quarta-feira, 13 de setembro de 2023

.: Dramaturga relembra os escombros da ditadura em perspectiva feminina

Espetáculo trata sobre o esquecimento e a violência de gênero com a censura de mulheres dramaturgas no teatro no período da ditadura civil militar. Foto: Carol Melgaço


Com dramaturgia, concepção e atuação de Patricia Borin, espetáculo "Um Azul nos Bueiros de São Paulo" estreia no Teatro Heleny Guariba, na Praça Roosevelt, em temporada de 16 de setembro a 29 de outubro, com sessões sextas e sábados, às 20h e domingos, às 19h. A peça foi contemplada com o 16º Prêmio Zé Renato de Teatro.

Com direção de João Pedro Ribeiro e direção e execução musical ao vivo por Mafê, a montagem rememora um encontro ocorrido em 2015, com uma mulher que vive em um bueiro localizado entre as ruas Teodoro Baima e Rego de Freitas. Esse encontro é o disparador para a criação de uma dramaturgia que trata sobre o esquecimento e a violência de gênero. 

O resgate destas lembranças traça um diálogo com as memórias da própria cidade, especificamente sobre um fato que ainda permanece submerso em nossa memória social: a censura ao teatro no período da ditadura civil militar, sob uma perspectiva de gênero. “A violência a determinados corpos é o passado e o presente do nosso país. Minha vivência como mulher, em coletivos feministas, em debates na universidade, como advogada, mostrou que somos forçadas a aprender que devemos esquecer, que o assédio foi brincadeira ou mal-entendido, que o estupro não aconteceu, que o feminicídio não é importante ou foi provocado. Isso nos mata todos os dias. Literalmente e simbolicamente. Morremos um pouco a cada esquecimento ou a cada denúncia desacreditada. Nós temos muito a dizer, a fazer”, fala a dramaturga e atriz, sobre a motivação para a montagem.

Na busca de ouvir essa mulher que vivia submersa nos bueiros da cidade, a dramaturga  começou a escrever diversos monólogos, que tinham em comum alguma violência, um posterior esquecimento e, por fim uma tentativa incessante de recordar. Dessa feita, Patricia resgatou a memória de mulheres do teatro que viveram no período da ditadura civil militar e tiveram seus nomes esquecidos ou apagados da história, e então surgiu uma única voz em sua dramaturgia: a própria memória como metáfora. Contar e recontar essas histórias é o movimento de buscar alguma recordação que ficou perdida no tempo e no espaço.

“O teatro é a forma que escolhi de ser mulher nesta sociedade, e é uma escolha consciente. Pois cidadãs, no sentido político da palavra, todas somos. Mas a arena da cena é onde encontro o espaço do debate que acredito que minha natureza, também poética, precisa ser e estar. Mas teatro é processo também. Estamos em processo, mas não estamos sós. Tem muita história, muitas mulheres e muitas vozes que me acompanham. Isso também justifica o trabalho. Por isso o recorte sobre o olhar da mulher, pois é a experiência que se aproxima do meu corpo e da minha vivência” , explica. 


Sinopse
As memórias subterrâneas da ditadura civil militar brasileira, sob uma perspectiva de gênero. A história é conduzida pela Dramaturga, que rememora, por entre ficções e documentos, um encontro ocorrido em 2015, com uma mulher que vive dentro de um bueiro localizado entre as ruas Teodoro Baima e Rego de Freitas. Esse encontro é o disparador para a composição de uma rapsódia de esquecimentos sistêmico, atravessada por memórias conectadas pela luta política e pela escrita dramatúrgica feitas por mulheres em tempos de opressão. O que ainda estaria oculto nos bueiros desta cidade? 


Ficha técnica
Espetáculo "Um Azul nos Bueiros de São Paulo". Concepção, dramaturgia e atuação: Patricia Borin. Direção: João Pedro Ribeiro. Assistente de dramaturgia e direção: Letícia Progênio. Direção e execução musical ao vivo: Mafê. Colaboradores Artísticos: Dulce Muniz, Fábio Resende, Fernanda Azevedo e Luaa Gabanini. Desenho e Operação de Luz: Morim Lobato. Direção de movimento: Paula Yuki. Direção de audiovisual: Caroline Melgaço. Cenografia e figurino: Dan Oliveira. Produção de figurinos: Victor Paulo. Participação em vídeo: Dulce Muniz, Maria Amélia Teles, Fernanda Azevedo, Regina Santos e Luaa Gabanini. Documentário: Bem Ortolam do Prado e Thiago B. Mendonça. Fotos: Carol Melgaço. Designer Gráfico: Andréia Manczyk. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. Produção: Jessica Rodrigues e Carolina Henriques. Agradecimentos: Teatro Studio Heleny Guariba, Coletivo Comum, Leandro Costa e Regina Santos.  


Serviço
Espetáculo "Um Azul nos Bueiros de São Paulo". Estreia dia 16 de setembro no Teatro Heleny Guariba. De 16 de setembro a 29 de outubro. Sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 19h. *Não haverá apresentação no dia 29 de setembro. Classificação etária: 14 anos. Duração: 80 minutos. Ingressos: R$ 40,00 e R$ 20,00. Link para vendas https://bit.ly/45TfUl0. Bilheteria do teatro aberta 1 hora antes do início do espetáculo. Teatro Studio Heleny Guariba. Praça Franklin Roosevelt, 184 - República, São Paulo. Capacidade: 50 lugares.

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