Ao longo de mais de 20 anos, o artista norte-americano documentou a floresta e seus destinos por meio da arte. "Sentido", nova exposição apresentada pela Dan Galeria Contemporânea, reúne as obras que debatem o desmatamento e a mineração, e ainda trazem perspectivas sobre outras regiões do solo brasileiro, como Inhotim. Na imagem, a obra "Valley of the Moon #5". Foto: Divulgação
O contraste e o conflito entre a beleza da Amazônia e sua permanente destruição foram traduzidos em tinta, óleo e cores nas pinturas de Bob Nugent. Ao longo de mais de 20 anos, o artista norte-americano documentou a floresta e seus destinos por meio da arte. “Sentido”, nova exposição apresentada pela Dan Galeria Contemporânea, reúne as obras que debatem o desmatamento e a mineração, e ainda trazem perspectivas sobre outras regiões do solo brasileiro, como Inhotim.
As telas trazem a memória associada aos objetos e sensações vivenciadas nas inúmeras visitas que o artista fez na Bacia do Rio Amazonas. Formas naturalistas semelhantes a colmeias, vértebras, casulos, formigueiros, formas de plantas e insetos estão dispersos na superfície das obras. A devastação vem representada por meio de tons profundos.
“O homem moderno vê a floresta como uma enorme riqueza – mas, ao mesmo tempo, testemunhamos seu esgotamento. Diferentemente dos grupos indígenas, que ali vivem em harmonia há gerações, nós ainda não conseguimos encontrar o equilíbrio necessário que proteja esta riqueza para o futuro”, destaca Bob Nugent. O artista acredita que valorizar a beleza da Amazônia é um dos caminhos para alertar sobre a urgente necessidade de preservação.
Roberto Elisabetsky, autor do livro "Sentido" sobre a obra do artista plástico, analisa o trabalho como uma produção visual única. “Nugent traduz essa tênue delicadeza de forma única, como num alerta ao observador: desfrute do belo, mas saiba que a beleza é efêmera e passageira, não nos foi presenteada com nossa isenção de responsabilidade por ela. A obra de Bob Nugent, nas múltiplas formas e mistérios da natureza que retrata, é um convite ao desfrute do belo e à constatação de que a magnitude desse presente é finita e requer nossa cumplicidade para seguir existindo”.
O artista já esteve em aproximadamente 130 exposições individuais e mais de 650 coletivas nos Estados Unidos, Europa, Ásia e América do Sul. No Brasil, seu trabalho esteve presente em mostras conjuntas no Mube (2018), no Museu Tomie Ohtake (2007) e no Masp (1998). Suas obras estão em importantes coleções brasileiras como a do Museu Tomie Ohtake, do Masp, Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Sobre Bob Nugent
Nascido e criado na Califórnia, Bob concluiu mestrado em Belas Artes na área de Pintura pela Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, em 1971. Recebeu inúmeras bolsas de estudo e pesquisa, incluindo Bolsas Individuais da Fundação Tiffany e do National Endowment for the Arts, e Bolsas de Viagem da Fundação Fullbright e do Conselho de Artes da Califórnia, para seu trabalho no Brasil.
Bob passou mais de 23 anos visitando o Brasil. É um apaixonado da ampla paisagem, da flora e fauna, e do povo brasileiro. Bob visitou cada canto do país, da costa do norte do Amapá as Cataratas do Iguaçu, no sul. Viajou ao Pantanal diversas vezes, visitando tribos indígenas espalhadas pela região, particularmente no Estado de Mato Grosso. Sua ligação com o Rio Amazonas é genuína. Esteve várias vezes no rio e em sua bacia, viajando com frequência de Manaus, no Brasil, a Iquitos, no Peru, testemunhando também o encontro do rio com o Oceano Atlântico, em Belém.
Sobre a Dan Contemporânea
A Dan Contemporânea surgiu como um departamento de Arte Contemporânea da Dan Galeria. Em 1985, Flávio Cohn, filho do casal fundador, juntou-se à Dan criando o Departamento de Arte Contemporânea, que ele dirige desde então. Assim, foi aberto espaço para muitos artistas contemporâneos, tanto brasileiros, como internacionais, fortemente representativos de suas respectivas escolas. Posteriormente, Ulisses Cohn também se associa à galeria completando o quadro de direção dela.
Nos últimos vinte anos, a galeria exibiu: Macaparana, Sérgio Fingermann, Amélia Toledo, Ascânio MMM, Laura Miranda e artistas internacionais: Sol Lewitt, Antoni Tapies, Jesus Soto, César Paternosto, José Manuel Ballester, Adolfo Estrada, Juan Asensio, Knopp Ferro e Ian Davenport. Mestres de concreto internacionais também fizeram parte da história da Dan, tais como: Max Bill, Joseph Albers e os britânicos Norman Dilworth, Anthony Hill, Kenneth Martin e Mary Martin.
A Dan Galeria incluiu mais recentemente em sua seleção, importantes artistas concretos: Francisco Sobrino, François Morellet e Getúlio Alviani, bem como os artistas geométricos abstratos históricos: Sandu Darié, Salvador Corratgé, Wilfredo Arcay e Dolores Soldevilla, só para mencionar alguns dos cubanos do grupo Los Once (The Eleven). Nestes últimos dois anos, os fotógrafos brasileiros Christian Cravo e Cristiano Mascaro; os artistas José Spaniol e Teodoro Dias (Brasil); os internacionais, Tony Cragg (G. Bretanha), Lab [AU] (Bélgica) e Jong Oh (Coréia), se juntaram ao departamento de Arte Contemporânea da galeria. A Dan Galeria sempre teve por propósito destacar artistas e movimentos brasileiros desde o início da década de 1920 até hoje. Ao mesmo tempo, mantém uma relação próxima com artistas internacionais, uma vez que os movimentos artísticos historicamente se entrelaçam e dialogam entre si sem fronteiras.
Serviço
Exposição "Sentido", de Bob Nugent. Dan Galeria Contemporânea - Rua Amauri 73, Jardim Europa/São Paulo. Das 11h às 17h, de segunda a sexta; das 11h às 19h, aos sábados. Entrada gratuita. Classificação indicativa: livre. Acesso para pessoas com mobilidade reduzida. E-mail: info@dangaleria.com.br.
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