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sábado, 21 de dezembro de 2024

.: Crítica musical: Juliane Gamboa, quando o jazz encontra a MPB


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Isabela Espindola.

Já está nas plataformas de streaming o álbum  "Jazzwoman"  (Biscoito Fino), que marca a estreia da cantora e compositora Juliane Gamboa. Fortemente influenciada por grandes intérpretes e compositores do samba, da MPB e do jazz, Juliane mistura e atualiza referências, reverberando um pouco de tudo que lhe interessa com um toque jazzístico irresistível.

Em 2022, a cantora e compositora integrou a residência artística MARES, no Oi Futuro. Em 2023, estreou o projeto "Jazzwoman": no ano seguinte, em 2024, foi selecionada para o programa internacional OneBeat (EUA). Seu trabalho vem ganhando o reconhecimento de artistas como Chico César, Angela Ro Ro e Teresa Cristina, além da cantora de blues norte-americana JJ Thames, e segue reverberando nas redes sociais.

Juliane já participou do projeto "Um Café Lá em Casa", do músico Nelson Faria, e foi selecionada para participar da residência "Stop Over 3", em Berlim, em janeiro de 2025, ao lado de grandes artistas da cena do jazz internacional, como Natalie Greffel, Tonina Saputo, Tara Sarter e Kayla Briët.

Por ser filha de pai percussionista, o samba e o pagode foram a trilha sonora da sua primeira infância. Com o passar dos anos, novas informações musicais foram chegando do universo pop e, mais tarde, do jazz. O resultado dessa mescla de influências pode ser conferido nesse álbum Jazzwoman

A narrativa musical reflete sobre a ancestralidade em “Banzo” (Marcos Valle e Odilon Olynto),  com citação de “All Africa”, e “Herança”, de Rômulo Fróes e Alice Coutinho; esbarra na melancolia de “20 anos blues”, clássico de Vitor Martins e Sueli Costa; reafirma a sensualidade em “Eu sou mulher” (Filó Machado e Judith de Souza) e “Paracaê” (Thati Dias); inspira liberdade em “Vozes-mulheres” (Conceição Evaristo) e “Transeunte”, e louva o poder da imaginação radical das mulheres negras em “Sonho Juvenil” (Almir Sant’anna e Guará) e “Solitude (Reimaginada)”(Duke Ellington, Eddie Delange, Irving Mills), homenageando Jovelina Pérola Negra e Billie Holliday,  duas fortes referências para Juliane Gamboa. "Jazzwoman" é um disco para ser ouvido com atenção, pois Juliane Gamboa demonstra um talento raro de interpretação, que expande os horizontes da nossa MPB. 

 "20 Anos Blue"

"Sonho Juvenil"

"Herança"


quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

.: Quadrinista da Marvel e da DC anuncia fantasia biográfica de Elis Regina


O quadrinista Gustavo Duarte está de volta ao mercado editorial brasileiro comum projeto autoral. Ele fechou, nesta semana, uma parceria para levar às principais livrarias do Brasil seu novo projeto em quadrinhos: “Elis!” será lançado pelo Grupo Editorial Record em 2025, ano que será comemorado os 80 anos de nascimento da cantora Elis Regina. O anúncio da parceria entre Gustavo e a Record ocorreu durante o painel realizado durante a CCXP.

João Marcello Bôscolli, produtor musical e filho da cantora, participou do anúncio e do bate-papo sobre o projeto. Gustavo explicou à plateia que a graphic novel mistura ficção e biografia, tendo como personagem central a cantora Elis Regina. “É uma fantasia biográfica que conta histórias da vida da cantora, em uma viagem para um mundo de fantasia, em que uma pequena Elis será levada por um novo amigo”, adianta o autor que trabalha no projeto desde 2020. Ainda no painel, Gustavo e João Marcello anunciaram que o livro terá uma edição especial com um vinil de Elis Regina em parceria com a Gravadora Trama.


Sobre o autor
O cartunista e quadrinista Gustavo Duarte trabalha, desde 2009, com histórias em quadrinhos – ele é responsável por toda a concepção, do roteiro, passando pelo design gráfico até chegar ao desenho final. Seus livros e histórias como “Có!”, “Taxi”, “Birds”, “Monstros!”, entre outras, são encontrados no Brasil, Estados Unidos, Alemanha, França, Bélgica, Suíça, Reino Unido, Argentina, Uruguai e Chile.

Seus trabalhos autorais já renderam nove Troféus HQ Mix. Além dos seus próprios livros, no mercado americano, escreve e desenha para revistas e livros de editoras como DC Comics, Marvel e Dark Horse. Lá, já trabalhou em títulos como “Bizarro”, “Dear Justice League”, “Dear DC Super-Villains”, “DC Silent Tales” (DC Comics), “Guardiões da Galáxia”, “Moon Girland Devil Dinosaur”, “Lockjaw”, Homem-Aranha (Marvel), entre outros.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

.: Entrevista: Simone Mendes reflete sobre a força feminina no sertanejo


Simone Mendes reflete sobre a carreira e a força feminina no sertanejo. Foto: Globo/ Beatriz Damy

Com uma voz marcante e hits que contagiam o Brasil, Simone Mendes é uma das cantoras que participam do projeto "AMIGAS", especial sertanejo que vai ao ar na TV Globo na próxima quarta-feira, dia 18. Apaixonada pelo universo musical e emocionada por fazer parte do show histórico, a cantora fala sobre o contexto da participação feminina na música sertaneja: “Hoje a gente tem mais espaço e visibilidade, e é incrível ver essa crescente participação feminina no gênero. São muitas artistas mostrando a força das mulheres no sertanejo e conquistando o seu lugar de fala”

Na entrevista a seguir, Simone compartilha fases importantes da carreira, revela a expectativa para a apresentação e conta sobre a conexão entre "AMIGAS". O programa tem produção de Daniela Santos e Valesca Campos, direção artística de Raoni Carneiro, direção geral de Celso Bernini, direção de Nídia Aranha e direção de gênero de Joana Thimoteo. O especial vai ao ar na TV Globo no dia 18 de dezembro, logo após a novela "Mania de Você".


Esta é a primeira edição do especial "AMIGAS", um show que desde a década de 1990 celebra a música sertaneja. Como é ser uma das artistas escolhidas para este projeto?  
Simone Mendes - Esse projeto, que começa agora, tem um significado muito especial porque destaca a força da mulher em um gênero que sempre foi muito masculino, mas que, de fato, hoje abraça mulheres talentosíssimas que levam o sertanejo Brasil a fora. Estou muito feliz e emocionada em fazer parte de mais esse capítulo histórico na música.
  

Para você, qual o significado da transmissão de "AMIGAS" para todo o país?  
Simone Mendes - Representa a união e a celebração da força feminina no sertanejo, na música. É uma honra gigante fazer parte de algo que exalta a grandiosidade da mulher no sertanejo, e que homenageia a trajetória de tantos artistas que abriram o caminho para gente. 
  

Conte um pouco da sua história com a música sertaneja. Com que idade e por que decidiu se tornar uma cantora de sertanejo? Que lugar este gênero musical ocupa na sua vida?  
Simone Mendes - A música sertaneja sempre esteve no meu coração, mas minha trajetória começou no forró, como backing vocal, aos 14 anos. Depois, ao lado da minha irmã, tivemos uma longa carreira à frente de outros projetos de grande sucesso. Não foi rápido todo esse processo, mas importante para conseguir cantar o sertanejo que representa a minha essência. 
  

Quais cantoras te inspiram na sua trajetória musical?  
Simone Mendes - Uma das grandes referências foram As Marcianas e as Irmãs Galvão no sertanejo. Tenho grande admiração e respeito por toda a trajetória e força delas, ainda mais em uma época em que os homens prevaleciam. 
  

A mulher está na música sertaneja há muitos, ainda antes de começarem a falar em “Feminejo”. Você é uma das que contribui para esse cenário atualmente, levando músicas ao topo das listas de mais ouvidos nos streamings. Acredita que existe uma crescente da participação feminina na música sertaneja? E qual a importância de falar e dar visibilidade ao trabalho das artistas nesse gênero musical?  
Simone Mendes - Hoje a gente tem mais espaço e visibilidade, e é incrível ver essa crescente participação feminina no gênero. São muitas artistas mostrando a força das mulheres no sertanejo e conquistando o seu lugar de fala. Hoje, podemos cantar sobre bebida, chifre, amor, relacionamentos… E isso que é o mais importante, termos a liberdade de cantar e sermos quem bem entendemos. Sou muito feliz e grata por poder ajudar meus fãs através das minhas músicas e, também, a encorajar outras mulheres a seguir carreira no meio. 
  

