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sábado, 5 de outubro de 2024

.: Crítica: musical "Legalmente Loira" coloca o dedo nas feridas da sociedade


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. Foto: Andreia Machado.

Com mais duas apresentações no Teatro Claro Mais SP, o musical "Legalmente Loira" é a maior surpresa do ano. Longe de ser panfletário ou didático, o espetáculo aborda de maneira leve temas pertinentes à realidade das mulheres e conduz o público a uma história cheia de camadas. Elle Woods não é somente a "loira legal" que marcou o cinema em 2001. Curiosamente, 23 anos depois os temas abordados no filme continuam atuais, diante de um mundo que retrocedeu no campo das ideias. 

No palco, defendendo o papel que levou Reese Witherspoon, ao estrelato, Myra Ruiz, que havia acabado de sair da sra. Wormwood em "Matilda", aparece diferente de todas as personagens que já interpretou e acrescenta um toque todo especial ao emblemático papel da loira inteligente que é subestimada por ser bonita. Ela distribui carisma, feminilidade e senso de humor em uma atuação memorável. Para os desavisados, é preciso dizer que "Legalmente Loira - O Musical ", com direção geral de John Stefaniuk e direção musical de Andréia Vitfer, não é apenas bom entretenimento. Esteticamente lindo, o espetáculo também é profundo, sensível e mágico.

Passam pela personagem tudo o que uma mulher nos dias de hoje precisa enfrentar, desde o assédio no ambiente de trabalho até a necessidade de se impor e se colocar à prova o tempo todo para conquistar o respeito dos outros, até mesmo de outras mulheres. É um espetáculo ancorado na figura de três figuras femininas fortes. Na pele da personagem icônica, Myra aparenta estar se divertindo nesse que é mais um grande momento na carreira. Ela vem marcando a história do teatro musical e lembra a trajetória de Kiara Sasso, atriz que nos anos 2000, com muita elegância, protagonizou montagens históricas de "A Bela e a Fera" (2002/2003), "O Fantasma da Ópera" (2005/2006), "A Noviça Rebelde" (2008/2009), "Jekyll & Hyde, o Médico e o Monstro" (2010) e "Mamma Mia!" (2010/2011).

Gigi Debei, com uma Vivienne Kensington brilhante, é o contraponto de Elle Woods no espetáculo. Desde a montagem memorável de "Heathers" no Teatro Viradalata (crítica neste link), a atriz vem se destacando com atuações marcantes. Esther Arieiv, que substituiu Leilah Moreno no papel de Paulette Bonafonté na apresentação que assistimos, entrega dignidade. Hypolyto, na pele de Emmett Forrest, vem como uma promessa no musical que ainda rende boas atuações de Fábio Galvão, como Warner Huntington III e Danilo Moura, como o professor Callahan. De tão leve, o espetáculo coloca o dedo nas feridas da sociedade sem assustar.


Elenco completo de "Legalmente Loira - O Musical"
Myra Ruiz - Elle Woods
Renan Rosiq - Warner Huntington III
Hipólyto - Emmett Forrest
Leilah Moreno - Paulette Bonafonté
Danilo Moura - Professor Callahan
Gigi Debei - Vivienne Kensington
Amanda Döring - Brooke Wyndham
Giselle Alfano - Ensemble 
Thaiane Chuvas - Ensemble
Gabriela Gatti - Ensemble
Mariana Ramires - Ensemble
Vinnycias - Ensemble
Lara Gomes - Ensemble
Esther Arieiv - Ensemble
Vivian Bugno - Ensemble
Bia Vasconcellos - Ensemble
Paulo Grossi - Ensemble
Fábio Galvão - Ensemble
Rafael Pucca - Ensemble
Danilo Martho - Ensemble
Vitor Loschiavo - Ensemble
Ricke Hadachi - Ensemble
Nina Sato - Swing e Dance Captain
André Ximenes - Swing
Andreina Szoboszlai - Swing


Equipe criativa de "Legalmente Loira - O Musical"
Direção geral: John Stefaniuk
Direção musical: Andréia Vitfer
Cenário: Duda Arruk
Figurino: Ligia Rocha, Marco Pacheco e Jemima Tuany
Coreografia: Floriano Nogueira
Design de som: Gabriel D'Angelo
Design de luz: Guilherme Paterno
Design de perucas: Feliciano San Roman
Design de maquiagem: Cris Tákkahashi
Versão brasileira: Victor Mühlethaler
Produtor: Baccic


Serviço
"Legalmente Loira - O Musical"
Até dia 6 de outubro de 2024
Local: Teatro Claro SP – Shopping Vila Olímpia - R. Olimpíadas, 360 - Vila Olímpia / São Paulo
Gênero: Teatro Musical
Local: Teatro Claro SP – Shopping Vila Olímpia


Sessões de "Legalmente Loira - O Musical"
Quarta-feira, 19h30
Quinta-feira, 19h30
Sexta-feira, 19h30
Sábado, 15h00
Sábado, 19h30
Domingo, 15h00
Domingo, 19h30
Endereço: R. Olimpíadas, 360 - Vila Olímpia, São Paulo - SP, 04551-000
Capacidade: 801 pessoas
Classificação Etária: Livre. Menores de 12 anos devem estar acompanhados dos pais e/ou responsáveis legais. A determinação da classificação etária poderá a qualquer momento ser alterada pelo Juiz de Direito da Vara da Infância e Juventude da Comarca de São Paulo - SP.
Duração do espetáculo: 150 minutos com 15 minutos de intervalo
Ingressos de R$19,80 a R$370,00
A programação do Teatro Claro mais SP conta com acessibilidade física e de conteúdo.


Bilheteria on-line
Garanta seu ingresso em: https://uhuu.com 


Bilheteria física – sem taxa de conveniência
Bilheteria aberta das 10h às 22h de segunda a sábado e das 12h às 20h domingos e feriados.
Local: Shopping Vila Olímpia - R. Olimpíadas, 360 - Vila Olímpia, São Paulo - SP, 04551-000 - 1 Piso - Acesso A
Telefone: (11) 3448-5061

domingo, 15 de setembro de 2024

.: Crítica: "Querido Evan Hansen": as mentiras piedosas em musical sensível


Produzido pela Estamos Aqui Produções, de “A Cor Púrpura”, e Touché Entretenimento, de “Beetlejuice”, o espetáculo vencedor de 6 Prêmios Tony chega ao Brasil para, além de entreter, sensibilizar e apoiar a saúde mental dos jovens. Gab Lara é Evan Hansen em "Querido Evan Hansen" | Foto: Carlos Costa

Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Evan Hansen é, talvez, o personagem mais controverso dos musicais lançados na Broadway. Certeza, no entanto, é que ele é o mais abnegado de todos. No musical "Querido Evan Hansen", em cartaz até dia 22 no Teatro Liberdade, defendido pelo talento de Gab Lara - o personagem brilha em cada apresentação, tudo pela entrega do intérprete - que tem a maturidade e as nuances certas para cada passo do personagem. É correto afirmar, também, que o Brasil encontrou o ator ideal para defender personagem tão emblemático. Tudo em Gabs grita Evan Hansen e a sua voz afinada, e os seus olhos de mar, transmitem pureza a um personagem que, de tão politicamente incorreto, também é o mais humano de todos os que o público está habituado.

A abnegação vem do fato de Evan Hansen mentir o tempo todo para proteger os outros de uma realidade duríssima. E esse desprendimento, a partir de "mentiras piedosas" que ele distribui à torto e à direita durante todo o espetáculo, fazem do personagem alguém que mata a si próprio por dentro para agradar os outros. Ele abre mão do que ele é para dizerem o que as pessoas querem ouvir - o problema é começar a se beneficiar, e a gostar disso. 

Versão brasileira da Estamos Aqui Produções e Touché Entretenimento, "Querido Evan Hansen", que faz barulho no mundo inteiro, já pode ser considerado um clássico contemporâneo, tendo em vista que é composto por alguns elementos que fazem a cabeça da juventude moderna - a viralização pela internet que tira alguém do completo anonimato para alçar a fama e realizar grandes feitos é tudo o que a maioria almeja e é experimentado por Evan Hansen, o que pode gerar identificação com ele. 

Do outro lado da história, está Vanessa Gerbelli, intérprete da mãe do protagonista. Ela é destaque absoluto no espetáculo e, ao mesmo tempo, um chamariz. Rosto conhecido nas telenovelas brasileiras, ela surpreende ao público ao misturar o carisma de uma personagem que tem dilemas reais, e uma voz cristalina. Thati Lopes, mais conhecida pela comédia, surpreende em um papel dramático. Além de convencer como uma adolescente que busca recomeçar após uma situação de luto, também entrega uma bela voz afinada e, ao mesmo tempo, desconcertante. 

Hugo Bonemer empresta seu talento ao personagem que é a chave de tudo o que acontece na trama. É a partir da história dele que a história avança e tê-lo em qualquer espetáculo é, hoje, uma espécie de selo de qualidade. Sobre a direção delicada de Tadeu Aguiar, capaz de abordar com certa leveza um tema tão perene e indigesto, "Querido Evan Hansen" vai crescendo sustentado por grandes interpretações. Gui Figueiredo e Tati Christine dão leveza ao espetáculo e rendem bons momentos. Mouhamed Harfouch e Flávia Santana adicionam drama na medida certa na tarefa árdua de interpretar pais que perderam um filho. 

