O romance "Verão de Lenço Vermelho" (compre neste link) emergiu como um dos livros mais vendidos de 2022 na Rússia e alcançou a primeira posição nas listas de best-sellers por várias semanas. Em julho, o romance LGBTQIAP+ de Katerina Silvánova e Elena Malíssova, fenômeno no TikTok, chegou ao Brasil pela editora Seguinte. A trama se desenrola 20 anos após o protagonista, Iura, ter passado seu último verão como pioneiro no Acampamento Andorinha. Ao retornar ao local, ele encontra apenas ruínas repletas de memórias daquele tempo inesquecível. O verão em que conheceu Volódia, um rapaz certinho, educado e muito inteligente. O verão em que viveu seu primeiro amor.
A narrativa captura de maneira sensível a nostalgia e as transformações que ocorrem durante a juventude, enquanto acompanha os anos finais da União Soviética. Como o New York Times definiu, “a relação entre Iura e Volódia, que floresceu mesmo em circunstâncias adversas, é descrita com ternura. No fundo, é uma clássica história sobre o poder do amor jovem em triunfar, mesmo que contra todas as probabilidades”.
Saiba mais sobre o episódio de censura
O sucesso do livro também foi acompanhado por uma onda de ódio. Em maio de 2022, ativistas e políticos anti-LGBTQIAP+ lançaram uma campanha para bani-lo. As críticas giravam em torno da ideia de que a obra “desfigurava a ideia do que era a União Soviética”, “promovia valores ocidentais” e continha “propaganda LGBT”.
As ameaças e a pressão crescentes forçaram as autoras a deixar o país para buscar segurança diante das ameaças de morte. Enquanto isso, o Parlamento Russo passou elaborar uma legislação mais rigorosa, que visava criminalizar qualquer demonstração de homossexualidade em mídias, incluindo livros e filmes.
Em 5 de dezembro de 2022, a lei foi aprovada e baniu toda a literatura queer e qualquer menção a temas LGBTQIAP+ nas obras veiculadas no país. A legislação representou um golpe duro para a liberdade de expressão e os direitos LGBTQIAP+ na Rússia ao silenciar vozes e histórias plurais. Assim, Verão de lenço vermelho tornou-se símbolo de resistência e coragem. As autoras, mesmo exiladas, continuam a inspirar leitores ao redor do mundo com essa história de amor. A batalha contra a censura, pela aceitação continua e a jornada dessa obra é um testemunho do poder da literatura em desafiar normas e abrir caminhos para um futuro mais inclusivo.
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