"Desterros", o primeiro livro de Natalia Timerman, ganha uma nova edição pela editora Todavia. Da autora de "Copo Vazio" e "As Pequenas Chances", o livro narra de maneira límpida as histórias de pessoas que passaram por um hospital penitenciário. Este livro de não ficção nasceu do trabalho de Natalia Timerman no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário, onde atuou na interconsulta e na enfermaria psiquiátrica.
Natalia se aproxima de onde loucura e violência se encontram. A medicina não basta, tampouco a justiça, mas a literatura abarca o que o veredito do juiz não consegue, nem o prontuário permite. A autora narra os pacientes sem deixar de lado seu entorno e ela mesma. Honesta, ela se coloca como objeto: “Tornei-me, também, parte do absurdo”. Este livro de não ficção nasceu do trabalho de Natalia Timerman no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário, onde atuou na interconsulta e na enfermaria psiquiátrica. Compre o livro "Desterros", de Natalia Timerman, neste link.
O livro, por Andrea Del Fuego
Este é o primeiro livro de Natalia Timerman. O primeiro livro é de não-ficção e isso traz luz frontal aos de ficção que vieram depois: a amplidão e a pesquisa pela dor já estavam lá. Psiquiatra de formação, Natalia queria fazer letras, curso que levou em concomitância. Até descobrir que a psiquiatria era lugar de palavra como porta de entrada para a escuta radical. "Desterros" nasceu de seu trabalho no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário, onde atuou na interconsulta e na enfermaria psiquiátrica.
Entre presos, carcereiros, médicos, vemos pessoas em franca queimadura do mundo. Donamingo atravessa o livro, mulher angolana presa por tráfico que se descobriu grávida na prisão. Há o relato de Gustavo e Heitor, num leito de enfermaria, ambos sem andar, um por tiro da polícia, outro por infecção, Gustavo se apaixona, ficam lado a lado, “mas era um amor tão próximo quanto impossível”. Damião, pele e osso, vinte dos seus cinquenta anos trancado o dia todo num recinto sem janela. Alan cortou os próprios testículos, Romualdo cortou o dedo do pé, Gessé, para não ser tirado do hospital, aumentava a ferida da própria barriga deixando as vísceras à mostra.
Natalia se aproxima de onde loucura e violência se encontram. A medicina não basta, tampouco a justiça, mas a literatura abarca o que o veredito do juiz não consegue, nem o prontuário permite. Natalia narra os pacientes sem deixar de lado seu entorno e ela mesma. O texto é literário, não se trata de um exame de imagem, feito com a distância da técnica, quando a medicina ela mesma trocou os sintomas pelos sinais.
Natalia faz um exame do sentido, da dramaturgia dos corpos e das falas. Tampouco é uma escritora observando a dor tal um pintor retratando uma natureza morta, pelo contrário. É da observação que estas duas áreas impõem (literatura e medicina) que, tanto quem adoece, como quem lê, se vê diante de uma hermeneuta da palavra ainda sem nome. Na literatura, seu repertório se desdobra. Honesta, ela mesma se coloca como objeto: “Tornei-me, também, parte do absurdo”.
O que disseram sobre o livro
"Trabalhando como médica em um hospital-prisão, Natalia escuta com desassombro, depois elabora seu espanto e escolhe as palavras certas para compartilhar neste livro histórias emocionantes, de pessoas iguais a nós, demasiadamente humanas, que muitos preferem tachar de monstros ou fingir que não existem". — Bruno Paes Manso
“Apesar da aridez, Desterros também se constitui como um esforço de humanização pela palavra. No cárcere, o silêncio é uma imposição e a subjetividade é reprimida. Sendo assim, o ato de nomear, de narrar e reconhecer história se torna fundamental. Onde a fala é reprimida, a palavra dimensiona e desafia a lógica punitiva, restituindo a humanidade.” — Juliana Borges
Sobre a autora
Natalia Timerman nasceu em 1981, em São Paulo. É médica psiquiatra pela Unifesp. Pela Todavia, publicou "Copo Vazio" (2021) e "As Pequenas Chances" (2023). Garanta o seu exemplar de "Desterros", escrito por Natalia Timerman, neste link.
Ficha técnica
Livro "Desterros"
Autora: Natalia Timerman
Categoria: não-ficção brasileira
Capa: Julia Masagão
Número de páginas: 176
ISBN: 978-65-5692-811-1
E-ISBN: 978-65-5692-801-2
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