⁠Conte um pouco sobre a amizade com Lauana Prado, Maiara e Maraisa e Ana Castela, sobre a relação de vocês dentro e fora dos palcos.  
Simone Mendes - É muito especial com todas elas. Sempre estamos nos apoiando. Ter o amor pela música e pelo sertanejo em comum faz toda a diferença na nossa relação. Eu e a Lauana lançamos a música "Saudade Burra", e temos uma conexão muito genuína. A Ana Castela é uma menina doce, tenho um carinho enorme, e tivemos o privilégio de lançar a música "Não Vai Ver Nunca" juntas. Já com Maiara e Maraisa tenho uma troca de muitos anos, com muito desabafos, risadas, conselhos… eu amo as duas. Cultivamos uma amizade muito especial. 
  

"AMIGAS" será exibido para todo o Brasil na TV Globo, dia 18 de dezembro. Que mensagem e sentimentos você pretende levar ao público com essa apresentação? Fale um pouquinho de repertório, das músicas que vai apresentar. 
Simone Mendes - Eu quero levar ao público muito amor pelo sertanejo, pela música brasileira no geral, que tem um valor imenso, e muita energia positiva. Quanto ao repertório, fizemos questão de escolher a dedo cada música. Então, se preparem, que vai ser uma noite só de grandes sucessos e de muitos encontros musicais que, com certeza, ficarão marcados na história da música sertaneja!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

.: Entrevista com Flavia Couri, da banda The Courettes: um rock pop retrô


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação.

Um som com uma certa roupagem retrô ambientada nos anos 50 e 60, mas que soa ao mesmo tempo contemporâneo no pop atual. Essa é a primeira impressão para quem ouve o som do duo The Courettes, formado por Flavia Couri (guitarras, teclados e vocal) e Martin Couri (bateria e percussão). A dupla mostra influência dos grupos produzidos pelo mítico Phil Spector, o criador do chamado Wall Of Sound, efeito no estúdio que criava uma espécie de muro sonoro preenchendo todos os espaços da gravação. 

Flavia é brasileira e integrou a banda Autoramas antes de se mudar para a Dinamarca e se casar com Martin em sua terra natal (sim, ele é dinamarquês). E a formação do duo acabou acontecendo de uma forma natural, pois ambos tinham o mesmo gosto musical e muita disposição para produzir um som que se identificava com os dois. O resultado disso são os mais de 100 shows por ano pela Europa, Estados Unidos e Japão, cativando um público cada vez maior em várias partes do mundo. Em entrevista para o Resenhando, Flavia conta um pouco sobre a trajetória do duo e como eles encaram o momento atual para o rock. “A cena alternativa é muito grande pelo mundo”.


Resenhando.com - Como foi o inicio de vocês na música?
Flavia Couri - A música sempre me tocou de uma forma muito forte, desde os meus sete anos. Meu primeiro instrumento foi um xilofone de brinquedo, eu tocava o dia inteiro. Eu chorava muitas vezes nas aulas de música na escola, algumas canções me emocionavam tanto, eu nem sabia explicar. Nessa época eu assisti aquelas reprises do show da Tina Turner no Rio na televisão e eu fiquei obcecada com a Tina, penteava o meu cabelo ao contrário para dar volume e ir pra escola parecendo ela. A minha mãe era muito fã da Rita Lee, ela escutava muito lá em casa, e a Rita foi uma das minhas primeiras heroínas roqueiras e role model. Eu comecei a comprar fitas cassete sozinha com uns nove anos e me apaixonei pelos Beatles aos 11. Eu comecei a tocar violão também aos 11 anos, com aquelas revistinhas. Eu achei um violão no armário, meu pai tinha dado de presente à minha mãe, mas ela nunca aprendeu. Logo depois comecei a tocar baixo também, comprei um baixo Finch cópia de Rickenbacker de um primo de uma amiga do colégio, com o dinheiro do lanche que minha mãe me dava e que eu fui juntando por meses. Quando eu cheguei em casa com o baixo (surpresa!), minha mãe achou tão legal a minha dedicação que deu-me um amplificador. Eu nasci nos anos 80, uma época fantástica pro rock no Brasil, explodindo nas rádios FM, a Rádio Fluminense… A MTV chegou ao Brasil quando eu tinha 9 anos, e eu amava tudo e assistia por horas a fio, principalmente o programa Lado B que me apresentou a bandas como The Cramps e Ramones. Eu lembro da primeira vez que eu ouvi “Smells Like Teen Spirit” e pirei, ainda pre-teen. Eu fui no show do Nirvana aos 12 anos no Hollywood Rock e os Ramones aos 13, no Circo Voador. O grunge e depois o movimento riot grrrl e as guitar bands influenciaram muito minha formação, ao mesmo tempo que o meu amor pela música dos anos 60 ia crescendo enquanto eu ouvia e pesquisava muito bandas como o Velvet Underground, Byrds, Troggs, Sonics e Seeds. Comecei a tocar baixo em muitas bandas a partir dos 15 anos, e o The Courettes é a segunda banda onde eu toco guitarra. Apesar de ter começado autodidata, eu estudei música também, anos depois, e fiz um mestrado em baixo na Dinamarca e uma pós em composição. 


Resenhando.com - Como funciona o processo criativo musical do The Courettes? 
Flavia Couri
 - Nos nossos primeiros discos, eu compus todas as músicas sozinha, mas o Martin sempre teve um papel importante dizendo quais idéias eram boas e mereciam ser trabalhadas e quais eu deveria jogar fora. A partir do nosso segundo disco, “We Are The Courettes”, começamos uma parceria com o Søren Christensen, da banda dinamarquesa The Blue Van (que é maravilhosa, por sinal). Ele é um músico incrível e escreveu umas duas músicas conosco nesse disco, no disco seguinte, “Back in Mono”, 12 das 14 músicas. Ele é nosso produtor e parceiro de composição nos álbuns “Back in mono”, “Back in Mono B-Sides & Outtakes” e “The Soul Of… The Fabulous Courettes”.


Resenhando.com - A melodia vem primeiro ou a letra surge antes?
Flavia Couri
 - Sobre o que vem antes, melodia ou letra, não há regra, na verdade. Às vezes a parte musical fica pronta antes, inteira, com acordes e melodia, às vezes até o arranjo, e a gente luta pra escrever uma letra… Outras vezes tenho o conceito da letra, dois ou três versos prontos e a música só vem depois.


Resenhando.com - Como vocês têm avaliado o mercado fonográfico na Europa? As plataformas de streaming realmente estão em evidência ou ainda há mercado para o disco físico?
Flavia Couri
 - Ainda há um mercado bem grande para vinil, e só tem crescido nos últimos anos. Acho que depende muito do tipo de música que o artista faz. Na música pop e no público adolescente creio que o streaming domina quase totalmente. 


Resenhando.com - As plataformas de streaming realmente estão em evidência ou ainda há mercado para o disco físico?
Flavia Couri - No nosso nicho (rock / indie rock / garage rock / Wall of Sound) o público adora vinil, coleciona e compra muito. E compram CDs também, principalmente na Alemanha e no Reino Unido. O The Courettes vende muitos discos, somos a segunda banda que mais vende discos na nossa gravadora, a britânica Damaged Goods Records, com quem assinamos em 2020. Só ficamos atrás do lendário Billy Childish. Com ele não dá pra concorrer!


Resenhando.com - Nos shows ao vivo se apresentam somente os dois integrantes ou vocês contam com mais músicos de apoio?
Flavia Couri
 - Estamos há dez anos tocando ao vivo só nós dois no palco, e foi um longo processo para desenvolver um show eficiente em duo, não só musicalmente mas também o lado da performance, para envolver e entreter o público. Muitos duos tendem a cair na monotonia se o set é longo, então finalmente podemos dizer que criamos um show só com duas pessoas que enche um palco de festival não só a nível sonoro, mas de performance também, e não foi fácil, deu muito trabalho e custou muitos shows para amadurecer, estamos quase chegando na marca de mil shows como The Courettes. Alguns dos truques incluem usar um oitavador e separar o som da guitarra em dois canais ou em dois amplificadores. Temos muito orgulho do show que conseguimos criar através dos anos, só como duo. Dito isso, em 2024 começamos a experimentar com outras formações, para expandir o universo sonoro. Usamos um baixista em alguns shows, e, a partir do lançamento do álbum novo “The Soul Of… The Fabulous Courettes” em setembro, estamos usando backing tracks. Tudo isso agora é uma opção, não uma necessidade. No futuro, estamos abertos a experimentar mais, com backing tracks ou outros músicos, porque a gente sente que não precisa provar nada pra ninguém, a gente se vira como duo, como trio, ou como a gente quiser.