"Querido Evan Hansen" é daquelas obras em que tudo colabora para que seja inesquecível. Das músicas à escalação do elenco, dos cenários à orquestra ao vivo, o espetáculo faz refletir sobre o peso das escolhas que são assumidas pelo caminho e a importância de ser genuíno consigo mesmo e com os outros. Também aponta para saídas mais verdadeiras, como mudar de ideia no meio do percurso.



Ficha técnica
Musical "Querido Evan Hansen"
Elenco: Gab Lara, Vannessa Gerbelli, Mouhamed Harfouch, Flavia Santana, Hugo Bonemer, Thati Lopes, Gui Figueiredo e Tati Christine.
Produzido por Estamos Aqui Produções e Touché Entretenimento
Concepção, tradução e direção original: Tadeu Aguiar
Produção geral: Renata Borges Pimenta e Eduardo Bakr
Direção musical: Liliane Secco
Direção de movimento e Coreografias: Suely Guerra
Cenografia: Natália Lana
Figurinos: Ney Madeira e Dani Vidal
Design de luz: Dani Sanchez
Design de som: Gabriel D’Angelo
Conteúdo e imagens: Agência Control+
Assessoria de imprensa: GPress Comunicação > Grazy Pisacane


Serviço
Musical "Querido Evan Hansen"
Teatro Liberdade - R. São Joaquim, 129, São Paulo - São Paulo
Até dia 22 de setembro
Sessões: às sextas-feiras, às 21h00, sábados, às 16h00 e às 20h00, domingos, às 16h00
Valor: R$ 60,00 e R$ 280,00
Vendas: Site Sympla (com taxa de conveniência) | Bilheteria do Teatro
Duração: 2h30min (com intervalo de 15min)
Gênero: Musical
Classificação: 14 anos
*Desconto 35%: Obtenha 35% de desconto no ingresso inteiro ao preencher o formulário durante o processo de compra.
Obs: Para comprar mais de um ingresso nessa modalidade, basta preencher um formulário por ingresso conforme será solicitado. Desconto disponível para todos os públicos.
*Clientes Glesp:  Clientes Glesp tem 25% de desconto nos ingressos inteiros mediante a aplicação do cupom, limitado a 4 ingressos por cupom. Válido para todos os setores.


Horário de funcionamento de bilheteria
Atendimento presencial: de terça à sábado das 13h00 às 19h00. Domingos e feriados apenas em dias de espetáculos até o início da apresentação.


domingo, 1 de setembro de 2024

.: Crítica: musical "Priscilla, A Rainha do Deserto" é um sopro de liberdade

Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. Na imagem, Reynaldo Gianecchini, teatro, Teatro Bradesco, Verónica Valenttino e Wallie Ruy no sucesso mundial nos palcos e no cinema. Foto: Pedro Dimitrow / Divulgação: @Priscillaratnhadodesertobr

O último dia do musical "Priscilla, A Rainha do Deserto - O Musical da Broadway", em cartaz neste domingo, dia 1° de setembro, no Teatro Bradesco, marca também a passagem de um espetáculo que marcou época e será lembrado por gerações. O espetáculo é um sopro de liberdade em meio a um país que retrocede para o conservadorismo da boca pra fora - aquele de gente que critica nos outros o que faz de pior às escondidas. Para os artistas que se apresentam no palco, sib a direção precisa de Stephan Elliott, simbolizam aspectos diferentes. Se para cada personagem que atravessa o deserto à bordo do ônibus Priscila há uma motivação, para os artistas o espetáculo é a materialização de muitas coisas.

Para Reynaldo Gianecchini, representa a libertação de alguém que fez inúmeros galãs nas telenovelas brasileiras e agora se arrisca em papéis mais difíceis, como a drag queen que atravessa o deserto para conhecer o filho. Ele ainda se arrisca a cantar. Para Diego Martins, o papel da drag inexperiente é ávida para experimentar a vida representa uma realização pessoal. Percebe-se o prazer do jovem artista, que brilhou em uma temporada de "Beatles num Céu de Diamantes" bem antes de estourar na novela das nove,  em interpretar o personagem. Para Verônica Valenttino (assistimos ao espetáculo com ela), é a consagração de alguém com muito talento e história para contar e que, finalmente, e de maneira muito justa, consegue interpretar um papel à altura de sua grandiosidade. 

Há ainda a participação luxuosa de Andrezza Massei e a figura sempre marcante de Fabrizio Gorziza - um nome que despontou em "O Guarda-Costas" interpretando o papel que foi de Kevin Costner no cinema e vem se destacando a cada papel pela versatilidade. Tatiana Toyota, e seu carisma, dão comicidade a uma peça que trata de assuntos espinhosos, mas consegue ser leve. 

Não bastassem todas essas qualidades, o visual parece uma pintura desenhada à mão repleta de detalhes. A cena de Diego Martins em cima do ônibus envolto a um pano prateado esvoaçante, recriando a cena clássica do cinema, é para ficar na memória do teatro paulistano. Tudo isso embalado por clássicos da música na era disco. Tiveram a proeza, e a ousadia, de colocar um microônibus no palco. A Priscila da peça é linda e representa mais do que um simples veículo. Ela é o caminho, a direção e, possivelmente, dará um final feliz a todos aqueles que passarem por ela. Sejam os intérpretes ou o próprio público. Ninguém sai ileso de um espetáculo assim. 

sábado, 24 de agosto de 2024

.: Por que não perder "Priscilla, A Rainha do Deserto - O Musical da Broadway"?

Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em agosto de 2024


Uma montagem teatral capaz de elevar o ânimo da plateia -por dias-, ainda que entregue cenas de pura emoção (de pai e filho). "Priscilla, A Rainha do Deserto - O Musical da Broadway", que coloca Reynaldo Gianecchini na pele de Anthony “Tick” Belrose, performer e drag queen chamada Mitzi Mitosis, ao lado de Diego Martins como Adam Whiteley,  que vive a drag queen Felicia, assim como as atrizes Verónica Valenttino e Wallie Ruy em revezamento no papel de Bernadette Bassenger, é completamente imperdível.

Em cartaz no Teatro Bradesco, em São Paulo, o espetáculo esbanja alegria visual, assim como no texto com tiradas bastante adaptadas ao Brasil, cabendo menção à novela "Laços de Família", o que rapidamente cria um elo do público com cada personagem. Seja entre as drags e a trans até o meio valentão, Bob, de Fabrizio Gorziza ou a valentona de Andrezza Massei. A produção ainda tem uma trilha sonora impecável, incluindo "I Will Survive", “I Say A Little Prayer”, “Go West”, “Can’t Get You Out Of My Head”, “True Colors”, “I Love The Nightlife”, “Girls Just Wanna Have Fun”, e muito mais.

Tudo na montagem faz os olhos brilharem. Não por somente alimentar a alegria no público enquanto desfruta da apresentação, mas por usar tudo a favor em cada cena e mostrar que as diferenças são belas, enriquecedoras e devem ser respeitadas sempre. Enquanto Reynaldo Gianecchini mostra seu lado mais livre, sem amarras, levando-o a voltar cantar, com direito a danças coreografadas. 

Diego Martins entrega o vocal impecável -que remete, inclusive ao seu destaque em "Beatles, Num Céu de Diamantes" (2017), garantindo boas sequências de humor. Verónica Valenttino, a atriz cearense, transexual (a primeira a vencer o Prêmio Shell de Teatro, pelo musical "Brenda Lee e o Palácio das Princesas"), que interpreta Bernadette Bassenger, canta, dança e é o real toque feminino na viagem das drags Tick e Felicia. O trio em cena é um grande presente.

"Priscilla, A Rainha do Deserto - O Musical da Broadway" tem ainda três divas soltando o vozeirão -fazendo arrepiar, por vezes- com canções que conectam a trama e fazem a narrativa ganhar agilidade. O trio em cena também remete ao clássico Disney, "Hércules", em que há interferências musicais das musas, que complementam a história. É tão lindo quanto ou, até mais, uma vez que tudo acontece ao vivo no palco do Teatro Bradesco.

A montagem tem como enredo a viagem de duas drag queens e uma mulher transexual que vão a bordo do ônibus que recebe o nome de Priscilla, em pleno deserto australiano, para fazer um show. Contudo, para chegar até a parada final, juntas encaram diversos desafios e aventuras durante até o destino. Baseado no filme clássico de 1994, do diretor Stephan Elliott, o espetáculo que estreou dia 07 de junho, no Teatro Bradesco, em São Paulo, fica em cartaz até 1 de setembro. Não perca!


"Priscilla, A Rainha do Deserto - O Musical da Broadway"

Teatro Bradesco

Endereço: R. Palestra Itália, 500 - 3° Piso - Perdizes, São Paulo

Capacidade: 1.439

O espetáculo, com sessões todas as quintas e sextas, às 20h; sábados e domingos às 16h e 20h

Direção de Mariano Detry. Direção musical de Jorge de Godoy. Coreografias de Mariana Barros. Cenografia de Matt Kinley. Figurino de Fábio Namatame. Design de Luz de Warren Letton. Design de Som de Tocko Michelazzo. Design de peruca de Feliciano San Roman. Design de maquiagem de Alisson Rodrigues. Produção geral de Stephanie Mayorkis.


