quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

.: Teatro: Bete Coelho e Georgette Fadel na primeira peça de Caetano W. Galindo


Com direção de Daniela Thomas, espetáculo "Ana Lívia", uma celebração ao poder do teatro, nesta sexta-feira, dia 19 de janeiro, no Sesc Santos. Na imagem, Bete Coelho e Georgette Fadel em cena. Foto: 
Fernanda Baldo


O Sesc Santos apresenta, nesta sexta-feira, dia 19, às 20h00, a tragicomédia "Ana Lívia", estrelada pelas atrizes Bete Coelho e Georgette Fadel / Iara Jamra, com direção de Daniela Thomas. O texto, estreia autoral em teatro do escritor e tradutor Caetano W. Galindo criada especialmente para a Cia.BR116, é uma celebração ao poder do teatro.

No espetáculo, Ana precisa contar uma coisa terrível, mas Lívia não quer deixar ela falar. Lívia quer falar de uma nova peça enquanto Ana sente que chegou ao seu terceiro ato. Cada uma delas está sozinha com suas dores, seus desvios e seus medos. Cada uma tem apenas a outra. A vida passada, o teatro, o papel que tiveram e têm uma na vida da outra, o futuro que não sabem se terão. Tudo isso volta à tona numa conversa em que as duas tentam fugir da verdade, da juventude, da vida, do fato de estarem sozinhas no palco e da dependência de um texto escrito por outra pessoa. Duas atrizes que agora não têm mais um dramaturgo; dois papéis de um personagem só. Ana foi, Lívia é, Ana Lívia…será?

“'Ana Lívia' é teatro sobre teatro. É sobre atrizes em guerra com seus personagens, ou personagens em embate com suas atrizes. É uma declaração de amor ao teatro. Aquele, renitente. Aquele que entra crise, sai crise, insiste em sobreviver”, anuncia Daniela Thomas, que também assina a cenografia.

O texto idealizado por Galindo serviu como uma fonte de onde também brotaram contribuições de toda a equipe. “Assim que eu sentei pra escrever, aconteceu de um jeito quase assustador aquilo que às vezes a gente ouve os escritores descreverem e sempre pensa que é lorota: essas duas vozes, a Ana e a Lívia, começaram a dizer o que queriam, não o que eu pretendia”, relembra o autor, referindo-se à dinâmica viva do texto, que foi se transformando a cada leitura.

Como uma catarse em looping incessante, a conversa compulsiva e provocadora de Ana e Lívia traz à tona a relevância da escrita contemporânea de Galindo, tradutor de Ulysses, de JamesJoyce, cujos trechos finais resultaram no espetáculo "Molly - Bloom", montagem anterior da Cia.BR116. As referências agora incluem Emily Dickinson, Dylan Thomas e, claro, James Joyce (os nomes das personagens, por exemplo, remetem a Anna Livia Plurabelle, de Finnegans Wake, obra referência, também, em outros pontos do espetáculo). “O trabalho de Galindo tem a ousadia da mistura estrutural inovadora, muito bem construída, com uma naturalidade que surpreende e encanta, que faz do moderno, eterno e do eterno, moderno”, analisa Bete Coelho, que também assina a codireção com Gabriel Fernandes.

“Duas atrizes em busca de um desfecho”. É assim que o autor resume a trama, em uma montagem que se derrama e escorre, graças à fluidez da narrativa e da atuação, como um rio que,sem escolha, ruma ao mar. E continua: “Duas mulheres, atrizes, irmãs (...) Ana tenta aceitar o fim, mas Lívia não quer nem saber disso. Lívia inventa novos rumos, mas Ana não se deixa convencer. Ana Lívia é a soma, é o fluxo, é o rio que receia chegar à foz, ao mar”.

O elemento principal desta montagem é a atuação visceral das atrizes Bete Coelho e Georgette Fadel, em uma concepção artística limpa, precisa, despida de enfeites, que prioriza alguns dos principais elementos da linguagem teatral - o poder da palavra e do gesto. Performances e identidades que se opõem e se complementam, compondo uma unidade ambígua, mas consistente, como as pontas opostas de uma mesma mesa (ou seria um palco?), peça central da cenografia, conduzidas por uma iluminação desenhada por Beto Bruel, sugerindo o inquieto universo que acolhe as intrigantes personagens. E Bete Coelho conclui: “Muito bom podermos usar a arte para falar de transformação, finitude, tema difícil e, ao mesmo tempo engraçado, como é a própria vida”.


Ficha técnica
Espetáculo "Ana Lívia". Texto: Caetano W. Galindo | Direção: Daniela Thomas | Codireção: Bete Coelho e Gabriel Fernandes.| Elenco 1 - Bete Coelho e Georgette Fadel | Elenco 2 - Bete Coelho e Iara Jamra | Cenário: Daniela Thomas e Felipe Tassara | Produção de Cenário: Mauro Amorim | Figurino: Bete Coelho e Daniela Thomas | Design Gráfico: Celso Longo e Daniel Trench | Direção Musical: Felipe Antunes | Assistente de Direção: Theo Moraes | Diretor Técnico: Rodrigo Gava | Desenho de Luz: Beto Bruel | Assessoria de Imprensa: Fernando Sant ’Ana | Produção Executiva: Mariana Mantovani | Direção de Produção: Lindsay Castro Lima | Produção: Cia.BR116 – Teatrofilme | Realização: Sesc


Serviço
Espetáculo "Ana Lívia". Com Cia BR116. Dia 19 de janeiro. Sexta-feira, às 20h00. Teatro. Não recomendado para menores de 14 anos – Autoclassificação. Ingressos à venda: R$12,00 (credencial plena). R$20,00 (meia). R$40,00 (inteira). Venda on-line no Portal do Sesc SP (sescsp.org.br/santos) ou app Credencial Sesc SP, e presencialmente, nas bilheterias do Sesc SP. Bilheteria Sesc Santos - Funcionamento . Terça a sexta, das 9h às 21h30 | Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h30 . Sesc Santos. Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida . Telefone: (13) 3278-9800.

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