domingo, 5 de janeiro de 2025

.: James Baldwin, fake news e muito mais: o universo da serrote #48


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

A revista serrote #48, publicação de ensaios do Instituto Moreira Salles, é um convite a mergulhar em reflexões profundas, narrativas instigantes e perspectivas diversas que dialogam com o passado, o presente e o futuro. Nesta edição, a revista destaca diálogos históricos, textos premiados e contribuições de grandes nomes nacionais e internacionais, compondo um mosaico rico de temas e estilos. Das questões raciais discutidas por James Baldwin e Nikki Giovanni à memória coletiva da ditadura chilena, passando por ensaios visuais e reflexões sobre fake newsserrote #48 reafirma seu compromisso com a excelência editorial e o pensamento crítico.

Esta edição da revista serrote é mais do que uma coleção de textos: é uma janela para debates históricos, culturais e políticos que atravessam fronteiras e gerações. Um convite irrecusável para leitores que buscam ampliar horizontes e mergulhar em uma experiência literária de alta qualidade. A seguir, apresentamos dez razões imperdíveis para ler e guardar esta edição.


1. Diálogo inédito de James Baldwin e Nikki Giovanni em português
Pela primeira vez, o célebre diálogo entre o escritor James Baldwin e a poeta Nikki Giovanni é publicado integralmente em português. Gravado em 1971 no programa "Soul!", o texto captura um encontro histórico entre dois grandes pensadores, discutindo temas como raça, justiça, liberdade e religião. A conversa, marcada por divergências geracionais e polidez, é ilustrada com frames do programa, um deles estampando a capa da edição – a primeira vez que uma fotografia substitui uma arte na história da revista.

2. Textos premiados do concurso de ensaísmo serrote
A revista destaca os ensaios vencedores do Concurso de Ensaísmo, escritos por Tetê, Camila de Caux e Maria Isabela Moraes. Essas autoras abordam questões contemporâneas com profundidade e originalidade. De reflexões sobre deslocamentos sociais e espaciais à narrativa íntima das enchentes de Porto Alegre, os textos oferecem perspectivas inovadoras sobre temas como gênero, identidade, memória e resistência.

3. Reflexão histórica e atual sobre fake news com Carlo Ginzburg
Carlo Ginzburg
, um dos maiores historiadores contemporâneos, contribui com o ensaio "Fake news?", que investiga a disseminação de informações falsas sob uma ótica histórica e filosófica. O texto convida o leitor a refletir sobre como o distanciamento crítico pode revelar as sutilezas e os impactos desse fenômeno nas sociedades modernas.

4. Exploração da cultura digital e autoritarismo com Moira Weigel
Em "O Algoritmo Adorno", a professora e pesquisadora Moira Weigel utiliza as ideias da Escola de Frankfurt para analisar as novas formas de autoritarismo que emergem na era digital. O ensaio é uma ponte entre o pensamento crítico do século XX e os desafios tecnológicos do presente, mostrando como o passado pode iluminar o futuro.

5. Perspectiva íntima e coletiva sobre a ditadura chilena
No ensaio “Santiago, 2023”, Bianca Tavolari une memórias familiares de sofrimento durante a ditadura de Pinochet a reflexões sobre o luto coletivo de uma nação. Ao percorrer ruas e memoriais da capital chilena, a autora constrói um texto comovente que conecta história, memória e justiça, trazendo à tona as cicatrizes deixadas por regimes autoritários.


6. Uma visão fascinante sobre o gim na Inglaterra do século XVIII
O ensaio “Feitiçaria Líquida”, de James Brown, é um mergulho na história cultural do gim na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX. O texto revela como a introdução da bebida influenciou a sociedade, gerando fenômenos como delírio coletivo, alegria e tragédia. É uma análise histórica que mescla cultura, economia e comportamento.


7. Uma nova perspectiva sobre Vladimir Nabokov
No ensaio “O Professor Nabokov”, Jorio Dauster oferece uma visão singular sobre o autor de "Lolita". Em vez de explorar sua produção literária, o texto foca no Vladimir Nabokov professor, destacando sua habilidade de transformar aulas em verdadeiras experiências literárias. A peça, acompanhada por uma caricatura de Cássio Loredano, é um tributo ao papel da educação na formação de leitores e escritores.


8. Uma década de reflexão sobre Ferguson e o movimento antinegritude
Allan K. Pereira revisita as revoltas em Ferguson, nos Estados Unidos, desencadeadas pela execução de Michael Brown em 2014. O ensaio “Ferguson, Dez Anos Depois” conecta esses eventos às lutas contra o racismo em escala global, mostrando como a resistência negra continua a inspirar movimentos por justiça e igualdade.


9. Arte visual e poética com Solange Pessoa e outros artistas
A edição inclui um ensaio visual de Solange Pessoa e trabalhos de artistas como Jorge Tacla, Regina Silveira e Damon Davis. Essas obras complementam os textos da revista, criando um diálogo entre artes visuais e literatura. O design gráfico de Daniel Trench dá peso e textura à experiência de leitura, tornando a revista uma obra de arte por si só.

10. Um projeto editorial de excelência e relevância cultural
Com 224 páginas que combinam ensaios, reflexões e artes gráficas, a serrote #48 é um exemplo do compromisso do Instituto Moreira Salles com a cultura e o pensamento crítico. Cada edição da revista oferece uma curadoria cuidadosa, reunindo vozes consagradas e emergentes em um espaço de diálogo, criatividade e inovação.

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