sexta-feira, 20 de setembro de 2024

.: Crítica musical: Arnaldo Baptista - Os 50 anos do "Loki?"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Há 50 anos, depois de deixar a banda Mutantes, Arnaldo Baptista se lançava em uma carreira solo com um dos discos mais emblemáticos da nossa MPB. "Loki?" não só é cultuado como uma das obras musicais mais geniais, como até hoje representa uma espécie de cartão solitário de visitas do músico, que depois enfrentaria sérios problemas de saúde.

A produção de Roberto Menescal e Marco Mazzola deixou Arnaldo Baptista à vontade para colocar seu projeto em prática: gravar um disco inteiro sem usar guitarras. Somente piano acústico, teclados, baixo e bateria. Os arranjos orquestrados são do tropicalista Rogério Duprat. Liminha (baixo) e Dinho (bateria), que integravam os Mutantes, participam do disco. E Rita Lee faz backing vocals nas faixas "Não Estou Nem Aí" e "Vou Me Afundar na Lingerie".

O disco abre com uma canção no melhor estilo rock´n roll. A seminal "Será Que Vou Virar Bolor?" mostra Arnaldo tocando furiosamente o piano acústico enquanto Dinho e Liminha preenchem os espaços com uma cozinha rítmica perfeita. O que se ouve depois são canções com um forte ar melancólico, como "Uma Pessoa Só" (da época dos Mutantes), "Desculpe" e "Te Amo Podes Crer". Além de "Cê Tá Pensando que Eu Sou Loki?", com arranjo surpreendente em estilo bossa nova. Em vários momentos há citações indiretas para Rita Lee, que já havia saído dos Mutantes antes de Arnaldo.

A sonoridade também mostra alguma influência do rock progressivo, que estava em alta naquela época e fazia a cabeça de Arnaldo e dos demais músicos dos Mutantes. "Loki?" acabou sendo cultuado bem mais tarde. Na época não chegou a ter impacto nas vendas. Hoje é reconhecido como o melhor momento criativo da carreira solo de Arnaldo. Nos anos seguintes ele enfrentaria problemas provocados pelo consumo de entorpecentes, que culminariam em dezembro de 1981 na sua queda de uma janela do hospital que resultaram em diversas sequelas físicas. Felizmente ele teve uma incrível recuperação ao lado de sua atual companheira, Lucinha permitiu que ele retornasse a atividade na música e na pintura. O documentário Loki retrata todas as fases da sua carreira, inclusive o momento atual.

"Será Que Eu Vou Virar Bolor"

"Ce Tá Pensando Que Eu Sou Loki?"

"Desculpe"

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