Em sua quarta edição e de volta ao feriado de Corpus Christi, o festival literário paulistano levará ao Pacaembu destaques nacionais e internacionais da literatura, da poesia e da não ficção para debates gratuitos e encontros com o público. Mais novidades serão divulgadas nas próximas semanas. Foto: Filipe Redondo
A Feira do Livro, festival literário a céu aberto realizado pela Associação Quatro Cinco Um e pela Maré Produções, anuncia a sua primeira leva de autores confirmados para a sua quarta edição, que vai acontecer de 14 a 22 de junho, na praça Charles Miller, no Pacaembu, em São Paulo. Criado em 2022 a partir de contribuições de editores e livreiros, o festival literário paulistano é realizado com apoio da Lei Rouanet – Incentivo a Projetos Culturais, da Prefeitura de São Paulo, de patrocinadores como CCR e Itaú, de apoiadores como Pinheiro Neto Advogados, além de parceiros institucionais como o Museu do Futebol e dos mais de 150 expositores que se reunirão durante os nove dias de debates e atividades gratuitas em torno da cultura do livro. Segundo o editor Paulo Werneck e o arquiteto Álvaro Razuk, organizadores de A Feira do Livro, o retorno do evento ao feriadão de Corpus Christi promete “uma edição histórica” do festival.
A programação oficial é realizada simultaneamente em dois pontos: o Palco da Praça, montado diante da fachada histórica do Estádio do Pacaembu, num espaço normalmente destinado ao estacionamento de carros, e no Auditório Armando Nogueira, que integra o Museu do Futebol, parceiro d’A Feira do Livro desde a primeira edição. Além dos dois palcos, que têm entrada gratuita, outros três espaços menores, espalhados por mais de 15 mil metros quadrados, abrigam a programação paralela, que é pautada pelos expositores: os Tablados Literários. Esses espaços terão sua programação divulgada no final do mês de abril.
Autoras e autores
Entre os 40 autores e autoras anunciados agora — número que corresponde a cerca de um quarto da lista final — estão destaques da literatura brasileira e internacional de diferentes gêneros literários, origens e sensibilidades.
A Feira do Livro 2025 promete ser palco de grandes encontros entre o público e os mais queridos escritores de ficção e de não ficção, além de nomes referenciais da cultura brasileira. Estão na lista inicial de autores as romancistas Aline Bei, Amara Moira, Bia Bracher, Tati Bernardi e Veronica Stigger, os romancistas Edyr Augusto, Ignácio de Loyola Brandão, Marcelo Rubens Paiva e Oscar Nakasato, os cronistas Cidinha da Silva e Ricardo Terto, o contista Vinicius Portella, a filósofa Marilena Chaui, o médico e escritor Drauzio Varella, o ator e escritor Lázaro Ramos, o economista e filósofo Eduardo Giannetti — e até mesmo um defunto autor, Machado de Assis, cujo aniversário de nascimento será celebrado numa mesa com o crítico Hélio de Seixas Guimarães.
A poesia contemporânea brasileira será um dos principais eixos da curadoria, com a presença confirmada de nomes como Adriana Lisboa, Cuti, Leonardo Fróes, Laura Liuzzi, Paloma Vidal e Paulo Henriques Britto. A lista de nomes estrangeiros traz uma forte presença de autores portugueses, como a romancista Lídia Jorge, o escritor Afonso Cruz, a jornalista e romancista Alexandra Lucas Coelho e o historiador Fernando Rosas. Entre os autores de língua espanhola que estarão no festival literário paulistano estão a chilena Lina Meruane e o argentino Pedro Mairal. Dos Estados Unidos, vem a geógrafa Ruth Wilson Gilmore. Mais autores e autoras estrangeiros serão divulgados nas próximas semanas.
Autores de livros de não-ficção que discutem temas da cultura e da sociedade brasileira a partir de obras influentes levarão para A Feira do Livro um panorama das ideias e debates urgentes para o país: a jornalista Aline Midlej e o empreendedor social Edu Lyra, autores de um livro sobre a inovação e o combate à pobreza; a maternidade e a vida em família, com a atriz e escritora Martha Nowill; a preservação do meio ambiente nas cidades e nos biomas brasileiros, com o botânico e paisagista Ricardo Cardim; a alimentação e a vida em comunidade, com a nutricionista Neide Rigo; as relações de gênero no ambiente profissional e na vida privada, com a advogada Mayra Cotta; o lugar das religiões no Brasil de hoje, com o teólogo Ronilso Pacheco; e a educação, com a educadora e romancista Lavínia Rocha e a psicanalista e romancista Elisama Santos. O pensamento indígena, destaque n’A Feira do Livro desde a primeira edição, será abordado este ano pelo escritor Yamaluí Kuikuro Mehinaku.
