domingo, 5 de maio de 2024

.: Tereza Seiblitz na última apresentação de "Carangueja", neste domingo


A peça "Carangueja", escrita e codirigida por Tereza Seiblitz, que também pode ser vista na segunda temporada da série “Justiça”, e dirigida pela piauiense Fernanda Silva, fala da força criadora do planeta Terra. Foto: Renato Mangolin


O manguezal, bioma de transição entre os ambientes terrestre, fluvial e marinho, e berço de variadas espécies, é a metáfora escolhida para falar da força criadora vital da Terra na peça teatral "Carangueja". O primeiro encontro de Tereza Seiblitz com o manguezal aconteceu durante as gravações da novela “Renascer”, quando interpretou a personagem Joaninha, e viu naquele lugar uma espécie de “útero do mundo, onde a vida está em vertiginoso movimento de criação”. A partir da figura de uma andarilha capaz de proezas para surpreender e vencer um inimigo, a peça revê, de forma poética e bem-humorada, noções de feminino, maternidade, antropocentrismo e desigualdade social. A última apresentação desta bem-sucedida temporada, dirigida pela piauiense Fernanda Silva, será neste domingo, dia 5 de maio, às 18h30, no auditório do Sesc Ipiranga.  

“Quando estive num manguezal pela primeira vez, na Bahia, andei e afundei na lama por muitas horas. Tive a maravilhosa sensação de sentir a pulsação da fertilidade daquele lugar e pensei: ‘isso aqui é o útero do mundo.’ Era de manhã cedo, muitos filhotinhos de caranguejo brilhavam na luz do sol. A lama era uma espécie de colo alegre e vital”, afirma a atriz Tereza Seiblitz, que também é a idealizadora, autora e codiretora do espetáculo.

A peça "Carangueja", escrita e codirigida por Tereza Seiblitz, que também pode ser vista na segunda temporada da série “Justiça”, e dirigida pela piauiense Fernanda Silva, fala da força criadora do planeta Terra. O manguezal, formação vegetal de grande biodiversidade situada na transição entre os ambientes terrestre, fluvial e marinho, é a imagem escolhida pelas artistas para falar do que está em permanente transformação.

Em tempos de catástrofes ambientais e crises políticas e econômicas, tornou-se urgente para a atriz e autora falar da importância da preservação deste bioma, bem como de todas as outras formas de vida, hoje ameaçadas pelo comportamento humano. "Carangueja" fala da necessidade tomar para si a responsabilidade pela preservação e defesa deste bioma e a sua relação direta com a qualidade de vida sobre a Terra. 

No espetáculo, uma mulher, que não sabemos de onde vem ou a que tempo pertence, é atravessada por múltiplas vozes, que ouvimos como se estivéssemos dentro de sua cabeça. Entre elas há desde uma voz de locução de aeroporto até alguém que lê uma notícia de jornal ou um radialista que ensina uma receita de moqueca. As vozes falam de diferentes formas através do corpo da mulher e vão desenhando pistas do que está acontecendo. Uma espécie de metamorfose vai se dando ao longo da ação, levando essa mulher a viver num limiar entre humano e crustáceo, entre mulher e carangueja.

A peça propõe uma experiência sensorial de um manguezal e seus símbolos. Pelas mãos e pelos múltiplos estados/vozes vividos pela atriz, variados materiais como tecidos, madeira, metais e argila vão sendo continuamente ressignificados ao longo da ação. 

O texto de "Carangueja" foi escrito por Tereza Seiblitz em 2015 sob a influência de leituras teóricas e literárias em sua graduação em Letras, na PUC-Rio. Numa oficina a atriz se perguntou: “Como seria Samuel Beckett escrevendo sob o sol do Equador e as marés do Piauí? Como seria a busca pelo fim da angústia de Sarah Kane se estivesse grávida e morasse nos trópicos? Como se poderia levar uma plateia de teatro a experimentar o contato com um manguezal?”.

O dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989) e seus personagens de “lugar nenhum", perdidos no tempo e no espaço, são fonte de inspiração para o nascimento desta andarilha, em cruzamento com a nossa brasilidade. A ideia é transportar o público do aqui-e-agora urbano ao ambiente selvagem de um manguezal. 


Ficha técnica
Espetáculo "Carangueja"
Texto, idealização e atuação: Tereza Seiblitz 
Direção: Fernanda Silva e Tereza Seiblitz
Direção de movimento: Denise Stutz
Figurino: Fernanda Silva, Tereza Seiblitz e Maria Adélia
Visagismo: Maria Adélia
Iluminação: Adriana Ortiz
Programação Visual: André Senna
Fotos: Renato Mangolin
Produção: Corpo Rastreado
Realização: Sesc SP
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany


Serviço
Espetáculo "Carangueja". Última apresentação: domingo, dia 5 de maio, às 18h30. Sesc Ipiranga – auditório. R. Bom Pastor, 822 – Ipiranga. Telefone: (11) 3340-2000. Ingressos:  R$ 40,00, R$ 20,00 (meia-entrada), R$ 12,00 (credencial plena Sesc) e gratuito (público PCG) / Vendas on-line:  https://centralrelacionamento.sescsp.org.br/?path=bilheteria. Bilheteria: domingo, das 10h00 às 18h30. Gênero: solo. Duração: 60 minutos. Classificação: 12 anos. Capacidade: 32 lugares (sendo 1 lugar exclusivo para obeso, pessoa com cadeiras de rodas e pessoa com mobilidade reduzida.


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