Resenhando.com - O cenário indie rock atual tem aberto espaço para muitas bandas alternativas. Vocês tem conseguido encontrar seu espaço ou ainda há dificuldades?
Flavia Couri
 - O The Courettes encontrou seu espaço e faz cerca de 125 - 150 shows por ano, tocamos por toda a Europa, Reino Unido, Estados Unidos e Japão. A cena alternativa é muito grande pelo mundo, ela sobreviveu a pandemia e ainda há muitos clubes de tamanho médio e um público interessado. Isso é o mais importante, ter um público interessado. Enquanto houver gente interessada em ir a shows, que paga bilhete e compra merchandising, as casas de shows e os festivais vão continuar existindo, vai ter uma cena alternativa paralela ao Live Nation e afins.


Resenhando.com - Vocês citam o lendário produtor Phil Spector como referência. Como o trabalho dele ajudou a nortear a sua proposta de conceito musical?
Flavia Couri
 - O Martin e eu somos muito fãs dos girl groups dos anos 60, até no nome da banda a influência é óbvia. Quando nos conhecemos há 11 anos atrás, no Brasil, e começamos a conversar sobre música, o Martin me disse que ficou ainda mais apaixonado por mim quando eu disse que eu tinha o box set “Back To Mono”, com a obra do Phil Spector. Então a obra de Phil Spector sempre esteve presente. Musicalmente, a influência de Spector no nosso trabalho de estúdio ficou mais nítida no nosso terceiro álbum, “Back in Mono”, onde a proposta foi emular as técnicas de gravação e produção spectorianas para criar o nosso próprio Wall of Sound, o The Courettes´ Wall of Sound. A gente foi bem fundo nessa proposta, construímos nosso próprio estúdio, uma câmara de eco, e gravamos muitos overdubs no álbum. Algumas faixas têm 17 tracks só de guitarras, mais baixo, piano, órgão, violão de 12 cordas, guitarra de 12 cordas, tímpanos, castanholas… Foi uma evolução musical enorme pra gente. Na gravação do primeiro disco, nós queríamos evitar overdubs e gravar o mais orgânico e cru possível, para que não ficasse diferente ao vivo. A partir do segundo álbum, “We Are The Courettes”, eu comecei a gravar também órgão e piano, além de côros e harmonias vocais, mas sempre tendo em vista a versão ao vivo, como as músicas soariam sem os overdubs. Foi com “Back in Mono” que nos permitimos experimentar no estúdio, sem limites e sem preocupações. Decidimos não frear nossa criatividade limitando os arranjos ao que poderíamos tocar ao vivo como duo. Eu tive uma revelação: uma música boa é uma música boa, independente de ser tocada por uma orquestra de 20 músicos ou só no piano ou no violão. Então desde “Back in Mono”, e graças ao Phil Spector, que dividimos o trabalho de estúdio e o ao vivo como duas coisas diferentes, que a gente ama igual. Nosso foco agora é a composição, é escrever músicas cada vez melhores. E depois vemos como essas músicas vão funcionar ao vivo. Às vezes sentimos que é um pouco como se os Beatles tocassem os arranjos de “Sgt. Pepper´ s” ao vivo no Cavern Club, com aquela energia cru e só com os quatro músicos. (Sem querer nos comparam com os Beatles, é claro). E vale repetir que nossa admiração pelo Phil Spector é limitada ao seu trabalho como compositor e produtor, separamos bem o artista da sua vida pessoal. 


Resenhando.com - Como está sendo feita a divulgação do mais recente trabalho de vocês?
Flavia Couri
 - O disco recebeu resenhas incríveis no Reino Unido e na Europa, nas principais revistas de música como Rolling Stone (França), Vive Le Rock, Record Collector, Louder Than War, Shindig!, Vintage Rock e Clash (Reino Unido), Ox (Alemanha)… teve até um artigo no britânico The Guardian. Nós fizemos uma Live Session na lendária Rádio BBC, e também na Radio 3, a maior rádio espanhola. “The Soul Of…” entrou em muitas listas de melhor álbum de 2024, incluindo o site da Rough Trade, Shindig! e Louder than War. A turnê de divulgação começou em setembro, passou pelo Reino Unido, Dinamarca, Espanha e França, non stop, foi uma loucura total, 33 shows em um més e meio! Só agora estamos curtindo umas férias merecidas depois de 124 shows em 2024. Em 2025 vamos voltar à estrada e tocar em muitos festivais pela Europa, EUA e Reino Unido, como o Rebellion (UK), SXSW e Evolution (USA), Kilkenny Roots Festival (Irlanda), Zwarte Cross (Holanda), Folk & Fæstival (Dinamarca), além de shows na Alemanha, Suécia, Finlândia e França. Espero que a turnê passe também no Brasil, estou com muita vontade e saudade de tocar por aí! 

The Courettes - "Want You! Like a Cigarette"

The Courettes - "California"

The Courettes - "Shake!"

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

.: Yohan Kisser deixa a Sioux 66 para seguir na carreira solo


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação.

Seis anos depois de ingressar na Sioux 66, o músico Yohan Kisser anunciou recentemente sua saída do grupo, para se dedicar integralmente a sua carreira solo e outros projetos. Ele segue na divulgação do seu primeiro álbum solo, o elogiado "The Rivals Are Fed and Rested", em que desenvolve uma sonoridade multi-facetada, com influências até da chamada vanguarda paulista, entre outras vertentes musicais.

Por intermédio de sua rede social, Yohan Kisser agradeceu pelos momentos com os membros e amigos do grupo e desejou sucesso a todos. O Sioux 66 segue na finalização do seu quarto álbum, que teve o primeiro single divulgado recentemente, a canção Drive. O projeto, assim como o novo single, terá músicas em inglês, reforçando a proposta de expandir suas fronteiras musicais, explorando novos horizontes.

domingo, 8 de dezembro de 2024

.: Crítica: Bacelar e Morelembaum celebram parceria no CD "Aracati"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação.

Chegou nas plataformas “Aracati”, álbum que reúne o músico, compositor e arranjador Jaques Morelenbaum e o multi-instrumentista, compositor e produtor Ricardo Bacelar. O trabalho na linha instrumental oferece momentos agradáveis para o ouvinte, com resultado acima da média na produção.

Jaques e Ricardo se conheceram em 2022, na gravação do álbum “Andar com Gil”, do qual o músico carioca participou na faixa “Prece”, ao lado de Gilberto Gil. Em novembro do ano passado, gravaram juntos “O meio do mundo”, tema de Bacelar lançado como single. Recentemente, Jaques participou como convidado do álbum “Donato”, de Leila Pinheiro e Ricardo Bacelar.

Arranjador de artistas como Tom Jobim, Caetano Veloso, Marisa Monte, Ryuichi Sakamoto e Sting, entre tantos outros, Jaques Morelenbaum é uma referência internacional em seu instrumento. Ricardo, por sua vez, além de multi instrumentista, cantor e arranjador, vem produzindo, à frente do selo Jasmin Music e do Jasmin Studio, um catálogo com singles e álbuns de artistas como Flávio Ventunini, Leila Pinheiro, Toninho Horta, Roberto Menescal, Fagner, Flora Purim e Airto Moreira, Delia Fischer e Gilberto Gil, Ednardo e Amelinha, privilegiando a boa música brasileira

Além das três parcerias que fizeram juntos em Aracati, o novo álbum traz músicas como “Quando a Noite Vem”, a única cantada do disco (Ricardo Bacelar/Giuliano Eriston); “Falésias” (Ricardo Bacelar /Luciano Raulino), além de temas que Ricardo Bacelar e Jaques Morelenbaum já haviam composto, sozinhos. Para quem curte música instrumental, Aracati é uma ótima pedida. Vale a pena conferir o resultado dessa parceria musical.

"Fogueira"

"Caminhos de Areia"

"Ar Livre"

.: Crítica musical: Boogarins, o rock psicodélico encontra a MPB




Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação.

Formada em 2013 por Benke Ferraz (guitarra e voz), Dinho Almeida (guitarra e voz), Raphael Vaz (baixo, moog e voz) e Ynaiã Benthroldo (bateria e voz), a banda de rock psicodélico Boogarins vem sendo apontada como um dos expoentes do estilo, mesclando elementos de MPB em sua sonoridade.

Cinco anos depois do último disco de inéditas, a banda goiana traz ao mundo seu quinto álbum, “Bacuri”. Concebido entre 2021 e 2024, o trabalho marca um retorno às raízes criativas por ser o primeiro gravado inteiramente em casa desde o primogênito “As Plantas que Curam” (2013). Ao mesmo tempo, é o mais “hi-fi” da discografia do grupo: com texturas, camadas e ideias mais nítidas, traz uma versão lapidada da interessante linguagem que a banda construiu em dez anos de caminhada.

Com produção assinada pela banda e pela engenheira de áudio Alejandra Luciani, o disco foi gravado na casa em que ela, Raphael Vaz e Dinho Almeida moram em São Paulo. Ao optarem por gravar o disco “em casa e com calma”, apresentaram canções e ideias individuais para serem lapidadas de forma coletiva. Dessa vez, os exercícios de experimentação se afastaram dos improvisos lisérgicos para dar lugar a uma estruturação de arranjos focada na energia dos quatro tocando juntos.

