Lucélia Santos, Djin Sganzerla e Simone Spoladore em "Vestido de Noiva", a obra-prima de Nelson Rodrigues revisitada por Helena Ignez. Foto: © Ale Catan
Em cartaz no Teatro Anchieta do Sesc Consolação, o espetáculo "Vestido de Noiva", clássico de Nelson Rodrigues, ganha montagem inédita idealizada e dirigida por Helena Ignez. O espetáculo tem no elenco Lucélia Santos, Djin Sganzerla e Simone Spoladore à frente de elenco composto por Jiddu Pinheiro, Clarisse Abujamra, Luciano Chirolli, Tuna Dwek, Michele Matalon, Luciana Fróes e Luiza Barros. A direção traz a peça de Nelson para os dias de hoje e é no personagem de Madame Clessy, vítima de feminicídio, que quer dar o recado, do ponto de vista social.
A encenação conta com direção de imagem (vídeo) de André Guerreiro Lopes, direção de arte, cenografia e figurinos de Simone Mina e Carolina Bertier, iluminação de Aline Santini, vídeo mapping de André Grynwask e Pri Argoud, trilha sonora e sonoplastia de Aline Meyer, além da participação de Cida Moreira com uma versão original de “Brasil Pandeiro”, de Assis Valente. Com realização do Sesc SP, a nova montagem de "Vestido de Noiva" acontece às sextas e sábados às 20h00 e domingos às 18h00, de 25 de outubro até 8 de dezembro.
A provocação para a nova montagem de "Vestido de Noiva" surgiu ano passado, quando Lucélia Santos - que atuava como atriz no filme “Mulher Oceano” (2020), dirigido por Djin Sganzerla -, sugeriu à Djin que sua mãe, Helena Ignez, encenasse a peça com ela, Lucélia, fazendo Madame Clessi. "Achei incrível essa ideia que Lucélia teve de fazer a Madame Clessi, ela profundamente ligada a Nelson Rodrigues e pensei que em comum nós tínhamos uma coisa antes de tudo, amávamos Nelson Rodrigues. Ela performando vários de seus filmes", comenta Helena Ignez.
A narrativa da peça de Nelson Rodrigues, é dividida em três planos que se inter-relacionam em ações simultâneas, em tempos diferentes, onde ocorrem as cenas da alucinação, da memória e da realidade, que estabelecem as molduras nas quais a agonizante Alaíde (Djin Sganzerla), protagonista, desvenda ao público espectador a história trágica de seu amor infeliz pelo marido Pedro, na qual tem como rival a irmã, Lúcia (Simone Spoladore).
À narrativa de Alaíde misturam-se flashes urbanos de ruas e de trânsito, de uma sala de cirurgia, de uma redação de jornal. E ainda se entrelaça com a história de Madame Clessy (Lucélia Santos), vítima de feminicídio, no início do século XX. Na peça, Madame Clessy tem a função de ajudar Alaíde a reorganizar sua mente convulcionada, após o atropelamento.
Helena Ignez chama atenção para o especial cuidado na nova montagem com a visualidade da encenação, além de trazer a peça de Nelson Rodrigues para os dias de hoje. E que é exatamente no personagem da Madame Clessy que a diretora quer dar o recado, do ponto de vista de personagem, do ponto de vista social. “Madame Clessy não é nada do que fizeram dela até hoje”, afirma a diretora, por isso está exclusivamente em cima do Nelson Rodrigues:
"Em nenhum momento Nelson se refere a ela como prostituta. Madame Clessy é uma mulher de vida livre, que acusam de orgias. Não é uma prostituta. Ela tem um amante, um desembargador que a conhece desde menina. Ela teve um filho e é apaixonada por um jovem de dezessete anos. Clessy é uma ingênua e o jovem um assassino, que a mata. É um feminicídio. O que me interessa mostrar, agora, em Vestido de Noiva é esse feminicídio e o esterismo e a loucura dessa família tradicional, burguesa. Clessy é uma figura antiga, que Nelson situa no começo do século XX e eu a trago para hoje. Uma mulher vítima da incompreensão e da inveja da sociedade, uma mulher vítima do feminicídio. 'Essa montagem é muito cabeça!'”, esclarece Helena Ignez.
"Nelson é um gênio, a gente sabe disso, e quando entra em contato íntimo com seus textos, isso é reafirmado a cada momento, ao ponto de não querer perder nada, nem a rubrica", afirma Helena Ignez.
Ficha técnica
Espetáculo "Vestido de Noiva"
Texto: Nelson Rodrigues
Direção: Helena Ignez
Assistência de direção e Direção de Cena: Rafael Bicudo
Elenco: Lucélia Santos (Madame Clessi), Djin Sganzerla (Alaíde), Simone Spoladore (Lúcia), Jiddu Pinheiro (Pedro), Clarisse Abujamra (Dona Lígia - mãe), Luciano Chirolli (participação especial, como Gastão - pai), Tuna Dwek (Dona Laura - sogra), Michele Matalon (mãe do namorado), Luciana Fróes e Luiza Barros (mulheres do bordel).
Direção de imagem (vídeo): André Guerreiro Lopes
Direção de arte, cenografia e figurinos: Simone Mina e Carolina Bertier
Iluminação: Aline Santini
Trilha sonora e sonoplastia: Aline Meyer
Arranjos e interpretação de “Brasil Pandeiro”: Cida Moreira
Vídeo Mapping: André Grynwask e Pri Argoud - Um Cafofo
Assistência de cenografia: Vinicius Cardoso
Assistência de figurinos: Rick Nagash e Hellige Santana
Técnico de som e operação: Kléber Marques
Operação de vídeo: Rodrigo Chueri
Assistência de luz e operação: Sibila
Produção executiva: Luiza Barros
Direção de produção: Marcela Horta
Assessoria de imprensa: Ney Motta
Fotos de divulgação: Ale Catan
Programação visual: SESC SP
Serviço
Espetáculo "Vestido de Noiva"
Temporada: até dia 8 de dezembro de 2024
Sextas e sábados, às 20h00 | Domingos e feriados, às 18h00 - *não haverá sessão em 20 de novembro
Quinta, 21 de novembro e 5 de dezembro, às 15h00
Sesc Consolação - Teatro Anchieta (280 lugares)
Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque / São Paulo
Telefone: (11) 3234-3000
Horário de funcionamento: terça a sexta: das 10h00 às 21h30. Sábados: das 10h00 às 20h00. Domingos e Feriados: das 10h00 às 18h00.
Ingressos: R$ 70,00 (inteira), R$ 35,00 (meia-entrada), R$ 21,00 (credencial plena).
Venda on-line: em sescsp.org.br e no app Credencial Sesc SP
Venda presencial: na bilheteria de qualquer unidade do Sesc SP
Duração: 110 minutos
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 16 anos
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
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