sexta-feira, 9 de agosto de 2024

.: Crítica musical: a volta de Roberto Riberti em disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

O novo álbum “Estrela é o Samba” (distribuição Tratore) traz Roberto Riberti de volta, como um bem guardado segredo de São Paulo. Após um hiato de 38 anos, o compositor apresenta sambas feitos em parceria com grandes nomes do gênero, como Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho e Paulo Vanzolini, gravados entre 2012 e 2023.

Entre 1977 e 1986, Riberti lançou quatro discos, foi gravado por gente como MPB4, Elza Soares, Beth Carvalho, Quarteto em Cy, Marcia, Eliete Negreiros e Leila Pinheiro, e teve música até em novela das oito da TV Globo (“Passageiro”, na trilha sonora de “Os gigantes”). Sua produção como compositor e letrista abrange da MPB mais clássica - como “Passageiro” e “Apenas mais um” - até duas correntes aparentemente antagônicas que em sua obra se harmonizam perfeitamente: o samba e o choro de um lado, e de outro a vanguarda paulista (é parceiro de Arrigo Barnabé em clássicos como “Cidade Oculta”, “Lenda”, “A Serpente”, e “Mística”, do “Tubarões Voadores”).

Nesses 38 anos, Riberti se afastou da música, mas não da composição. Foi aos poucos gravando um álbum de seus sambas, o primeiro só com esse gênero, recheado de participações especiais de velhos ídolos e parceiros (muitos dos quais foram nos deixando). “Estrela é o Samba” é, na verdade, uma procura do samba feita por Riberti dentro de sua obra e por sua cidade, São Paulo.

Há no álbum músicas e gravações inéditas, entre elas três sambas fruto da parceria com Elton Medeiros, o clássico “Estrela” (letra de Riberti e melodia de Elton e Eduardo Gudin) até então nunca gravado por Riberti, e “Imensidade” e “Pobre Amor” (melodias de Elton Medeiros e letras de Riberti), sendo dois deles com a participação de Elton Medeiros; “Túmulo do Samba”, com participação do saudoso Germano Mathias; “Todo Mundo Me Diz” (melodia de Riberti e letra de Paulo Vanzolini escrita na década de 40), com participação do MPB4; e Euforia (letra de Riberti e melodia de Nelson Cavaquinho e Eduardo Gudin), pela primeira vez gravada pelo autor.

Trata-se de um disco bem produzido que se encaixaria na rica e tradicional produção da década de 70, o que por si só já merece uma atenta audição do ouvinte. Porque trata-se de uma seleção de sambas que não possui prazo de validade.  Tão atemporal como aquele conhecido clássico  "Velho Ateu" (1978), composto em parceria com Eduardo Gudin, tão presente nas rodas de sambas do país.

"Quando o Amor Invade"

"A Força do Bem"

"Estrela"

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