O resultado são dez faixas assinadas e compostas por todos os integrantes que unem a força das apresentações ao vivo à inventividade das texturas de pós-produção predominantes nos discos anteriores. Seu primeiro álbum, “As Plantas que Curam” (2013) sintetizou a onda neo-psicodélica e de gravações lo-fi que ganhou fãs por todo o mundo. Gravado de forma totalmente caseira, em 2012, e compartilhado pela própria banda na internet, 

“As Plantas que Curam” floresceu de forma espontânea, fazendo com que a música do grupo alcançasse lugares e pessoas inesperadas e o disco fosse descoberto (e lançado oficialmente) pelo selo nova-iorquino Other Music em outubro de 2013. Em 2014, com pouquíssimas apresentações em solo brasileiro, a banda já saía em uma turnê de mais de 100 shows pela Europa e Estados Unidos, tocando em festivais como SXSW, Primavera Sound e Les Ardentes. "Bacuri" é um daqueles discos que merece ser descoberto pelo grande público.

"Corpo Asa"

"Crescer"

"Chuva dos Olhos"


terça-feira, 3 de dezembro de 2024

.: “Mufasa: O Rei Leão” estreia dia 20 e libera trilha sonora dia 13. Saiba mais!

A trilha sonora apresenta novas músicas originais de Lin-Manuel Miranda, com performances adicionais de Lebo M e trilha original composta por Dave Metzger


Dezembro chegou trazendo a tão aguardada estreia nos cinemas de "Mufasa: O Rei Leão", no próximo dia 20 de dezembro. Para celebrar, um novo featurette chamado "Música de Mufasa" e pôsteres da exposição foram lançados, enquanto a Walt Disney Records anunciou o lançamento da trilha sonora oficial do filme para o dia 13 de dezembro, nas versões de músicas apenas e deluxe. A trilha sonora já está disponível para pre-save.

As músicas originais foram compostas por Lin-Manuel Miranda, vencedor do GRAMMY®, Tony®, Emmy® e homenageado pelo Kennedy Center Honor®, e produzidas por Mark Mancina e Lin-Manuel Miranda, com música e performances adicionais de Lebo M. Miranda, que declarou: “’O Rei Leão’ tem um legado musical incrível, com músicas de alguns dos maiores compositores da história, e estou honrado e orgulhoso de fazer parte disso. Foi uma alegria trabalhar ao lado de Barry Jenkins para dar vida à história de Mufasa. Mal podemos esperar para que o público experimente este filme nos cinemas”.

O álbum foi produzido por Miranda, Mancina e Tom MacDougall, presidente da Walt Disney Music e vencedor do GRAMMY®. A trilha sonora, que estará incluída na versão Deluxe, foi composta por Dave Metzger, vencedor do prêmio Tony®.


Confira a tracklist completa de “Mufasa: O Rei Leão”:

1.    “Ngomso” - Performed by Lebo M

2.    “Milele” - Performed by Anika Noni Rose and Keith David

3.    “I Always Wanted A Brother” - Performed by Braelyn Rankins, Theo Somulo, Aaron Pierre and Kelvin Harrison, Jr.

4.    “Bye Bye” - Performed by Mads Mikkelsen, Joanna Jones and Folake Olowofoyeku

5.    “We Go Together” - Performed by Aaron Pierre, Kelvin Harrison Jr., Tiffany Boone, Preston Nyman and Kagiso Lediga

6.    “Tell Me It’s You” - Performed by Aaron Pierre and Tiffany Boone

7.    “Brother Betrayed” - Performed by Kelvin Harrison Jr.


Os ingressos já estão à venda para "Mufasa: O Rei Leão", filme que explora a improvável ascensão do amado rei das Terras do Reino. Rafiki conta a lenda de Mufasa para a jovem leoa Kiara, filha de Simba e Nala, com Timão e Pumba emprestando seu humor característico. Contada em flashbacks, a história apresenta Mufasa como um filhote órfão, perdido e sozinho, até encontrar Taka, um leão simpático e herdeiro de uma linhagem real. Esse encontro muda o rumo da vida de ambos, levando a uma jornada épica de um grupo extraordinário de desajustados em busca de seus destinos. Seus laços serão testados enquanto trabalham juntos para escapar de um inimigo ameaçador e mortal.

O filme conta com um elenco estelar, incluindo Aaron Pierre, Kelvin Harrison Jr., John Kani, Tiffany Boone, Kagiso Lediga, Preston Nyman, Mads Mikkelsen, Thandiwe Newton, Lennie James, Anika Noni Rose, Keith David, Seth Rogen, Billy Eichner, Donald Glover, Blue Ivy Carter, Braelyn Rankins, Theo Somolu, Folake Olowofoyeku, Joanna Jones, Thuso Mbedu, Sheila Atim, Abdul Salis, Dominique Jennings e Beyoncé Knowles-Carter.

Combinando técnicas de filmagem live-action com imagens geradas por computador de forma fotorrealista, este novo longa-metragem é dirigido por Barry Jenkins, produzido por Adele Romanski & Mark Ceryak e conta com produção executiva de Peter Tobyansen. Com músicas originais do premiado compositor Lin-Manuel Miranda, trilha sonora de Dave Metzger e performances vocais adicionais de Lebo M, "Mufasa: O Rei Leão" estreia exclusivamente nos cinemas em 20 de dezembro de 2024.

Trailer do filme

sábado, 30 de novembro de 2024

.: Crítica musical: Casuarina faz samba de qualidade no álbum "Retrato"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação.

O grupo Casuarina está divulgando o álbum “Retrato”, que está disponível nas plataformas digitais. O trabalho resgata a boa e velha prática da pesquisa de repertório, redescobrindo sucessos esquecidos e pérolas pouco exploradas por seus intérpretes e autores originais.  Agora na formação de trio, o grupo carioca reuniu sambas que marcaram época e foram importantes para cada um  de seus integrantes.

O grupo nasceu em 2001, em meio ao processo de revitalização do bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Foi ali, nos bailes da vida, que o projeto Casuarina teve início, revirando o baú da música popular brasileira. O começo de carreira culminou na gravação do primeiro disco do grupo, “Casuarina” (2005), indicado ao Prêmio da Música Brasileira e ganhador do extinto Prêmio Rival, concedido pela tradicional casa de shows carioca.

Décimo primeiro na discografia do grupo, “Retrato” conta a participação de três convidados: Marina Iris, Péricles e Zeca Pagodinho.  A cantora carioca e o mestre Zeca gravaram dois sambas garimpados pelo trio: “Cataclisma” e “Velhos Tempos”, respectivamente.

 Ícone do samba de São Paulo, Péricles imprimiu o vozeirão e a elegância característicos na versão de “Coração Feliz”, do repertório de Beth Carvalho. “Malandro Sou Eu”, outro clássico gravado pela madrinha do samba, entrou na lista de Rafael Freire e permaneceu no álbum: “Essa música me remete ao final da década de 1990, quando o pagode invadiu a Zona Sul. Passei a frequentar as rodas de samba da região ainda moleque, com 16 anos, ao lado de amigos de colégio que viriam a ser colegas de ofício. Sempre tive vontade de gravá-la”.

 Outro achado de “Retrato” é “Amarguras”, parceria de Zeca Pagodinho e Cláudio Camunguelo, originalmente gravada pelo Fundo de Quintal. “Cem Anos de Liberdade”, clássico samba-enredo da Mangueira, ganhou arranjo delicado, que foge da estética habitual do estilo. Bebendo na fonte de Jovelina Pérola Negra, o Casuarina foi buscar o samba “Catatau”, de aguçada crítica social, além de extremamente atual. Produzido pelo grupo Casuarina, o disco foi gravado, mixado e masterizado por Lucas Ariel nos estúdios da Biscoito Fino. Vai agradar bastante quem curte o samba tradicional.

"Coração Feliz"


"Cataclisma"

"Malandro Sou Eu"

.: Crítica musical: Sioux 66 com o DNA do rock nas veias


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação.

Todos ainda se lembram da icônica participação da banda mineira de Heavy Metal no final do show dos Titãs no Hollywood Rock de 1994, cantando uma versão punk de “Polícia”. Mas quem poderia imaginar que dois filhos de integrantes dessas bandas uniriam forças em um outro grupo de rock paulistano? Pois foi o que aconteceu no caso do Sioux 66, que acaba de divulgar o primeiro single de um álbum que está sendo preparado para ser lançado em 2025.