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sábado, 22 de junho de 2024

.: Crítica: "Ainda Dá Tempo" surpreende porque pode transformar o público


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Divertida e reflexiva ao mesmo tempo, a peça teatral "Ainda Dá Tempo", em cartaz até dia 28 de julho no Teatro Uol, em São Paulo, faz o público pensar na vida. Seriam as escolhas corretas as que tomamos ao longo do caminho? No espetáculo, que vem lotando todas as sessões, três casais de diferentes gerações se encontram em uma casa que está à venda. Os talentosos Bia Arantes e Igor Cosso fazem os jovens que querem comprar a casa. Bruna Thedy e Ricardo Tozzi, um casal de meia-idade, pais de um adolescente, que querem vender o local. Eliete Cigaarini e Norival Rizzo, um casal experiente que já morou naquele ambiente e quer matar a saudade.

Com atuações doces e complementares, por ora engraçadas e por outras emocionantes, os atores fazem a festa no texto escrito por Jeff Gould e dirigido com muita sensibilidade por Isser Korik, que já demonstrou que espetáculos sobre as relações humanas são o forte dele, que já dividiu o palco com Eliete Cigaarini em "Divórcio!", outra história que trata do mesmo tema, com uma abordagem diferente. 

Klayton Pavesi, o adolescente que tem papel fundamental para a história girar, merece menção especial, pois não é fácil brilhar entre um elenco de feras - algo que ele faz com muita naturalidade. "Ainda Dá Tempo" é uma delícia e não vai pelo caminho mais fácil da "risada pela risada". É riso e reflexão. Discute escolas. Faz pensar. 

Todos os atores brilham em um exercício de generosidade raro de se ver em um palco e - sobretudo - no ambiente artístico, repleto de competitividade. Cada um tem o seu momento e absolutamente todos ali estão com o objetivo de contar uma boa história e, de uma maneira surpreendente, fazer pensar. Conseguem mais. O público sai com a esperança de que existe um mundo melhor e com a intenção de consertar as coisas ou simplesmente fazer diferente. Um mérito e tanto para uma peça teatral tão despretensiosa e afetiva.


Parceria de sucesso
A comédia “Ainda Dá Tempo” é o mais recente texto assinado pelo americano Jeff Gould. Durante vinte e cinco anos, o dramaturgo tem feito o público rir ao explorar os territórios do amor, do sexo e do casamento com seu olhar atento sobre aos relacionamentos. “Definitivamente meus textos têm pitadas autobiográficas. Muitos diálogos são baseados no meu relacionamento com minha ex-mulher. Mas não é só isso. Se você quer ser escritor, tenho duas sugestões: seja um pouco louco e seja amigo de alguns deles”, fala o autor sobre o seu trabalho.

“Jogo Aberto”, um dos sucessos anteriores do autor já foi montado em vários países, incluindo o Brasil (2016), traduzido e dirigido por Isser Korik e protagonizado por Ricardo Tozzi. “Eu gosto de repetir parcerias que dão certo. Alguns autores são recorrentes no meu trabalho: João Bethencourt já fiz dois textos, Jeff Gould já é o terceiro que traduzo e enceno. Retomar a parceria com o Tozzi, com a Bruna e com a Eliete, nesse elenco que é um 'dream team' é muito gratificante para mim”. O espetáculo é apresentado pela empresa Metlife e patrocínio do Banco Luso e Consigaz pela Lei Nacional de Incentivo à Cultura.

Ficha técnica
Espetáculo "Ainda Dá Tempo".
Comédia de Jeff Gould.
Tradução e direção de Isser Korik.
Elenco: Ricardo Tozzi, Bruna Thedy, Norival Rizzo, Eliete Cigaarini, Igor Cosso, Bia Arantes e Klayton Pavesi.
Cenografia: Ricardo Tozzi.
Figurinos: Renata Ricci.
Produção executiva e cenotecnia: Will Siqueira.
Trilha sonora: Wagner Bernardes
Fotografia: Guilherme Assano
Assistência de direção: Roana Paglianno
Assessoria de imprensa: Flavia Fusco Comunicação
Criação gráfica: Letícia Andrade  e R+Marketing
Administração: Paloma Espíndola
Prestação de contas: Sonia Kavantan
Coordenação de marketing: Emanoela Abrantes
Iluminador e Operação: Rafael Pereir
Mídias sociais: Renata Castanho
Realização: Referendum Participações e Serviços Ltda e Ministério da Cultura

Serviço:
Espetáculo "Ainda Dá Tempo"
De: Jeff Gould
Tradução e direção: Isser Korik
Gênero: comédia
Duração: 80 minutos
Classificação: 12 anos
Temporada: até 27 de julho. Sextas, sábados e domingos, às 20h00.

Ingressos:
Sextas e Domingos – Setor A R$ 100,00 e Setor B R$ 70,00
Sábados – Setor A R$ 120,00 e Setor B R$ 90,00
Ingressos promocionais com descontos de 70% e 80%, no site e na bilheteria, para os primeiros compradores de cada sessão.

Teatro Uol
Shopping Pátio Higienópolis - Av. Higienópolis, 618 / Terraço / tel.: (11) 3823-2323
Televendas: (11) / 3823-2423 / 3823-2737 / 3823-2323
Vendas on-line: www.teatrouol.com.br
Capacidade: 300 lugares
Acesso para cadeirantes / Ar-condicionado / Estacionamento do Shopping: consultar valor pelo tel: 4040-2004 / Venda de espetáculos para grupos e escolas: (11) 3661-5896, (11) 99605-3094

Horário de funcionamento da bilheteria
Quartas e quintas das 17h às 20h, sextas das 16h às 20h, sábados, das 13h às 22h e domingos, das 13h às 20h; não aceita cheques / Aceita os cartões de crédito: todos da Mastercard, Redecard, Visa, Visa Electron e Amex / Estudantes e pessoas com 60 anos ou mais têm os descontos legais / Clube UOL e Clube Folha 50% desconto.Patrocínio do Teatro Uol: Uol, Folha de S.Paulo, Genesys, Banco Luso Brasileiro e MetLife.

sexta-feira, 31 de maio de 2024

.: Crítica: "A Última Entrevista de Marília Gabriela" celebra a liberdade de ser


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. Foto: divulgação. 

Espetáculo em cartaz no Teatro Unimed até dia 28 de julho, "A Última Entrevista de Marília Gabriela" é um espetáculo que ecoa por muito tempo depois de terminado. São várias as razões para isso acontecer. Com Marília Gabriela e Theodoro Cochrane em um duelo de frases de efeito e permeadas de sentimentos, muitas vezes cortantes, o espetáculo fala sobre as idas e vindas de uma relação pontuada por altos e baixos. É mais que uma lavagem de roupa suja em cena diante dos olhos atentos - e, muitas vezes, fofoqueiros - do público. É uma declaração e uma ode ao amor real sem dar margem a qualquer tipo de ilusão.

Theodoro Cochrane abre o espetáculo com uma surpreendente presença de palco. Sarcástico, forte e vulnerável ao mesmo tempo, ele tem algo de agridoce e não é conivente consigo em nenhum momento. Marília Gabriela demora exatamente o tempo para ser esperada em cena. Sabe do magnetismo que a presença dela impõe, não só pela história que construiu na televisão, mas pelo que é no imaginário popular de quem acompanhou a carreira dela. Nesse ambiente que mistura drama, comédia e até suspense, ambos estão expostos em algo que poderia ser confundido com uma espécie de autoelogio no formato de teatro contemporâneo, não é. 

O que fazem em cena é poesia e generosidade em estado bruto. Em um espetáculo que bastava ser eles mesmos para atrair o público, eles conseguem ser mais e se despem de qualquer tipo de vaidade quando é preciso que demonstrem que também podem ser menos e mostram partes que não são edificantes em uma relação entre mãe e filho. Mas tudo cabe - inclusive as inesperadas vezes em que Marília Gabriela dispara impropérios.

A beleza de "A Última Entrevista de Marília Gabriela" é não ter medo da exposição e proporcionar a liberdade de ser. Tudo é extremamente autobiográfico, mesmo que não seja, porque os intérpretes assumem traços da personalidade que até não podem corresponder com o que de fato aconteceu. Fatos não podem exatamente ter sido da maneira em que são contados no espetáculo, algumas coisas podem ser minimizadas, situações podem ter ganhado contorno com tintas mais fortes.  

Quando trocam de lugar, com Theodoro assumindo o lugar de Marília, eles não apresentam nenhum receio de rir de si mesmos - o que torna tudo ainda mais interessante. Respondem a perguntas polêmicas sobre a carreira e vida pessoal de Marília e até encenam uma espécie de autocrítica sobre os dramas de um "pobre menino rico" enfrentados por Theodoro. Há ainda uma entrevista improvisada, feita por Marilia Gabriela com algum corajoso da plateia que ousa levantar a mão quando ela chama, dando a possibilidade de ver ao vivo o que ela fazia por anos a fio diante da televisão.

Nesse espetáculo sobre realidade, invenções e reinvenções, uma jornalista consagrada se arrisca a ser atriz e o filho de alguém muito relevante passa, definitivamente, a ter a própria identidade. A graça de "A Última Entrevista de Marília Gabriela" é também não saber onde termina a Gabriela e onde começa o Cochrane. Essa simbiose da vida é também a profundidade desse espetáculo que prima por ser antropofágico para quem o interpreta e para o público. 

