quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

.: A jornada alucinante de "Queer": dez motivos para ler e assistir ao filme


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

"Queer", o romance de William S. Burroughs lançado no Brasil pela Companhia das Letras, é uma obra essencial para entender a complexidade do autor e da literatura beat. Escrito em 1952, mas só publicado em 1985 devido à sua explícita temática homossexual, o livro explora as angústias e dilemas de um homem em crise de abstinência de drogas, imerso em uma obsessão amorosa e psicológica.

Ambientado na Cidade do México nos anos 1950, o romance mistura a experiência alucinada do autor com uma reflexão sobre o desejo, a identidade e a alienação. Mais recentemente, a história foi adaptada para o cinema por Luca Guadagnino, renomado diretor de Me Chame Pelo Seu Nome, com uma abordagem sensível e intensa que reflete a atmosfera do livro, trazendo à tona os dilemas universais que ele propõe. Aqui estão dez razões para se apaixonar por essa obra literária e sua adaptação cinematográfica.

Embora divisivo e, por vezes, desconfortável, "Queer" é uma obra essencial para compreender o legado literário de William S. Burroughs. O romance, traduzido no Brasil por Christian Schwartz, oferece uma visão íntima e crua das lutas do autor, ao mesmo tempo em que desafia o leitor a enfrentar questões complexas sobre identidade, desejo e pertencimento. Para fãs de literatura beat ou para aqueles que buscam narrativas ousadas e transformadoras, "Queer" é indispensável. 

Em cartaz na rede Cineflix Cinemas, o filme, dirigido por Luca Guadagnino, com Daniel Craig e Drew Starkey nos papéis principais, amplifica esses temas e oferece uma adaptação cinematográfica que promete ser tão intensa e provocativa quanto o livro, fazendo jus à visão criativa e à complexidade do original de Burroughs. Compre o livro "Queer", escrito por William S. Burroughs, neste link.


1. Uma obra marcante da geração
beat
William S. Burroughs, um dos maiores ícones da geração beat, apresenta em "Queer" uma obra que sintetiza o espírito rebelde e inovador do movimento. Ao lado dos escritores Jack Kerouac e Allen Ginsberg, Burroughs desafiou normas literárias e sociais dea época em que viveu, abordando temas como alienação, sexualidade e dependência de forma nunca antes vista. "Queer" é peça central para quem deseja compreender a força criativa e subversiva desse movimento cultural, capturando os dilemas internos de um protagonista que reflete as próprias lutas do autor. Este aspecto também ressurge no filme homônimo de Luca Guadagnino, que adapta essa intensa narrativa para as telas, mantendo a essência do autor.


2. A complexidade do protagonista William Lee, alter ego do autor
William Lee, o alter ego de William S. Burroughs, é um personagem profundamente complexo e multifacetado. Em "Queer", ele não é apenas um homem tentando superar uma crise de abstinência de drogas, mas alguém preso em uma luta emocional por conexão e aceitação. O relacionamento obsessivo com Eugene Allerton revela a vulnerabilidade e a profundidade de seus desejos, transformando-o em um anti-herói que cativa, provoca e desafia o leitor. Essa exploração de um protagonista imperfeito é um dos aspectos mais marcantes do romance, tornando-o uma leitura que ressoa com todos que já enfrentaram suas próprias inseguranças e anseios. No filme dirigido por Luca Guadagnino, essa complexidade do personagem é interpretada por Daniel Craig, em um papel dramático que promete ser uma das grandes performances da carreira do ex-James Bond.


3. Uma viagem pelos anos 1950 na América Latina
A ambientação de "Queer" na Cidade do México dos anos 1950 é um convite a uma viagem no tempo e no espaço. William S. Burroughs recria com maestria a atmosfera vibrante e decadente da região, com suas ruas, bares e personagens excêntricos. A jornada de Lee e Allerton em busca da ayahuasca conduz o leitor a um cenário ainda mais amplo, explorando a América Latina com uma lente que mistura realismo e introspecção. É um retrato de um mundo em transformação, capturado por um autor que viveu intensamente essa época e lugar. No filme, a cidade e a cultura local são cuidadosamente recriadas, com a colaboração do diretor de fotografia Sayombhu Mukdeeprom, famoso por seu trabalho em "Me Chame pelo Seu Nome". Ele traz um olhar diferenciado para a produção.