Os integrantes da Sioux 66 são: Igor Godoi (vocal), Bento Mello (baixo), Yohan Kisser (guitarra) e Gabriel Haddad (bateria). Bento é filho de Branco Mello, membro original dos Titãs, enquanto que Yohan é filho de Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura. Formada em 2011, a Sioux 66 vem conquistando seu espaço nos grandes palcos, incluindo uma performance no Rock in Rio 2022 e já lançou três álbuns de estúdio. Yohan ingressou na banda a partir de 2018, substituindo Mikka Jaxx, que se mudou para os Estados Unidos. Em 2021 eles gravaram uma elogiada versão de O Calibre, dos Paralamas do Sucesso, que acabou entrando na trilha sonora da novela Um Lugar Ao Sol, da TV Globo.

“Drive” é uma parceria com a distribuidora AWAL, do grupo Sony Music. A arte da capa do single é assinada por Gabriel Pow, trazendo uma estética que reflete a intensidade e energia características do som da banda, que de uma certa forma, demonstra uma relação direta com o som das bandas Sepultura e Titãs. No que se refere as mensagens diretas e no som pesado, eles mostram que têm o DNA do rock.

Este lançamento é o primeiro reflexo do que está por vir em seu quarto álbum de estúdio, que contará com composições em inglês e tem previsão de lançamento para janeiro de 2025. Vamos aguardar os próximos passos da Sioux 66.

"Nobody Knows You"

"O Calibre"


sexta-feira, 22 de novembro de 2024

.: Renato Teixeira e Fagner: quando os destinos se encontram


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação.

Raimundo Fagner e Renato Teixeira retomam a parceria no álbum "Destinos", que também está disponível nas plataformas de streaming. Depois de "Naturezas", disco lançado em 2022, a dupla volta a apresentar novas canções e releituras, desta vez, com participações especiais. E o resultado ficou acima da média.

A atriz Isabel Teixeira (filha de Renato Teixeira) interpreta "Magia e Precisão", enquanto Zeca Baleiro empresta sua voz para o tema "O Prazer de Lembrar de Mim". Também participam do disco a cantora Roberta Campos (em "Quando for Amor"), Chico Teixeira, filho de Renato ("Travesseiro e Cafuné"), Evandro Mesquita ("Blues 73") e Roberta Spindel (em "Arde Mas Cura").

Destaques para "Dominguinhos" (um belo tema em homenagem ao saudoso mestre sanfoneiro) e para a canção que abre o disco, "Romaria", clássico de Renato na voz de Fagner. Assinalaria ainda a já citada "Quando For Amor", uma balada no estilo folk, com Fagner e Renato Teixeira unindo forças com a voz doce de Roberta Campos.

A produção musical e os arranjos são assinados por Maurício Novaes. A capa e a arte do disco são de Bento Andreato. Ao final da audição, o ouvinte fica na torcida para a dupla voltar a se reunir para lançar mais um disco.

"Quando For Amor"

"Amor Amar"

"Magia e Precisão"


quarta-feira, 20 de novembro de 2024

.: Crítica musical: Leo Russo, a gente merece escutar


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação.

O cantor e compositor Leo Russo está comemorando 15 anos de carreira em um momento mais do que especial: álbum novo, show novo e a espera do primeiro filho com a esposa Isabella. Chega nas plataformas digitais o álbum “A Gente Merece”, título de uma das faixas. A direção musical ficou a cargo de Alessandro Cardozo, que também assina a direção do show de lançamento no Teatro Rival Petrobras, no dia 3 de dezembro.

Afilhado da saudosa cantora Beth Carvalho e do produtor musical Rildo Hora, Leo Russo começou a frequentar as rodas de samba cariocas aos 11 anos, quando ganhou seu primeiro cavaquinho. Foi então que teve os primeiros contatos com alguns de seus ídolos, Ídolos que, mais tarde, seriam seus parceiros, como Xande de Pilares, Monarco e Moacyr Luz, com quem compôs “Isabella”, faixa do novo álbum.

Do novo álbum, já estão disponíveis no streaming “Isabella” e “João do Méier”, em que Leo Russo homenageia um de seus ídolos de infância: João Nogueira. Esta é uma música só de Leo Russo, mas no álbum há várias feitas com outros parceiros além de Moacyr Luz e Léo Peres, como Fagner, Xande de Pilares, Monarco e Rildo Hora, que também fez alguns arranjos, assim como Alessandro Cardozo e Paulão 7 Cordas.

O fato de ter contato com figuras ilustres do samba deve ter influenciado positivamente na sua formação musical. O disco tem composições bem inspiradas na linha do samba tradicional carioca. E Leo Russo é um ótimo intérprete, com aquela malemolência necessária para todo sambista. A gente merece ouvir esse disco.

"Isabela"

"João do Meier"

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

.: Crítica musical: Laura Finocchiaro, a rainha do underground, está de volta


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação.

A cantora, compositora, multi-instrumentista, arranjadora e produtora Laura Finocchiaro está divulgando seu novo single, “Nossa Parceria”, que chega às plataformas digitais por uma dobradinha do selo Sorte Produções com a distribuidora GRV. A canção nasceu da letra de Jarbas Mariz, enviada para Laura num bilhetinho durante a pandemia da Covid-19, em 2021. O manuscrito só foi resgatado no final do ano passado e, com a colaboração de Jarbas e Daniel Maia, a artista criou a faixa em seu home studio, misturando influências do Sul e do Nordeste do Brasil em uma sonoridade que remete à World Music.

“Eu acredito em parcerias, em sintonia, em trabalho coletivo, em afeto compartilhado. Essa canção tem a ver com esse sentimento pessoal, mas ao mesmo tempo universal. Por isso, essa mistura meio louca de oriente com pegada de reggae”, explica Laura, artista pioneira na combinação da música brasileira com a música eletrônica.

Laura iniciou sua trajetória em Porto Alegre durante os movimentos musicais dos anos 80. Em São Paulo, passou por palcos icônicos como Lira Paulistana e Madame Satã e no programa Fabrica do Som da TV Cultura. Ganhou destaque nacional no Rock in Rio II, abrindo shows de Prince e Santana, quando recebeu o apelido de Rainha do Underground. Atualmente é diretora da Sorte Produções, um selo musical e produtora de áudio.

Se por um lado o momento atual oferece mais perspectivas para quem está iniciando na música, por outro, Laura Finocchiaro acredita que falta mais consistência no que está sendo produzido nos dias atuais. “Sempre tem gente mostrando um trabalho interessante e que merece ser conferido pelo público”.

Esse single marca o início de uma nova fase na sua trajetória artística e serve como uma prévia do relançamento de seu álbum “Ecoglitter” de 1998, que estará disponível digitalmente, pela primeira vez, logo após o lançamento de “Nossa Parceria”.  Agora, com o avanço das plataformas digitais, uma nova geração de ouvintes poderá descobrir esse trabalho que marcou o início de sua fase mais experimental. Laura já produziu trilhas sonoras para filmes, documentários e programas de grande audiência, incluindo “TV Colosso”, “Casa dos Artistas” e “A Fazenda”, consolidando sua importância na música e na produção cultural brasileira. “Todas essas experiências foram importantes para mim”.

"Nossa Parceria"

"Tudo É Amor"



"Vírus"

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

.: Crítica musical: Luana Bayô mostra a força de sua arte com CD "Abebé"


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: José de Hollanda

A cantora e compositora paulistana Luana Bayô está lançando seu mais recente disco, "Abebé", nas plataformas de música. O álbum foi gravado ao vivo com arranjos e direção musical de Liw Ferreira, durante show da artista no Festival Malungo, realizado pela Gravadora Pôr do Som.

 A banda que acompanha Luana Bayô é formada por músicos que também tocam no disco - Liw Ferreira (baixo e bandolim), Helô Ferreira (violão), Nichollas Maia (piano), Matheus Marinho (bateria), Lucas Alakofá e Simone Gonçalves (percussões), à exceção de Valber Oliveira (trombone). O show tem direção cênica e de palco de Rubens Oliveira.

Com nove faixas, o álbum traduz a força e beleza da artista, e conduz o ouvinte a uma conexão com a África e toda sua influência na música popular brasileira, refletindo a ancestralidade e a espiritualidade das culturas negras. Inspirada nas simbologias de Oxum e Yemanjá, Luana dedica sua obra à força do feminino, das Águas e das Yabás, mulheres de liderança no panteão da cultura afro-brasileira.

Luana Bayô cita Clementina de Jesus como uma referência importante em sua formação musical, além da cantora Alcione. “Tive muitas influências, mas essas duas estão em um lugar muito especial. Clementina foi uma das primeiras cantoras a tratar da ancestralidade. E Alcione dispensa comentários. É uma intérprete acima da média, em todo os aspectos”.

Segundo a cantora, “Abebé" (espelho de oxum) mergulha no feminino com músicas que falam das diversas águas que nos habitam e das várias facetas de ser mulher, sobretudo, de ser uma mulher negra. “São canções que me revelam, que trouxeram olhares para minhas diversas nuances como mulher, passando pela minha ancestralidade, naturalmente”.