Assista-o e saia outro, mas é preciso recomendar que o público passa por uma bofetada e um afago ao mesmo tempo, algo que é tão humano que vale cada segundo. Não é possível saber se "A Última Entrevista de Marília Gabriela", de fato, será a derradeira em alguma apresentação. O que se tem certeza, mesmo, é que quem assiste está diante de algo que dificilmente irá se repetir e, por isso mesmo, é único, mágico e especial.


Ficha técnica
Espetáculo "A Última Entrevista de Marília Gabriela"
Elenco: Marília Gabriela e Theodoro Cochrane
Dramaturgia: Michelle Ferreira
Direção: Bruno Guida
Diretora assistente: Mayara Constantino
Figurinos: Theo Cochrane
Iluminação: César Pivetti
Trilha e preparação vocal: Daniel Maia
Realização: Rega Início Produções Artísticas


Serviço
Espetáculo "A Última Entrevista de Marília Gabriela"
Sextas-feiras e sábados, às 20h00. Domingos, às 18h00.
Até dia 28 de julho
Teatro Unimed - Alameda Santos, 2159 - Jardins/São Paulo.
Ingressos: R$ 180,00 (plateia), R$ 120,00 (balcão). Meia-entrada - R$ 90,00 (plateia) e R$ 60,00 (balcão)
Observação: O acesso ao balcão é apenas por escadas fixas
Clientes Unimed têm 50% de desconto com apresentação da carteirinha. Descontos não cumulativos.
Horários da bilheteria: sextas-feiras e sábados, das 12h30 às 20h00. Domingos, das 10h30 às 18h00
Duração: 70 minutos
Classificação: 14 anos
Capacidade: 240 lugares
Gênero: comédia dramática
Acessibilidade: Ingressos para cadeirantes e acompanhantes podem ser reservados pelo e-mail contato@teatrounimed.com.br
Estacionamento:  Valet terceirizado no local
Atenção: não será permitida a entrada na sala após o início do espetáculo, não havendo a devolução de valores ou troca de ingressos para outra data.

sexta-feira, 29 de março de 2024

.: Crítica: espetáculo "Gostava Mais dos Pais" transita entre clássico e revolução


No palco, 
Bruno Mazzeo e Lucio Mauro Filho oferecem vulnerabilidades e 
se expõem sem medo para entregar de bandeja ao público as performances mais verdadeiras de suas carreiras. Foto: Pedro Miceli


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

O espetáculo "Gostava Mais dos Pais" é mais que uma homenagem a dois comediantes que fizeram história no Brasil e mais que uma celebração à amizade de dois artistas ligados desde a infância. Bruno Mazzeo e Lucio Mauro Filho não são irmãos de sangue, o vínculo afetivo é por afinidade, e é essa a linha condutora da peça teatral que fica em cartaz até dia 14 de abril no Teatro Porto, em São Paulo.

Com a direção sensível e repleta de ironia e leveza feita por Debora Lamm, o espetáculo é assinado por Aloísio de Abreu e Rosana Ferrão. Em pouco mais de uma hora, a dupla transita entre a profundidade e a crítica, a ternura e a revolta, o clássico e a revolução. No palco, dois artistas talentosos oferecem vulnerabilidades e se expõem sem medo para entregar de bandeja ao público as performances mais verdadeiras de suas carreiras. 

De quebra, fazem entender o sentido da vida, que é nada mais que continuidade e afeto. São eles no palco, mas também são personagens e, ao mesmo tempo, representam a memória viva dos pais e as lembranças afetivas de um país inteiro, em cena, em algo que celebra a arte, a vida e o que está no meio disso.

Entre a comédia e o desabafo, o inusitado e a emoção, os artistas fazem uma espécie de crônica da vida real e toda a poesia que emana dela. Há muita reverência ao passado e uma clara homenagem aos comediantes Chico Anysio (1931 - 2012) e Lucio Mauro (1927 - 2019). Há quem goste mais dos pais e há quem goste mais dos filhos, já que ninguém é unanimidade. No entanto, Bruno Mazzeo e Lúcio Mauro Filho são a prova irrefutável de que a genética não falha mas que, também, talento não depende de berço. Mais que sangue que corre nas veias, eles são essência. E essência, nesse caso, é talento, continuidade e criação de algo que vai além do legado.

Ficha técnica
Espetáculo "Gostava Mais dos Pais". Elenco: Bruno Mazzeo e Lucio Mauro Filho. Direção: Debora Lamm. Dramaturgia: Aloísio de Abreu e Rosana Ferrão. Cenografia: Daniela Thomas. Iluminação: Wagner Antônio. Figurino: Marina Franco. Trilha sonora: Plínio Profeta. 

Serviço
Espetáculo "Gostava Mais dos Pais". Até dia 14 de abril de 2024 - Sextas e sábados às 20h e domingos às 17h. Ingressos: Plateia R$100 e R$50 / Balcão de Frisa R$80 e R$40. Classificação: 14 anos. Duração: 90 minutos. Teatro Porto. Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos – São Paulo. Telefone (11) 3366-8700. Bilheteria: aberta somente nos dias de espetáculo, duas horas antes da atração. Clientes Porto Seguro Bank mais acompanhante têm 50% de desconto. Clientes Porto mais acompanhante têm 30% de desconto. Vendas: www.sympla.com.br/teatroporto. Capacidade: 508 lugares. Formas de pagamento: Cartão de crédito e débito (Visa, Mastercard, Elo e Diners). Acessibilidade: 10 lugares para cadeirantes e 5 cadeiras para obesos. Estacionamento no local: Gratuito para clientes do Teatro Porto.

.: Crítica de teatro: "Beetlejuice - O Musical" celebra a vida e o nonsense


Os grandes momentos do musical se revezam entre Eduardo Sterblitch e Ana Luiza Ferreira em um espetáculo que se divide entre a celebração da vida e o nonsense. Foto: Leo Aversa

Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Clássico do cinema e da "Sessão da Tarde" nas mãos de Tim Burton nos anos 80, "Beetlejuice - O Musical" se reinventa no teatro e é tudo o que se espera, mas vai além disso. Há, no espetáculo, em cartaz até dia 21 de abril no Teatro Liberdade, em São Paulo, o ator Eduardo Sterblitch no papel de sua vida. Ao mesmo tempo, os holofotes também estão apontados para Ana Luiza Ferreira no momento mais desafiador da carreira, em que se mostra uma grande revelação dos palcos como a garota gótica Lydia Deetz. Os grandes momentos do musical se revezam entre esses dois artistas em um espetáculo que se divide entre a celebração da vida e o nonsense.

É tudo muito grande em "Beetlejuice - O Musical". A começar pela interpretação histriônica de Sterblitch, tudo o que esse personagem requer e que por vezes lembra outro grande ator, Selton Mello, e o carisma de Ana Luiza Ferreira, que brinca com as nuances de uma personagem que poderia ser extremamente difícil por ser tão emblemática. Ambos os intérpretes fazem parecer fácil algo que, sabe-se, é tão difícil. Primeiro porque a expectativa em torno desses papéis é imensa. Segundo porque ir além do que o papel requer é para poucos. Ambos fazem isso com talento, maestria e, percebe-se, reverência. Eles homenageiam e se divertem ao mesmo tempo.

Com direção de Tadeu Aguiar, produção geral de Renata Borges Pimenta, produção da Touché Entretenimento e apresentado pelo BB Seguros, nada está acima do tom. O espetáculo pede e os atores entregam. Em "Beetlejuice - O Musical" tudo se encaixa perfeitamente. Há o espaço para a nostalgia dos adultos que vão assistir em busca de algo que viveram no passado, e também para a formação de um novo público - embora o espetáculo não seja propriamente voltado para crianças, o que torna tudo ainda mais interessante.

Marcelo Laham e Thais Piza brilham em seus papéis e também destacam-se Joaquim Lopes e Flavia Santana como os novos moradores da casa. A história gira em torno de uma família que vai morar em uma residência habitada por fantasmas, que querem que os novos moradores vão embora do local. Só que os fantasmas não esperavam se deparar com uma criatura tão fúnebre e tétrica como Lydia Deetz. No meio do caminho, há Beetlejuice, que precisa de um favor. Mas não vá esperando um musical bobinho. O espetáculo tem patrocínio de Shell, Mobilize Financial Services, Eurofarma e BNY Mellon e apoio de Raízen, Outback, Robert Half e SegurPro.

É tudo muito esperto, temperado com a atuação de grandes talentos em momentos memoráveis no palco. "Beetlejuice - O Musical" é uma grande festa em que todos estão convidados para comemorar a vida ou se reencontrar com algo que ficou esquecido e que precisa ser acordado. É a conexão entre o presente e o passado dando aquele "empurrãozinho" para seguir em frente.


