quarta-feira, 3 de abril de 2024

.: Pitel: entrevista com a eliminada do Big Brother Brasil 24


Pitel fechou a porta do quarto Gnomos e, no mesmo dia, se despediu da casa do ‘Big Brother Brasil’. Integrante original do dormitório que se opunha ao das Fadas, a alagoana diz não se arrepender de ter escolhido a posição em que permaneceu até o fim. Quando questionada se faria algo diferente no reality, a assistente social não titubeia: “Eu poderia dizer a você que eu iria para o Fadas para concorrer a R$ 3 milhões, mas eu não me identificava com eles, então acho que não. Eu vivi e amei todo mundo que quis amar. É certo que você sai de casa querendo ganhar o prêmio, porque a gente vai atrás de ficar milionária, mas eu acho que me posicionei”. Eliminada nesta terça-feira, dia 2, com 82% dos votos em um paredão contra Alane e Beatriz, Pitel avalia que fez tudo o que estava a seu alcance para chegar mais longe no jogo, embora as despedidas frequentes de seus aliados lhe mostrassem que não estava entre preferidos do público. A ex-participante conquistou fãs com seu jeito autêntico e foi fiel às amizades, ainda que houvesse discordâncias. “Eu sentia que eu tinha que estar no Gnomos, que eu tinha que estar com o Rodrigo, com a Fernanda, com todo o caos que foi aquele quarto. Não sentia que deveria ir bater na portinha do Fadas e dizer: ‘Deixa eu jogar com vocês, porque vocês têm cara de que vão para a final’. Não fazia parte de mim”, conclui.

Na entrevista a seguir, Pitel apresenta sua visão acerca da competição e justifica a decisão de não criar laços com participantes do grupo adversário. Fala, ainda, sobre as amizades com Fernanda, Rodriguinho e Lucas Henrique e opina sobre o jogo do grupo rival. 

 

Você se despediu do ‘BBB 24’ a duas semanas da final. Na sua opinião, o que faltou para chegar ao pódio? 

Faltou o Brasil me escolher. Mas falando de movimentação de jogo, eu tentei tudo o que eu pude, até quando eu consegui, continuei jogando independentemente de como eu me sentia. Só que tem histórias que se sobressaem diante de outras, pessoas a quem o Brasil quer mais dar R$ 3 milhões do que a outras. Infelizmente eu não fui uma dessas pessoas.

 

Em determinado momento do jogo, você reafirmou que não queria fortalecer vínculos com ninguém além de seus aliados. Agora, fora da disputa, acredita ter sido uma boa estratégia? 

Foi, porque eu sou muito coração. Tanto é que, na última segunda-feira, quando eu fui para o cinema com a Alane – que claramente estava posicionada em outro lado do jogo – eu voltei dizendo: ‘Gente, eu não quero pontuar nem falar mal dessa menina. Como é que faz?’. Eu me propus a ir para o ‘Big Brother’ para jogar e fazer o jogo acontecer, e me relacionar com outras pessoas impedia que isso acontecesse, porque eu iria olhar para o outro com cuidado, eu iria olhar para o outro com carinho e num lugar de: ‘Caramba, sua história é muito forte’. Como é que eu vou apontar um defeito em você ou uma coisa que me incomoda no jogo se você é tão interessante? Isso é pequeno. A partir do momento em que eu escuto a sua história, os seus defeitos de jogo e a convivência com você não são mais tão difíceis porque eu sei de onde você veio, eu sei o que você passou. Então, eu não iria conseguir pontuar, não iria conseguir jogar; iria ficar muito mal. E lá eu não podia ficar mal, eu estava jogando. Então, para me proteger, para proteger os meus sentimentos e posicionamentos, foi mais coerente eu não me relacionar com pessoas do outro grupo.

 

Durante boa parte do programa, você falou sobre o público já ter escolhido seus preferidos, observando a sua posição no jogo como a preterida. Lá dentro, você não pensou que fosse possível reverter esse cenário, caso ele fosse real aqui fora? 