 O disco abre com duas canções de domínio público (Cantos para Exu e Bombogira e O Sobrado de Mamãe é debaixo d´água). E depois segue na MPB e suas mais variadas vertentes, passando principalmente pelo samba, ritmo com o qual Luana tem uma forte ligação. Dona de uma voz grave e potente, ela também demonstra um timbre aveludado e singular, que passeia com desenvoltura ao interpretar as canções escolhidas para o disco. "Abebé" é um disco que merece ser descoberto pelo público. O show de lançamento acontece na Comedoria do Sesc Pompeia, na Capital Paulista no dia 21 de novembro, quinta-feira, às 21h30 .

"Vento Norte"

"Porto dos Desejos"

"Água Quando Cai do Céu"


.: Clássico, "Luau MTV" retorna com outro nome, L7nnon e Marcelo Falcão


Com exibição na MTV, Pluto TV e YouTube, edição terá Bella Campos, Pedro Scooby e Sarah Oliveira como apresentadores


A MTV e a cerveja Corona acabam de anunciar a data de estreia do "Corona Luau MTV". O aguardado retorno de um dos programas mais icônicos dos anos 2000 - "Luau MTV" - será no dia 12 de dezembro, quinta-feira. A partir das 20h30, o programa estará disponível na Pluto TV (on demand), na MTV e no YouTube da MTV Brasil. O especial de música, que marca a chegada do verão e é baseado no formato criado pelo Grupo Abril, celebra os dez anos de presença de Corona no Brasil no espaço que mais representa a marca: a praia.

Nesta edição especial, gravado em Preá, no Ceará, o "Corona Luau MTV" terá como atração um feat. inédito no cenário musical brasileiro, L7nnon e Marcelo Falcão, e será comandado por Bella Campos. Além disso, contará com Pedro Scooby apresentando bastidores e a participação especial de Sarah Oliveira entrevistando os artistas musicais. O retorno do programa, que já contou com apresentações icônicas de artistas, promete ser lendário (novamente!) e trazer o melhor de um encontro de gerações em um cenário paradisíaco.


Sobre o o "Luau MTV"
Programa icônico dos anos 90 e 2000 criado pela Editora Abril, o "Luau MTV" foi, anualmente, uma celebração a chegada do verão. Durante a estação, a marca reunia nomes da música nacional para tocar a beira mar, no melhor formato acústico com violão e percussão, criando uma atmosfera de celebração e conexão entre artistas e fãs. O cenário tropical, as apresentações e a presença marcante de personalidades da televisão tornaram o Luau MTV um marco na cena cultural brasileira, simbolizando a liberdade e a criatividade do público jovem. A primeira edição foi ao ar em 1997 e o programa, por sua vez, foi apresentado por diversas VJs da casa, na época, como Carla Lamarca, Cuca Lazzarotto, Fernanda Lima e Sarah Oliveira. Dentre os artistas que participaram, ao longo dos anos, estão Ivete Sangalo (1998), Charlie Brown Jr. (1999), Cássia Eller (2002) e Nando Reis (2007). Realizada em 2012, a última edição contou com apresentação da banda Raimundos e foi comandada por Ellen Jabour.


Sobre L7nnon
Cria de Realengo que conquistou o Brasil, L7nnon é um dos rappers em maior evidência na cena. Original, conta suas narrativas sem estereótipos comuns ao gênero e prova sua relevância com números. É o rapper mais ouvido do Brasil no Spotify e o mais seguido no Instagram.


Sobre Marcelo Falcão
Marcelo Falcão ou Jet, é um cantor consagrado e adorado por milhares de pessoas. Em mais de 25 anos de carreira com sua banda O Rappa, e mais de 180 milhões de discos vendidos é considerado uma lenda da música. Marcelo Falcão lançou seu primeiro álbum solo “Viver Mais Leve Que o Ar” em 2019 e desde então vem fazendo um trabalho surpreendente, foram inúmeros shows por todo o Brasil, lives, produções e lançamentos de videoclipes, turnês internacionais com direito a captações para seu documentário, produção de videoclipes e a gravação do seu DVD em Miami, hoje vem se dedicando ao seu segundo álbum solo “Vitória”, que conta com a participação de grandes músicos e artistas de distintas gerações. Mas, para além do que se ouve, Marcelo Falcão também é comportamento. O grande diferencial de Marcelo Falcão sempre foi olhar ao seu redor, dialogar com todos os públicos, entender seus anseios, desejos e vontades.


Sobre Bella Campos
Bella Campos, atriz natural de Cuiabá, fez sua estreia no remake da histórica novela dos anos 90 “Pantanal”, da Rede Globo. Ganhou visibilidade nacional ao interpretar a personagem “Muda” (Rute), que lhe rendeu o Prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Melhores do Ano do “Domingão do Huck”. 

Ainda em 2022, logo após o sucesso como Muda, interpretou “Jenifer” na novela das sete “Vai na fé”, que bateu recordes de audiência. Despontando como uma das melhores atrizes da sua geração, Bella está no elenco principal do longa nacional “Cinco Tipos de Medo”, ainda sem data de estreia, e estará num projeto de grande destaque para sua carreira no primeiro semestre de 2025 na Rede Globo.


Sobre Pedro Scooby
Pedro Henrique Mota Vianna, mais conhecido como Scooby, é um dos principais nomes do surfe de ondas grandes do mundo e pode ser definido como a mistura de um “Rockstar” com um guru espiritual. Nascido no Rio de Janeiro, Pedro alcançou diversos marcos importantes na história do surf de ondas gigantes, como o título de campeão mundial (Fevereiro de 2024) e também títulos de melhor onda do ano.

Além do lado atleta, Pedro tem um lifestyle único, onde já se aventurou desde desfiles e campanhas de moda de renomadas marcas como Hugo Boss e Bulgari, até se posicionar como um comunicador nato, sendo apresentador do programa PodPah Visita, dentro do canal do PodPah e também comentarista de esportes da CazéTv. O lado humano também é uma característica muito marcante no Pedro e isso se refletiu muito esse ano, onde ele foi o percursor do movimento de resgates no Rio Grande do Sul feito pelos surfistas de ondas gigantes.


Sobre Sarah Oliveira
Sarah Oliveira fez história unindo sua paixão por comunicação e música. Estreou nos anos 2000 MTV, comandando o "Disk MTV" e o "Luau MTV". Fez parte do time do Vídeo Show na Globo de 2006 a 2010. Desde 2011 assina a criação de seus programas. No canal GNT, idealizou o “Viva Voz”, o documentário "Na Trilha da Canção" e o programa "Calada Noite”, pelo qual foi indicada ao prêmio de melhor apresentadora de TV, no APCA 2017. Em 2018, lançou a série “O Nosso Amor a Gente Inventa” criada por ela para o Youtube. Em 2020, Sarah ganhou o prêmio WME de melhor comunicadora do ano.

Seu programa musical “Minha Canção”, no ar desde 2017 na rádio Eldorado, no podcast e no YouTube, foi indicado ao APCA em 2022. Sarah ainda ganhou o Prêmio Estadão de Melhor Entrevista, com Marisa Monte, em 2021. Recentemente, estreou o “Bios: Vidas Que Marcaram a Sua”, em comemoração aos 40 anos da banda Titãs. O documentário é apresentado por Sarah e exibido na DisneyPlus e na StarPlus. Neste ano de 2024, estreou a 15 temporada de seu programa "Minha Canção". Vai ao ar na Rádio Eldorado (FM 107,3 - SP), no podcast e no Youtube.

domingo, 3 de novembro de 2024

.: Zeca Baleiro e Wado lançam "Coração Sangrento", álbum de parcerias inéditas


Zeca Baleiro
e Wado liberaram hoje o álbum de parcerias inéditas “Coração Sangrento” (ouça neste link). Produzido pelos artistas com Sérgio Fouad, o álbum reúne uma nova safra de canções, todas compostas por Wado e Baleiro a partir do período da pandemia, quando a parada dos shows deu espaço para novas criações. Wado e Zeca Baleiro lançam ‘Coração Sangrento’ e fazem uma pequena turnê, começando por Maceió, São Paulo e Recife (Wado, crédito Brenda Guerra + Zeca, crédito Necka Ayala)

"Coração Sangrento", por Wado
Muito animado em apresentar “Coração Sangrento”, novo álbum em parceria com Zeca Baleiro. É um disco que morro de orgulho. Nele, reunimos dois punhados de canções inéditas, resultado de um encontro verdadeiro, canções feitas muito no bate bola dos áudios e vídeos trocados por WhatsApp. Essa amizade e a admiração mútuas colocam esse disco num lugar único; paira no ar uma vontade de praticar a canção bonita.

O léxico dos acordes do Brasil, talvez o país de diversidade harmônica mais sofisticado do mundo, está presente aqui neste disco. Embora estes acordes da nossa história venham do burilar do samba e resulte na bossa nova, “Coração Sangrento" não soa como tal. Muito pela produção arejada de Sérgio Fouad, o disco ganha um punch de rock, trazendo ainda mais frescor às composições.

