Após temporadas de sucesso dentro e fora da capital paulista, espetáculo de circo para adultos reestreia em 16 de fevereiro no Sesc Ipiranga. Foto: Caio Oviedo/Divulgação
O solo já foi visto em temporadas curtas em diversos espaços da capital paulista (como Oficina Oswald Andrade e Parlapatões), unidades de Sescs do interior (Jundiaí, Birigui) e em Belo Horizonte, sempre com casa lotada. Na peça, o público acompanha o último dia de vida da palhaça que tenta desesperadamente escapar de seu destino. Ao tentar fugir do que a espera, Leila escancara suas contradições, desejos, medos e alegrias e, como em um grande espelho, o público consegue se reconhecer.
Idealizadora do projeto, a artista mineira Bárbara Salomé pesquisa a linguagem do palhaço para além da cena, na relação direta com as pessoas. Já trabalhou em projetos em hospitais, asilos, filas de atendimento, comunidades e é integrante do coletivo Povo Parrir, que une povos indígenas e palhaças. Bárbara já buscava alguém para dirigi-la em um solo sobre a morte quando conheceu Rafaela pelo Instagram. "Fiquei encantada com a performance dela antes de a Fran virar sucesso. É uma linguagem rápida, inteligente e contemporânea de trabalhar a palhaçaria", explica. A atriz lembra que o tema da morte sempre a assombrou, ao menos desde que perdeu sua irmã mais nova, aos cinco anos, para um mal súbito. "A minha primeira experiência de vida é de morte. Essa lacuna sempre me provocou medo, ao mesmo tempo vontade de entendimento, já que os adultos sempre evitavam o assunto", completa.
A diretora Rafaela, que assina o roteiro em parceria com a atriz, passava por um momento de luto quando surgiu o convite. "Quando a Bárbara me convidou, eu estava vivendo o luto recente da morte dos meus pais e avós, que faleceram em 2019 e 2020. Meu trabalho é totalmente conectado com minha vida pessoal. Aceitei de primeira e recebi como um presente. Seria interessante elaborar o luto brincando com uma palhaça", conta a diretora. "A palhaçaria trata de tudo que é humano. O riso gerado por uma palhaça é a partir da exposição de suas próprias desgraças. Ela exagera, extrapola, inventa sobre a condição humana. Tudo o que é inadequado é próprio de uma palhaça. O medo de lidar com a morte nos gera tanta angústia que pode nos fazer morrer em vida. Que consigamos brincar com ela enquanto estivermos vivos", finaliza.
Na peça, Leila Simplesmente Leila está entre a vida e a morte. Ao tentar fugir do que a espera, ela acaba trazendo uma convidada inesperada para a noite. De maneira atrapalhada e divertida, Leila tenta de mil formas escapar do inevitável. Ao lidar com seu apego, convida o público a fazer o mesmo e, como em um ritual, tentam juntos aprender a dizer 'adeus'.
Sobre Bárbara Salomé
Atriz, palhaça, artista visual e artista-educadora. Formada pelo Curso de Formação de Atores da UFOP-MG, fez parte do Oficinão do Grupo Galpão. Em São Paulo, estudou Humor na SP Escola de Teatro/SP. Pesquisa a linguagem do palhaço desde 2008, tendo como pesquisa o palhaço para além da cena, na relação direta com as pessoas. Participou da formação Palhaço Interventor, com o Doutores da Alegria. Como atriz, colaborou e colabora com diversas companhias teatrais, entre elas Os Satyros, ExCompanhia de Teatro, Agrupamento Andar 7, Caxote Coletivo, O Trem Companhia de Teatro, entre outras. Com o trabalho "Por Acaso, Navalha" foi indicada ao prêmio R7 Melhores do Teatro na categoria "Artista Revelação". Foi artista docente na SP Escola de Teatro e atualmente oferece formações em Palhaçaria e está fazendo sua primeira direção no teatro com o trabalho “Ralo da Fossa”.
Sobre Rafaela Azevedo
Formada pela CAL em 2011, iniciou sua carreira em 2012 como integrante do Grupo Teatral Moitará, referência no Brasil sobre pesquisa de linguagem da máscara teatral. No estudo da palhaçaria, aprendeu sob a perspectiva de diferentes profissionais renomados na área, como Avner Eisenberg, Ricardo Puccetti, Lily Curcio, Ésio Magalhães, entre outros. É idealizadora e intérprete do espetáculo "Fran World Tour - Eu Só Preciso Ser Amada". Participou dos principais festivais de palhaçaria feminina do Brasil. Integrou a programação do "Festival Internacional de Mulheres nas Artes Cênicas - The Magdalena Project", em 2015 e 2018. Como diretora, assina ao lado de Pedroca Monteiro o show cômico "Canções para Matrimônio", de Ingrid Gaigher. É criadora e diretora do Laboratório Estado de Palhaça e Palhaço, núcleo de pesquisa e treinamento técnico e criativo em palhaçaria.
Ficha técnica
Espetáculo "Não Aprendi Dizer Adeus". Idealização, dramaturgia e atuação: Bárbara Salomé. Direção e dramaturgia: Rafaela Azevedo. Desenho de luz: Júlia Orlando. Figurino: Fagner Saraiva. Criação de trilha sonora: Monique Salustiano. Operação de luz: Violetta Chagas. Produção executiva e operação de som: José Sampaio. Criação de peruca: Erick Malccon (Artesão das Tranças). Costureiras/confecção de figurino: Silvani Pereira Bahia, Andrea Santa Rosan e Dilsa Jardins. Cenografia: Thiago Capella Zanotta. Cenotécnico: Zito. Fotografia: Caio Oviedo. Produção geral: Bárbara Salomé. Assessoria de imprensa: Katia Calsavara.
Serviço
Espetáculo "Não Aprendi Dizer Adeus". Reestreia em 16 de fevereiro. Curta temporada: dias 16, 17 e 18 de feveriro. Sesc Ipiranga. Rua Bom Pastor, 822. Sexta-feira, às 21h30, sábado, às 18h30 e domingo, às 18h30. De R$ 12,00 a R$ 40,00. Duração: 50 minutos. Classificação etária: 16 anos.
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