Não, tanto é que foi real. A minha visão não foi pessimista; ela foi realista porque é o que está acontecendo. Lá dentro você sabe que algo precisa ser feito, mas você não tem nenhuma informação do que precisa ser feito. É muito perigoso você mudar de posição e só se afundar mais do que antes. Para mim, meus pensamentos foram muito realistas porque era de fato o que estava acontecendo aqui fora. Eu não errei, não fui pessimista, eu só tive visão de jogo. Se a pessoa que está do outro lado do jogo não gosta de mim, ela vai dizer: ‘Nossa, você estava sendo muito pessimista.’ Mas não era o que estava acontecendo? Eu não errei no sentido de perceber os favoritos e os escolhidos pelo público.

 

Acha que vocês podem ter se colocado como antagonistas perante os participantes do quarto Fadas? 

Aconteceu de forma natural pelo fato de a gente se posicionar. O Gnomos era uma coisa, agora no final virou outra. Antes, jogávamos eu e Fernanda; depois eu, a Fernanda e o Bin; mais tarde, eu a Fernanda e o Rodrigo. E toda vez que alguém do quarto era eliminado, outra pessoa vinha. Nunca morreu de fato aquele quarto. Um jogo é feito de dois times, ninguém joga futebol com um time só, então é necessário para o jogo. Eu só me posicionei do outro lado. Eram dois times jogando e um deles vai ganhar. Foi isso que aconteceu.

 

Você chegou a dizer também que era difícil se manter otimista após as eliminações de seus aliados. Como foi lidar com a perda de tantos amigos na casa? De que forma isso impactou o seu jogo? 

Isso vai minando você. Apesar de ter uma boa visão de jogo e entender o que estava acontecendo, a gente segue esperançoso. Alguém falou para mim hoje a seguinte frase: ‘Eu sou realista e esperançosa’. Realista, porque eu sabia o que iria acontecer, mas esperançosa porque eu acreditava que outra coisa poderia acontecer. A sua esperança vai sendo minada a partir do momento em que você olha para o seu lado e só vão caindo os seus. O juiz – nesse caso o Brasil – só dá cartão vermelho para o seu lado, só tira os seus jogadores. Aí você pensa: ‘Gente, eu vou jogar com que time se o meu está caindo todinho?’ Acho que foi isso.

 

Sua relação com o Lucas Henrique acabou se fortalecendo nessa reta final do programa e a proximidade entre vocês foi bastante comentada aqui fora. Como avalia essa relação? Havia algum sentimento além da amizade? 

Nesse quesito, eu só posso responder por mim. E por mim, sempre foi muita amizade. Eu o admiro, acho um cara incrível, que merece muitas oportunidades aqui fora. Ele é uma das pessoas mais inteligentes com quem eu tive o prazer de dividir a casa, mas sempre foi amizade para mim.

 

Logo que chegou ao confinamento, você e Fernanda ficaram muito próximas. O que gerou a identificação e aproximou vocês?  

Eu e Fernanda temos histórias muito fortes, que nós evitávamos contar porque achávamos que ali não cabiam. Quando a gente se aproxima, eu reconheço a dor da Fernanda, reconheço tudo o que ela passou, reconheço ela enquanto mãe. Quando a gente chegou na casa, o Fadas foi disputado a dente, porque era um quarto muito bonito, muito fofinho, e ninguém quis ir para o Gnomos. Eu e Fernanda decidimos não brigar por cama no Fadas e fomos as únicas mulheres por muito tempo no Gnomos, porque ninguém queria ir para aquele quarto. Ali não existia disputa de camas, a gente tinha o nosso cantinho e foi ali que nós nos aproximamos. Com duas horas de casa, nós começamos a conversar, dormimos juntas na primeira noite e acordamos juntas no dia seguinte. E daí foi só se fortalecendo. A Fernanda foi meu alicerce muitas vezes, me ajudou, me acolheu, me aconselhou, cuidou de mim, me ouviu. Espero que eu tenha sido esse mesmo porto-seguro para ela. Ela foi fundamental no meu jogo.