As letras também seguem essa escola da canção bonita brasileira, apresentando uma paleta ampla de temas, mais existencial do que romântico. O álbum trata de pertencimentos, tecnologia, realidade virtual, coletividade e questões morais. É um disco contra o individualismo, mais na onda da construção de algo com menos ego, como num jogo de frescobol, onde o lance é manter a bola no ar.

A canção título, "Coração Sangrento", trata do ímpeto de mergulhar nas coisas que importam. Ela convida todos a viver intensamente, mergulhando nelas sem as redes de contenção. As cordas escritas pelo maestro Pedro Cunha acrescentam uma camada de riqueza sonora que eleva as canções a um outro patamar. Essa é uma das quatro músicas do disco que contém cordas gravadas por um quarteto no estúdio Midas de Rick Bonadio.

É um álbum que se ergue do charco do que é mediano e se coloca forte na cena. Estou numa ansiedade boa de que nossos ouvintes mergulhem nas nuances de “Coração Sangrento”, disco grande que celebra a amizade de dois compositores que se admiram.

A parceria, por Zeca Baleiro
Apesar de no início da minha discografia assinar quase todas as canções sozinho – letra e música -, sempre amei compor em parceria. Fiz música com parceiros os mais diversos, de Hyldon a Fagner, de Arrigo Barnabé a Frejat, de Vicente Barreto a Lô Borges. E falo isso com descarada vaidade, porque me orgulho da diversidade musical com que ergui meu trabalho ao longo dos anos.

Agora é chegada a hora de lançar um disco inteiro ao lado de um querido parceiro, um dos maiores compositores da geração que sucedeu a minha, Wado. Essa parceria se iniciou lá atrás, quando gravei "Era", com melodia dele e letra minha, que fazia alusão ao 11 de setembro e que gravei no álbum duplo "O Coração do Homem-Bomba" (2008).

Depois vieram outras tantas. E agora, depois de 15 anos de amizade, chegamos ao "Coração Sangrento", álbum com canções compostas no início da pandemia e refinadas ao longo dos últimos anos. O disco versa sobre o momento confuso que o mundo atravessa, essa aparente "transição de eras", mas sem esquecer temas eternos como o amor, a amizade e o pertencimento.

São dez canções onde se vê rastros de referências várias, que fizeram nossa cabeça desde a infância até a nossa atuação como músicos profissionais: Trio Mocotó, Clube da Esquina, Paulo Diniz, Pessoal do Ceará e pitadas de rock indie, sempre buscando um invólucro lírico para as canções, buscando fazer jus ao histórico repertório da "grande música brasileira".

Tenho que mencionar que o disco não existiria - não como existe, pelo menos – sem a produção e incrível empenho (e criatividade) de Sergio Fouad, outro parceiro querido e indispensável nessa aventura artística. Wado é um craque, e foi um prazer dividir este álbum com ele. Há algo de muito especial na nossa parceria, uma sintonia cósmica, indecifrável. Chegou a hora de dividi-lo com o público. Evoé, Wado!


Como tudo começou
Eles se conheceram no início dos anos 2000, quando Wado surgiu na cena musical com seu emblemático “Manifesto da Arte Periférica”. “Seu universo estético particular, com melodias líricas e às vezes tomadas de certa estranheza, sua poesia crua e visceral, e seu despudor de passear por muitos mundos musicais, do axé ao samba, do rock à bossa, me chamaram a atenção”, relembra Baleiro. “Eu li numa revista IstoÉ de 2002, estupefato, que Zeca gostava do meu trabalho. A partir disso eu o procurei num show em Maceió e vide nossa verve e paixão por copos e bons assuntos, nos tornamos imediatamente amigos”, completa Wado.

A primeira parceria é de 2002, a primeira gravação é “Era”, lançada por Baleiro em “O coração do Homem-Bomba Vol.2” (2007), e de lá pra cá fizeram outras tantas canções, apresentações conjuntas e feats. O primeiro single do álbum juntos, “Dia de Sol", chegou nas plataformas digitais dia 20 de setembro deste ano (2024) e “Alma Turva” foi liberado em 11 de outubro. Agora, lançam “Coração Sangrento” dia  1º de novembro e fazem uma pequena turnê de lançamento, que começa por Maceió (23 de novembro, Teatro Gustavo Leite), São Paulo (7 de dezembro, Bona Casa de Música) e Recife (13 de dezembro, Teatro do Parque).


"Coração Sangrento" | Wado + Zeca Baleiro

1 - "Coração Sangrento"
2 - "Carrossel do Tempo"
3 - "Avatar"
4 - "Dia de Sol"
5 - "Incêndios"
6 - "Congelou"
7 - "Quebra-mar"
8 - "Alma Turva"
9 - "Zaratustra"
10 - "Amores e Celulares"


Produzido por Sergio Fouad
Coproduzido por Wado e Zeca Baleiro
Arranjos de cordas por Pedro Cunha
Arranjos de base por Sérgio Fouad, Jair Donato, Wado, Zeca Baleiro, com colaboração dos músicos
Gravado nos estúdios Donamix (Maceió), Al Gazarra e Midas Estúdio (São Paulo) e SoundPie (São Carlos/SP) por Jair Donato, Sergio Fouad e Zeca Baleiro
Mixado por Sérgio Fouad no Estúdio SoundPie
Masterizado por Sergio Fouad e Gabriel Galindo no Midas Estúdio
Confira o encarte digital: https://tinyurl.com/EncarteCoracaoSangrento
Ilustrações: Moisés Crivelaro
Projeto gráfico: Andrea Pedro
Lançamento Saravá Discos | Distribuição ONErpm

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

.: Crítica musical: "Amorosa" mostra Paula Toller ao vivo e sem surpresas


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

A cantora e compositora Paula Toller lançou o CD "Amorosa Ao Vivo" comemorando seus 40 anos de carreira. Um trabalho que registra um dos shows da turnê revisitando antigos hits com algumas novidades nos arranjos daquele pop radiofônico inspirado no movimento new wave dos anos 80. Não faltaram os hits da época da sua antiga banda, Kid Abelha. Pouco se nota do material que ela lançou em carreira solo, que acabou sendo eclipsado pelos velhos hits. E cá entre nós, era isso que o público queria ouvir mesmo no show.

O repertório incluiu um tributo à Rita Lee, com a interpretação de "Agora Só Falta Você". E uma releitura de Nada Por Mim em ritmo bossa nova com participação do veterano Roberto Menescal. Paula Toller divide o vocal de "Na Rua, na Chuva, na Fazenda" com Fernanda Abreu, e de "Nada Sei", com Luiza Sonza. Sozinha canta canções como "Lágrimas e Chuva", "Educação Sentimental II", "Como Eu Quero" e "Amanhã É 23", entre outros sucessos dos anos 80 e 90.

Um dos melhores momentos é a releitura de "Não Vou Ficar", do síndico Tim Maia, com um arranjo interessante (em ritmo de samba rock) e uma interpretação firme da cantora. O dueto com Fernanda Abreu também ficou ótimo. E é preciso destacar também a  competente banda de apoio da cantora, que conta com o experiente produtor musical Liminha no violão acústico e guitarra.

"Amorosa Ao Vivo" pode até parecer algo previsível, sem muitas surpresas para o ouvinte. Mas é fato que ainda tem momentos interessantes para quem deseja relembrar os divertidos anos 80, quando ouvíamos um pop comercial made in Brazil, feito sob medida para tocar nas rádios.

"Educação Sentimental"

"Não Vou Ficar"

"Agora Só Falta Você"

"Na Rua, na Chuva, na Fazenda"

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

.: Vídeos: Lady Gaga lança sessão dupla com “Disease” e “Die With A Smile”


Ganhadora de 13 prêmios GRAMMY®, Lady Gaga lançou hoje uma “sessão dupla” de vídeos musicais, revelando o clipe de “Disease”,  primeiro single de seu próximo álbum (carinhosamente apelidado “LG7”), com lançamento previsto para fevereiro de 2025, e o vídeo de “Die With A Smile (Live in Las Vegas)”.

Ousado e visualmente impressionante, o vídeo de “Disease” explora de maneira artística o desafio  de confrontar o próprio caos, captando a vontade de persistir e abraçar lados assombrosos, mas inescapáveis de nós mesmos — algo que Lady Gaga dividiu com os fãs em recente post nas mídias sociais. Assista ao vídeo, dirigido por Tanu Muino.

Registro de uma versão ao vivo gravada com Bruno Mars no Dolby Live no Park MGM, o vídeo “Die With A Smile (Live in Las Vegas)”, já pode ser assistido.  Download de “Die With A Smile (Live in Las Vegas)”: https://gagamars.lnk.to/DWASLive?

