Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em janeiro de 2024
Toda garota tem uma paixonite quando está com seus 14 anos, pode ser por um amigo ou vizinho, um menino da escola, um primo ou até um ídolo. Na cinebiografia "Priscilla", inspirada no livro de Priscilla Ann Beaulieu, mais conhecida como Priscilla Presley (Cailee Spaeny), "Elvis e Eu", há muito desse amor juvenil, porém levado até as últimas consequências. Com direção e roteiro de Sofia Coppola, a produção que soma 1h50 retrata a relação da jovem com Elvis Presley (Jacob Elordi), desde quando se conhecem em uma festa até o divórcio.
Sentimental e delicado, o filme é o retrato da solidão de uma garota apaixonada por um astro 10 anos mais velho, o qual está preso numa vida de agenda agitada e cheia de vícios. Embora, mesmo com a mãe e o padrasto -o que não fica claro no filme, parece ser o pai biológico de Priscilla- relutando os encontros acontecem com maior frequência e são levados a sério, com direito ao Rei do Rock vir buscá-la de carro em casa ou enviando passagens aéreas. Até que a menina passa a morar em Graceland e se adequa a realidade de seu pretendente.
A cada minuto do longa, nota-se a mudança gradual no visual da garotinha que sobe no salto alto, maquia-se bem no contorno dos olhos e acaba tendo até a cor dos cabelos mudada por sugestão de Elvis. Da mesma forma, a paixão arrebatadora com o Rei do Rock vai sendo transformada, seja pela distância física ou pelas compulsões estranhas dele, como por exemplo, a leitura na cama sem distrações.
Com o tempo passando, proibida de trazer amigas da escola para casa, Priscilla vira uma mulher só, vivendo em uma luxuosa mansão -tendo a companhia de um cachorrinho. Longe da família -o que causa estranheza, uma vez que a marcação da mãe e padrasto eram firmes-, tudo contribui para que a relação se deteriore, abrindo um grande espaço para a solidão como melhor amiga.
Em contrapartida, fica claro o quanto sempre foi difícil ser mulher, principalmente de um homem tão famoso. O machismo naturalizado da época, hoje assusta ao mostrar Priscilla tendo que seguir o Rei do Rock, fosse na vestimenta, por modos e até atitudes. Hoje, ao menos temos um olhar crítico a respeito, embora pouco tenha mudado de fato. Vale muito a pena conferir o longa!
* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm
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