Como ocorreu nas edições anteriores d’A Feira do Livro, a curadoria aposta na pluralidade de ideias, gerações e pontos de vista, buscando uma mistura entre perspectivas culturais, raciais, intelectuais, sociais e literárias. Segundo Werneck, a ideia é fornecer um apanhado do melhor da produção editorial brasileira na ficção, na poesia e na não ficção. “Sendo o festival literário de São Paulo, desde a primeira edição temos uma atenção à multiplicidade de vozes e também aos autores paulistanos. Este ano estamos felizes em anunciar a presença de um grupo representativo dos escritores que nasceram ou fizeram sua carreira na cidade, ou a representaram em seus livros.” Nativos ou adotivos, já foram anunciados na brigada paulistana d’A Feira os escritores Ignácio de Loyola Brandão, Bia Bracher, Tati Bernardi, Oscar Nakasato, Marcelo Rubens Paiva, Ricardo Terto, Neide Rigo, Ricardo Cardim, Martha Nowill, Cidinha da Silva, Marilena Chaui e Amara Moira.
Bibliodiversidade e democracia
Em 2024, mais de 170 autores se apresentaram nos nove dias de festival, com um público auditado de 64 mil pessoas. Segundo os organizadores, a expectativa é que em 2025 esses números sejam superados com a inauguração de novos núcleos de programação e o retorno ao feriadão de Corpus Christi — o que não foi possível em 2024 em razão das obras na praça. Com o público extra que o feriadão deverá proporcionar, os organizadores estimam que A Feira do Livro poderá atrair até 110 mil pessoas durante os nove dias de atividades. “Teremos mais dias livres para o público fruir A Feira do Livro e esperamos um público recorde”, afirma Werneck. Nas próximas semanas a organização deverá divulgar mais nomes confirmados.
Além de ficção e poesia, a programação final terá entre seus principais eixos os 40 anos da redemocratização no país. “Se em 2024 lembramos os 60 anos do Golpe de 1964, em 2025 vamos celebrar o retorno da democracia, que teve na mesma praça Charles Miller um de seus palcos mais importantes”, diz Werneck. “A Feira do Livro chega em sua 4ª edição com enorme adesão do público, imprensa e mercado editorial. Um exemplo notável de uso do espaço público por pedestres, de forma segura e gratuita. Um grande exercício de cidadania”, completa Razuk.
Uma das grandes manifestações pelas Diretas foi realizada no Pacaembu, no mesmo local onde se realizaria A Feira do Livro quatro décadas depois. A desigualdade brasileira, a sustentabilidade ambiental, a divulgação científica, a produção infantojuvenil, a cultura afro-brasileira são outros eixos da programação. Já estão confirmados até o momento cerca de 150 expositores, entre editoras, livrarias e instituições ligadas ao livro e à leitura. O perfil diverso dos expositores, que vão das editoras multinacionais às artesanais, com ênfase nas independentes, mostra o bom momento cultural do mercado editorial brasileiro, que vive uma efervescência com novas editoras, livrarias, coleções, clubes de leitura e autores. A Feira do Livro reflete esse dinamismo e o empreendedorismo do setor.
Segundo Paulo Werneck, A Feira do Livro busca demonstrar a relação direta entre bibliodiversidade, circulação de livros e democracia. “Falar sobre livros em espaço público e a céu aberto, sem cobrança de entrada e diante de um patrimônio histórico tão importante para o Brasil, mostra o espírito de cultura democrática que buscamos durante esses nove dias”, diz Werneck.
A prática democrática também está na arquitetura d’A Feira do Livro, que vai trazer mais novidades e aprimoramentos, a serem divulgados em detalhes nas próximas semanas, como a inauguração de um palco voltado para os autores infantojuvenis. A equipe do arquiteto Álvaro Razuk elaborou o projeto a partir de uma escuta dos expositores e do público, buscando aperfeiçoar a experiência de todos e corrigir os problemas apontados nas edições anteriores. Segundo a organização, ter adiantado o início dos trabalhos em alguns meses em relação à edição anterior vai trazer melhorias em todos os setores, da programação de autores à arquitetura.
A presença dos autores anunciados nesta leva tem apoio das editoras Autêntica, Arquipélago, Bazar do Tempo, Boitempo, Companhia das Letras, DBA, Dublinense, Fósforo, Editora 34, Global, Olhares, Planeta, Record, Relicário, Tinta-da-China Brasil, Todavia e Ubu, além do Instituto Camões, do Instituto Cervantes e da Bienal do Rio.
Em 2025, A Feira do Livro reafirma sua relevância no cenário de eventos literários do país, com o patrocínio do Grupo CCR, por meio do Instituto CCR, pelo segundo ano, e do Itaú, pelo terceiro ano consecutivo. Nesta edição, destacamos ainda a chegada do Pinheiro Neto Advogados como novo apoiador e a seleção no edital Petrobras Cultural, com o patrocínio em fase final de negociação. Em 2024, A Feira do Livro teve patrocínio do Grupo CCR, do Itaú Unibanco e Rede, da TV Brasil e da Rádio Nacional de São Paulo.
A Feira do Livro é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet – Incentivo a Projetos Culturais, Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos dedicada à difusão do livro e da leitura no Brasil, Maré Produções, especializada em exposições e feiras culturais e em parceria com a Prefeitura de São Paulo.
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