Em "Estúpido Cupido", que estreia no Globoplay pelo projeto Fragmentos, Maria Tereza (Françoise Forton) sonha morar na capital e ser eleita miss Brasil, mas entra em conflito com o namorado, João (Ricardo Blat), um jovem idealista que pretende seguir carreira jornalística. Foto: Globo/Divulgação.
O público brasileiro é genuinamente apaixonado por novela. Para além do entretenimento e lazer, a teledramaturgia brasileira contribui para destacar fatos históricos, promover e estimular o debate de temas relevantes da sociedade e refletir na tela toda pluralidade do Brasil por meio de grandes histórias. Reforçando o compromisso com a memória da cultura, da dramaturgia brasileira e a valorização do audiovisual nacional, o Globoplay estreia nesta segunda-feira, dia 22, o projeto "Fragmentos", que recupera e disponibiliza novelas das décadas de 1970 e 1980 que possuem de dois até 20 capítulos preservados no acervo.
As primeiras obras do catálogo são "O Rebu" (1974), "Coração Alado" (1980), "Estúpido Cupido" (1976) e "Chega Mais" (1980), tramas que marcaram época na TV brasileira. Em "O Rebu", o milionário Conrad Mahler (Ziembinski) organiza uma festa para recepcionar a princesa italiana Olympia Boncomagni (Marília Branco) e a noite termina com um crime: um corpo é encontrado na piscina da mansão. Além de desconhecer a identidade do assassino e a razão do crime, o público também não sabia quem tinha sido assassinado. Entre os 24 convidados - todos suspeitos, assim como o próprio anfitrião –, estão Boneco (Lima Duarte), ladrão paulista que encontra o convite da festa durante um assalto e se faz passar por um industrial italiano para roubar o banqueiro; o milionário Braga (José Lewgoy) e sua esposa, Lídia (Arlete Salles); e Laio (Carlos Vereza), industrial autista casado com Maria Helena (Maria Cláudia).
"Coração Alado" traz a história do artista plástico pernambucano Juca Pitanga (Tarcísio Meira), que deixa sua terra natal e vai para o Rio de Janeiro em busca de maior visibilidade na carreira. No Rio, ele se envolve com Catucha (Débora Duarte), filha do respeitável marchand Alberto Karany (Walmor Chagas), e Vivian (Vera Fischer), uma mulher simples e sofrida. Apesar do amor que sente por Vivian, Juca se casa com Catucha, pensando em sua projeção profissional. O casamento termina quando ele decide acompanhar o irmão Gabriel (Carlos Vereza) em seu exílio político no México - Gabriel é perseguido pela ditadura militar. Juca e Catucha se reencontram anos depois, após a decretação da Lei da Anistia no Brasil.
A trama de "Estúpido Cupido" é ambientada na fictícia Albuquerque, no interior de São Paulo, no início da década de 60 - época marcada por mudanças de comportamento em boa parte do mundo. Lá, os jovens curtem os acordes do rock e do twist nas pistas de dança, seguem o modismo dos jeans e dos blusões de couro e se exibem em lambretas e motocicletas pelas ruas da cidade. Nesse contexto, a normalista Maria Tereza (Françoise Forton) sonha morar na capital e ser eleita miss Brasil, mas entra em conflito com o namorado, João (Ricardo Blat), um jovem idealista que pretende seguir carreira jornalística, e morre de ciúmes da amada.
"Chega Mais" narra a história do casal Gelly (Sônia Braga) e Tom (Tony Ramos). Os dois vivem brigando, mas um não consegue viver sem o outro. Tom é sequestrado no dia de seu casamento, deixando a noiva Gelly esperando no altar. No entanto, o sequestro foi todo orquestrado pelo próprio noivo, interessado em receber o dinheiro do resgate, exigido à família da noiva. O que ele não sabia é que os pais da moça estavam falidos e viviam de aparências.
Flavio Furtado, gerente de programação do Globoplay, explica que o projeto "Fragmentos" representa uma nova etapa da estratégia de publicação de novelas do acervo Globo. Confira a entrevista na íntegra abaixo.
Explique um pouco sobre o conceito do projeto "Fragmentos".
Flavio Furtado - O projeto "Fragmentos" representa uma nova etapa da estratégia de publicação de novelas do acervo Globo. É o resultado de um longo e complexo trabalho de pesquisa e recuperação de mídias com parte de novelas dos anos 1970 e 1980 e se soma a dois outros projetos voltados para os fãs de novelas: “Resgate”, que reúne novelas, séries e minisséries do acervo na íntegra; e “Originalidade”, que atualiza as obras clássicas já disponíveis no catálogo com melhores resoluções, aspecto original e com todas aberturas e vinhetas. No "Fragmentos", vamos publicar novelas que possuem de dois até 20 capítulos preservados em nosso acervo.
O que motivou o Globoplay a criar o projeto "Fragmentos"? Como surgiu a ideia?
Flavio Furtado - Ao mergulhar na pesquisa para o projeto "Resgate", descobrimos obras preservadas integralmente, alguns títulos com a ausência de alguns capítulos, mas também encontramos novelas com pouquíssimo material disponível. E entendemos que podemos dar ao assinante do Globoplay, aos estudiosos, pesquisadores e amantes da novela brasileira a oportunidade de conhecer ou reviver obras que fazem parte da história da dramaturgia brasileira. Mesmo que incompletas, elas ainda existem em nosso acervo. E, por isso, queremos que estejam acessíveis no Globoplay. O resgate desse material significa recuperar parte da história do audiovisual brasileiro e da memória da nossa empresa.
Quais as maiores dificuldades e desafios para tirar o projeto do papel?
Flavio Furtado - Os desafios são enormes. Primeiro, é necessário entender o que de fato temos disponível para cada título. A maior parte está em fitas, que precisam ser digitalizadas, avaliadas e, em alguns casos, até restauradas. Também realizamos uma análise profunda do conteúdo para garantir a continuidade entre os blocos e capítulos. Tudo isso com poucas informações da exibição realizada na época. Hoje, nós usamos sistemas mais avançados de cadastro de informações e temos recursos que não existiam nos anos 1970 e 1980.
Ao todos, quantos e quais são os títulos incompletos que farão parte do "Fragmentos"?
Flavio Furtado - Vamos publicar 28 títulos das décadas de 1970 e 1980. Traremos fragmentos de obras de autores como Janete Clair, Bráulio Pedroso, Lauro César Muniz, Vicente Sesso, Benedito Ruy Barbosa, Mário Prada, Manoel Carlos e outros.
Há um prazo para a conclusão da disponibilidade desses fragmentos na plataforma?
Flavio Furtado - A nossa expectativa é publicar estes 28 títulos até o final de 2025.
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