4. Coragem na escrita: estilo visceral e inovador
William S. Burroughs antecipa em "Queer" o estilo visceral e experimental que se tornaria a assinatura dele em obras como "Almoço Nu". A prosa do autor combina uma narrativa alucinada com monólogos intensos, capturando a desordem emocional e mental de seu protagonista. Esse estilo cria uma experiência literária única, que envolve o leitor em uma montanha-russa emocional. Para aqueles que buscam literatura que desafia convenções, "Queer" é uma obra-prima que merece ser lida e relida. A adaptação cinematográfica de Guadagnino também carrega esse estilo disruptivo, com uma direção que promete fazer jus à intensidade e complexidade da obra de Burroughs.


5. Exploração da homossexualidade e dos tabus da época
Escrito em 1952, mas publicado apenas em 1985 devido à temática homossexual explícita, "Queer" é um marco na literatura. William S. Burroughs foi pioneiro ao abordar questões de desejo, identidade e exclusão em uma época em que esses temas eram amplamente censurados. O livro é uma janela para os desafios enfrentados por homossexuais no início do século 20 e uma celebração da coragem de um autor que não teve medo de explorar a própria verdade. O filme dirigido por Luca Guadagnino também dá destaque a esse aspecto da obra, com uma abordagem cuidadosa sobre as questões de identidade sexual e a luta por aceitação, algo que ecoa nas relações dos personagens, como a intensa conexão entre William Lee e Eugene Allerton, interpretado por Drew Starkey.

6. Uma introdução reveladora do autor
A edição de 1985 de "Queer" inclui uma introdução escrita pelo próprio William S. Burroughs, que contextualiza sua vida e os eventos que inspiraram o romance. Este apêndice é uma leitura fascinante por si só, oferecendo um vislumbre das reflexões do autor sobre sua obra e sobre o impacto da escrita em sua vida. Para os fãs de literatura ou de Burroughs, essa introdução é um bônus inestimável que enriquece ainda mais a experiência do livro. No filme, essa introspectividade do autor também é explorada visualmente, com cenas que buscam mostrar a luta interna dos personagens e o dilema existencial de William Lee, uma característica marcante no trabalho de Burroughs.

7. Continuação da trilogia de William Lee
"Queer" é parte de uma trilogia essencial na obra de Burroughs, ao lado de "Junky""Almoço Nu". Para aqueles que já leram esses livros, "Queer" aprofunda os temas e os conflitos do protagonista, servindo como um elo entre as outras duas obras. Mesmo para leitores que começam por "Queer", o livro se sustenta como uma narrativa poderosa e independente, mas também desperta o desejo de explorar mais o universo de William Lee. O filme, por sua vez, se destaca como uma adaptação que traz à tona as tensões e os dilemas dessa trilogia, oferecendo ao público uma oportunidade de revisitar esse universo, agora pelas lentes do cinema.

8. Narrativa que desafia o leitor e não faz concessões
A leitura de "Queer" pode ser desconfortável e, às vezes, perturbadora, mas é justamente essa intensidade que torna o livro tão impactante. William S. Burroughs não poupa o leitor de temas difíceis, como obsessão, dependência e relações tóxicas, oferecendo uma visão crua e honesta da condição humana. É uma obra que desafia percepções e convida à reflexão, deixando marcas duradouras em quem se aventura por suas páginas. O filme também busca incomodar e provocar, trazendo à tona as complexidades do relacionamento entre os personagens e explorando as zonas mais sombrias da psique humana.


9. A Marca da literatura beat
"Queer" encapsula o espírito revolucionário da literatura beat, com sua abordagem livre, experimental e profundamente pessoal. A obra reflete a ousadia de um movimento que rompeu barreiras e abriu caminho para novas formas de expressão artística. Para aqueles que se interessam por literatura beat, "Queer" é uma leitura obrigatória que complementa e enriquece o legado de Burroughs e seus contemporâneos. O filme, com a direção de Luca Guadagnino, capta essa mesma energia disruptiva e transgressora, refletindo os ideais de liberdade e questionamento da literatura beat no contexto contemporâneo.


10. Uma edição brasileira de qualidade
Publicado no Brasil pela Companhia das Letras, "Queer" chega ao público em uma edição cuidadosa, com tradução de alta qualidade feita por Christian Schwartz e um design visual marcante. A edição reflete o respeito pela importância literária da obra e oferece uma experiência de leitura que faz jus ao seu conteúdo. Além disso, a beleza da capa torna o livro um item desejável para colecionadores e amantes de literatura. O filme, com seu elenco de peso e direção requintada, também garante uma experiência visual que é um deleite para os fãs de cinema.


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