O escritor, professor e roteirista carioca Yan Rego se sentia rancoroso acerca dos acontecimentos de Junho de 2013 - seja pela sua experiência pessoal, seja pelas análises feitas posteriormente do período. E, desse seu sentimento, surge o livro de contos "Era Uma Vez Um Mês Seis”, publicado pela Editora Paraquedas, selo de publicação assistida da editora Claraboia. O livro possui orelha do escritor e jornalista Ronaldo Bressane e quarta capa da escritora Giovana Madalosso.
A obra terá eventos de lançamentos durante o mês de novembro no Rio de Janeiro, na Livraria Da Vinci, no dia 28, às 18h; e em São Paulo, na Ria Livraria, às 19h, nesta quinta-feira, dia 30 de novembro. O lançamento na capital paulista contará com um bate-papo com o escritor e editor Ronaldo Bressane e a escritora e slammer Jéssica Campos.
Já conhecido pelo livro de contos "Agá", que venceu o segundo lugar no Prêmio Biblioteca Digital 2021, o autor conta que as principais motivações de "Era Uma Vez Um Mês Seis" eram a sua própria inquietação com a questão racial (ou, em suas palavras, o "a perdidez do pardo") e com a violência política, esteja ela dentro ou fora das organizações.
Entretanto, ainda que parta de discussões e acontecimentos reais, a obra apresenta cunho ficcional. "Recorri à ficção porque me parece que há vozes que não foram levadas a sério como deveriam, mas, principalmente, porque há vozes que não foram ridicularizadas e esculachadas como deveriam”, ressalta.
Nesse sentido, ao longo do livro, o leitor é convidado a adentrar uma atmosfera do absurdo, que provoca ao localizá-las dentro de situações como o discurso tendencioso e violento do apresentador de um programa de televisão que relata as manifestações - caso do conto "A Voz de Deus" - ou, até mesmo, de apresenta os atravessamentos desta dentro de contextos mais pessoais, como no conto "V de Viu".
Rego, porém, não traz uma abordagem panfletária. Para ele, "falar de política e raça com respostas prontas e idealizadas me parece uma grande sacanagem intelectual". No entanto, "Era Uma Vez Um Mês Seis" se destaca pela experimentação com a linguagem e construção narrativa, que revelam, por si só, um olhar crítico e que convida à reflexão. Compre o livro "Era Uma Vez Um Mês Seis”, de Yan Rego, neste link.
Professor, roteirista e escritor: conheça os processos de Yan Rego
Nascido em 1993, no Rio de Janeiro, Yan Rego atua no ensino de crianças imigrantes chinesas e taiwanesas. É formado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP). Foi roteirista do longa-metragem "Lulinha, meu Santo!", que foi convidado para o Festival de Roteiro de Porto Alegre 2023.; e do curta "O nariz de Euzébio”, em fase de captação.
Rego conta que começou a escrever aos dezesseis anos, depois de conhecer livros de Rubem Fonseca e “desconfiar que a rua, a fala da rua e as pessoas da rua também dão boa literatura". Frequentou o Sarau do Capão e o Slam Capão, onde aprendeu a mostrar seus escritos publicamente. Foi publicado pela primeira vez na coletânea de poemas "A Favela em Ação: Slam Capão" (Cosmos, 2020). Atualmente, tem textos publicados nas revistas Morel, no Jornal RelevO e nos zines Submarino. Durante a pandemia, publicou seu primeiro livro de contos, "Agá", que foi o segundo colocado na categoria contos do Prêmio Biblioteca Digital 2021 e publicado em e-book (Biblioteca Pública do Paraná, 2021).
Seu processo criativo se baseia, principalmente, na escuta. "Faço um pouco de pesquisa em livros e álbuns com estilos/temas semelhantes com o que estou escrevendo, mas a maior parte busco na internet e andando na rua. Anoto muitas coisas que escuto. Reviso meus textos em voz alta; paro quando cabem na boca, apertam a cabeça e não sobram no ouvido", conta. Além disso, o escritor coloca como meta a escrita de ao menos nove mil toques semanais.
Suas principais referências literárias são os escritores Rubem Fonseca, Isaac Babel, Gabriel García Márquez, João Antônio, Lima Barreto, Maria Carolina de Jesus e Mano Brown. Durante o processo de escrita de "Era Uma Vez Um Mês Seis", ele comenta ter sido influenciado principalmente pelas obras “O Homem de Fevereiro ou Março”, de Rubem Fonseca; “O Sol na Cabeça”, de Geovani Martins; “Malagueta, Perus e Bacanaço” e “Abraçado ao Meu Rancor”, de João Antônio; “Obras Completas (e outros contos)”, de Augusto Monterroso; “O Exército de Cavalaria”, de Isaac Babel; e “ Dormitório”, de Yoko Ogawa. Garanta o seu exemplar de "Era Uma Vez Um Mês Seis", escrito por Yan Rego, neste link.
O que disseram sobre o livro
“Quem vê pensa. Que tudo o que Yan Rego escreve sai da boca. Mas peixe morre é pela boca, e vale o escrito, ou melhor, o reescrito: o carioca de Vila Isabel trata a língua sem cerimônia, mas também com cuidado.” - Ronaldo Bressane, escritor e jornalista.
“Descobri Yan Rego em um concurso de contos. Nas primeiras páginas, já sabia que seria premiado. Não é todo dia que encontramos uma voz tão singular e intensa, capaz de extrair beleza até dos cantos mais obscuros da vida.” - Giovana Madalosso, escritora e autora do livro "Suíte Tóquio".
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