sábado, 21 de dezembro de 2024

.: Crítica musical: Juliane Gamboa, quando o jazz encontra a MPB


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Isabela Espindola.

Já está nas plataformas de streaming o álbum  "Jazzwoman"  (Biscoito Fino), que marca a estreia da cantora e compositora Juliane Gamboa. Fortemente influenciada por grandes intérpretes e compositores do samba, da MPB e do jazz, Juliane mistura e atualiza referências, reverberando um pouco de tudo que lhe interessa com um toque jazzístico irresistível.

Em 2022, a cantora e compositora integrou a residência artística MARES, no Oi Futuro. Em 2023, estreou o projeto "Jazzwoman": no ano seguinte, em 2024, foi selecionada para o programa internacional OneBeat (EUA). Seu trabalho vem ganhando o reconhecimento de artistas como Chico César, Angela Ro Ro e Teresa Cristina, além da cantora de blues norte-americana JJ Thames, e segue reverberando nas redes sociais.

Juliane já participou do projeto "Um Café Lá em Casa", do músico Nelson Faria, e foi selecionada para participar da residência "Stop Over 3", em Berlim, em janeiro de 2025, ao lado de grandes artistas da cena do jazz internacional, como Natalie Greffel, Tonina Saputo, Tara Sarter e Kayla Briët.

Por ser filha de pai percussionista, o samba e o pagode foram a trilha sonora da sua primeira infância. Com o passar dos anos, novas informações musicais foram chegando do universo pop e, mais tarde, do jazz. O resultado dessa mescla de influências pode ser conferido nesse álbum Jazzwoman

A narrativa musical reflete sobre a ancestralidade em “Banzo” (Marcos Valle e Odilon Olynto),  com citação de “All Africa”, e “Herança”, de Rômulo Fróes e Alice Coutinho; esbarra na melancolia de “20 anos blues”, clássico de Vitor Martins e Sueli Costa; reafirma a sensualidade em “Eu sou mulher” (Filó Machado e Judith de Souza) e “Paracaê” (Thati Dias); inspira liberdade em “Vozes-mulheres” (Conceição Evaristo) e “Transeunte”, e louva o poder da imaginação radical das mulheres negras em “Sonho Juvenil” (Almir Sant’anna e Guará) e “Solitude (Reimaginada)”(Duke Ellington, Eddie Delange, Irving Mills), homenageando Jovelina Pérola Negra e Billie Holliday,  duas fortes referências para Juliane Gamboa. "Jazzwoman" é um disco para ser ouvido com atenção, pois Juliane Gamboa demonstra um talento raro de interpretação, que expande os horizontes da nossa MPB. 

 "20 Anos Blue"

"Sonho Juvenil"

"Herança"


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