo Costa pensou em resgatar algumas "joias" do nosso cancioneiro popular. Logo no primeiro EP dá mostras do irá apresentar aos seus  fãs; "Tocando em Frente", "Chega", "Boiadeiro Errante", "A Vaca Foi Pro Brejo" e a "Dor do Adeus" servem como aperitivo ao banquete que a cultura sertaneja nos oferece.

O projeto nasceu logo após Eduardo lançar o DVD #40tena, gravado durante esse ano, na sua própria casa, onde cumpriu o período de isolamento por conta da pandemia do novo coronavírus. “Depois que lançamos esse DVD, eu percebi que estava faltando música sertaneja, caipira mesmo. Eu tenho o maior orgulho do #40tena, sei da importância que ele teve na vida das pessoas, mas alí a proposta é mais popular, tem guitarra, percussão e teclado, é muito moderno e pensei que agora seria o momento de entregar música caipira de verdade para quem gosta”.

Apenas com essa ideia em mente, Eduardo foi com uma equipe reduzida para o Pantanal, sem nenhum roteiro ou repertório definido. Foram quatro dias de imersão  no santuário da natureza, o Pantanal, tão devastado pelas queimadas deste ano, e mesmo assim ainda é  o lugar mais inspirador que existe,  segundo o próprio Eduardo. "Gravar no Pantanal também foi uma forma de mostrar para as pessoas o quanto temos de preservar este lugar tão mágico", conclui o cantor.

Toda a produção musical e a direção de vídeo é assinada pelo próprio Eduardo. Assim como no #40tena, o cantor foi o responsável por tocar a maior parte dos  instrumentos baixo, bateria, violões (incluindo 12 cordas), violas e percussão, além de produzir todos os arranjos. Virgílio Castilho e Romário Rodrigues foram os dois únicos músicos convidados.

Neste DVD Eduardo Costa foi buscar a essência da música sertaneja, em um ambiente onde a natureza foi a grande inspiradora para o cantor com quase 30 anos de estrada e seis DVD’s lançados. De dentro do Pantanal para os fãs que acompanham o seu trabalho, um show de imagens e músicas caipiras no berço da sua existência. Você pode conferir o primeiro EP em todas as plataformas  digitais https://onerpm.ffm.to/eduardocostapantanal.



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