Sobre o espetáculo
No final dos anos 80, o cultuado diretor Tim Burton lançou um clássico instantâneo, que atravessou gerações, a comédia "Beetlejuice - Os Fantasmas se Divertem". O sucesso foi tamanho que, mais de 30 anos depois, o filme se transformou em um musical da Broadway, que estreou em 2019, sendo indicado a oito Tony´s Awards. No Brasil, o sucesso se repete: o musical teve a maior bilheteria teatral de 2023, no Rio de Janeiro. "

A montagem brasileira tem um super elenco de 23 atores: além de Eduardo Sterblitch, Ana Luiza Ferreira (Lydia Deetz), João Telles (alternante Beetlejuice), Lara Suleiman (alternante Lydia Deetz), Thais Piza (Barbara Maitland), Marcelo Laham (Adam Maitland), Flávia Santana (Delia Deetz), Joaquim Lopes (Charles Deetz), Rosana Penna (Juno), Gabi Camisotti (Skye e alternante Lydia Deetz), Mary Minóboli (ensemble e alternante Skye), Pamella Machado (Miss Argentina e alternante Barbara Maitland), Diego Campagnolli (Otho), Erika Affonso (Maxine e alternante Miss Argentina), Thór Junior (Maxie), Thiago Perticarrari (ensemble e cover Adam Maitland), Dino Fernandes (ensemble e cover Charles Deetz), Nathalia Serra (ensemble e alternante Delia Deetz e Maxine), Gabriel Querino (ensemble e cover Maxie), Thadeu Torres (ensemble), Duda Carvalho (ensemble), Edmundo Victor (ensemble) e Fernanda Misailidis (swing). 

A ficha técnica é repleta de grandes nomes do teatro musical: Renato Theobaldo (cenografia), Dani Vidal & Ney Madeira (figurino), Sueli Guerra (direção de movimento/coreografia), Dani Sanches (desenho de luz), Gabriel D´angelo (desenho de som), Anderson Bueno (visagismo) e Lucas Pimenta (assistente de direção).

Serviço
Espetáculo "Beetlejuice, o Musical". Teatro Liberdade. Rua São Joaquim, 129, Liberdade - São Paulo. Temporada até 21 de abril. Sessões de quarta-feira a domingo. Quartas, quintas e sextas-feiras, às 21h00. Sábados, às 16h00 e às 21h00. Domingos, às 16h00 e 20h30. Plateia Premium: R$ 350,00 (inteira) / R$ 175,00 (meia). Plateia: R$ 280,00 (inteira) / R$ 140,00 (meia). Balcão A: R$ 240,00 (inteira) / R$ 120,00 (meia). Balcão B: R$ 190,00 (inteira) / R$ 95,00 (meia). Duração: 2h30min (com intervalo de 15min). Classificação etária: 10 anos. *Clientes Glesp tem 25% de desconto nos ingressos inteiros mediante a aplicação do cupom, limitado a 4 ingressos por cupom. Válido para todos os setores. Internet (com taxa de conveniência): https://www.sympla.com.br/. Bilheteria física (sem taxa de conveniência): atendimento presencial de terça à sábado das 13h00 à 19h00. Domingos e feriados apenas em dias de espetáculos até o início da apresentação. Formas de pagamento: dinheiro, cartão de débito ou crédito.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

.: Crítica: "Matilda - O Musical" é uma festa em que se sobressaem os adultos


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Do universo mágico de Roald Dahl, chega ao fim neste final de semana a temporada de sucesso de "Matilda - O Musical", em cartaz no Teatro Claro Mais SP - com apresentações somente neste sábado e domingo. O espetáculo é uma grande festa protagonizado por três artistas promissoras Luísa Moribe, Belle Rodrigues, Mafê Diniz e Maria Volpe. As quatro, no jeito de interpretar e conduzir a personagem, dão toques pessoais à Matilda tornando a personagem ainda mais peculiar. No dia da apresentação que assistimos, a Matilda era Luísa Moribe, que, além de talento e carisma, também entrega um toque todo especial de doçura à emblemática personagem. 

Ao falar sobre a história de uma garota rejeitada pela família que se liberta a partir do poder das palavras, o espetáculo, além de exaltar a figura e a importância do papel do professor e da educação na vida daqueles que estão iniciando a vida, é também uma ode ao poder da inspiração, quando pessoas que passam em nossas vidas em momentos decisivos. "Matilda - O Musical" é uma festa infantil em que se sobressaem os adultos.

Isso não quer dizer que todo o elenco coadjuvante infantil não esteja impecável, está, mas são os atores adultos que se sobressaem nos papéis mais desafiadores de suas vidas. É o caso de Cleto Baccic, acostumado a colecionar papéis que não se repetem, como Dom Quixote, em "O Homem de La Mancha", Willy Wonka, em "Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolate" e  Juan Péron, em "Evita Open Air". Ele passa por uma verdadeira transformação e surge irreconhecível ao interpretar a diretora da escola onde Matilda estuda, Agatha Trunchbull, uma personagem cheia de nuances. 

A personagem de Baccic transborda acidez pelo mundo e, entre as curiosidades dessa papel, apesar de ser uma mulher, ela foi escrita para ser interpretada no teatro por um ator. Essa interpretação dá mais uma vez a oportunidade de ver Baccic em mais um ponto alto da carreira e também de fazer com que o público se deleite diante de uma grande interpretação. 

A mágica também se faz com Myra Ruiz, que volta a se destacar no teatro e investe na comédia. Desta vez, ao interpretar o papel mais colorido da carreira: a senhora Wormwood, uma perua carismática - mesmo para alguém que já foi totalmente verde, como a Elphaba, de "Wicked". O magnetismo da atriz faz com que ela atraia todas as atenções quando está no palco. É um papel para grandes intérpretes: mãe desnaturada, egocêntrica e histriônica, a personagem leva a atriz a protagonizar os melhores momentos do espetáculo. Além disso, a personagem cai como uma luva para alguém que tem a versatilidade de já ter sido no teatro a dramática Eva Perón de "Evita Open Air" - uma oportunidade de enveredar por caminhos ainda não tão conhecidos pelo grande público. A entrega da atriz é tanta que a construção da personagem está até nas sutilezas, como nas frases com erros propositais de concordância muito discretos que tornam a personagem ainda mais coerente e a atriz, embora belíssima no palco, ainda mais despida de vaidade.

Ingrid Marques, ensemble na apresentação que assistimos, brilhou como a senhorita Honey. Ela esbanja sensibilidade, carisma, meiguice e afinação. Foram dela as cenas mais ternas e inspiradoras de "Matilda". Originalmente, a personagem é interpretada por Fabi Bang, que viveu nos musicais a Glinda, de "Wicked" e a Ariel, de "A Pequena Sereia". 

Fabrizio Gorziza, defendendo o papel de Sr. Wormwood, volta a surpreender em um papel totalmente diferente do anterior, quando interpretava o personagem-título de "O Guarda-costas - O Musical". Extremamente talentoso e versátil, ele vem se consolidando no teatro e colocando a sua assinatura ao interpretar papéis cada vez mais desafiadores. Se em "O Guarda-costas" ele convenceu o público de que não sabia cantar, em "Matilda - O Musical", ele solta o vozeirão e deixa o público arrebatado. "Matilda - O Musical" é para ficar na memória. Sorte a de quem teve a oportunidade de assistir a esses artistas no melhor momento de suas carreiras até agora.

Premiado espetáculo está em cartaz no Teatro Claro
Com um roteiro cativante e divertidíssimo, o aclamado musical segue até este domingo, dia 4 de fevereiro, no Teatro Claro Mais São Paulo, que fica no Shopping Vila Olímpia. A imperdível montagem brasileira traz ao palco um elenco de 50 artistas, entre crianças e adultos, e uma estrutura de mais de 23 toneladas. Os ingressos custam a partir de R$19,80 e estão disponíveis em https://uhuu.com/v/teatroclarosp-257.

"Matilda - O Musical" coloca a pureza da criança, a paixão pela educação, pelos livros e pela criatividade, como forças para a superação. Nesta montagem inédita, a coreografia original é assinada por Peter Darling, o maior coreógrafo de teatro musical em atividade no mundo. O espetáculo é apresentado pelo Ministério da Cultura e Brasilprev e os ingressos podem ser adquiridos pelo site https://uhuu.com/v/teatroclarosp-257.

