Como sentiram e se emocionaram os indivíduos e sociedades do passado? Em "História das Sensibilidades", lançado pela editora Unesp, os autores Alain Corbin e Hervé Mazurel mergulham em uma complexa investigação sobre a vida emocional ao longo dos séculos, revelando como cada época moldou de forma única as percepções, os desejos e as emoções humanas. Explorando a ideia de que sentimentos e formas de afeto variam de acordo com o contexto social e histórico, o livro desafia a tentação de projetar no passado as sensibilidades do presente, propondo uma história que compreende o “como” e o “por quê” de cada tempo. A tradução é de Mariana Echalar.
Mazurel sublinha que a tarefa da história das sensibilidades não é apenas registrar emoções, mas desvendar como as sociedades estabeleceram laços e se relacionaram com o mundo e com o outro. Segundo ele, isso envolve o esforço de recuperar formas de presença e modos de sentir que hoje se perderam, resgatando os sentimentos como ferramentas para interpretar o passado. Para os autores, compreender o impacto das emoções nas relações sociais é vital, pois revela o quanto nossas próprias formas de sentir são produtos de construções culturais e temporais, e não de uma natureza imutável.
Os ensaios coligidos no livro levam o leitor a refletir sobre temas como as interações entre corpo e mente e as fronteiras entre natureza e cultura. Neste sentido, os autores conduzem uma análise rica e variada de “culturas sensíveis” e “regimes afetivos” do passado, e mostram como esses elementos afetivos constituem camadas essenciais da vida social e coletiva. A partir de exemplos históricos localizados, o livro ilustra como essas sensibilidades específicas de cada época não só moldaram o comportamento dos indivíduos, mas também influenciaram a própria estrutura das sociedades.
"História das Sensibilidades" se torna, assim, um convite a explorar as emoções como parte fundamental do tecido histórico e cultural. Corbin e Mazurel sugerem que a compreensão da história humana está intimamente ligada ao reconhecimento da importância das emoções como indicadores da experiência coletiva e individual. Ao desvendar esses traços sensíveis de outras épocas, o livro oferece uma nova lente para o presente, permitindo uma leitura mais profunda da maneira como as emoções ajudam a construir nossas identidades e nossos mundos.
“Essa história, é claro, não se faz sem dificuldades metodológicas. Pois também é importante avaliar nas fontes o peso dos códigos narrativos, dos meios retóricos em uso e dos silêncios impostos. Salvo confusão com o não dito e o não sentido, tudo isso torna delicada às vezes a identificação do que surge, visto que o(a) historiador(a) não é sempre capaz de captar se a inovação detectada reflete uma transformação profunda da gama de emoções ou apenas uma invenção de novos modos retóricos”, anota Mazurel. “Se, como vemos, a história do sensível propõe um espaço de investigações das mais legítimas e possibilita uma leitura completamente diferente do social, apoiada numa abordagem relacional, compreensiva e construtivista, convém nunca perder de vista, no entanto, que ela continua sendo, antes de tudo, um modo de conhecimento indiciário, no sentido dado por Carlo Ginzburg, e, para os(as) historiares(as), continua sendo uma espécie de território limite.”
Sobre os autores
Alain Corbin, historiador de renome mundial, é professor emérito da Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Eminente especialista do século XIX, é pioneiro no campo da história do corpo, das sensibilidades e das representações.
Hervé Mazurel é professor-doutor na Universidade de Borgonha, especialista na Europa romântica, historiador dos afetos e do imaginário. Garanta o seu exemplar de "História das Sensibilidades" neste link.
Ficha técnica
Livro "História das Sensibilidades"
Autores: Alain Corbin e Hervé Mazurel
Tradução: Mariana Echalar
Número de páginas: 119
Formato: 13,7 x 21 cm
ISBN: 978-65-5711-243-4
Editora: Unesp
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