sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

.: Crítica musical: Simone, os 50 anos da "Cigarra da MPB"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Simone sempre foi uma intérprete acima de qualquer suspeita. Com seu sotaque característico da Bahia e um timbre forte e afinado de voz, ela sempre apresentou algo interessante para o público, seja na primeira fase da carreira, seja na fase mais recente, com alguns flertes de concessões comerciais sem comprometer a qualidade de seu trabalho. Seu mais recente lançamento, o álbum "Simone 50 Ao Vivo", comemora o jubileu de ouro de sua carreira, que por sinal ainda não tem data para terminar.

O álbum “50 Ao Vivo” está disponível nas plataformas por intermédio da gravadora Biscoito Fino. São mais de cinquenta anos pelas estradas, cantando os grandes clássicos lançados em sua voz e uma crescente paixão por música popular brasileira reunidos em vinte faixas. A veterana rodou o país com mais de 30 shows em comemoração às suas cinco décadas de carreira.

A produção ficou a cargo de Marcos Preto. O registro foi feito no Rio de Janeiro, onde Simone se apresentou ao lado de sua banda, formada por Filipe Coimbra na guitarra, Fábio Sá no baixo, Chico Lira nos teclados, Vitor Cabral na bateria e André Siqueira na percussão.

Entre os sucessos, estão “Tô que Tô”, “Sangrando”, “Começar de Novo”, “Cigarra”, “Jura Secreta” e muitos outros. Zélia Duncan aparece em “Boca em Brasa”, “Iolanda” e “Ex-amor”. Simone também resgata a "Divina Comédia Humana" de Belchior, uma das canções mais emblemáticas do compositor cearense. O curioso é que essa canção foi feita para Simone gravar. Porém, a primeira versão da letra foi censurada e por isso não foi incluída no seu disco. Belchior acabaria gravando em seu álbum.

Não deve ter sido fácil escolher as canções do set list do show. Seria humanamente impossível condensar os sucessos de Simone em 22 faixas. Por outro lado, o repertório escolhido faz um apanhado bem honesto dos hits da Cigarra. É muito normal constatar que parte do público gosta mais de uma determinada fase da carreira da Simone. 

Eu, por exemplo, sempre gostei muito das gravações dos primeiros discos dela, como o "Face a Face" e "Pedaços", que são da segunda metade dos anos 70. Mas é fato que mesmo a sua produção mais atual soa bem interessante. Discos como "Baiana da Gema", "Na Veia" e "Da Gente" contam com produção bem caprichada. Ela conseguiu dar uma vida nova ao ótimo samba de Agepê, "Deixa eu Te Amar". A Cigarra continua cantando e encantando a todos.

"Divina Comédia Humana"

"To Voltando"
 
 "O que Será?"

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