Ator está no ar também em "Notícias Populares", do Canal Brasil, onde interpreta Gibran, editor de esportes do periódico e responsável pelo jornal.
O ator Ed Moraes é destaque na nova série do Globoplay. Em “Betinho no Fio da Navalha” ele dá vida a um personagem de grande importância na história, Herbert Daniel, escritor, sociólogo, jornalista e guerrilheiro na luta contra a ditadura militar.
"Ele foi uma figura de liderança em vários movimentos. Reprimiu a sua sexualidade em prol do momento político que vivíamos e escolheu não falar publicamente até partir do Brasil. Exilou-se em Portugal e depois na França. Ficou muito conhecido como o último exilado político a voltar ao Brasil. Foi parceiro de Betinho em várias lutas, entre elas, a conquista da medicação para HIV/Aids no serviço público brasileiro. Fundou o grupo Pela Vidda que existe até hoje e auxilia PVHIH (Pessoas que vivem com HIV). Participou de diversas entrevistas para a televisão, entre as que mais se destacam são programa do Jô Soares e um especial na Manchete sobre ele e seu marido Cláudio Mesquita. Foi candidato a deputado Estadual em 1986 pelo PT e um dos fundadores do Partido Verde. Morreu em 1992 por complicações da doença em estágio de Aids – complementa o ator sobre o seu personagem.
Para viver esse papel, Ed Moraes teve que ir a fundo na pesquisa e estudo para conhecer melhor sua história, então teve ajuda de uma pessoa bastante especial, e bem conhecida do público, para ajudar a contar a trajetória do sociólogo. "Tinha ouvido pouquíssimas coisas sobre o Herbert e assim que fui chamado para o teste li tudo que achei, inclusive quase todos os livros e alguns artigos que ele escreveu. Mesmo a série 'Betinho' não mostrando o Daniel no seu período de guerrilha, fiz questão de contactar a ex presidenta Dilma Rousseff, que foi amiga e companheira dele na luta armada, e ela se prontificou a ajudar na pesquisa e preparação. Infelizmente a agenda de compromissos dela não permitiu nosso encontro pessoalmente. Para ajudar a compor o personagem busquei também as entrevistas dele para entender a sua articulação e expressão. Também conheci parte da sua família e pessoas que conviveram com ele, tudo isso foi importante pro resultado", ressalta.
Como o ator falou, ele foi um dos responsáveis, ao lado de Herbert de Souza, Nair Brito e tantas outras pessoas que foram muito importantes nessa conquista, por articular em todo o país o movimento pela garantia dos direitos de pessoas que vivem com HIV/aids. "Graças a todos, temos hoje no país a medicação para o HIV/Aids no SUS. Eles são parte de um grupo responsável por cobrar e exigir ao Sistema Nacional de Saúde a importação a medicação ao HIV/Aids. Muitas outras pessoas se movimentaram e conseguiram com que tivéssemos um serviço público de assistência as PVHIV (Pessoas que vivem com HIV) que funciona até hoje como referência a vários países (onde ainda a medicação é paga)", diz.
Moraes lembra que se emocionou ao conhecer a história que iria viver e teve momentos da trama de Herbert que o atravessou de forma pessoal. "Conhecer a fundo a importância dele na luta contra a ditadura foi bem importante, mesmo não tendo esse período na série, porém descobrir que ele foi o último exilado político a ser anistiado, provavelmente por ser homossexual assumido, o que me dilacerou o coração. Defender e ser um dos precursores do discurso que existe vida após diagnóstico (que aliás originou o nome a organização que ele fundou e funciona até hoje o Grupo Pela Vidda) também foi de extrema importância no entendimento da personagem e me emocionou profundamente. O lema “morte social” criado por ele elucida bem o que a sociedade sente perante as PVHIV", expõe.
Na série, que é sucesso na plataforma de streaming, o ator contracenou bastante com o protagonista, Júlio Andrade, que interpreta Betinho. Além dele, trabalhou com nomes como João Fenerich que faz Cláudio Mesquita (Marido de Herbert Daniel), Thelmo Fernandes, Michel Gomes, Luiz Bertazzo entre outros. "É uma estória envolvente, original e emocionante de um herói brasileiro na luta contra a fome. Foi ele o responsável pelo projeto que originou o fome zero, com certeza foi um dos seres humanos mais incríveis da história, além de Betinho, há muitas personagens que vale a pena conhecer, figuras ao redor dele que o ajudaram e foram de extrema importância, seja como Herbert Daniel ou dona Teresinha, uma senhora que ajudava os mais necessitados e foi procurar Betinho pra ajudar nessa distribuição. É dela a frase 'quem tem fome tem pressa' que ficou marcada na história da ONG Ação e Cidadania fundada por Betinho", completa.
Além da série sobre Betinho, o ator está também em “Notícias Populares”, do Canal Brasil. Nela ele vive Gibran, editor de esportes do periódico e que responsável pelo jornal. "Foi um grande presente do diretor Marcelo Caetano esse personagem. O Gibran entrou como 'foca' (aspirante a repórter) há 22 anos e foi ganhando espaço e reconhecimento. Um exímio “mancheteiro” que dá título as manchetes mais famosas do jornal. Um personagem astuto que agarra qualquer oportunidade de subir mais um degrau na escala do jornal e vê na protagonista, Paloma, uma possível aliança pra isso. Ele é um corinthiano apaixonado, de caráter duvidoso e personalidade forte. Traz um misto de comédia e uma pontinha de vilania que é apaixonante. É a primeira vez que interpreto alguém com esse traço e descobri que fazer um vilão é o meu maior desafio hoje. Demorei 20 anos para ter essa oportunidade de dar apenas uma palhinha de que eu sei fazer isso", comemora.
Fora da TV e streaming, o ator também vive o teatro, na peça “Eu Não Sou Harvey”, outro personagem bem importante e conhecido do público, Harvey Milk foi político e ativista gay norte-americano. "Estreei em 2020 no Sesc Pinheiros o primeiro espetáculo teatral sobre 'Harvey Milk' poucos dias antes da pandemia e infelizmente ainda não consegui patrocínio para voltar com ele. A peça percorre uma trajetória inusitada desde o Brasil Colônia até o julgamento de Dan White, assassino de Harvey e do então prefeito George Moscone em 1978 tentando provar uma tese sobre o assassinato e o motivo. Ao contrário do Sean Penn no filme 'Milk a Voz da Igualdade', não faço a biografia de Milk, escolhi contar uma história inspirada nele, que foi escrita pela autora e diretora Michelle Ferreira. Sonho em levar o meu monólogo para São Francisco", revela.
Em 2023 o ator de 41 anos, que é paulista, nascido em São Matheus, periferia da zona leste de São Paulo, completou 20 anos de carreira. Ele fez um balanço dos trabalhos e dos destaques no audiovisual. "Boa parte da minha vida foi nos palcos do teatro, que amo, a partir de 2014 ingressei mais fortemente ao audiovisual. Minha estreia foi como protagonista da série 'Condomínio Jaqueline' na Fox em que fazia dois personagens, era quase a Ruth e Raquel (risos). Fiz também personagens de destaque nas séries 'Amigo de Aluguel' (Universal) e 'Drunk History Brasil' (Comedy Central). Destaco a série 'Bugados' no canal Gloob (Grupo Globo) do qual protagonizei quatro temporadas e sai para poder mergulhar nesses dois papeis de 2023: 'Notícias Populares', do Canal Brasil, e 'Betinho no Fio da Navalha' (Globoplay). Dois grandes presentes da vida que conquistei com muito suor", finaliza.
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