domingo, 1 de setembro de 2024

.: Crítica: musical "Priscilla, A Rainha do Deserto" é um sopro de liberdade

Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. Na imagem, Reynaldo Gianecchini, teatro, Teatro Bradesco, Verónica Valenttino e Wallie Ruy no sucesso mundial nos palcos e no cinema. Foto: Pedro Dimitrow / Divulgação: @Priscillaratnhadodesertobr

O último dia do musical "Priscilla, A Rainha do Deserto - O Musical da Broadway", em cartaz neste domingo, dia 1° de setembro, no Teatro Bradesco, marca também a passagem de um espetáculo que marcou época e será lembrado por gerações. O espetáculo é um sopro de liberdade em meio a um país que retrocede para o conservadorismo da boca pra fora - aquele de gente que critica nos outros o que faz de pior às escondidas. Para os artistas que se apresentam no palco, sib a direção precisa de Stephan Elliott, simbolizam aspectos diferentes. Se para cada personagem que atravessa o deserto à bordo do ônibus Priscila há uma motivação, para os artistas o espetáculo é a materialização de muitas coisas.

Para Reynaldo Gianecchini, representa a libertação de alguém que fez inúmeros galãs nas telenovelas brasileiras e agora se arrisca em papéis mais difíceis, como a drag queen que atravessa o deserto para conhecer o filho. Ele ainda se arrisca a cantar. Para Diego Martins, o papel da drag inexperiente é ávida para experimentar a vida representa uma realização pessoal. Percebe-se o prazer do jovem artista, que brilhou em uma temporada de "Beatles num Céu de Diamantes" bem antes de estourar na novela das nove,  em interpretar o personagem. Para Verônica Valenttino (assistimos ao espetáculo com ela), é a consagração de alguém com muito talento e história para contar e que, finalmente, e de maneira muito justa, consegue interpretar um papel à altura de sua grandiosidade. 

Há ainda a participação luxuosa de Andrezza Massei e a figura sempre marcante de Fabrizio Gorziza - um nome que despontou em "O Guarda-Costas" interpretando o papel que foi de Kevin Costner no cinema e vem se destacando a cada papel pela versatilidade. Tatiana Toyota, e seu carisma, dão comicidade a uma peça que trata de assuntos espinhosos, mas consegue ser leve. 

Não bastassem todas essas qualidades, o visual parece uma pintura desenhada à mão repleta de detalhes. A cena de Diego Martins em cima do ônibus envolto a um pano prateado esvoaçante, recriando a cena clássica do cinema, é para ficar na memória do teatro paulistano. Tudo isso embalado por clássicos da música na era disco. Tiveram a proeza, e a ousadia, de colocar um microônibus no palco. A Priscila da peça é linda e representa mais do que um simples veículo. Ela é o caminho, a direção e, possivelmente, dará um final feliz a todos aqueles que passarem por ela. Sejam os intérpretes ou o próprio público. Ninguém sai ileso de um espetáculo assim. 

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