segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

.: Andréia Nhur apresenta duas sessões do espetáculo "Plasticus Dei" em SP


A obra relaciona religião e capitalismo através da dança, música e performance. Foto: Paola Bertolini


O espetáculo "Plasticus Dei", mais recente produção da artista sorocabana Andréia Nhur junto ao grupo Pró-Posição, e com a colaboração do coreógrafo moçambicano Horácio Macuacuá, faz curta temporada em São Paulo, no Sesc Consolação, dias 20 e 27 de fevereiro, terças-feiras, às 20h00. A entrada é gratuita.

"Plasticus Dei" mistura dança, música e performance em um trabalho que apresenta um corpo em colapso entre a repetição ritualística e o uso poético de objetos descartáveis de consumo, congregando sobreposição de cantos religiosos, respirações, ruídos, vocalizações, gestos, imagens, sons percussivos e fluxos exaustivos de movimento. 

Em diálogo com o solo "Mulher Sem Fim", criado por Andreia em 2017, o espetáculo é uma continuidade da investigação da artista, que agora centraliza a lógica da repetição do acúmulo e do movimento. O solo contou com colaboração do coreógrafo moçambicano Horácio Macuacuá, cujas lógicas trazidas pelas danças tradicionais de Moçambique e de sua pesquisa pessoal colaboraram com as ideias centrais da obra. 

"Ele trouxe provocações sobre a integração do corpo com o som, fazendo com que o movimento alterasse a voz e gerasse modificações na obra", conta Andréia. A artista-produtora Paola Bertolini também contribuiu com a obra, dividindo a direção com Andréia, além da peça contar com colaboração sonorocoreográfica da coreógrafa e musicista Janice Vieira. 

Em sua pesquisa, Andréia estabeleceu uma relação com cantos religiosos. "O repertório sonoro de 'Plasticus Dei' é inteiro religioso, sacro e ligado à uma ideia de espiritualidade e esses estados de rito têm a ver com as duas coisas - corpo e voz", conta. Na obra, estão presentes distorções vocais, drives, sons ingressivos e outras perspectivas sonoras que produzem uma fricção com as vozes trabalhadas na música litúrgica cristã, estabilizadas e mais "limpas". A ideia do plástico, que compõe o cenário e figurino, chega como uma reflexão sobre o excesso do consumo e do lugar do ritual como produto. 

"Plasticus Dei" também dialoga com as provocações do livro "O Desaparecimento dos Rituais: uma Topologia do Presente", do filósofo Byung-Chul Han (2021), que aborda o fim dos rituais como sintoma do atual momento do capitalismo. "Para Han, enquanto o ritual é repetitivo, permanente e compartilhado, o consumo é individual, exaustivo, seriado, apressado e extenuante", conta Andréia. O solo dá continuidade à pesquisa sonorocoreográfica desenvolvida por Andréia e o grupo Pró-Posição em obras anteriores e aprofunda os estudos realizados pela artista junto ao Instituto de Musicologia da Ghent University (Bélgica), entre 2020 e 2021.

Este solo é uma dança em looping ativada pela construção de um ambiente sonoro em tempo real. Um corpo em colapso, entre a repetição ritualística e o uso poético de objetos descartáveis de consumo, transita entre cantos religiosos, respirações, ruídos, distorções vocais, percussão, imagens e fluxos exaustivos de movimento.

O título, um trocadilho com a expressão latina "Agnus Dei", da missa cristã, sugere a adoração ao plástico. Hiperconsumo, ritual, repetição, religião e capitalismo são alguns dos fios que perpassam a obra, num jogo de acumulação de gestos, vocalizações, sacolas plásticas e um dispositivo de repetição sonora.


Ficha técnica
Espetáculo "Plasticus Dei"
Criação e performance: Andréia Nhur
Em colaboração com: Horácio Macuacuá (Moçambique/Espanha) e Paola Bertolini 
Colaboração sonorocoreográfica: Janice Vieira
Produção e fotos: Paola Bertolini 
Iluminação: Roberto Gill Camargo e Paola Bertolini
Operação de luz: Paola Bertolini ou Felipe Fly
Operação de som: Lucas Mercadante ou Jean Menezes
Arte gráfica: Flávio Queiróz 


Serviço
Espetáculo "Plasticus Dei"
Dias 20 e 27 de fevereiro, terças-feiras, às 20h00
Espaço Provisório (3º andar) do Sesc Consolação
R. Dr. Vila Nova, 245 - Vila Buarque/ São Paulo.
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 45 minutos
Capacidade: 40 lugares
Gratuito. Retirada de ingressos on-line em Central de Relacionamento Digital e App Credencial Sesc SP, às 12h, e, presencialmente, nas bilheterias das Unidades do Sesc, às 14h00, no dia de cada apresentação.

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