 

Sua mais recente aproximação ao Lucas foi questionada pela Fernanda e, nas últimas semanas, vocês acabaram tendo alguns atritos. Em algum momento houve uma inversão de prioridades? 

Ela sempre foi a minha prioridade, tanto é que a gente teve uma conversa em que eu disse: ‘Eu voto no Lucas e em qualquer pessoa aqui dentro antes de votar em você.’ Não conversar ou não estar junto com tanta frequência não diminuía em nada meu sentimento por ela nem a tirava da minha prioridade; ela sempre foi a número 1 na minha vida. Então, qualquer um que não fosse ela eu botava no paredão direto. Entre ela e qualquer pessoa, a minha escolha era sempre estar ao lado dela.

 

O Rodriguinho também foi um de seus aliados na casa e você acabava sendo um contraponto ao jeito dele. Como foi dividir essa experiência o tendo como amigo?

Primeiro como fã do trabalho dele. Quem me acompanha sabe que eu sou muito pagodeira, eu conhecia as músicas todas dele. E foi um prazer vê-lo como jogador, estando muito perto de mim. Depois, a gente foi se aproximando e eu vi verdade na pessoa que ele era, nas reclamações, nos medos, nas angústias, e me aproximei dele de forma natural, não de caso pensado. Eu o vi, mas não quis invadir o espaço dele como fã. A gente fez uma prova juntos, ele foi para o quarto Gnomos e a gente foi se fortalecendo.

 

Na sua visão, o que motivou a união dos integrantes do quarto Gnomos? Você acredita que formavam um grupo? 

A gente era um caos, era todo mundo muito caótico dentro das suas próprias confusões. Não tinha fé, não tinha amor, não tinha nada que salvasse todo o nosso caos. Era sempre uma conversa maluca, sempre planejando coisas que dariam errado, muito provavelmente. A gente se encontrou no caos. No quesito quarto, eu não me uni muito, porque brigava com o Luigi, com o Bin, com o Vinicius; não concordava com o Juninho... era um desando! Aí, a gente se une com o Puxadinho, porque as nossas visões batem, e eles vão se mudando aos poucos para o Gnomos. À medida que sai um, entra outro, era um quarto que nunca morria. Toda vez que a gente achava que iria fechar por falta de integrantes, novos integrantes chegavam. De vez em quando era grupo, de vez em quando brigava todo mundo... A gente era como um grupo de verão: numa estação funcionava e na outra, não (risos). E assim a gente seguia.

 

Você teve discussões com a Beatriz e apontou que não via suas atitudes de forma natural. O que te incomodava nela? 

A gente só pode falar sobre como a gente se sente. Ela pode dizer a mim dez vezes seguidas que ela é assim aqui fora, só que eu não via naturalidade no que ela fazia. A quantidade de repetições das mesmas frases, a quantidade de vezes que buscava por câmera... E eu a pontuo no meu Sincerão e digo que não vejo naturalidade no que ela faz. Quando eu estava na varanda, ela já tinha se posicionado em relação ao assunto e falou exatamente o que eu disse que ela iria falar: ‘Lá fora eu sou desse mesmo jeito’. E eu digo: ‘Eu disse a você que você iria me dizer isso e respondi a você que eu não posso julgar você lá fora, porque lá fora eu não te conheço. Mas eu precisava pontuar o ‘bobo da corte’, porque para mim o que você faz é graça’. Aí ela foi embora. Já havia se posicionado, certo? Só que nesse mesmo momento, estava acontecendo a briga do Davi e da Leidy, então ela se sentiu ofuscada, achou que a câmera não tinha pegado ela o suficiente. Quando estava todo mundo calado já na cozinha, tudo já tinha se apaziguado, ela pegou uma garrafa de leite e começou a falar a mesma coisa que já tinha dito, porque ela teria certeza de que a câmera ia virar para ela. Ali ela disse: ‘Eu faço propaganda mesmo, eu estou na Globo’. E tinha sido justamente aquilo que eu havia pontuado. Eu não cheguei a dizer isso a ela, porque a pessoa grita tanto no seu ouvido, que você fica perturbada. Mas ela falou justamente o que eu tinha pontuado no Sincerão, que não era natural, que ela só fazia isso porque estava lá. E na cozinha ela reafirma: ‘Eu faço isso mesmo. Estou na Globo’. Então, meu argumento estava certo.