“Disease” foi lançada na sexta-feira, 25 de outubro, e recebeu ótimas críticas da crítica e dos fãs, com a “HARPER'S BAZAAR” elogiando a música como “um clássico de Gaga, no melhor sentido” e a “COSMOPOLITAN” chamando-a de “instantaneamente icônica”. A BBC celebrou seu som “sombrio, deslumbrantemente maximalista”, lembrando os ouvintes do estilo “cativante e esquisito” característico de Gaga, enquanto a “CLASH” observou sua “energia punk”, citando “o refrão matador” entre os melhores da cantora. O CONSEQUENCE destacou a “garra” de Gaga e o “falsete sinistro” da música, que lembra seus primeiros trabalhos, e o “THE INDEPENDENT” a aclamou como “a melhor música dela em muito tempo”, descrevendo-a como uma “dose potente de eletropop sombrio”. O “GUARDIAN” destacou seus “sintetizadores efervescentes e distorcidos” e sua “batida forte e levemente industrial”, dizendo que ela “evoca lembranças da Gaga do final dos anos 2000”, enquanto a “ROLLING STONE ‘destacou sua “linha de sintetizadores cavernosos”, elogiando a música por seu “refrão clássico de gritar junto com Gaga”.

Marcando seu tão aguardado retorno ao pop, “LG7” seguirá o lançamento de “Harlequin”, um álbum conceitual que acompanhou o filme “Coringa: Delírio a Dois”. “Harlequin”, que estreou em primeiro lugar na parada jazz da Billboard e entre os 20 primeiros na Billboard 200, foi elogiado pelos críticos. A “ROLLING STONE” o descreveu como “álbum luxuriante de swing jazzístico, em sua maioria standards,no ponto ideal”, enquanto “THE NEW YORK TIMES” comentou que “Gaga é capaz de mandar bem numa canção teatral sem fazer a menor força, e aqui ela traz uma energia nova para 'The Joker' ao vesti-la numa espécie de arranjo de ópera rock, completo com guitarra elétrica e um rosnado punk na voz”. O “USA TODAY” considerou o álbum “facilmente um de seus melhores momentos em disco”, observando que “é impossível ouvir ‘Harlequin’ e não aumentar o respeito pela cantora/atriz”.

Lady Gaga segue reinando na Billboard Global 200 com seu grande sucesso “Die With a Smile”, que ficou no topo da parada por oito semanas consecutivas após seu lançamento, o #1 mais duradouro da Global 200 este ano. A música acumulou 1,06 bilhão de streams globais em todas as plataformas digitais desde o seu lançamento e já foi reconhecida com certificado de Diamante no Brasil. Atualmente o terceiro artista mais ouvido do mundo no Spotify, Lady Gaga atingiu há pouco um novo pico de 110 milhões de ouvintes mensais, o que a torna um dos quatro únicos artistas da história a ultrapassar esse marco.

Disease

Die With A Smile

terça-feira, 29 de outubro de 2024

.: Mauro Hector: "Keep On" é música instrumental de qualidade


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

"Keep On" é o quinto álbum solo do guitarrista e compositor Mauro Hector. Um trabalho que mostra suas principais influências e seu amadurecimento como músico solista. Os estilos blues rock, fusion e country predominam na maior parte das faixas, sempre muito bem executadas e produzidas.

Neste disco participam Caio Pamplona no contrabaixo e Igor Willcox na bateria, que ficou responsável pela gravação, mixagem e masterização realizadas no Bunker 52 Studio, em São Paulo. Os dois músicos, aliás, foram fundamentais para dar suporte ao solista Mauro Hector, formando uma cozinha rítmica poderosa.

O álbum começou a ser gravado no início de 2023. São dez faixas com repertório autoral e instrumental, percorrendo estilos como blues rock, jazz, fusion, rock e country. A faixa "Mr. Collins" faz uma homenagem ao guitarrista Albert Collins com uma levada de funk "Blues". Já "At Home" é um country bem animado com influência de Albert Lee, outro músico lendário. A faixa "Left Hand" é um tema que segue o estilo jazz fusion. "Black Strat" é dedicada à guitarra Fender Stratocaster Preta que acompanha Mauro Hector em todos os álbuns e shows. A faixa "Blues for Trower" é um blues dedicado ao lendário guitarrista Robin Trower. E a faixa "Yellow", em estilo jazz fusion, foi composto inspirado no grupo Yellowjackets.

Desnecessário comentar a performance de Mauro Hector como solista. Desde o primeiro álbum, "Sonoridades", ele sempre provou ser o músico talentoso que é. Poderia citar as faixas "Blues For Trower" e "Left Hand" como momentos marcantes. Porém o disco todo merece ser conferido, principalmente se você gostar de música instrumental tocada por quem entende do assunto.

"Left Hand"

"Mr. Collins"

"Keep On"

sábado, 26 de outubro de 2024

.: Entrevista com a escritora Claudia Schroeder, a poesia que veio do Sul

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Claudia Schroeder está com novo livro, “Gatos Falando Alemão”, o quarto de sua carreira. A autora gaúcha reuniu 51 poemas que falam do cotidiano, mas o erotismo continua presente, sempre de forma direta, sem rodeios, mostrando os tantos lados das questões humanas. Estão lá temas como a maternidade, a angústia, a felicidade. Os poemas são numerados e o título do livro vem de um dos textos, que conta a história de uma mãe manipulada pela filha. Com uma produção editorial constante e incentivada pelo amigo escritor Pedro Gonzaga - que assina a apresentação -, ela reuniu alguns textos e enviou para o edital da Isto Edições, que já conhecia o seu trabalho e decidiu lançar a obra tendo Claudia como autora convidada.  Além de Pedro, o livro conta também com um texto da escritora Martha Medeiros na quarta capa.

Claudia Schroeder nasceu em 1973, em Santo Ângelo, Rio Grande do Sul. Estrategista criativa, cria conversas e palestras sobre temas femininos abordados em sua literatura. Foi premiada com o 2º lugar no Concurso Nacional de Poesia Helena Kolody com o poema “Jantar”, que acabou sendo publicado na coletânea portuguesa “A Poesia é para Comer” (editora Babel), ao lado de nomes como Hilda Hilst e Chico Buarque de Holanda. Além desse trabalho atual, ela teve outros três livros publicados: “Leia-me toda” (Dublinense, 2010) - que conquistou o terceiro lugar no Prêmio Biblioteca Nacional e, por ter a capa em braille, chegou a ser finalista do Prêmio Açorianos de Literatura -, “As partes nuas” (Francisco Alves, 2021) - finalista do Prêmio Ages e Academia Rio-Grandenses de Letras -; e “As línguas são para outras coisas” (Taverna, 2022).

Em entrevista para o Resenhando, ela conta sobre suas influências no início da carreira e comenta sobre o momento atual do mercado literário. “A rede social ampliou o acesso do público para obras de poesia”.


Resenhando.com – Como foi seu início na Literatura e quais foram suas principais influências?

Claudia Schroeder – Eu comecei muito cedo. Escrevi minha primeira poesia quando tinha nove anos. Nessa época acompanhava meu pai, que recebia os amigos para tocar música em casa. Tive acesso às obras de Cartola, Tom Jobim e outros nomes conhecidos da MPB, além das canções que meu pai e seus amigos compunham e cantavam. Desde então, no início, já adolescente, tive contato com a obra de Mário Quintana e me apaixonei pelo estilo dele. As escritoras Fernanda Young e Adélia Prado foram outras referências importantes para mim. Hoje em dia passei a ter contato com a obra de vários autores internacionais contemporâneos que admiro muito.


Resenhando.com – Nesse seu quarto livro, o erotismo é notado na sua obra. Como foi que você passou a incorporar esse tema nas poesias?

Claudia Schroeder – Na verdade vem desde o início, quando eu decidi ser escritora. Porque achava que o tema (erotismo) ainda era visto como um tabu pela sociedade. Hoje em dia ele já é visto de uma forma diferente. Acho que o fato de minha obra ser objetiva e direta ajudou o público a compreender melhor o tema, sem criar falsas expectativas.


Resenhando.com – Como você avalia o mercado literário na atualidade?

Claudia Schroeder – No campo da poesia ainda há muito o que avançar. Penso que a rede social, de uma certa forma, foi positiva para a poesia. Temos vários autores divulgando seus trabalhos por intermédio da rede social. Facilitou o acesso do público, porque na poesia o texto é mais curto do que o de uma obra de prosa, por exemplo. Mas acho que as redes de ensino poderiam incorporar o tema poesia de uma forma mais efetiva, porque há uma ampla gama de possibilidades que pode ser explorada pelos educadores. Enfim, acho que podemos avançar ainda mais.

livro, “Gatos falando alemão”, de Claudia Schroeder está disponível aqui: https://amzn.to/4fnvAC1

As línguas são para outras coisas


Poema do livro "As línguas são para outras coisas" por Ana Beatriz Nogueira



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