Obra reúne e destaca múltiplos exemplos de um aspecto recorrente da poética clariciana – a imagem de aderência –, apontando sua consonância com o clássico chinês I Ching
Colocar Clarice Lispector ao lado de outros gigantes da literatura, como Jorge Luis Borges e Octavio Paz, que também exploraram esteticamente o clássico chinês I Ching, e com isso desmistificar interpretações que, por vezes, limitam sua relação com o livro chinês apenas a uma dimensão oracular. É este o principal objetivo da pesquisadora Marília Malavolta em "Clarice Lispector e o Clássico Chinês I Ching: símbolos em Convergência". Neste lançamento da Editora Unesp, abrem-se novas portas para compreender a riqueza e a complexidade da poética clariciana, explorando as fascinantes convergências entre a escritora e as artes poéticas orientais.
“É quase impossível esclarecer a pluralidade sempre renovada, em movimento contínuo, segundo Marília Malavolta descreve, da literatura de Clarice Lispector”, pontua a pesquisadora argentina e professora de literatura latino-americana na University of Richmond Mariela Méndez, nas orelhas do livro. A artista plástica Maria Bonomi registra, no prefácio, que “convivi e garimpei a vida, por quase duas décadas, com Clarice para não hesitar em garantir que este livro constitui um divisor de águas para a percepção de sua existência criativa sem limites. Falo assim porque a considero a artista inspiradora máxima em qualquer tempo de escrita existencial”.
A autora nos guia por uma jornada do modo de fazer de Clarice Lispector. No primeiro capítulo, apresenta e explora a Aderência clariciana. No segundo, faz uma comparação com o conceito de Aderir chinês. No seguinte, mostra a relação específica de Clarice com o I Ching e, no quarto capítulo, revela os termos de seu valor oriental.
“Surpreendente. Atordoante. Até morrer, Clarice Lispector foi autora ‘esquisita’, indecifrável, enigmática, difícil, com poucos leitores. Chegou a ser demitida do Jornal do Brasil por “não saber escrever crônicas”, segundo o editor. Morta, em poucos anos tornou-se mito, lenda, sucesso de vendas”, pontua, na quarta capa, o imortal da Academia Brasileira de Letras Ignácio de Loyola Brandão. “O que existe de estudos em torno dela é incomparável. Agora chega o trabalho de Marília Malavolta. Excitante. Clarice vista pelo I Ching. Dos primeiros esboços da pesquisa até a publicação deste livro, se foram quatorze anos. Tudo é demorado com Clarice. Sua literatura e o I Ching. Surpreendente, fascinante. O clássico das mutações é dos mais antigos livros de filosofia chinesa. Inusitado, muitas vezes espantoso, assim devorei o livro de Marília, uma descoberta, um encanto de cada vez. Clarice, cada vez mais perene.”
Sobre a autora
Marília Malavolta é doutora (2016) em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus de Araraquara, e mestre (2006) em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde cursou bacharelado e licenciatura (2001) em Letras. Também na Unicamp, no Departamento de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem, atuou como pesquisadora colaboradora de pós-doutorado, com pesquisa sobre a materialidade da escrita de Clarice Lispector em intersecção com as artes plásticas e com a escrita ideogrâmica (2019-2021).
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