 

E nos outros integrantes do quarto Fadas, havia alguma coisa te incomodava?

No Davi, o fato de ele dizer que não conhece nada de ‘Big Brother’, sendo que ele age direitinho como quem assistiu a todas as edições, da primeira até a última. Me incomoda, porque não parece natural também. Vocês podem achar natural, mas eu não sinto isso e eu só posso falar como eu me sinto. De todos, eu vejo verdade na Isabelle, que não se encontrou em outras pessoas. Minha única questão com ela, por estar posicionada em um lado oposto, são as poucas movimentações de jogo. Você não vê ela fazendo nada no quesito jogo. Eu entendo que todo mundo foi para lá ciente de que iria jogar, mas eu não vejo nenhuma movimentação. Acho, como falei, que é a ministra da cultura, não de forma negativa, mas é a promoção da cultura, e está tudo bem. A Alane é uma benção, uma boa menina, mas está posicionada do lado oposto a mim também. Eu fiquei abismada que ela pegou meu pente. Ela estava com o pente que eu levei com tanto cuidado, e meu pente sumiu de repente; estava na cabeça dela. Aí tinha a questão do copo, o negócio de pedir desculpas e fazer a mesma coisa... eu não sei se vocês tinham noção das estalecadas, mas ela levava punição a torto e a direito, toda hora. E depois vem pedir desculpas? Não me parece genuíno, minha patroa, me ajude! Ela errava grande, errava muito.

 

Teria feito algo de diferente no BBB, se tivesse a chance? 

Eu poderia dizer a você que eu iria para o Fadas para concorrer a R$ 3 milhões, mas eu não me identificava com eles, então acho que não. Eu vivi e amei todo mundo que quis amar. É certo que você sai de casa querendo ganhar o prêmio, porque a gente vai

atrás de ficar milionária, mas eu acho que me posicionei. Falando de fora, é mais fácil dizer o que você faria de diferente, só que lá dentro eu segui tudo o que eu sentia. E eu sentia que eu tinha que estar no Gnomos, que eu tinha que estar com o Rodrigo, com a Fernanda, com todo o caos que foi aquele quarto. Não sentia que deveria ir bater na portinha do Fadas e dizer: ‘Deixa eu jogar com vocês, porque vocês têm cara de que vão para a final’. Não fazia parte de mim.

 

Quem você acha que é o melhor jogador do programa e por quê?  

De verdade? O Davi, que foi estudado para ganhar e fez direitinho o que se pede para cair nas graças do público. Ele é um ótimo jogador.

 

Dentre os oito que permanecem na disputa, que pódio gostaria de ver na final do ‘BBB 24’? 

Como o Bin vai ser eliminado, seria Buda, Isabelle e Giovanna.

 

E quem você quer que ganhe?

O Buda. Ele é um cara inteligentíssimo e eu espero que as coisas que aconteceram de forma negativa não impeçam as pessoas de verem o que ele tem a acrescentar aqui fora.

 

Quais os planos para a vida fora do BBB? Pretende voltar a atuar como assistente social? 

Eu tinha falado lá que eu não sou das artes, né? Não sei dançar, não sei cantar, interpretar, não tive aula de teatro, essas coisas que são necessárias. Então, nesse quesito, eu não tenho a menor ideia. A gente não tem noção de como vai ser a nossa vida aqui fora, não tem ideia se as pessoas vão querer contratar uma assistente social que passou pelo ‘Big Brother’, se as empresas querem essa exposição para si. Então, esse momento é um grande ‘não sei’. Vou perguntar aos meus seguidores o que eles querem para a minha vida para saber qual caminho eu devo seguir agora (risos). Eu estou precisando de um emprego, estou há três meses desempregada.


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