Ficha técnica
Espetáculo "Matilda - O Musical". Elenco adulto: Agatha Trunchbull (Cleto Baccic), Srta. Honey (Fabi Bang), Sra. Wormwood (Myra Ruiz), Sr. Wormwood (Fabrizio Gorziza), Sra. Phelps (Mari Rosinski), ensemble (Andreina Szoboszlai), ensemble  / A Acrobata (Gabriela Melo), ensemble  (Ingrid Marques), walking cover Senhora Wormwood (Larissa Grajauskas), ensemble (Alvinho de Pádua), ensemble / Doutor (Cezar Rocafi), ensemble / Michael (Guilherme Lopez), ensemble / Rudolpho (Leandro Naiss), ensemble / O Escapologista (Madson de Paula), ensemble / Sergei (Marco Azevedo), ensemble (Matheus Oliveira), kids swing (Julia Sanchis), swing (Ariel Venâncio), swing (Lucas Maia),  swing (Raphael Costa), swing (Thaiane Chuvas) e swing (Vinicius Cafer). Elenco infantil: Matilda: Luísa Moribe, Belle Rodrigues, Mafê Diniz ou Maria Volpe. Alice: Malu Brites, Madu Gonçalves ou Gabriella Pieri. Amanda: Lorrany Gomes, Clara Alvarazi ou Beatrice Rocha Mello. Bruce: Pedro Galvão, Gab Cardoso, Lorenzo Galli. Lavender: Helena Pizol, Mafê Beneduzzi e Livia Maria. Eric: Rodrigo Thomaz, Nico Takaki. Erica: Laura Pinheiro. Hortensia: Erin Borges, Bely Catanoze e Bia Lisboa. Nigel: Miguel Ryan, Levi Saraiva e Alejandro Ovando. Tommy: Pedro Henrique, Arthur Habert e Lorenzo Tironi. Texto: Dennis Kelly. Letras e músicas: Tim Minchin. Orquestração e músicas adicionais: Chris Nightingale. Direção geral: John Stefaniuk. Direção musical: Vânia Pajares. Coreografia: Peter Darling. Figurino: Ligia Rocha, Marco Pacheco & Jemima Tuany. Design de Luz: Rachel Mccutcheon. Design de Som: Gastón Briski. Design de mágica e ilusionismo: Skylar Fox. Design de maquiagem: Joe Dulude II. Design de perucas: Feliciano San Roman. Versão brasileira: Victor Mühlethaler. Diretora e coreógrafa residente: Anelita Gallo. Assistente de direção musical e preparadora vocal: Andréia Vitfer. Coreógrafo associado: Tom Hodgson. Assistente de coreografia: Danilo Santana. Designer de luz associado: Guilherme Paterno. Designer de som associado: Alejandro Zambrano. Company manager: Pia Calixto. Produtora executiva: Deborah Penafiel. Production stage manager: David Brenon. Diretor técnico internacional: Gary Beestone. Gerente de produção internacional: Andy Reader. Produtores: Vinícius Munhoz & Baccic.


Serviço
Espetáculo "Matilda - O Musical". Temporada até 4 de fevereiro de 2024. Teatro Claro SP - Shopping Vila Olímpia - R. Olimpíadas, 360 - Vila Olímpia/São Paulo. Capacidade: 754 pessoas. https://teatroclaromaissp.com.br/. Classificação: livre. Duração: 150 minutos e 15 minutos de intervalo. Sessões: quarta-feira, 20h00. Quinta-feira, 20h00. Sexta-feira, 20h00. Sábado, 15h00 e 20h00. Domingo, 15h00 e 20h00. Ingressos: de R$ 19,80 a R$ 400,00. Confira legislação vigente para meia-entrada. A programação do Teatro Claro mais SP conta com acessibilidade física e de conteúdo.


Canais oficiais de venda
Bilheteria on-line. Garanta seu ingresso em: www.matildamusicalbrasil.com e https://uhuu.com/v/teatroclarosp-257. Bilheteria física – sem taxa de conveniência. Bilheteria aberta das 10h às 22h de segunda a sábado e das 12h às 20h domingos e feriados. Local: Shopping Vila Olímpia - R. Olimpíadas, 360 - Vila Olímpia, São Paulo - SP, 04551-000 - 1 Piso - Acesso A. Telefone: (11) 3448-5061.

domingo, 15 de outubro de 2023

.: Crítica: musical "Uma Linda Mulher" é a surpresa do ano ao focar no carisma


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

A história de Cinderela é recontada várias vezes, de diversas maneiras e, na maioria das vezes, faz muito sucesso. O clássico contemporâneo "Uma Linda Mulher", em cartaz como musical no Teatro Santander, repete a trajetória bem-sucedida do filme filme-fenômeno-pop de 1990, ao fazer uma releitura feminista do clássico dos irmãos Grimm. Tudo nesse espetáculo é grande, desde os cenários que reproduzem as cenas do longa-metragem, até o talento dos protagonistas.

Nome forte do teatro musical e dos realities voltados a caçar talentos na música, Thais Piza é mais do que carisma e coração ao interpretar Vivian Ward, personagem que alçou Julia Roberts ao estrelato. Para ter credibilidade, papel só poderia ser defendido por uma atriz eloquente. O risco era alto: as comparações com a interpretação clássica do cinema e outro ainda maior, o de ser devorada por uma personagem tão grande. Com experiência de sobra e a entrega de uma atriz em busca do papel de sua vida, Thais Piza brilha com uma personagem capaz de demonstrar ao público toda expressividade, potência vocal e até a vulnerabilidade de uma atriz imensa. 

Par romântico da atriz no espetáculo, Jarbas Homem de Mello consegue ser mais carismático que Richard Gere no papel de Edward Lewis, executivo que contrata uma acompanhante para passar uma semana com ele. Não é novidade que Jarbas entregaria excelência em um papel como esse, mas a voz límpida do artista, que interpreta um personagem um pouco mais romântico que no filme, faz com que a química entre o empresário com a personagem título do musical se torne arrebatadora.

Livre, leve e solta, Andrezza Massei, de "Sunset Boulevard" e "Sweeney Todd", deita e rola com a prostituta engraçada Kit De Luca, uma personagem divertida e "gente como a gente", diferente das últimas personagens que tem feito no teatro e no cinema, quando interpretou a bruxa do mar no live-action de "A Pequena Sereia". É bom ver essa faceta da atriz, que sempre se entrega de corpo e alma às personagens que defende. 

Há outros destaques no espetáculo, como César Mello, na pele do Homem Feliz, narrador do espetáculo que fala sobre sonhos e é também o gerente do hotel que ajuda os protagonistas a escreverem a história de amor. A versatilidade do ator é mostrada no palco, porque ambos os personagens são muito diferentes no gestual e na empostação. Um entrega alegria, o outro, dignidade. Arthur Berges, protagonista do musical "Escola do Rock", finalmente retorna aos grandes musicais com um papel que poderia ser considerado pequeno, mas que é transformado pelo carisma de um artista que pode sempre fazer a diferença em qualquer espetáculo.

Com músicas originais e algumas cenas acrescentadas para contar a história, "Uma Linda Mulher - O Musical" é a grande surpresa do ano. Desde a qualidade dos cenários até a afinação do elenco formada por grandes artistas. Tudo é perfeito neste espetáculo derivado de um filme que fez muito sucesso. Só faltou um pouco mais da música "Oh Pretty Woman", de Roy Orbison, e "It Must Have Been Love", canção da dupla Roxette que marca o rompimento dos protagonistas, mas isso é papo de saudosista. "Uma Linda Mulher - O Musical" é uma injeção de otimismo e, ao mesmo tempo, algo que incentiva as pessoas a acreditarem nos próprios sonhos assim que saem do teatro. Não há um herói ou heroína definidos, ambos salvam um ao outro das vidas que poderiam ter.


Serviço
"Uma Linda Mulher - O Musical". 
Até dia 17 de dezembro (conferir no site todas as datas disponíveis). Horários: Quintas-feiras, às 20h. Sextas-feiras, às 20h. Sábados, às 16h e 20h. Domingos, às 16h e 20h. Local: Teatro Santander. Endereço: Shopping JK Iguatemi - Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041. Classificação etária: livre, menores de 12 anos acompanhados dos pais ou responsáveis legais.

Quintas, às 20h | Domingos, às 20h:
Frisa Balcão: R$ 19,80 meia entrada e R$ 39,60 inteira
Balcão B: R$ 19,80 meia entrada e R$ 39,60 inteira
Balcão A: R$ 75,00 meia entrada e R$ 150,00 inteira
Plateia superior: R$ 130,00 meia entrada e R$ 260,00 inteira
Frisa Plateia Superior: R$ 130,00 meia entrada e R$ 260,00 inteira
VIP: R$ 180,00 meia entrada e R$ 360,00 inteira

Sextas, às 20h | Sábados, às 16h e às 20h |Domingo, às 16h:
Frisa Balcão: R$ 19,80 meia entrada e R$ 39,60 inteira
Balcão B: R$ 19,80 meia entrada e R$ 39,60 inteira
Balcão A: R$ 85,00 meia entrada e R$ 170,00 inteira
Plateia superior: R$ 140,00 meia entrada e R$ 280,00 inteira
Frisa Plateia Superior:: R$ 140,00 meia entrada e R$ 280,00 inteira
VIP: R$ 190,00 meia entrada e R$ 380,00 inteira
*Clientes Santander têm 30% de desconto nos ingressos inteiros, limitados a 2 por CPF.

Ingressos
Internet (com taxa de conveniência):
https://www.sympla.com.br/
Bilheteria física (sem taxa de conveniência):

Teatro Santander
Horário de funcionamento: Todos os dias das 12h00 às 18h00. Em dias de espetáculos, a bilheteria permanece aberta até o início da apresentação. A bilheteria do Teatro Santander possui um totem de autoatendimento para compras de ingressos sem taxa de conveniência 24h por dia. Endereço: Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041. 

Descontos
50% de desconto | Meia-entrada: obrigatória a apresentação do documento previsto em lei que comprove a condição de beneficiário.

30% de desconto | Cliente Santander - Na compra de ingressos realizada por clientes Santander, limitado a 20% da lotação do teatro. Não cumulativo com meia­-entrada. Limitados a 02 (dois) ingressos por CPF. Esta compra deverá ser realizada com cartões do Banco Santander, para compras on-line somente o cartão de crédito Santander, compras na bilheteria e totem, o pagamento com o desconto poderá ser realizado em débito ou crédito. Verifique em qual setor o desconto está disponível. De acordo com o art. 38, inciso I, da Instrução Normativa nº 1, de 20/03/2017 e com base na Lei Federal nº 8.313 (Lei Rouanet) e Decreto nº 5.761, é proibido comercializar o produto cultural (ingressos) em condições diferentes para clientes Santander, das praticadas ao público em geral.

