Mosaico complexo, impermanente e incessante, a memória é crucial. "A Violência Gentil", romance de estreia de Daniel Longhi, explora o vínculo essencial entre as memórias subjetiva e coletiva, navegando por uma história familiar em um Brasil de constantes transformações. E questiona: se um gesto de violência pode ecoar por gerações, que mudança é necessária para interromper o ciclo? Publicado pela editora Cachalote, selo de literatura brasileira do Grupo Aboio, o romance tem lançamento marcado para a próxima quarta-feira, dia 26 de fevereiro, a partir das 18h30, no Poço das Artes, em Recife. No evento, Longhi convida a escritora e editora Gianni Gianni para um bate-papo sobre a obra.
"A Violência Gentil" acompanha Augusto Baldemar, um advogado trabalhista cujo cotidiano é preenchido pelos dramas de seus clientes — suas lutas, injustiças e anseios por reparação. O tédio com que percebe a vida é refletido no barulho mecânico e constante de um ar-condicionado velho, imagem que inspirou a ilustração da capa, assinada pela artista Heloisa Akiyama. A monotonia do cotidiano, porém, é quebrada quando surge um caso envolvendo a mãe falecida do protagonista, obrigando-o a confrontar aquilo que sempre evitou: o seu próprio passado. Como afirma Thaís Campolina, que assina a orelha do livro, trata-se de “uma escavação arqueológica subjetiva [...] em busca da verdadeira história de sua família, e, especialmente, de sua mãe”, mas não somente, pois também percorre décadas da história brasileira, com seus conflitos históricos e violências estruturais.
Nesta investigação, ambientada em São Paulo e Recife, as cidades não são mero pano de fundo: são espaços que moldam os estados emocionais, as memórias e as trajetórias dos personagens. Se por um lado, a grande metrópole reflete o presente de Augusto, com suas oportunidades profissionais e conflitos internos, a capital pernambucana remete a um lugar de origem que tensiona a nostalgia de um passado idealizado e as dificuldades que apresenta na vida real. Explorando esse jogo de luz e sombra, tanto literal quanto metaforicamente, a escrita meticulosa de Longhi, com atenção dedicada aos fragmentos do cotidiano, cria uma colagem de imagens que evocam presente e passado, real e fantástico, visível e oculto.
Como em um processo de revelação fotográfica ao contrário, A violência gentil nos convida a olhar para os acontecimentos na vida desses personagens como fotografias que capturam não somente o que é visível, mas também as camadas de história, dor e beleza latentes em cada expressão, gesto ou lembrança. Uma obra que examina a persistência do passado em moldar o presente e os desafios de romper com ciclos de dor e, no final de contas, encontrar redenção. Garanta o seu exemplar de "A Violência Gentil" neste link.
Trecho de "A Violência Gentil", de Daniel Longhi
Aquela casa estava igual ao que sempre foi. Ou: aquela casa nunca existira. Ou: aquela casa devolvia para ele a careta que ele fazia para ela. Devolvia seu olhar. Ele olhava. Olhava a parede gasta, a telha escurecida pelo tempo. O prego solto na calha, como pode ninguém ter arrumado? Defeitos ignorados são uma herança passada entre gerações. Aquele prego um dia furou uma bola. Aquele prego foi testemunha de um garoto que cuspia no rosto do seu irmão mais novo, que chorava. Como pode ninguém ter arrumado. Compre o livro "A Violência Gentil" neste link.
Sobre Daniel Longhi
Daniel Longhi foi criado em Recife e é hoje radicado em São Paulo. É servidor público federal e mestre em Políticas Públicas pela Universidade de Chicago, tendo textos publicados pela Chicago Policy Review. "A Violência Gentil" (Cachalote, 2024) é o primeiro romance dele.
Serviço
Lançamento do livro "A Violência Gentil", de Daniel Longhi
Data: quarta-feira, dia 26 de fevereiro de 2025, das 18h30 às 20h30
Poço das Artes. Rua Álvaro Macedo, 54 - Poço da Panela, Recife - PE
Ficha técnica
Livro "A Violência Gentil"
Autor: Daniel Longhi
Gênero: romance
Dimensões: 14x21cm
Número de páginas: 352
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