Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em setembro de 2024
Não lembro ao acerto quantos anos eu tinha quando meu pai mandou eu olhar bem no pé da árvore de Natal e encontrei o meu primeiro (e único) discman anti-shock recarregável, pretinho, um Panasonic. Veio com um fone de ouvido grande de arco que logo deixei em casa e passei a usar fone de ouvido simples.
Que felicidade! Momento inesquecível. Lembro até hoje a embalagem embrulhada e o meu desejo tornando-se realidade, afinal eu já tinha um walkman de braço e outro que tocava fita.
Eis que estamos em pleno 2024 e o discman segue em pleno uso. Sim! Conecto as caixinhas de som de um outro aparelho, um sonzinho que imitava um mini som, que meu irmão trouxe para mim, de Aparecida do Norte, uma fonte que na tomada e ouço meus CDs. Pois é! Sou dessas. O som é fraquinho, fraquinho a ponto de meu pai dizer que "liguei a ratoeira".
Estamos reformando para nos mudarmos e, domingo, maridão resolveu subir o discman e todo o aparato para ouvirmos melhor o álbum The Best So Far da Whitney Houston. Para fechar o dia, eu tive a "brilhante" ideia de colocá-lo na beirada da janela gradeada e coloquei de volta o CD One of The Boys, da Katy Perry. Tocou.
Contudo, para fechar a janela, pensando em não me aborrecer com a vizinha que vive de olhos voltados para a nosso quintal e o quartinho dos fundos, rapidamente, fechei sem tirar o aparelho da beirada da janela que foi diretamente ao chão. A tampa de um lado, enquanto aparelho em si, seguiu com o CD de Katy como se nada tivesse acontecido.
Maridão logo soltou que se tratava de uma tragédia anunciada. De fato, não tinha onde deixá-lo seguro ali, somente diretamente no chão, porém estávamos passando massa corrida nos rodapés dos quartos. Achei por bem deixá-lo travado entre o beiral e a grade.
A verdade é que fiquei muito, muito chateada. Fosse por minha total estupidez ou por além de ver as partes soltas, tinha ainda um pedacinho pequeno que parecia ser parte da molinha que faz a tampa abrir. Arrasada?! Totalmente.
Peguei um saquinho transparente e coloquei o aparelho com o CD, as caixinhas de som (que somente uma delas funcionar) e a fonte, trouxe tudo para casa. Limpei. Hoje, logo cedo, maridão foi trabalhar e já peguei meu silicone tentando colar o tal pedacinho que parecia segurar a molinha que faz o movimento de a tampa abrir.
Deixei de lado até que resolvi encaixar a tampa de volta, tendo que remover a minha "colagem" de silicone. O fato é que o discman agiu como se nada tivesse acontecido na noite anterior. Assim que conectei tudo e coloquei na tomada, tocou Katy Perry normalmente. Assim, passei a tarde também ao som de Britney Spears, Roxette e Mariah Carey.
Produto antigo?! Com certeza... eu não devia nem ter 18 anos quando o ganhei e hoje tenho 42. Se fiquei feliz?! Ah! Não tenho nem palavras para tanto. Ficou a lição, quando não tiver onde colocar algo delicado e que tenha apreço, mesmo que o chão não esteja como gostaria, forre um pedaço e coloque seu aparelho, pois do chão, ele não vai passar.
* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Instagram: instagram.com/maryellen.fsm
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