Venda a grupos: envie um e-mail para grupos-entretenimento@immbr.com 

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

.: Espetáculo "Veraneio" ganha nova temporada no Teatro Bravos


Montagem escancara desconforto em famílias no pós-pandemia com humor afiado. Foto: Nadja Kouchi
 
O espetáculo "Veraneio" engata nova temporada no Teatro Bravos, em Pinheiros, de 5 a 27 de agosto, com sessões aos sábados, às 21h, e domingos, às 19h. A montagem estreou em janeiro de 2023 no Sesc Ipiranga, e em menos de seis meses já realizou duas temporadas na capital paulista, circulação pelos Sescs de Sorocaba e Santos, e apresentação na Virada Cultural, tendo grande repercussão de público e imprensa. Confira a crítica do espetáculo neste link: "Veraneio" é uma alegoria sobre amor e ódio nas famílias.

A montagem consolida a parceria entre Leonardo Cortez e Pedro Granato, que começou em 2018 com o premiado Pousada Refúgio. O elenco traz como novidade Clarisse Abujamra que se une ao time de Pousada Refúgio formado por Glaucia Libertini, Maurício de Barros, Sílvio Restiffe, Tatiana Thomé e Leonardo Cortez.

A trama, que revela os desdobramentos tragicômicos de um encontro familiar em uma casa de praia, arrebatou público e crítica quando estreou no Sesc Ipiranga em janeiro de 2023, com ingressos esgotados. O público acompanha o reencontro de Dona Laura e seus três filhos amargurados para celebrarem o aniversário da matriarca, interpretada por Clarisse Abujamra. 

O cenário é a uma casa à beira-mar recém-comprada por uma das filhas, Hercília, decadente apresentadora de televisão e incomodada com a presença da mãe no seu refúgio. Ela e os irmãos, Silvio e Mario Sérgio, estão ansiosos para conhecer o novo e misterioso namorado de Dona Laura, um animado professor de ginástica. A expectativa por esse encontro e as novidades que ele traz afetam a relação familiar.

"Veraneio" é um aprofundamento da pesquisa iniciada para Pousada Refúgio, primeiro encontro da dupla Granato e Cortez, que estreou em 2018 e abordava o desmoronamento dos sonhos e da hipocrisia de dois casais de classe média. A obra foi sucesso de público e crítica e ganhou temporadas em vários teatros de São Paulo também no ano seguinte. 

A peça foi indicada a importantes prêmios para Leonardo Cortez como Shell, APCA e Aplauso Brasil e, entre as distinções de destaque, está a de melhor ator para Maurício de Barros no Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). A história de sucesso das peças não se encerra no teatro: elas já estão sendo adaptadas para o cinema, em parceria com a produtora argentina PBA Cinema, responsável pela produção do filme “Medianeras”.

Assim como a antecessora, Veraneio trabalha um texto contemporâneo para refletir não só sobre os efeitos do isolamento e do afastamento das famílias, mas também do novo desafio que se coloca quando essas pessoas se reencontram com bagagens cheias de traumas, perdas, frustrações e angústias. 

O texto coloca o espectador e a sociedade no espelho, pois sua construção e suas referências estão muito ligadas às angústias vividas pelos brasileiros nos últimos anos, atravessando não só uma crise sanitária, mas turbulências políticas e econômicas. Apesar da carga dramática e emocional que essa discussão pode despertar, a peça também quer provocar pelo humor. 

Tudo é retratado por meio de diálogos ágeis e afiados, que marcam o estilo do dramaturgo, com a sensação de desestabilização das personagens. Inclusive a escolha do título da peça está ligada a essa intenção provocadora, esclarece Cortez, autor reconhecido no teatro por sua sensibilidade para tratar cotidianos e incômodos brasileiros. Além da vasta carreira na dramaturgia, ele fez sua estreia no cinema com o filme Down Quixote no Festival do Rio este ano.


Sinopse
O aniversário da mãe é o mote para o reencontro familiar com três filhos amargurados. Todos estão ansiosos por conhecer o novo namorado que a mãe conheceu na praia durante a pandemia. Os dilemas e agonias do mundo pós pandêmico se misturam com a descoberta do amor na melhor idade.


Ficha técnica:
Espetáculo "Veraneio". Idealização: Leonardo Cortez e Pedro Granato. Texto: Leonardo Cortez. Direção: Pedro Granato. Elenco: Clarisse Abujamra, Glaucia Libertini, Leonardo Cortez, Maurício de Barros, Sílvio Restiffe e Tatiana Thomé. Cenário e Adereços: Diego Dac. Iluminação: Beto de Faria. Figurino: Anne Cerutti. Cenotécnico: Roberto Tomasim. Costureira: Binidita Apelina. Assistente de Direção: Jade Mascarenhas. Assistente de Figurino: Luiza Spolti. Assistente de costura: Lis Regina. Produção Executiva: Carolina Henriques. Direção de Palco: Diego Dac. Técnicos de Palco: Victor Moretti e Roberto Tomasim. Técnico de Luz: Ariel Rodrigues e Beto de Faria. Técnica de Som: Julia Terron. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli. Video e Edição de Conteúdo: Carolina Romano. Fotos de cena: Nadja Kouchi. Fotos Material Gráfico:Roberto Brilhante. Design Gráfico: Lucas Sancho.  Direção de Produção: Jessica Rodrigues. Realização: Jessica Rodrigues e Pequeno Ato.


Serviço:
Espetáculo "Veraneio". Temporada: de 5 a 27 de agosto. Sábados, às 21h. e domingos, às 19h. Exceto dia 13 de agosto. Ingressos: R$ 80 e R$40,00. Vendas on-line https://www.sympla.com.br/Duração: 110 minutos. Classificação: 14 anos. Teatro Bravos – Rua Coropé, 88 - Pinheiros, São Paulo – SP. Telefone (11) 99008-4859. Bilheteria física: De terça à domingo das 13h às 19h ou até o início do último espetáculo. Capacidade: 611 lugares. Acessibilidade.


Ficha técnica
Idealização: @leonardofcortez e @pdgranato. Texto: @leonardofcortez. Direção: @pdgranato. Elenco: @clarisse_abujamra , @glaucialibertini , @leonardofcortez , @mauricio_de_barros , @silviorestiffe e @tatiana_thome. Cenário e adereços: @digodac. Iluminação: @beto77. Figurino: @annecerutti. Cenotécnico: @robertocenotecico. Costureira: Binidita Apelina. Assistente de Direção: @jademasc. Operação de som: @terrrrrron. Assistente de figurino: @lluizaspolti. Assistente de costura: Lis Regina. Produção executiva: @carol_m_henriques. Video e edição de conteúdo: @_carolinaromano. Direção de palco: @digodac. Técnicos de palco: @vmoretti_ @robertocenotecnico. Técnico de Luz: @beto77. Assessoria de Imprensa: @abalsanelli. Fotos espetáculo: @nadjakouchi. Fotos material gráfico: @betojpeg. Design gráfico: @lucasancho. Direção de produção: @_jazzrodri. Realização: @_jazzrodri e @pequenoato. 

sexta-feira, 21 de julho de 2023

.: Crítica: "Veraneio" é uma alegoria sobre amor e ódio nas famílias


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Há muita humanidade, e a ausência desse sentimento, nas relações humanas mostradas em "Veraneio", exibido na semana passada no Sesc Santos, que nesta sexta-feira, dia 21 de julho traz "Frida - Viva La Vida", mais informações neste link - e agora em cartaz no Teatro Bravos. O espetáculo dirigido por Pedro Granato e escrito por Leonardo Cortez, que atua na peça, trata de pessoas que se amam e não conseguem conviver porque estão tão envolvidos em suas vidas que já não há mais espaço para nada. Em alguns momentos, parecem se odiar, e que o confronto vai explodir a qualquer momento. O espetáculo celebra esses sentimentos antagônicos como uma espécie de ode. 

O pano de fundo é o aniversário da matriarca da família, interpretada por Clarisse Abujamra, uma atriz que dá um toque de delicadeza e sofisticação em todos os projetos em que se envolve. A personagem interpretada por ela reúne os filhos sob o pretexto de comemorar o aniversário para apresentar o novo namorado. No primeiro momento, há a apresentação dos personagens - todos sobreviventes da pandemia de covid-19. Todos interagem entre si, mas ninguém conversa, muito menos se interessa pelo outro. Estão muito envolvidos em seus próprios dramas pessoais. 

Em um texto sensível, todos se destacam, como uma espécie de engrenagem em que ninguém é dispensável. Mas é com a chegada de Rubinho, o namorado da matriarca, que o espetáculo ganha cor. Ele entra na história para remexer as estruturas da família, que já estão danificadas. É um personagem incisivo e extremamente carismático, feito sob medida para o talento do ator Maurício de Barros, que sabe, como ninguém, tirar boas risadas - até mesmo em uma atmosfera tão pesada.

Todos os atores têm bons momentos e, em determinado momento, o foco gira em torno de cada um deles. Sílvio Restiffe, como o filho depressivo, Tatiana Thomé, como a esposa magoada, Glaucia Libertini, como a filha egocêntrica e rica, uma atriz extremamente carismática e engraçada - principalmente quando se mostra indignada ao descobrir os segredos da mãe. Leonardo Cortez, autor desse texto repleto de tanto material humano, brilha como o filho piadista que esconde uma dor profundal.

Todos fazem a dinâmica deste espetáculo evoluir até o ponto de colisão. Eles representam tipos para tratar da alegoria da vida e apertam o público até a reflexão. É um espetáculo que, além de colocar o dedo nas feridas e em assuntos sensíveis a qualquer família, também aborda a hipocrisia e a descoberta da sexualidade durante a velhice. São assuntos pertinentes e há, com isso tudo, a direção certeira de Pedro Granato - neste espetáculo milimetricamente pensada para não poupar ninguém. É como diz o velho ditado: uma mãe pode cuidar de dez filhos, mas dez filhos não conseguem cuidar de uma mãe. "Veraneio" é uma pancada que começa parecendo inofensiva, mas não há como sair ileso.

Ficha técnica:
"Veraneio" no Teatro Bravos. 
Idealização: Leonardo Cortez e Pedro Granato. Texto: Leonardo Cortez. Direção: Pedro Granato. Elenco: Clarisse Abujamra, Glaucia Libertini, Leonardo Cortez, Maurício de Barros, Sílvio Restiffe e Tatiana Thomé. Cenário e Adereços: Diego Dac. Iluminação: Beto de Faria. Figurino: Anne Cerutti. Cenotécnico: Roberto Tomasim. Costureira: Binidita Apelina. Assistente de Direção: Jade Mascarenhas. Assistente de Figurino: Luiza Spolti. Assistente de costura: Lis Regina. Produção Executiva: Carolina Henriques. Direção de Palco: Diego Dac. Técnico de Luz: Ariel Rodrigues e Beto de Faria. Técnica de Som: Jade Mascarenhas. Assessoria de Imprensa: Flavia Fusco. Fotos e Registro em Vídeo: Nadja Kouchi. Direção de Produção: Jessica Rodrigues. Realização: Contorno Produções e Pequeno Ato.


Serviço
"Veraneio" no Teatro Bravos. 
Duração: 80 minutos. Classificação: 14 anos. Gênero: tragicomédia. Temporada: De 5 a 27 de agosto - Sábados às 21h e domingos às 19h. Exceto dia 13 de agosto. Ingressos: R$ 80 e R$ 40.Vendas on-line https://bileto.sympla.com.br/event/85186Horário da bilheteria: de terça à domingo das 13h às 19h ou até o início do último espetáculo. Formas de Pagamentos aceitas na bilheteria: Aceitamos todos os cartões de crédito, débito e dinheiro. Não aceitamos cheques. Local: Teatro Bravos. Rua Coropé, 88 – Pinheiros. Complexo Aché Cultural, entre as Avenidas Faria Lima e Pedroso de Morais. Abertura da casa: 1 horas antes do espetáculo. Café no 3º andar. Capacidade da casa: 611 lugares Acessibilidade para deficiente físico e obesos. Estacionamento: MultiPark - R$ 39,00 (até 3 horas).

sábado, 15 de julho de 2023

.: Crítica: fenômeno pop, "Alguma Coisa Podre" é um grito parado no escuro


Rivais na ficção, Marcos Veras e George Sauma brilham no espetáculo que revela ao público o melhor de suas interpretações. Foto: Caio Gallucci

Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

"Há algo de podre no reino da Dinamarca". Essa frase de "Hamlet", escrita há mais de 400 anos por William Shakespeare, dá o tom de "Alguma Coisa Podre", mais que um musical, um fenômeno pop, que está em cartaz até dia 6 de agosto no Teatro Porto. Há um momento sublime no fenômeno espetáculo, que é nítido - e ao mesmo tempo, chocante - ao público. É quando Marcos Veras canta pela primeira vez e entoa uma canção que parece sair de um espaço sutil entre a alma e o inatingível. Como um grito parado no escuro. 

É algo que que, aparentemente, estava escondido durante muito tempo ou que somente poucos, os íntimos, conheciam. Esqueçam tudo o que já se sabe sobre ele, toda a trajetória de sucesso e toda a fama conquistada na televisão. É no teatro, mais precisamente no momento da primeira música que ele canta no espetáculo, é que se enxerga o artista como um todo em um momento de glória. É algo grandioso porque mistura sensibilidade, entrega e muita exposição. 

Sob a direção competente de Gustavo Barchilon, o quadro pintado por Marcos Veras na pele de Nick do Rêgo Soutto remete a Stephen Dedalus, alter ego literário de James Joyce no romance "Retrato de Um Artista Quando Jovem", que mostra um jovem em busca de identidade, seja ela artística, política ou pessoal. É esse encontro do artista com a sua arte que costura todo o espetáculo pautado pelos bastidores fictícios da escrita de "Hamlet", peça teatral mais célebre de William Shakespeare, escrita há mais de 400 anos. Ou, na ficção, a história de como surgiu o primeiro espetáculo do teatro musical.

Essa é a premissa de "Something Rotten" nome original do musical escrito por Karey Kirkpatrick e John O’Farrell com músicas de Karey e Wayne Korkpatrick, cuja versão brasileira é assinada por Claudio Botelho. Além do protagonista Marcos Veras, destacam-se vários artistas. Faz contraponto com ele o comediante George Sauma, explêndido no papel de um afetadíssimo William Shakespeare, em uma interpretação que soa como uma homenagem a Ney Latorraca nos tempos de "Vamp". Histriônico, provocativo, megalomaníaco e imenso no palco como o personagem requer. Mas nessa mistura de referências também há um George Sauma no seu auge artístico.

Todas as interpretações fazem de "Alguma Coisa Podre" um espetáculo delicioso. Laila Garin, indiscutivelmente uma sumidade no teatro, interpreta a esposa de Veras que busca, enquanto mulher na era da Renascença, um lugar no mundo. É um papel leve, que destaca todo o carisma da artista, em um musical que segue em um crescente para um final épico. Bel Lima, que já se destacou em "Pippin" (crítica neste link), brilha como a doce Portia, ao lado de Leo Bahia, Nigel do Rêgo Soutto. No teatro, eles formam um casal que esbanja química e grandes momentos deste musical.

Sempre carismática e com uma voz que acolhe e encanta, Bel Lima vem se destacando como um dos grandes nomes do teatro musical e merece cada vez mais atenção. Wendell Bendelack, como o vidente  Nostradamus, e Rodrigo Miallaret, como o irmão Jeremias, aparecem em interpretações memoráveis e completam a experiência desse espetáculo que têm algo a mais.

"Alguma Coisa Podre" é solar, para cima e não perde a energia em um só momento - nem quando a ação se passa no segundo ato, quando os espetáculos tendem a cair. Há músicas muito boas e chega a ser irônico que um espetáculo que marca o período da renascença marque, de alguma maneira, o renascimento do teatro depois de uma pandemia em que a arte respirava sobre aparelhos. "Alguma Coisa Podre" é o teatro voltando a lotar mas, sobretudo, é o Brasil voltando a sorrir.

Ficha técnica:
"Alguma Coisa Podre". 
Elenco: Marcos Veras (Nick do Rêgo Soutto). Leo Bahia (Nigel do Rêgo Soutto). George Sauma (Shakespeare). Wendell Bendelack (Nostradamus). Rodrigo Miallaret (Irmão Jeremias). Bel Lima (Portia). Participação especial de Laila Garin (Bea). Produtores Executivos: Renata Borges e Thiago Hofman. Direção Artística: Gustavo Barchilon. Versão Brasileira: Cláudio Botelho. Coreografia/Direção Movimento: Alonso Barros. Direção Musical: Thiago Gimenes. Figurino: Fábio Namatame. Cenário: Duda Arruk. Design de Som: Tocko Michelazzo e Gabriel Bocutti. Design de Luz: Maneco Quinderé. Visagismo e Perucaria: Feliciano San Roman. Diretora Residente: Vanessa Costa. Assessoria de Imprensa: Trigo Casa de Comunicação. Marketing Cultural: R+Marketing. Fotógrafo: Caio Galucci. Direção de Arte: Gustavo Perrella. Gestão de Projetos: Natalia Egler.


Serviço:
"Alguma Coisa Podre".
Até dia 6 de agosto. Sextas, às 20h. Sábados, às 16h e 20h. Domingos, às 15h e 19h. Ingressos: Plateia: R$ 250 (inteira)/ R$125 (meia-entrada). Balcão e frisas: R$150/ R$75 (meia-entrada). Balcão preço popular R$ 50 (inteira)/ R$ 25 (meia-entrada). Duração: 130 minutos. Classificação: 14 anos. Link vendas: https://bileto.sympla.com.br/event/82003


Teatro Porto
Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos - São Paulo. Telefone (11) 3366.8700. Bilheteria: aberta somente nos dias de espetáculo, duas horas antes da atração. Clientes Porto Seguro Bank mais acompanhante têm 50% de desconto. Clientes Porto mais acompanhante têm 30% de desconto. Vendas: www.sympla.com.br/teatroporto. Capacidade: 484 lugares. Formas de pagamento: Cartão de crédito e débito (Visa, Mastercard, Elo e Diners). Acessibilidade: 10 lugares para cadeirantes e 5 cadeiras para obesos. Estacionamento no local: Gratuito para clientes do Teatro Porto.

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